O Estado do Paraná é grande mas seu litoral é muito pequeno em relação ao seu território. Todavia é um dos mais bem conservados trechos da costa brasileira. Apresenta, conjuntamente com o sul de SP, uma grande extensão de vegetação original muito bem conservada, essa região teve seu status elevado pela ONU à condição de Reserva da Biosfera. Antes de falarmos da orquidologia dessa região é preciso conhecê-la melhor, vê-la muito bem protegida e preservada.
Nessa região paranaense foram estabelecidas uma plêiade de unidades de conservação ambiental: Áreas de Proteção Ambiental ( APAs ), Parques Nacionais e Estaduais, Reserva Biológicas, Áreas de Interesse Turístico etc. O mapa acima poderá ser ampliado clicando-se na foto, nele encontram-se as principais unidades de conservação e outras informações.
O Litoral Paranaense pode ser dividido
em quatro setores:
a) Litoral Setentrional - Da fronteira com SP até a abertura da Baía de Paranaguá.
B) Baía de Paranaguá - Grande área de mar interna, com poucas praias e muitas áreas de manguezais, apresenta ilhas de tamanho variados. A cidade e o porto de Paranaguá são de grande importância econômica regional.
c) Litoral Meridional - A linha costeira desse setor encontra-se conurbada pelos vários balneários dos Municípios de Matinhos e Pontal do Paraná.
d) Baía de Guaratuba - Sendo bem menor que a de Paranaguá, encontra-se muito bem conservada ambientalmente.
O Litoral Setentrional :
Embora não pareça de pronto, é formado por duas ilhas maiores: Superagui e Peças. Na linha costeira existem grandes extensões de restingas. Na linha costeira interna, banhada pela Baía de Paranaguá, aparecem grandes manguezais. Quase todo esse setor está estabelecido dentro do Parque Nacional do Superagui.
Entre os fundos da Baía de Paranaguá e a Serra do Mar, está estabelecida a APA de Guaraqueçaba, onde existem animais raros e emblemáticos da região, demonstrando sua grande biodiversidade e integridade ambiental.
Embora não pareça de pronto, é formado por duas ilhas maiores: Superagui e Peças. Na linha costeira existem grandes extensões de restingas. Na linha costeira interna, banhada pela Baía de Paranaguá, aparecem grandes manguezais. Quase todo esse setor está estabelecido dentro do Parque Nacional do Superagui.
Entre os fundos da Baía de Paranaguá e a Serra do Mar, está estabelecida a APA de Guaraqueçaba, onde existem animais raros e emblemáticos da região, demonstrando sua grande biodiversidade e integridade ambiental.
Mico-Leão da Cara Preta - Leontopithecus caissara - Descoberto apenas em 1990, conseguiu passar um bom tempo incógnito para a ciência, abrigado nas remotas matas de Guaraqueçaba.
Papagaio da Cara-Roxa - Amazona brasiliensis - O Falso-Chauá é um dos papagaios mais raros do mundo, sua maior população pernoita em um grande dormitório coletivo da espécie, numa das ilhas do Parque Nacional do Superagui.
Aspectos naturais desse setor:
Aspectos naturais desse setor:
P.N. Superagui.
Vista da remota região montanhosa da APA de Guarequeçaba, até hoje o melhor acesso ainda é a via marítima. A fronteira com SP é conhecida só no mapa, fica em locais pouco acessíveis.
Setor Serra do Mar e Baía de Paranaguá:
Abaixo a Ilha do Mel - Reserva Biológica de abundante e variada flora orquidológica. Ao fundo a APA de Guaraqueçaba e a Ilha das Peças no P.N. do Superagui.
O setor mais central do litoral é caracterizado pela proximidade do trecho mais alto da Serra do Mar e pelo maior entorno continental e pelas ilhas da Baía de Paranaguá. Há variadíssima avifauna na serra e a onipresença da Cattleya forbesii nas ilhas e no entorno da Baía de Paranaguá.
Estrada e natureza na descida do planalto.
Aspectos naturais desse setor:
Pico Paraná - Ponto culminante do Sul do Brasil - 1.877 m de altitude.
Nos contrafortes abundam os Sophronitis epífitos e as
Maxillarias pictas formam grandes
colônias rupícolas.
Nos contrafortes abundam os Sophronitis epífitos e as
Maxillarias pictas formam grandes
colônias rupícolas.
O Parque Estadual do Marumbi visto de Morretes: As palmeiras
imperiais dessa cidade ostentam touceiras de bromélias
e C. forbesii nascidas naturalmente.
imperiais dessa cidade ostentam touceiras de bromélias
e C. forbesii nascidas naturalmente.
Altitudes da Serra do Mar.
Manacá da Serra - Tibouchina mutabilis - formam as matas
rebrotadas em regenaração típicas dessa área.
rebrotadas em regenaração típicas dessa área.
Forte ocorrência de Cattleya forbesii nesse setor,
a espécie ainda é abundante, talvez
por ser pouco colorida.
a espécie ainda é abundante, talvez
por ser pouco colorida.
Setor Meridional:
Nesse setor a linha costeira está toda tomada por uma cidade estreita e linear, composta de uma grande sucessão de balneários, como se pode observar no mapa abaixo. Essa linha vai de Pontal do Sul na abertura da Baía de Paranaguá até Caiobá, já próxima a de Guaratuba. Se a beira do mar está ambientalmente comprometida, o ramo da Serra do Mar, conhecido localmente como Serra da Prata, ainda está plenamente conservado .
Recentemente essa cadeia de montanhas foi elevada a condição
de Parque Nacional Saint Hilaire- Lange, formando assim
o segundo parque dessa categoria no litoral paranaense.
Aspectos Naturais desse setor:
Mata Atlântica de altitudes médias conservada,
área de ocorrência de Cattleya guttata.
área de ocorrência de Cattleya guttata.
Flor e planta de C. guttata.
Setor Baía de Guaratuba:
Já próximo a fronteira com SC temos a região da Baía de Guaratuba
com grandes áreas de baixadas florestadas e manguezais.
com grandes áreas de baixadas florestadas e manguezais.
A APA de Guaratuba une-se ao Parque Saint Hilaire - Lange formando uma grande reserva de Mata Atlântica e de morros com afloramentos rochosos. O Parque Estadual do Boguaçu fecha essa associação de unidades de conservação.
Aspectos naturais desse setor:
Manguezais e matas na
Baía de Guaratuba.
Baía de Guaratuba.
Matas e afloramentos rochosos
no P. E. Boguaçu.
no P. E. Boguaçu.
Nesse conservadíssimo e exuberante espaço da costa,
há muitas orquídeas e um grande mistério
orquidológico, agora vale a
pena comentá-lo.
há muitas orquídeas e um grande mistério
orquidológico, agora vale a
pena comentá-lo.
As Orquídeas do Litoral:
Algumas espécies de orquídeas botânicas muito comuns no Litoral Paranaense:
Epidendrum latilabre
Anachellium fragans
Epidendrum fulgens
Octomeria grandiflora
O Litoral Preterido:
L. purpurata existe em SP e SC , pulando
inexplicavelmente o litoral paranaense.
inexplicavelmente o litoral paranaense.
A costa brasileira é quase toda cercada de vegetação arbustiva e arbórea exuberantes, paralelas à linha costeira, há cadeias de montanhas onde, na fachada oceânica , desponta a Mata Atlântica. Nessa região estão as mais belas Laelias e Cattleyas do país, em especial do sul da BA até o norte de RS.
Vegeta pelas matas, restingas e mangues desde da Região do Cabo Frio - RJ até a costa uruguaia, exceto a região do litoral paranaense. Ainda encontra-se facilmente a espécie onde o ambiente esteja preservado e pouco coletado.
O "pulo" do litoral paranaense é curioso
e de explicação difícil !
e de explicação difícil !
Laelia purpurata :
Também ocorre o mesmo com a Laelia purpurata, a espécie vegeta sem
raridade pelas matas do litoral desde a fronteira de SP e RJ ,
até o norte do litoral gaúcho; inexiste no trecho
entre Iguape, no sul de SP,
até Piçarras-SC.
Dessa forma o litoral do Paraná fica, inexplicavelmente,
sem duas das mais apreciadas e vistosas
espécies sul-brasileiras.
As Cattleyas do Litoral do Paraná :
forbesii e guttata :
Já a C. forbesii vegeta , também pelo litoral e sem qualquer interrupção, desde a fronteira do ES com o RJ, até a região de Florianópolis-SC, onde ocorre a variedade rosada. É ainda muito abundante em todos os municípios do Litoral Paranaense, sendo onipresente até dentro das praças e quintais urbanos.
Cattleya forbesii
A C. guttata medra tanto nas baixadas litorâneas e restinga como na florestas da fachada atlântica, desde do sul da BA, até a altura de Blumenau-SC. Temos a "guttatona" das restingas e as guttatinhas serranas, flores similares mas portes vegetativos muito diferentes. A partir desse ponto é substituída, nos mesmos habitats mais meridionais, pela C. leopoldii, com a qual é frequentemente confundida por ser muito semelhante e próxima. É também encontrada no PR, notadamente nas altitudes médias, até os 600m. É ainda especialmente frequente na área do setor meridional , onde está o P.N. Saint Hilaire - Lange.
C. guttata
Também na Região do Vale da Ribeira, ainda no PR e nos Municípios de Cerro Azul, Tunas do Paraná e Adrianópolis, é encontrada nas matas, porém ainda mais esporadicamente - são raros os ambientes não degradados nessas áreas já bastante queimadas e derrubadas.
As distribuições históricas das duas Cattleyas não são sobrepostas,
forbesii na baixada litorânea e guttata na Serra do Mar.
A primeira é muito mais abundante que a segunda.
Cattleya com cápsulas frutíferas maduras e já abertas, expondo uma imensa quandidade
de sementes minúsculas ao transporte do vento. Uma boa lufada pode levar bem longe!
A semente é um pó leve e viaja com facilidade!
A explicação hipotética mais frequente para a não existência das espécies supra citadas no PR, é baseada na distribuição das sementes pelos ventos dominantes. No litoral em questão, forma -se um recôncavo geográfico, desalinhado-se da rota de passagem desses ventos. O recôncavo geográfico regula em tamanho, mais ou menos, com o hiato da distribuição. A época de maturação dos frutos é também indicativa de que talvez seja essa a chave do mistério orquidológico do litoral preterido.
Espécie - Floração - Maturação dos Frutos
C. intermedia - Primavera - Outono
C. guttata - Outono - Primavera
C. forbesii - Verão - Inverno
L. purpurata - Primavera - Outono
Não passa pela minha mente resolver os mistérios
da orquidologia, gosto apenas de comentá-los e
dividir o prazer de remoê-los !
da orquidologia, gosto apenas de comentá-los e
dividir o prazer de remoê-los !
Parabéns pelo Blog e Conteúdo...
ResponderExcluirJohnny
Bertioga - SP
Informações muito interessantes.
ResponderExcluirFiquei com vontade de explorar o litoral do Paraná.
Abs