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Esta  longa e complexa postagem é a minha preferida entre todas as do blog,   está dividida  atualmente em quatro partes. A última  parte trata mais  especificamente das fotos antigas de orquídeas, fotos essas da coleção  de D. Isabel, da botânica, do paisagismo e da horticultura envolvida com  a biografia da princesa. Caso não haja interesse do leitor pela parte histórica, adiante-se e vá logo para a última parte. Sendo  fruto de uma pesquisa de muitos anos, a especial seleção de fotos  disponibilizada  ficou muito ilustrativa, e mostra, por si  só , muito  mais que o texto resumido. As fotos  proporcionam uma viagem no tempo ! Durante  anos quis saber mais sobre esse assunto, todavia não tinha como acessar  livros específicos e raros, sofri por não ter como me expandir no  conhecimento histórico deste período. Reuni então um acervo de fotos e informações, agora gentilmente divido-o. Trata-se  de um resumo simplório, feito para quem está na minha condição: não sou  um historiador profissional, porém gostaria de saber um pouco mais do  lado pessoal destas pessoas que tiveram importância no cenário do Brasil  monárquico. Foram  necessários 5 anos de leitura informal, porém dedicada. para configurar  uma observação mais clara, e menos fragmentária, deste conjunto de  personas históricas ligadas por laços familiares.
Ofereço ao leitor sem recursos e tempo para livros e pesquisas, a facilidade de 
um generoso resumo ilustrado, algo que eu mesmo jamais consegui obter!
um generoso resumo ilustrado, algo que eu mesmo jamais consegui obter!
O Brasão da Dinastia de Bragança ainda paira soberanosobre um dos portões de acesso à Quinta da Boa Vista no RJ.
Click aqui para acessar a PARTE I.
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Click aqui para acessar a PARTE III.
Click aqui para acessar a PARTE IV - BOTÂNICA

É pela imagem desse emblemático  portão, recentemente
restaurado, que iniciamos a postagem mais longa do blog.
O início do ambientalismo no Brasil mescla-se com a
história do Império das Selvas do Sem Fim.
O início do ambientalismo no Brasil mescla-se com a
história do Império das Selvas do Sem Fim.
"Condenado a ser exato,
quem dera poder ser vago,
ludibriando igualmente
quem voa, quem nada, quem mente,
mosquito, sapo, serpente."
"Que tudo passe e... 
passe muito bem ."
 
Paulo Leminski
passe muito bem ."
Paulo Leminski
A) Introdução e Descrição do Espírito de Época :
Ao  ver as duas fotos antigas de alguns  exemplares de orquídeas  reunidos,  fotos essas pertencentes ao acervo da Família Imperial Brasileira, me  surpreendi bastante, não esperava encontrar fotos tão singulares e  antigas. Como já conhecia a biografia da Princesa Isabel,  ela era  uma  apaixonada orquidófila e colecionadora de rosas, aventei que talvez as  fotos  poderiam ser da coleção  de orquídeas dela. Poderiam também ter  origem na coleção do imperador, o  característico  fundo e a qualidade   geral das fotos,  remete-nos ao  pioneiro estúdio de  Joaquim Insley  Pacheco, fotógrafo oficial da Casa Imperial.  Só conheço registros das  orquídeas pertencentes ao imperador, invariavelmente correlecionados com  a coleção da princesa. A quem perteceriam e de onde seriam originários  aqueles exemplares ?

As fotos dos interiores e quintais das residências oficiais daquele tempo são escassas e de pouca nitidez. Eram pessoas recatadas e sua vida íntima deixou relativamente poucos vestígios visuais. Recentemente, em virtude da publicação de mais de mil fotos inéditas, pertencentes à coleção de D. Isabel, e de posse de sua última neta viva - D. Tereza, ficamos conhecendo um pouco mais da vida privada dessa personagem histórica.

As fotos das orquídeas eram botanicamente cativantes, os exemplares fotografados estão todos floridos, metodicamente arranjados para o registro, mostrando espécies incomuns e de difícil identificação. Não seriam plausíveis para a prosaica coleção de uma princesa que apenas gostava de flores vistosas. Sabiam decerto da raridade e queriam registrar fotograficamente aquelas plantas inusitadas, todas de origem amazônica; são espécies raras e difíceis de se obter registros visuais até hoje. Como antes já tinha me interessado pela vida dessa nossa ancestral governante, imaginei um resumo biográfico. Porém seria um resumo regido pelo ponto de vista do surgimento das pioneiras atenções dos governantes brasileiros para com o imenso patrimônio natural do país. Focamos também no começo histórico da orquidofilia no país onde há tão renomadas espécies. Se fazia necessário abordar uma época, então resolvi aumentar o espectro de exposição e mostrar a linha do tempo completa no possível aos meus poucos conhecimentos.

Lendo uma mais recente biografia da princesa, primorosamente elaborada pelo autor Roderick Barman, percebi no texto, ela, tal como outros antepassados ilustres, de fato gostava de gastar tempo com o cultivo de plantas e isso lhe proporcionava evidente prazer. Pelo desenvolvimento deste artigo ficarão expostas as possíveis origens das plantas amazônicas registradas nas fotos antigas. Correlacionaremos as fotos com a presença de um botânico buscando ascensão e destaque no serviço público imperial. Tudo parece indicar: esse personagem está ligado com essas espécies das fotos, elas possuem boas chances de terem sido coletadas por ele.

Acima a máquina de daguerrótipo e abaixo um primitivo retrato do imperador pioneiro em fotografia, reparem o equipamento para manter a cabeça imóvel para então realizar um registro nítido, era um tempo de posar longamente e ficar bem quieto para a foto sair boa. Fotografia era novidade e mania naqueles tempos, não podemos comentar essas imagens sem citar o seu contexto de época.
As fotos das plantas poderiam ser da coleção de orquídeas dela, ou então da coleção do imperador, ou ainda e também e bem provavelmente, serem fotos presenteadas pelos botânicos amigos, esses certamente forneciam exemplares para a coleção da princesa. Poderiam presentear fotos de plantas raras também ! Era uma época onde o imperador seguia com paixão a moda romântica de tudo colecionar: antiguidades, minerais, curiosidades, múmias e muitas outras coisas; nesse contexto lindas e raras orquídeas seriam sempre muito colecionáveis !
Como diz Levi-Strauss, os homens são, por definição, seres que colecionam e classificam. Tendem a entender sua vida construindo grandes esquemas de classificação, se constituem, por outro lado, em formas de naturalizar e de domesticar as irregularidades e o próprio cotidiano. Stocking Jr chamou de "era dos museus" a esse período do Séc XIX em que a excentricidade era catalogada e alocada em etiquetas, prontas para a exposição e deleite de uma população ansiosa por conhecer as novas terras e colônias do Novo Mundo e do Antigo Oriente bíblico.

Acima  touros alados assírios  em Londres  e estatuetas egípcias em Paris,   parte das imensas coleções de antiguidades orientais  alocadas nos  museus europeus. Havia acirrada competição entre as potências da época  também no acúmulo de arte, antiguidades e coleções de ciências naturais.  Todas as casas reinantes por lá e a maior parte dos muito   endinheirados, fossem nobres ou burgueses,  decididamente participaram  dessa onda cultural de colecionar raridades. Desses acervos  surgiram -  depois de estatizados , doados ou simplesmente reunidos - os riquíssimos   museus nacionais, até hoje são de visita quase obrigatória aos   turistas que passeiam pelas  grandes capitais do velho continente. No  Brasil não foi diferente, embora em escala bem meno. O que há de mais  valioso em nossos museus históricos, antropológicos  ou de ciências  naturais, remontam a sua aquisição ou coleta à essa época; já no EUA a  formação de acervos  significativos desses tipos foi  mais tardia.
 O surgimento do nome científico Cattleya exemplifica bem o espírito da  época, trata-se  de uma homenagem botânica a William Cattley, colecionador e comerciante  inglês de plantas exóticas, em cuja grande coleção esse tipo de planta   floriu, pela primeira vez, em 1819. Considerada por muito a mais bela  de todas as flores , a partir daí entraria em cultivo sistemático.

No caso, era uma C. labiata e estava num lote de plantas adquirido de um coletor que as trouxe do Brasil. No momento da aquisição, os exemplares não estavam floridos, encontravam-se misturados com outras espécies de não-orquídeas de menor realce ornamental. Assim chegou à Europa a linda orquídea, sem se saber, ao menos, de qual região brasileira era proveniente ! Décadas se passaram até solverem o mistério da origem, sem sucesso muitos vasculharam matas e sertões, acharam outras espécies parecidas, mas não aquela encantadora primeira. Demorou até que a labiata , única espécie desse tipo de orquídeas de floração no início do outono, fosse reencontrada nas serras mais altas de Alagoas e Pernambuco.
Portanto focamos no hábito cultural de colecionar e na valorização mítica da natureza brasileira nesse período da segunda metade do Séc XIX. Partindo dele, vamos adentrar numa viagem pelo tempo, seguindo como guia a biografia da princesa, mas também descrevemos os personangens históricos correlacionados. O Brasil nasceu e mantém-se uma nação cabocla, faceira, de população eminentemente pobre. Mas a natureza é faustosa e a elite sempre teve um certo bom gosto, este bom gosto despido de jóias e de grandiosidades grandiosas demais, destas capazes de ofender aos que sofrem as agruras materiais. A nossa monarquia era brejeira, e como tal, graciosa de movimentos; cumpriu seu papel integrador e entregou uma nação coesa à quartelada militar que a defrenestou.
A orquidofilia nasce nessa época e dentro desse quadro histórico de renovação, exuberante em iniciativas culturais particulares e estatais. Todos eram incentivados a colecionar algo !
Foto  posada da princesa, muito provavelmente próxima do início da década de  1860. Nessa foto  se observa um característico fundo,  parece um tecido  forrante ou cortina, o encontro desse mesmo  fundo com o piso  é um um  importante detalhe que se repete nas fotos das orquídeas e em outras  fotos da família imperial. Esse detalhe é uma boa pista para a datação  das fotos das orquídeas mais abaixo analisadas. Inicialmente interpretei  esse local como um estúdio particular de D. Pedro  II, mas por análise  comparativa, identifiquei-o como o estúdio  do  fotógrafo Insley  Pacheco.





Uma   estereoscopia dos jardins recém implantados no Palácio de Verão em  Petrópolis, na década de 186o. Este tipo de foto duplicada dava ao  observador uma ilusão da  realidade tridimensional, desde que vista numa  certa distância ou usando-se dispositivos óticos apropriados. Um truque  ótico  muito usado como atrativo nessa época de tantas novidades  tecnológicas.

"Passado: É o futuro, usado."
Millôr Fernandes
" Não me preocupo com o futuro:
muito em breve ele virá."
Albert Einstein
Salmo

 Se o tempo é relativo, se tudo não cessa de acontecer e continua acontecendo numa dimensão quântica, então eu vou me permitir a ousadia deapresentar esta respeitosa reverência digital . 
Talvez assim consiga dar cor e vida ao aquém !
Talvez assim consiga dar cor e vida ao aquém !
As fotos dos interiores e quintais das residências oficiais daquele tempo são escassas e de pouca nitidez. Eram pessoas recatadas e sua vida íntima deixou relativamente poucos vestígios visuais. Recentemente, em virtude da publicação de mais de mil fotos inéditas, pertencentes à coleção de D. Isabel, e de posse de sua última neta viva - D. Tereza, ficamos conhecendo um pouco mais da vida privada dessa personagem histórica.

As fotos das orquídeas eram botanicamente cativantes, os exemplares fotografados estão todos floridos, metodicamente arranjados para o registro, mostrando espécies incomuns e de difícil identificação. Não seriam plausíveis para a prosaica coleção de uma princesa que apenas gostava de flores vistosas. Sabiam decerto da raridade e queriam registrar fotograficamente aquelas plantas inusitadas, todas de origem amazônica; são espécies raras e difíceis de se obter registros visuais até hoje. Como antes já tinha me interessado pela vida dessa nossa ancestral governante, imaginei um resumo biográfico. Porém seria um resumo regido pelo ponto de vista do surgimento das pioneiras atenções dos governantes brasileiros para com o imenso patrimônio natural do país. Focamos também no começo histórico da orquidofilia no país onde há tão renomadas espécies. Se fazia necessário abordar uma época, então resolvi aumentar o espectro de exposição e mostrar a linha do tempo completa no possível aos meus poucos conhecimentos.

Lendo uma mais recente biografia da princesa, primorosamente elaborada pelo autor Roderick Barman, percebi no texto, ela, tal como outros antepassados ilustres, de fato gostava de gastar tempo com o cultivo de plantas e isso lhe proporcionava evidente prazer. Pelo desenvolvimento deste artigo ficarão expostas as possíveis origens das plantas amazônicas registradas nas fotos antigas. Correlacionaremos as fotos com a presença de um botânico buscando ascensão e destaque no serviço público imperial. Tudo parece indicar: esse personagem está ligado com essas espécies das fotos, elas possuem boas chances de terem sido coletadas por ele.

Acima a máquina de daguerrótipo e abaixo um primitivo retrato do imperador pioneiro em fotografia, reparem o equipamento para manter a cabeça imóvel para então realizar um registro nítido, era um tempo de posar longamente e ficar bem quieto para a foto sair boa. Fotografia era novidade e mania naqueles tempos, não podemos comentar essas imagens sem citar o seu contexto de época.
As fotos das plantas poderiam ser da coleção de orquídeas dela, ou então da coleção do imperador, ou ainda e também e bem provavelmente, serem fotos presenteadas pelos botânicos amigos, esses certamente forneciam exemplares para a coleção da princesa. Poderiam presentear fotos de plantas raras também ! Era uma época onde o imperador seguia com paixão a moda romântica de tudo colecionar: antiguidades, minerais, curiosidades, múmias e muitas outras coisas; nesse contexto lindas e raras orquídeas seriam sempre muito colecionáveis !
Como diz Levi-Strauss, os homens são, por definição, seres que colecionam e classificam. Tendem a entender sua vida construindo grandes esquemas de classificação, se constituem, por outro lado, em formas de naturalizar e de domesticar as irregularidades e o próprio cotidiano. Stocking Jr chamou de "era dos museus" a esse período do Séc XIX em que a excentricidade era catalogada e alocada em etiquetas, prontas para a exposição e deleite de uma população ansiosa por conhecer as novas terras e colônias do Novo Mundo e do Antigo Oriente bíblico.

Acima  touros alados assírios  em Londres  e estatuetas egípcias em Paris,   parte das imensas coleções de antiguidades orientais  alocadas nos  museus europeus. Havia acirrada competição entre as potências da época  também no acúmulo de arte, antiguidades e coleções de ciências naturais.  Todas as casas reinantes por lá e a maior parte dos muito   endinheirados, fossem nobres ou burgueses,  decididamente participaram  dessa onda cultural de colecionar raridades. Desses acervos  surgiram -  depois de estatizados , doados ou simplesmente reunidos - os riquíssimos   museus nacionais, até hoje são de visita quase obrigatória aos   turistas que passeiam pelas  grandes capitais do velho continente. No  Brasil não foi diferente, embora em escala bem meno. O que há de mais  valioso em nossos museus históricos, antropológicos  ou de ciências  naturais, remontam a sua aquisição ou coleta à essa época; já no EUA a  formação de acervos  significativos desses tipos foi  mais tardia.
 O surgimento do nome científico Cattleya exemplifica bem o espírito da  época, trata-se  de uma homenagem botânica a William Cattley, colecionador e comerciante  inglês de plantas exóticas, em cuja grande coleção esse tipo de planta   floriu, pela primeira vez, em 1819. Considerada por muito a mais bela  de todas as flores , a partir daí entraria em cultivo sistemático.
No caso, era uma C. labiata e estava num lote de plantas adquirido de um coletor que as trouxe do Brasil. No momento da aquisição, os exemplares não estavam floridos, encontravam-se misturados com outras espécies de não-orquídeas de menor realce ornamental. Assim chegou à Europa a linda orquídea, sem se saber, ao menos, de qual região brasileira era proveniente ! Décadas se passaram até solverem o mistério da origem, sem sucesso muitos vasculharam matas e sertões, acharam outras espécies parecidas, mas não aquela encantadora primeira. Demorou até que a labiata , única espécie desse tipo de orquídeas de floração no início do outono, fosse reencontrada nas serras mais altas de Alagoas e Pernambuco.
Veja aqui um artigo em inglês do Chadwick & Sons Orchids 
sobre a história da descoberta e da redescoberta da Cattleya labiata.
sobre a história da descoberta e da redescoberta da Cattleya labiata.
Veja aqui um artigo completo  sobre as coleções do imperador,
seu museu particular e sobre a moda de colecionar no Séc. XIX
seu museu particular e sobre a moda de colecionar no Séc. XIX
No jornal O Paíz,  um artigo intitulado "Acervo Augusto", sobre as coleções de Pedro II:
"[...]   relíquias de Herculanum e Pompéia      (as cidades que o Vesúvio   soterrou). Estatuetas, hermas, caçarolas      ou panelas, vasos,   repuxos, trabalhos de cerâmica, de ferro e de bronze.      [...] armas   modernas e antigas da Ásia e da África, yatagans      recurvados dos   ferozes guerreiros syrios e árabes, espadas e punhaes      de aço   legítimo de Damasco, escudos e elmos. Ainda a gente islamita      figura   no museu pelos seus instrumentos de música civil e militar.      A   história e a civilização da América ali tem      conspícuo lugar, desde   os Incas até os nossos dias. A anthropologia      indígena tem objectos   de estudos nas múmias e nas igaçabas,      nos corpos e nas cabeças   mumificadas ou pelo tempo ou pela arte. Há      ali uma cabeça de   guerreiro mumificada e tão reduzida, que parece      a de uma  criança..."
Portanto focamos no hábito cultural de colecionar e na valorização mítica da natureza brasileira nesse período da segunda metade do Séc XIX. Partindo dele, vamos adentrar numa viagem pelo tempo, seguindo como guia a biografia da princesa, mas também descrevemos os personangens históricos correlacionados. O Brasil nasceu e mantém-se uma nação cabocla, faceira, de população eminentemente pobre. Mas a natureza é faustosa e a elite sempre teve um certo bom gosto, este bom gosto despido de jóias e de grandiosidades grandiosas demais, destas capazes de ofender aos que sofrem as agruras materiais. A nossa monarquia era brejeira, e como tal, graciosa de movimentos; cumpriu seu papel integrador e entregou uma nação coesa à quartelada militar que a defrenestou.
A orquidofilia nasce nessa época e dentro desse quadro histórico de renovação, exuberante em iniciativas culturais particulares e estatais. Todos eram incentivados a colecionar algo !
Foto  posada da princesa, muito provavelmente próxima do início da década de  1860. Nessa foto  se observa um característico fundo,  parece um tecido  forrante ou cortina, o encontro desse mesmo  fundo com o piso  é um um  importante detalhe que se repete nas fotos das orquídeas e em outras  fotos da família imperial. Esse detalhe é uma boa pista para a datação  das fotos das orquídeas mais abaixo analisadas. Inicialmente interpretei  esse local como um estúdio particular de D. Pedro  II, mas por análise  comparativa, identifiquei-o como o estúdio  do  fotógrafo Insley  Pacheco.
O Imperador foi um dos pioneiro da fotografia mundial, acima aos 22 anos, em 1846,
nessa época, e com esta face ainda jovem, foi pai da princesa Isabel.
nessa época, e com esta face ainda jovem, foi pai da princesa Isabel.



O  único autoretrato de fato assinado  e um sofrido estudo  fotográfico da  pobre imperatriz , com o dedinho no rosto, o estilo nem sempre é  elegante no resultado dos click imperiais dessa época.
Fotos eram uma empolgante novidade.

Uma   estereoscopia dos jardins recém implantados no Palácio de Verão em  Petrópolis, na década de 186o. Este tipo de foto duplicada dava ao  observador uma ilusão da  realidade tridimensional, desde que vista numa  certa distância ou usando-se dispositivos óticos apropriados. Um truque  ótico  muito usado como atrativo nessa época de tantas novidades  tecnológicas.
"Passado: É o futuro, usado."
" Não me preocupo com o futuro:
muito em breve ele virá."
Albert Einstein
"De profundis 
clamavi
ad te"
clamavi
ad te"
Salmo
B) Biografia: Personalidade, Educação, Familiares e Residências:
O  contexto dos livros alvejam as  situações históricas , por vezes com  uma angustiante falta dos detalhes  pessoais dos vultos protagonistas.  São conhecidas  muitas fotos desse período, porém quase sempre são  posadas em estúdios, circunstância necessária para obtenção de um bom  registro de luz com o equipamento existente na época. Muitos aspectos  cotidianos, importantes por sua relevância histórica, deveriam estar bem  registrados e publicados, todavia são mal conhecidos, exceto pelos  especialistas no assunto. Como estamos num blog, vamos aproveitar o  conforto de expressão desse espaço cultural menos formal, para então  simplificar o modo de comunicação. Vamos privilegiar a informação visual  e os aspectos humanos. sem perder o conteúdo, a seriedade e o linha  histórica dos acontecimentos.
Apresento-a  primeiro, por considerá-la como uma influência  das mais construtivas  sobre  o caráter e modo de ser de D. Isabel. D. Luísa Margarida foi  durante anos a aia e preceptora das princesas pré-adolescentes, começou  seu trabalho quando D. Isabel tinha cerca de dez anos de idade. 
Era  brasileira e filha de um importante diplomata baiano, o Visconde da Pedra Branca, famoso por  conseguir contratar o segundo casamento de  D. Pedro I . Na época  da foto mais acima ela já estava ficando senil, embora tenha tido cabelos  brancos desde  nova, também já estava viúva do conde francês com o qual  compartilhava o título. A foto é de 1885, ela faleceu cinco anos depois.
O  rapaz sentado é Dominique de Barral, era tratado como afilhado do  imperador e "quase- irmão" de D. Isabel. Foi criado praticamente  junto  com as princesas, em função do trabalho de sua mãe. D. Luísa concebeu-o   perto dos 40 anos  de idade, sendo esse seu único filho. Adulto,  Dominique casou-se com a irmã mais nova de  Amandinha Paranaguá - a  melhor amiga de D. Isabel. O casamento foi muito comentado na imprensa  da época e a noiva pertencia à uma abastada família. A presença em peso  da família imperial ao casamento despertou algumas críticas na  imprensa. O fato raro foi a rápida ascensão da gentil governanta e  empregada de luxo, a pequena senhora encantou o monarca e suas filhas,  logo agregou-se à intimidade familiar do núcleo familiar imperial, este  sempre  reservado e de poucos amigos.
A personalidade 
                    tímida e reclusa de dom Pedro II encontrou um complemento 
 perfeito na extrovertida condessa de Barral. "Ela foi 
                    uma porta aberta
 para um mundo que ele só conhecia 
                    dos livros" - Mary Del Priore
 Filha de diplomata brasileiro servindo na Europa, desde  jovem
já gostava de se vestir bem, desenvolveu uma prosa irresistível.
D. Pedro em seu diário: "...ela fez a reverência de forma soberanamente submissa... 
transformava a reverência em obra de arte". Destacava-se na acanhada 
corte brasileira pela cultura e elegância
Acima  uma boa foto da Condessa de Barral ainda jovem,  numa rara imagem  colorida. Mesmo sendo 9 anos mais velha que Pedro II,  já tinha mais de  40 anos ao conhecê-lo, foi a grande paixão do imperador. Embora o tenha  seduzido por completo, desde a primeira reverência, evitou sua cama até  enviuvar. Agiu como uma Sherazade brasileira, encantando o governante poderoso com histórias e agradável companhia, histórias e conversas sem fim.
Ela era charmosa e "maravilhosa", ele era pesado e  circunspecto. Foi  descrita como uma mulher pequenina, culta, bem articulada, poliglota,  dominadora. Educada na França mostrava-se sempre elegante e refinada. Tornou-se amiga  e a maior  paixão de D. Pedro II. Por ser a preceptora plena das princesas,   definiu muitas características marcantes na formação de ambas, foi muito  íntima da família imperial até o fim dos seus dias.
 Teve seu único filho já aos quarenta anos, na foto
 acima deveria ter perto de 45 anos.
Foi  especialmente contratada para a função e   educou as princesas com  sucesso, também ensinou-as  como  portarem-se socialmente, ainda ajudou  na contratação de bons casamentos para ambas. Por essa forte influência e  direção na constituição dos modos  e visões de D. Isabel , podemos  considerá-la como sendo a sua "mãe espiritual". Devido  à proximidade e convívio, envolveu-se emocionalmente e foi amada por D.  Pedro II com longa persistência. Sagaz e de ampla vivência, era  exatamente o tipo de mulher apreciada pelo imperador, em suas fotos  também aparece sempre com um livro na mão, tal qual ele.
Aos 25 anos já mostrava-se um monarca modesto e liberal, mas
de grande brilho pessoal - foto de 1853.
de grande brilho pessoal - foto de 1853.
A  imperatriz foi amargamente obrigada a tolerá-la, enquanto durou a  educação das  princesas. Depois dos casamentos das moças, a condessa  retornou à França, mas não cessaram suas relações com o imperador e com a  pupila herdeira do trono. A correspondência foi sempre incessante ,  acompanhava-os quando em viagens, assessorando em roteiros,  comportamentos e etiquetas. O imperador destruiu as cartas da Barral,  ela não fez o mesmo com as  dele. Sobraram muitas, essas nos mostram uma  paixão intelectualizada e  cheia de situações esporádicas inesquecíveis  para ele. O imperador teve inúmeras outras amantes, todas  bem menos   sofisticadas e  importantes.
D. Pedro II aos 44 anos
D. Pedro II foi mais que um pai para D. Isabel, ele era uma referência absoluta de idéias e comportamentos. D. Pedro marcava por ser culto, de natureza solitária e científica, nunca teve um secretário particular, era um romântico completo, escrevia muito e com uma letra muito difícil de se ler, seus papéis eram uma "gigantesca bagunça" conforme constatou sua filha durante sua última regência
Aos cinquenta anos.
A  foto mostra o olhar visionário de uma pessoa culta, ele  tinha plena  noção da importância de sua  atuação histórica, seus atos e atitudes nos  comunicam toda esta reta-percepção. Sentia-se muito entediado pelas  circunstâncias político-econômicas de sua época; adorava viajar e  conhecer lugares, cientistas, pensadores e artistas.
A célebre Condessa de Barral em foto de 1885- seis anos antes do seu falecimento na França.
A  condessa fez um trabalho notável, nenhuma outra brasileira teria sido  capaz de realizá-lo tão bem - educou princesas. Ao vê-las bem casadas,  por fim recolheu-se a sua casa de campo na França , transformando-se  numa lendária figura histórica. Muito mais que a própria mãe de  D.Isabel, ela foi preponderante e influente na biografia da princesa  orquidófila.
Apaixonado pela Barral, uma mulher discreta e sem traço de
vulgaridade, ele coletou flores e pedras, ela colecionava, até que  morte os separou.
D Pedro II, o querido e referêncial "papaizinho" da princesa "matraquinha"  - ela já casada, 30 anos de idade e regente do país, ainda usava estes  termos familiares em suas cartas. Pedro II era um homem fortemente  intelectualizado ou, por outro lado, talvez desejasse fortemente parecer  sê-lo. Alguns mostraram-se convictos em descrevê-lo mais como  enciclopédico do que como intelectual. Mostrava-se frequentemente  desgastado pelos "maçantes  "  - o termo é muito usado por dele e pelas princesas - problemas  de  governo. Amargurava-se com a difícil liturgia política do seu cargo e  dizia adorar ser apenas ministro.
 
Império  é um reino muito grande e vasto, por ocasião da independência, para  ajudar D. Pedro I a se afastar da sua natural condição de herdeiro do  Reino de Portugal, mudaram o nome do nosso país para Império do Brasil.  Sendo Imperador do Brasil, logo talvez não fosse Rei de Portugal. Como D. Pedro II registrou em    seu diário de 1871:  "preferia ser mestre escola a transformar-se    em Imperador".  Ainda adolescente, deixou registrado o quanto custou-lhe os cortejos e  festividades do dia de sua coroação, já nasceu velho de espírito!
O imperador chega ao Senado para abrir o ano legislativo.
A  monarquia brasileira era constitucional e  parlamentarista. Quem  governava de fato era o chefe do gabinete e dos  ministros, indicado  pelo imperador dentro  dos quadros do  partido ganhador das eleições.  Pedro II era uma espécie de versão masculina da Rainha Vitória da  Inglaterra,  com algum "molho francês" ligando-o ao modelo de  monarquia  constitucional-cidadã dos Orléans,  sempre enfurnado em estudos e mais  estudos para ser o mais contemporâneo e racional possível!
D. Pedro orgulhava-se de dizer:
 "Eu só governo duas coisas no Brasil:
a minha casa e o Colégio Pedro II."
a minha casa e o Colégio Pedro II."
Mas  era só falácia, ele tinha controle de todos os acontecimentos  decisivos, além de inspecionar com olhos atentos a burocracia mais  importante. Foi duramente educado para governar com discrição, bom senso  e responsabilidade e assim governou, nenhum grave erro de orientação  lhe foi posteriormente atribuído.

Os conservadores , liberais e republicanos
estavam sob a tutela vigilante do imperador.
estavam sob a tutela vigilante do imperador.
A  imperial centralização do poder na Corte do Rio de Janeiro é mostrada  na charge: D. Pedro II e a Corte Imperial, em forma de uma gentil  senhora com a palavra "corte" no vestido, recebem as províncias  simbolizadas por indígenas com os nomes dos atuais estados no cocar. O  título de "Império", ao contrário do de "Reino", já demonstrava um  resistente ranço autoritário e ainda colonialista. Embora fosse muito  democrática para o seu tempo, a Constituíção brasileira era cheia de  salvaguardas imperiais, e a centralização do poder impedia as tentativas  de separação das províncias, espalhadas num território continental. A  ótima charge mostra tudo numa eloquente imagem.
O  voto era censitário , votavam apenas selecionados eleitores homens ,  alfabetizados e com recursos financeiros, eram 13% da população - no  mesmo sistema votavam na Inglaterra 9% e nos EUA 18%. Os Partidos  Conservador e Liberal disputavam o poder sob a supervisão das barbas do  imperador. O modesto monarca ganhava o equivalente à metade do salário  do Presidente dos EUA.
Quem governava eram os políticos eleitos - D. Pedro supervisionava tudo,como lhe assegurava a abrangência do constitucional Poder Moderador.
O famoso gabinete liberal de 1871.
Esse  era o processo usual nessa época e não se  cogitava uma  democracia  mais ampla. O imperador , detentor do Poder Moderador, poderia então  intervir em tudo, até mesmo na Justiça, mas preferia supervisionar  atentamente, como sendo uma instância para grandes decisões. Simples e  poderoso, assim gostava de apresentar-se publicamente,    sobretudo após   1870, quando esculpiu ainda com mais cuidados e intenção    essa  feição híbrida de  monarca-sábio-cidadão. O Brasil era uma  nação monárquica com um governo quase republicano, uma barafunda  política derivada da insegurança vivida no passado e da pouca maturidade  política da sociedade brasileira da época.
Entre  tantos gostos científicos cultivados pelo imperador, o pela astrônomia  pode  ser percebido pelo significativo observatório que mandou instalar  na  cobertura do Paço. Ficava à direita, bem em cima da sua biblioteca  particular - 23  mil livros - cuja a entrada ainda sobrevive ,  em 1910 o  observatório de madeira já bem danificado pelo tempo  foi  desmontado.  Na primeira ilustração podemos vê-lo , de chapéu na mão, ao lado de um  telescópio na cidade de Olinda -PE. A oposição destilava veneno  mostrando-o mais preocupado com as estrelas no céu e menos com os  problemas brasileiros.
 Observatório Nacional - Morro do Valongo no Rio - 
fundado pelo imperador astrônomo.
Foi um governante extremamente popular e respeitado, dentro e fora do país,
nas décadas de 50 a 70 do Séc. XIX.
nas décadas de 50 a 70 do Séc. XIX.
Para  relaxar colecionava  livros, fotos, objetos e artefatos que não  necessitassem muito além da sua simples aquisição, desfrute e  armazenamento. Montou um museu particular no Paço de São. Cristóvão,  algumas peças estão entre  as mais valiosas expostas no país até hoje.  Costumava bradar, para quem quisesse ouvir: "A    ciência sou eu",  num bem humorado paralelo, parafraseado do clássico dito de Luiz XIV.  Todavia seu bordão preferido e marca registrada era a frase : Já sei! Já sei! .  Pedro II tinha 1,90 m de altura, sua voz estranhamente fina e  estridente não harmonizava em nada com seu tipo físico, seus olhos eram  tristes desde rapaz e eram de um azul profundo. As pernas finas e a  gordura na barriga e tórax contrastavam quando vestia os trajes  imperiais formais, estes  mais pareciam trajes carnavalescos.

Palácios  de Hofburg e Schönbrunn - Viena na Áustria. O fortíssimo contraste  entre o extremo luxo e refinamento das regalias vienenses e as  acomodações improvisadas  onde viviam os exilados da corte portuguesa no  Rio de Janeiro, nos fazem ter idéia do sacrifício imposto à arquiduquesa. Os exorbitantes gastos que o embaixador português - o  Marquês de Marialva - fez para impressionar a corte vienense, no momento  em que se fazia o pedido oficial de casamento, as baixelas de ouro, a  profusão de diamantes, as quarenta carruagens em cortejo; tudo isto estranhamente  converteu-se no pobre e tosco cenário das instalações cariocas. Podemos postular que o cerimonial de noivado e o  dote da noiva foram caríssimos, a "aquisição" da arquiduquesa foi um investimento da dinastia bragantina, ela deveria gerar príncipes com o sangue das duas casas reais e ficar quieta nesta função. Acredito que tenha sido esta a visão de Pedro I sobre sua esposa, que ao final de tudo nem bonita era...
Leopoldina e a irmã Clementina.
A futura imperatriz era culta, porém carente de atributos físicos, o oposto
de seu esposo, tido como um dos  mais belos e mal educados 
príncipes europeus do seu tempo.
príncipes europeus do seu tempo.

A austríaca ( entenda como alemã católica ) Leopoldina de Habsburg- consorte de D. Pedro I e mãe do segundo imperador - tinha conhecimento e gosto pessoal pelas ciências naturais. Os dois primeiros naturalistas a descreverem sistematicamente a flora e a fauna brasileira, vieram no seu séquito científico.
Como  tantos outros estrangeiros que aqui residiram, deprimiu-se com o passar  do tempo. Achou  conforto na   contemplação e  no estudo da natureza.  Despachou para os museus de Viena coleções substanciosas de  biodiversidade brasileira, estas nem foram valorizadas em sua pátria. O  rumo de sua vida levou-a a um desmerecimento muito agudo,  temia-se  mesmo que acabasse por ser  prosaicamente envenenada pelos alpinistas  sociais e pequenos canalhas do entorno de Pedro I.

Nunca  foi bonita, aqui, progressivamente escandalizada e  deprimida,  tornou-se glutona e desleixada com a aparência. Intelectualizada,  desprezava as veleidades, o esposo apreciava o tipo físico oposto,  gostava de mulheres coquetes, vaidosas e sensuais. Gostava muito !  Todavia cumpria seu dever de estado, mantendo-a permanentemente grávida,   sete gestações em  nove anos; assim viveu.

Pedro  I comia apenas usando as         mãos, temendo ser considerada esnobe,  Leopoldina         abandonou os talheres usados na Europa. Incomodada          pela falta de limpeza geral no palácio, inclusive dos          banheiros, recebeu uma aula do marido para cumprir suas          necessidades ao ar livre, no mato.         Repetidas vezes, a imperatriz  se queixava da falta de         higiene em que vivia.
À irmã e confidente, Maria Luísa da Áustria, que Leopoldina chamava carinhosamente
Louison - Imperatriz dos Franceses, sacrificou-se
para salvar o pai e a Áustria da destruíção
das Guerras Napoleônicas
À irmã e confidente, Maria Luísa da Áustria, que Leopoldina chamava carinhosamente
de Louison, foi enviada uma volumosa correspondência, pela qual muito sabemos
sobre os anos iniciais da princesa austríaca no Rio de Janeiro.
Napoleão Bonaparte e D. Pedro I foram cunhados !
D. Leopoldina, a cavalo, rumo à Floresta da Tijuca.
 "Não é bonita nem favorece sua 
maneira masculina de vestir-se"
D. Pedro chamava a imperatriz
jocosamente de : a proprietária.
maneira masculina de vestir-se"
D. Pedro chamava a imperatriz
jocosamente de : a proprietária.
D.Leopoldina foi mãe de dois reis, ambos amplamente aclamados como ótimos governantes. Lamentável a história de uma moça bem nascida que se empolgou pelo triste trópico e pelo português sedutor. Morreu precocemente aos 29 anos, cercada de constrangimentos e vergonhas, lhe valia o embaixador austríaco enviado para o Rio de Janeiro, por seu pai, para protegê-la. Teria sido agredida pelo marido com um pontapé, para piorar a cena, aconteceu a agressão bem diante da amante dele. A agressão teria provocado um posterior aborto e uma consequente infecção terminaria com seu falecimento. Trágico destino de uma princesa gorducha e estudiosa que embarcou numa aventura tropical por razões de estado . A participação ativa no processo de independência e seu valoroso filho, seriam a sua grande contribuição à formação do país.
 O enterro da imperatriz no Convento de Santo. Antonio.
Spix   (1781-1826) e Martius (1794-1868) - respectivamente nas imagens acima -   foram nomeados para integrar o séquito científico da jovem  arquiduquesa.  No período de 1817 a 1820 Dr. Johann Baptist von Spix  (Zoólogo) e Dr.  Carl Friedrich Philipp von Martius (Médico e Botânico)  excursionaram  pelo Brasil inteiro. Dessa andança, com o material  científico recolhido,  escreveram o livro "Reise in Brasilien" , editado em 1823 .
Foi talvez o mais belo de todos os Braganças  - gente normalmente feia  -
as filhas Francisca e Amália herdaram-lhe a cativante beleza,
Pedro II herdou-lhe a epilepsia.
Podemos  apresentar D. Pedro I, pai de D. Pedro II, como um jovem atlético de  cabelos encaracolados, simplório e impetuoso. A exumação de seus restos  mortais em 2012, confirmou sua compleição atlética e revelou uma altura  próxima ao 1,70m, ou seja, era um tanto baixo para os padrões atuais;  também as fraturas em quatro costelas atestam, ao menos, dois tombos dos  cavalos que tanto apreciava Os diplomatas e visitantes descreviam-no  como um príncipe de porte muito elegante, contrastando fortemente com o  restante da família real, composta de pessoas fisicamente horrendas.
 Os  suntuosos retratos das irmãs mais velhas de Pedro I : D. Maria Isabel e D. Maria   Francisca
de Bragança, tentam disfarçar a feiura das princesas, estas casaram-se na Casa Real
Espanhola logo após deixarem o Rio de Janeiro, onde viviam com o irmão,
D. Maria Isabel foi rainha da Espanha, morreria de parto 2 anos depois.
de Bragança, tentam disfarçar a feiura das princesas, estas casaram-se na Casa Real
Espanhola logo após deixarem o Rio de Janeiro, onde viviam com o irmão,
D. Maria Isabel foi rainha da Espanha, morreria de parto 2 anos depois.
D. Leopoldina, que nem era bonita, se assustou com a aparência dos pais de seu futuro esposo, e deixou esta impressão registrada em sua correspondência. Pedro I apresentaria o mesmo apetite sexual incontrolável e persistente de sua mãe; além da falta de formalidade, de protocolo e a usura profunda herdadas do pai bonachão.
Pedro  I foi um juvenil e macunaímico herói sem muito caráter. No seu tempo de  Brasil, viveu prolongada imaturidade  e foi sempre impulsionado pelos  sentimentos e paixões, cercou-se da melhor mundanidade que havia na  época. As cartas onde ele se refere ao seu orgão sexual por apelidos,   citando-o como se "ele" fosse um ser independente de seu controle, são  hilariantes Mostram bem  o rapaz imaturo disfarçando ser um governante. Desenhava em suas cartas à amante os seu orgasmos imaginários ou dedicatórios, como que desejando se esvair em  prazer carnal.
Quando desejava marcar encontros com suas amantes, declarava-se a elas como estando" munido", em 36 anos de vida teve 16 filhos, há quem registre 40, viveu sempre muito "munido"! Com relação ao seu casamento com imperatriz austríaca dizia certíssimo do dever cumprido: " Nove anos fui casado, nove filhos tive ".
 Ele aparecia muito pouco para conviver com a imperatriz desinteressante, mas cumpria regularmente sua função  procriativa com a ela, e não só com ela, com muita outras mais,  ficavam todas grávidas, talvez assim sossegassem. Também frequentava muito a Hospedaria da Corneta, lugar de prostituição famoso na época. D. Pedro I, na sua fase de vida brasileira, foi um furacão macunaímico, é difícil falar dele muito a sério ! Ele poderia ter feito tudo que fez, mas de outra forma menos contundente, parecia ser de um egoísmo dominante, era regido pelas próprias vísceras. Todavia é o fundador da família imperial e pai de Pedro II, não pode ser ignorado, embora, a meu ver, não deva ser muito idolatrado. Um detalhe pode bem nos demonstrar o que ele de fato sentia, sua alma juvenil e cheia de paixões mundanas pode ser bem percebida na ocasião do casamento por procuração e na chegada da segunda imperatriz D. Amélia, na época com 16 anos de idade. A curiosidade dele sobre a aparência dela pode ser percebida na carta que seu dileto amigo, o Marquês de Resende, enviou-lhe descrevendo-a : “(Amélia) tem um ar de corpo como o que o pintor 
Correggio deu nos seus quadros à rainha de Sabá. Valham-me as cinco 
chagas de N. S. Jesus Cristo, já que pelos meus enormes pecados não sou o
 imperador do Brasil. Que fará o nosso amo na primeira, na segunda, e em
 mil e uma noites?”. Outra viva prova de seu temperamento, e do descompasso amoroso entre ele e D.Leopoldina, pode ser constatada pela atitude que tomou ao ser informado da chegada do navio que trazia a juvenil nova imperatriz: "consta que o imperador, ao ser avisado pelo telégrafo de Cabo Frio de 
que o navio que trazia sua noiva se aproximava, pegou, ansioso, um vapor
 e foi encontrá-la fora da barra da Baía da Guanabara; ao vê-la dentro 
da fragata, D. Pedro, emocionado, perdeu momentaneamente os sentidos." Desmaiou de emoção ! Ele era assim.
Retrato bem realista. 
Quando desejava marcar encontros com suas amantes, declarava-se a elas como estando" munido", em 36 anos de vida teve 16 filhos, há quem registre 40, viveu sempre muito "munido"! Com relação ao seu casamento com imperatriz austríaca dizia certíssimo do dever cumprido: " Nove anos fui casado, nove filhos tive ".
Um monarca dominado pelas emoções, talvez
já pressentisse que sua vida seria intensa e curta.
já pressentisse que sua vida seria intensa e curta.
Excelente músico.
Chegando  mesmo a engravidar a Marquesa de Santos e sua irmã, a Baronesa de  Sorocaba, ao mesmo tempo , esta última era casada e o marido ficou bem  quieto achando que levaria vantagem com o ocorrido. Uma mulata paulista  deu-lhe uma boa corrida em plena rua, após ele lhe dizer algumas  bobagens eróticas. Uns dizem que gostava de cachaça e a consumia  frequentemente, seu médico afirma em sua autópsia que ele era abstêmio, ficamos sem ter  certeza. Talvez tenha se tornado abstêmio após certa idade, em consequência da progressiva perda de um pulmão e a hipertrofia do coração. Nos seus últimos anos de vida estava com a saúde muito debilitada
  
A  Baronesa de Sorocaba, mesmo casada, foi amante de D. Pedro  concomitantemente a sua irmã, a Marquesa de Santos, ela assumia o posto  enquanto a irmã gestava. Um atentado a tiros contra a carruagem  da baronesa foi logicamente atribuído à desavença entre as irmãs, o meio-irmão nascido dessa união foi alvo de registrada proteção por parte de  Pedro II, bem como foram amparadas suas meias-irmãs filhas da marquesa.
Estes fatos eram inaceitáveis para um governante perante a moral vigente no Séc.XIX. Assim como Pedro II já nasceu "velho" e defensor da moralidade, seu pai nunca deixou de ser efetivamente "jovem" e devasso. Sua biografia em terras brasileiras foi circunstancialmente importante, mas fortemente ofuscada pela sua paixão existencial. Mesmo em Portugal e já casado com a jovem belíssima segunda imperatriz, ainda assim produziu filhos ilegítimos !
"Amores da cintura para baixo ! "
 Baronesa de Sorocaba.
Estes fatos eram inaceitáveis para um governante perante a moral vigente no Séc.XIX. Assim como Pedro II já nasceu "velho" e defensor da moralidade, seu pai nunca deixou de ser efetivamente "jovem" e devasso. Sua biografia em terras brasileiras foi circunstancialmente importante, mas fortemente ofuscada pela sua paixão existencial. Mesmo em Portugal e já casado com a jovem belíssima segunda imperatriz, ainda assim produziu filhos ilegítimos !
D. Carlota Joaquina foi fashionist  e mesmo vanguardista, foi nossa primeiraCarmem Miranda. Pedro I era filho de Carlota, e como ela
era atormentado pelo sexo!

Pedro I, o "femeeiro vulgar",   pisa nos inimigos na iconográfica "alegoria à nova constituição  imperial". A constituição, jovem e bela, e o impetuoso imperador,  flertam numa  paixão muito rápida, em pouco tempo ele passaria a desejar  governar de forma ditatorial. Muitos insistem em que a figura feminina  da  "Constituição" foi claramente inspirada nas formas da Marquesa de  Santos. "A lista de amantes do imperador é considerável, embora incompleta: Mariquita Cauper, filha do camareiro Pedro Cauper; Ana Rita, mulher de Plácido de Abreu;Joaquina ou Ludovina Avilez, esposa do general Jorge Avilez; Carmem Garcia, esposa do naturalista Bompland; Maria Joana, filha do capitão Ferreira Sodré; Regina de Satourville, mulher de um ourives da rua do Ouvidor; Carlota Ciríaco da Cunha, filha de um rico industrial; Clémence Saisset, mulher de um comerciante francês; e outras, como Joaninha Mosqueiro, que lhe daria um filho, José, nascido em 1829; Luizinha Meneses, Andresa Santos, Gertrudes Meireles, Ana Sofia Steinhausen e Androsinda Carneiro Leão. Do serralho ainda constaram a viscondessa de Sorocaba, irmã da marquesa de Santos; Maria Benedita Delfim Pereira; Luisa Clara de Meneses, mineira de Paracatu, mulher do general José Severino de Albuquerque; Heloísa Henri, mestra de dança francesa, mulher do dr. Roque Schüh; as mães de Umbelino Alberto de Campo Limpo e de Teotônio Meireles; bem como a atriz Ludovina Soares. Nenhuma se negava a d. Pedro I. Por ser rei e por ser fogoso." de Mary del Priore.
Até os 30 anos foi muito vistoso e atrativo.
Seu sogro, o Imperador da Áustria, sabedor de todos os mexericos da corte brasileira, considerava-o com um "patife cruel ". Todo o serviço diplomático austríaco iria agir de modo continuado para garantir os direitos dos filhos de D. Leopoldina aos tronos do Brasil e de Portugal. Muito da dificuldade de obtenção de uma segunda imperatriz, estava na ação subliminar destes diplomatas , temia-se, que por fim, bastardos ou príncipes nascidos de um novo ramo dinástico chegassem ao tronos bragantinos.
 do primeiro imperador.
O  primeiro imperador  marcou-se pelo perfil mundano, sua educação fora  insuficiente tendo  em vista ter sido criado solto nas ruas do Rio de Janeiro em meio  a escravaria, temia-se muito a repetição  por seu filho do quadro de  desleixo e impulsividade que marcou o pioneiro governo. "Embora não haja estatísticas sobre o assunto, é de imaginar-se que as relações extraconjugais fossem correntes, depois do casamento. O adultério perpetuava-se como sobrevivência de doutrinas morais tradicionais. Fazia-se amor com a esposa quando se queria descendência; o resto do tempo era com a outra. A fidelidade conjugal era sempre tarefa feminina. A falta de fidelidade masculina, vista como um mal inevitável que se havia de suportar. Era sobre a honra e a fidelidade da esposa que repousava a perenidade do casal. Ela era a responsável pela felicidade dos cônjuges" de Mary del Priore.
 
A leitura de seus manuscritos mostram um rapaz de paixões exarcebadas, vulgar demais para o
 cargo que exercia, só se mostraria mais sério  nos cuidados com os filhos, é difícil admirá-lo.
Para se opor à vulgaridade da figura do pai, o pequeno príncipe herdeiro do trono brasileiro seria estupendamente educado, até mesmo os estrangeiros assombravam-se com a cultura, a frieza de temperamento e a mente científica de Pedro II. Nenhum outro governante de seu tempo comparava-se a ele em capacidade intelectual e cultura formal, foi educado propositadamente para ser o oposto de Pedro I : um liberal constitucional por fora e absolutista de tendência por dentro.
Um  grande herói de nossa  gente, dito "muito fogoso", procurava presas femininaspelas ruas e dispunha do amigo Chalaça como assessor e parceiro
na procura de eventos sensuais ou eróticos.
tornou-se macunaímico.
D.  Pedro I foi um talentoso músico e um excelente carpinteiro, também  cuidava e ferrava pessoalmente seus cavalos! Escrevia num português com  erros gramaticais crassos, gostava com paixão dda  boêmia. Registrou um visitante da casa Marquesa de Santos em São Paulo,  já depois da morte de D. Pedro I, tê-la visto fumando um cigarro de  palha , descalça e acocorada no chão da cozinha, mostrando assim seus  traços culturais bem populares. Mesmos para os padrões simplórios da corte de Lisboa, a conduta do primeiro imperador era absolutamente inadimissível.
A Marquesa de  Santos, a que era "bonita sem ser bela",
quase tornou-se a segunda imperatriz.
Felício Mendonça, seu primeiro marido, que chegou a esfaqueá-la , disse claramente
ao imperador apaixonado durante uma discussão: une catin - é uma puta!
Pesquisas recentes apontam que esta esperta cortesã trabalhava em exercícios específicos
os seus músculos vaginais, podendo assim melhor estimular o prazer do imperador.
quase tornou-se a segunda imperatriz.
Felício Mendonça, seu primeiro marido, que chegou a esfaqueá-la , disse claramente
ao imperador apaixonado durante uma discussão: une catin - é uma puta!
Pesquisas recentes apontam que esta esperta cortesã trabalhava em exercícios específicos
os seus músculos vaginais, podendo assim melhor estimular o prazer do imperador.
A solução para o problema da Marquesa de Santos foi a beleza juvenil e a ótima educação de D. Amélia de Leuchtemberg. D. Pedro se interessou muito por ela, ela satisfez plenamente suas demandas sociais e particulares, e a marquesa entrou em declínio na sua vida privada.

Após uma longa e infrutífera procura por uma princesa nas principais casas reinantes européias, a história do martírio da primeira imperatriz ficou famosa em todas as cortes, contratou-se o casamento com a secundária porém belíssima Princesa Amélia Napoleona de Leuchtenberg. A nova imperatriz, de apenas 17 anos, encantou D. Pedro I e colocou fim na escandalosa relação dele com sua famosa amante, todavia em pouco tempo voltou a ter outros casos amorosos e a mesma incessante ocorrência de novos filhos bastardo.
A Marquesa de Santos já senil e morando em São Paulo,
porém ainda muito famosa como amante de Pedro I.
 Foi esta mulher  aquela mais profundamente amada por Pedro I !  Não fosse a forte atuação do sogro salvaguardando o trono do neto, por muito pouco ela não se torna a segunda imperatriz ! D. Pedro I achou que, tal  como os grandes reis franceses, poderia expor sua vida  sexual, e que  isso seria sinônimo de virilidade. Mas as revoluções  liberais já  varriam a Europa, e isso passou a ser visto como inconveniente fraqueza.Não havia registro anterior de semelhante comportamento tão lascivo e  aberto na corte bragantina, as paixões eram sempre discretamente  vividas, os rebentos bastardos eram tradicionalmente protegidos da melhor maneira possível. Esta última tradição Pedro I honrou: reconheceu em testamento quase todos os seus filhos bastardos.
A Duquesa de Goiás, belíssima primeira filha da Marquesa de Santos com Pedro I, casou-se mais tarde com um barão alemão por intermédio de  D. Amélia de Leuchtenberg, a segunda imperatriz cuidou também dos rebentos bastardos de seu amado marido, e não tão somente do herdeiro do trono e suas irmãs.
Irmã mais nova da anterior, última filha do casal de amantes imperiais, e também nominada com título
 de nobreza pelo pai, a Condessa do Iguaçu casou-se muito bem com  um abastado brasileiro.
O  rompimento com a linha constitucional, naquele momento histórico,   mostrou-o mais português do que brasileiro, sem perder em ambos os pontos de vista o ser macunaímico que de fato era.  Inviabilizado de vez o  governo centralizador e mesmo tirânico por ele imposto no final de seu  reinado; valeu-se do  tal Poder Moderador, que na prática dava-lhe  autoridade e comandos plenos. Resolver voltar para confusão política que se formava em virtude do caos pós independência do Brasil e morte de D. João VI.
O povo recitava nas ruas :
"Passa fora pé de chumbo  
Vai-te do nosso Brasil
Que o Brasil é brasileiro
Depois do 7 de Abril".

Vai-te do nosso Brasil
Que o Brasil é brasileiro
Depois do 7 de Abril".

D. Maria da Glória
A abdicação e a volta de D. Pedro I para a Europa, marcam o retorno completo e definitivo da Corte Portuguesa para os seus assuntos nacionais. O Brasil independente começa nesse ponto!
Tinha em mente uma guerra contra o irmão e a mãe absolutistas,
em defesa de um reinado constitucional para a filha mais velha.
em defesa de um reinado constitucional para a filha mais velha.
A guerra contra o irmão abalou sua saúde.
Em  7 de abril de 1831, irritado e muito desgastado, Pedro I abdica e volta  a Portugal. Enfrentaria lá uma guerra de restauração contra o  irmão-ursupador D.Miguel. “Que podeis  esperar de um perjuro, lacaio de estrebaria, borracho  cachaceiro, sem  educação e sem princípios, sem honra e sem fé?”,  escreveu um  opositor sobre esse legítimo ser macunaímico. Há quem defenda que era  abstêmio, embora gostasse muita da vida noturna carioca e de suas  oportunidades de sexo, sempre acompanhado de amigos inconvenientes .

Tentaria  reaver o trono pelo qual renunciou em favor da filha   mais velha D.  Maria da Glória. A Imperatriz D. Amélia acompanhou o marido, ficaram os  outros quatro filhos mais novos no Rio de Janeiro. Tornaram-se os orfãos  da nação, propriedade do governo do Brasil, garantias da continuidade  imperial. D. Pedro I não hesitou em abandoná-los e seguir em função dos  problemas portugueses, em suas cartas ele mostrava-se sempre um  excelente e carinhoso pai, no entanto abandonou os filhos sem tutores  adequados.

A  sangrenta guerra foi vencida por ele, mas a tuberculose contraída nela  ceifou-lhe a existência aos quase 36 anos. Depois dos trinta anos mudou  de aspecto físico, nem parecia mais o mesmo, engordou e  mostrava uma   calvice evidenciada em meio aos cabelos crespos.

A guerra portuguesa o amadurece, ao chegar neste ponto de consciência,
parece ter enfraquecido espiritualmente, a doença por fim o levou ainda tão novo.
parece ter enfraquecido espiritualmente, a doença por fim o levou ainda tão novo.
"Enxertou-se no trono roído de uma família, sempre estéril e agora moribunda, o rebento da família orgíaca ( Carlota Joaquina ) em cuja seiva corria toda a podridão ardente da Itália do sul. Vieram daí, com um temperamento audaz e um caráter semelhante, os dois filhos ( D. Perdro e D. Miguel)  que o acaso fez rivais."
Oliveira Martins - Historiador 
D.  Miguel foi apoiado pela mãe - D. Carlota Joaquina - esta finalmente  tentou se apossar do poder absoluto em Portugal através do filho, tido por muitos  apenas como um meio-irmão de D. Pedro, este sim um filho legítimo de D.  João VI.
A futura Rainha Maria II - irmã de Pedro II.
"Ao falecer, D. Pedro contava 36 anos incompletos – era bastante jovem mesmo para os padrões da época. Sua saúde, no entanto, já estava fragilizada. Segundo o testemunho de seu médico, ele sofria do fígado desde os 22 anos (embora fosse abstêmio) e desde a infância tinha problemas nos rins. O documento do Dr. Tavares cita ainda que, após dois acidentes equestres bastante graves (em 1823 e 1829), D. Pedro passou a sofrer também do pulmão esquerdo. Apesar de exímio cavaleiro, o próprio imperador contabilizava 36 graves quedas sofridas ao cavalgar. A de 1823 deixou-o de cama por vários dias e levou sua primeira esposa, a imperatriz Leopoldina, a fazer uma promessa oferecendo um enorme quadro à Irmandade da Glória em agradecimento pela recuperação de seu esposo. A tela ainda pode ser admirada no Museu da Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro. Mais grave foi o acidente de 1829: D. Pedro dirigia em alta velocidade uma carruagem pela rua do Lavradio, tombou e fraturou as costelas – o que lhe atingiu o pulmão.
Outro mal a acometê-lo era a epilepsia. O termo já era usado na época, embora as crises costumassem ser descritas como “ataque de nervos” ou “acidentes”. A família imperial sempre tratou a doença com franqueza e sem nenhum mistério. O próprio D. Pedro falava e escrevia sobre o assunto sem pudor, até mesmo com diplomatas estrangeiros. Entre os 13 e os 16 anos, o príncipe já havia sofrido seis severos ataques epiléticos, um deles em público, durante as solenidades do aniversário de D. João VI, seu pai. Dizia que a moléstia era herança dos Bourbons, família de sua mãe.
Sua saúde piorou muito após a abdicação e durante a guerra civil portuguesa. Ao fim dos combates, em 1833, o ex-imperador já tinha seus dias contados. Em novembro, apresentava inequívocos sintomas da tuberculose: episódios de bronquite com febre nos quais ele tossia sangue. O ano seguinte foi bastante produtivo, mas sua atividade política não escondia o fato de estar gravemente doente. Na noite de 27 de maio, por exemplo, compareceu ao Teatro São Carlos em Lisboa, onde se deparou com vaias e xingamentos da plateia, indignada com a anistia concedida aos absolutistas. Furioso, D. Pedro teve um ataque de tosse e seu lenço ficou nitidamente manchado de sangue, silenciando o público presente.
No final de julho, fez questão de retornar ao Porto para agradecer à população o apoio incondicional que recebera durante as batalhas. Apesar do clima festivo, ele próprio mencionou sua limitação de saúde na Proclamação aos Portuenses: “apesar de não estar ainda completamente restabelecido da doença, da qual tantas fadigas e trabalhos, por vós presenciados, foram a principal causa, eu não quis por mais tempo demorar a minha vinda a esta mui nobre e leal cidade”. Bastante debilitado pela viagem, no final de agosto empreendeu uma visita à estância hidromineral de Caldas da Rainha, onde procurava a cura ou pelo menos alívio para seus males. Não tendo alcançado nem um nem outro objetivo, voltou ainda pior. Começaram ali os rumores de que seu médico teria aproveitado a ocasião para envenená-lo." da Revista de História.
Faleceu no Paço de Queluz em 1834,
no mesmo quarto onde nasceu.
Restos mortais, condecorações e jóias fúnebres.
no mesmo quarto onde nasceu.
Restos mortais, condecorações e jóias fúnebres.
Uma surpresa na exumação de Pedro I: não só o coração foi retirado
a seu pedido no post-mortem, mas também o cérebro foi removido por inteiro.
"Segundo a famosa carta de D. Amélia para sua enteada D. Januária, D. Pedro “expirou em meus braços no Palácio de Queluz a vinte e quatro de setembro pelas duas horas e meia da tarde, depois de longos e cruéis sofrimentos, que suportou com resignação e piedade, não se iludindo nunca a respeito de seu estado. Morreu como um santo mártir e filósofo cristão e jamais houve morte tão tranquila”.
A autópsia constatou falência de diversos órgãos. Na mesma carta da ex-imperatriz, ela explica: “a enfermidade de teu infeliz pai data do Porto; pela autópsia do corpo viu-se que o pulmão direito estava cheio de água, que continha mais de dois litros e o esquerdo não existia. O coração estava dilatado”. Provavelmente o comprometimento dos pulmões e do fígado sobrecarregou o coração, que por isso encontrava-se hipertrofiado. Já a diferença entre os dois pulmões, possivelmente pode ser explicada pelo fato de que as costelas quebradas prejudicaram o funcionamento do pulmão esquerdo, favorecendo a instalação da tuberculose no direito, mais oxigenado." da Revista de História.

A  barba comprida foi uma promessa feita durante o longo cerco à cidade do  Porto, a batalha final da guerra. No leito de morte  destinou seu  coração a ser depositado numa igreja desta cidade, cuja a conquista  consumiu-lhe as forças e a vitalidade juvenil que sempre exalou tão  fortemente. Seu  melhor feito em terras brasileiras, foi ter sido pai de Pedro II, este  mostrou ser sua antítese quase completa, do pai herdou a epilepsia que  acometeu o segundo imperador na infância e na  juventude.
A segunda Imperatriz, D. Amélia de Leuchtemberg, configurou-se numa excelente madrasta, e por isto foi sempre  tratada como uma mãe por Pedro II, mesmo após ao falecimento de seu pai. 
Continuaram a se comunicar e a se comportarem como enteado e madrasta 
que formavam uma família e  que se gostavam profundamente.






























































