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Veja a continuação deste artigo com fotos
mais recentes e o desenvolvimento
das orquídeas no habitat
artificial:
Laelias no Muro Porta-Orquídeas.
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acessar
e outras postagens de DEZ / 2010
no qual as espécies que medram
são tratadas individualmente.

Reporto a minha recente experiência em abrigar minha coleção de orquídeas num terraço de apartamento em Curitiba - a 931m de altitude. Durante anos as minhas orquídeas insistiram em sair dos vasos e deitar raízes pelo lado de fora deles; resolvi então acatar o recado e coloquei todas como sempre desejaram estar: livres dos vasos.


A manutenção de orquídeas ao ar livre só é possível onde a temperatura é amena e a umidade é constante, Curitiba apresenta estas duas características, o litoral do Paraná também tem clima propício, em outros lugares é preciso uma avaliação ambiental realista para se repetir o sistema de cultivo aqui apresentado.
O clima de Curitiba pode ser melhor entendido na tabela abaixo, clique na foto, ela aumenta de tamanho permitindo melhor visualização dos dados metereológicos:

Podemos resumir o clima local como apresentando: verões mansos, invernos severos e umidade ambiental abundante e dominante, porém não exatamente constante ou estável; raramente a temperatura passa de 30°C, para baixo a queda é livre, pode descer abaixo de zero e até nevar ocasionalmente.
Porém , desde 2000, as geadas, e por consequência a temida , ficaram mais distantes, e já foi comprovado: a temperatura média vem subindo paulatinamente; as estiagens periódicas também começam a acontecer de forma mais extensa e recorrente.
A chuva , os dias nublados e a neblina são comuns por aqui, optei por abrigar minha plantas, somente as já entouceiradas, num muro porta-orquídeas e concomitamente escolhi as espécies adaptáveis à altitude e aos ventos. A umidade ambiental noturna é quase sempre elevada, embora com sol e mais de 25°C, caia até níveis críticos durante a tarde. Talvez só após estarem totalmente enraizadas e instaladas, as plantas outdoors possam sobreviver sem a necessidade de regas artificiais constantes.




de forte geada, talvez pensem em ir morar no litoral .
No PR não faz muito frio em função apenas da altitude local, Curitiba está localizada numa das principais rotas de frentes frias deslocando-se para o norte do país, via litoral. Por vezes estas massas de ar ficam estacionadas vários dias sobre o litoral e planaltos próximos , o ar frio congelante dessas massas vêm das terras mais meridionais do continente, é objetivamente antártico-patagônico. É um frio ambulante: chega, fica e passa - normalmente são poucos os dias críticos de frio ( temperatura menores de 10°C ), uns 4-5 por cada massa de ar frio forte em deslocamento.



estiagens ocasionais em Curitiba e região do Vale do Iguaçu.
As secas periódicas existem e são limitantes para
simplesmente deixarmos por conta do clima a
sobrevivência de orquídeas do tipo
Cattlleyas por aqui, plantas
antigas são mais fortes
e com suas reservas
sobrevivem.
O muro de elementos vazados foi concebido para ser bastante versátil e operacional, permite usar substrato se necessário e dentro de sua geometria há possibilidades para variar luz e umidade. A insolação direta sobre o muro restringe-se aos meses de verão, no resto do ano há fartura de claridade e ventilação. Problemas graves são: granizo, geadas, vento frio/seco e o sol de verão; uma cobertura de sombrite 50% resolve, ou ameniza, todos estes possíveis eventos.

O muro tem dado muito certo e é uma boa idéia ! Talvez devesse ter usado uma cola no lugar da argamassa de cimento, mas não tenho certeza sobre ser esta opção a melhor, as raízes gostam da cerâmica, todavia evitam o contato com o cimento. Talvez rejeitassem ainda mais a cola, esta poderia inclusive contaminar a cerâmica. Como há umidade ambiental quase ao longo de todo ano, as plantas tem boas condições de adaptação, todavia é preciso ponderar: não há Cattleyas e Laelias nativas das maiores altitudes da Serra do Mar e dos planaltos próximos, como há nas terras mais baixas e quentes do litoral da Região Sul. Naturalmente o ambiente não é propício para a sobrevivência das espécies mais ornamentais, o frio constante faz o crescimento diminuir, o sol verão das altitudes queima terrivlmente estas plantas, toleram apenas as situações críticas de temperatura por poucos dias. Portanto nestes locais mais frios e de clima inconstante, as estufas, tellheiros e proteções são normalmente requeridas !
Vejam a evolução da instalação das plantas no muro:






Abaixo o Paphiopedilum x leeanum nos vasos, o vento e a luz do sol de verão
destroem sua folhagem, já foram retirados deste ambiente inadequado.
destroem sua folhagem, já foram retirados deste ambiente inadequado.



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No Jardim de Inverno, fica um outro espaço similar ao muro principal, porém bem menor, muito mais úmido e mais protegido do vento. Destina-se a abrigar as plantas de menor resistência às intempéries, uma parte foi coberta com telhas translúcidas formando uma estufa semi-aberta. Para o muro do terraço exposto ao tempo vão as espécies que notoriamente gostam de estar em habitats ventosos, as plantas mais preciosas ou mais frágeis ficam ao abrigo, as touceiras ficam melhor mais outdoors.
A insolação solar sobre o muro é curta, devido ao posicionamento face sul e a proteção dos prédios vizinhos, temos ao lado um prédio alto encobrindo totalmente o sol da tarde. Apenas de novembro a fevereiro há insolação direta, porém a claridade é sempre muito forte, o espaço apresenta grandes possibilidades de ambientação, principalmente de Laelias.


O pequeno e povoado jardim de inverno, mais protegido
e quente, está disposto para as janelas dos quartos.

quase cor-de-abóbora, ao mesmo tempo L. pulcherrima floresce vigorosamente.




A delicadeza das cores apresentada é difícil de se ver em outros híbridos, estudando sementeiras feitas no passado, em orquidários daquela região, provavelmente essa planta é resultante de um cruzamento de L. lobata concolor Jeni com L. purpurata carnea Maria da Glória. Comprei dois exemplares naquela ocasião, as outras pulcherrimas, também foram adquiridas no mesmo dia, devem ser do mesmo cruzamento, mas não herdaram a cor recessiva e nem a forma da folha, bem alongada e estreita, sendo um caracter bem distintivo.


Abaixo a L. purpurata carnea, a cor framboesa no labelo
só surge nesta espécie sul-brasileira.



Abaixo a C. labiata amoena









Acima o muro já no final de 2010, um ano e meio depois do começo do seu estabelecimento, mostra sinais de pujança vegetativa e de adaptação às condições climáticas locais.
Já em 2011 e mesmo mil dias depois ......

Abaixo a floração de NOV de 2011, choveu muito e as flores se ressentiram do excesso de umidade. O muro e sua comunidade vegetal vão se estabilizando e mostrando ser um habitat artificial viável, as plantas estão inegavelmente estabilizadas.




Não foi o frio o maior inimigo até agora, mas sim o excesso de chuvas e as lesmas derivadas dessa condição de até três meses de verão sem um único dia completo de sol. As chuvas de verão deixam mais destruição mofada do que as queimaduras nas folhas derivadas das 4-5 noites de frio severo com geada no inverno daqui.











Já em 2011 e mesmo mil dias depois ......

Abaixo a floração de NOV de 2011, choveu muito e as flores se ressentiram do excesso de umidade. O muro e sua comunidade vegetal vão se estabilizando e mostrando ser um habitat artificial viável, as plantas estão inegavelmente estabilizadas.


















Floração de 2011 - um ano metereologicamente inesquecível ! De todo forma obtivemos um habitat artificial bem funcional e com uma população estabilizada e em expansão. Já há problemas de competição por luz e vou ter que mudar umas plantas de lugar.