VVVVVV>&&&&&%gt;gt;>>>>>>>>>>>>>>>>>"Ver e ouvir são sentidos nobres; aristocracia é nunca tocar."

&&&&&&>>>>>>>>>"A memória guardará o que valer a pena: ela nos conhece bem e não perde o que merece ser salvo."


%%%%%%%%%%%%%%"Escrevo tudo o que o meu inconsciente exala
e clama; penso depois para justificar o que foi escrito"


&&&&&&&&&&&&&&;>>gt;>>>>>>>
"
A fotografia não é o que você vê, é o que você carrega dentro si."


&
;>&&&&&>>>>>>>>>>>>>>>>&gt
"Resolvi não exigir dos outros senão o mínimo: é uma forma de paz..."

&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&"Aqui ergo um faustoso monumento ao meu tédio"


&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&"A inveja morde, mas não come."


domingo, 15 de junho de 2014

As Viagens do Imperador - Parte I


"O mais ilustre 
dos brasileiros"

 O tipo Aristocrático é predominantemente ativo, suas ações são espontâneas, quase inocentes, fruto de um excesso que transborda. Sua saúde necessita de um mínimo de estímulos para explodir em atos, para extravasar e criar, sua capacidade de agir no mundo com esta leveza o faz dizer Sim para seus próprios atos, ele legisla através de sua própria afirmação, se diferencia no processo e todo o resto é uma consequência de si.

D. Pedro II foi de fato o real precursor da viagem-périplo 
internacional e do "volto já",  posteriormente também
bastante observados nos hábitos de quase todos os 
nossos governantes. Repito por ele o bordão que
ele sempre exclamava, com veemência, ao
 se ver contrariado por algo ou alguém: 

" já sei...já sei ! "

de D.Pedro II, um monarca
cismado e suspeitoso 
já de nascença.





"A Decadência é a perda total da 
inconsciência, porque a 
inconsciência é o 
fundamento da
vida.

 O coração, se pudesse
pensar, pararia."

Fernando Pessoa



"A viagem é uma sucessão 
de irreparáveis desaparições."

Paul Nizan



A primeira viagem  do Imperador ao exterior ocorreu em 1871, a ocasião não foi escolhida sem que houvessem motivos e circunstâncias  muito oportunas. A Guerra do Paraguay estava finalmente vencida, a estratégia militar foi vitoriosa e os brasileiros estavam de alguma forma orgulhosos, não havia clima para revoltas ou rebeliões naquele momento. A participação ativa do Conde D'Eu na fase final da guerra, deu mais  prestígio e aparente respaldo à sua esposa futura regente do Império. A Princesa Isabel, então com 25 anos, exerceria a sua primeira regência, um momento muito singular iria se configurar: uma mulher jovem estaria no poder, e mostrava-se fortemente influenciada pelo marido francês. O vergonhoso problema da escravidão estava algo mitigado pela Lei do Ventre Livre, promulgada no mesmo ano,  e pela libertação compulsória dos escravos que lutaram na guerra por livre e espontânea vontade, os chamados Voluntários da Pátria. Pedro II estava de novo num ótimo momento, depois das agruras que passou no desenrolar da sangrenta e dispendiosa guerra com o país vizinho, todavia seu aspecto geral havia mudado, ele parecia muito mais velho do que de fato era e estava completamente grisalho.
 
"Aprendi, desde a infância,
a respeitar e fazer justiça 
a Dom Pedro II."

Heitor Lyra

Maior dos biógrafos do
ilustre monarca.

Cioso da projeção internacional de seu caráter erudito e civilizatório, o imperador não iria enfrentar o crivo do julgamento das monarquias europeias sobre sua curiosa figura, exótica e tropical, sem os atenuantes para com a inaceitável  e  persistente escravidão vigente no Brasil. Também havia o futuro problema da sucessão imperial, com o falecimento da Princesa Leopoldina Cristina e com a falta de descendência inicial do casamento D. Isabel, seriam herdeiros presuntivos dos tronos os dois filhos mais velhos da falecida princesa. D. Pedro II pensava em trazer, e trouxe, seus dois netos mais velhos para serem criados no Brasil, abrindo assim alternativas masculinas para a persistência da Monarquia após o seu falecimento. Também desejava visitar o túmulo da filha, e conjuntamente com a Imperatriz chorarem a sua perda precoce. Assim começam os périplos  internacionais de um dos governantes que mais viajaram pelo mundo no Séc. XIX, jamais tratou de assuntos governamentais em suas três viagens. Anunciava-se como um simples cidadão em férias, evitava protocolos e recepções que insistiam em transmitir para as suas visitas um caráter de Estado, evitando assim as críticas ou os ciúmes diplomáticos aos seus roteiros de lazer. Tomou gosto pelas viagens e gastou alguns anos fora do país, é seguindo seus passos mais interessantes que o Perfil da Planta tenta ilustrar melhor essa epopeia imperial.


O modesto trono do grandioso Brasil,
 escondia-se no também despojado
Paço dos Vice-Reis 
no Rio.





Configurou-se num monarca tropical
 volante e um tanto teatral, porém 
muito singular, respeitável
e impressivo.



"Não há muito a se ganhar com o mundo;
a miséria e a dor preenchem-no; se 

um homem escapar-lhes, o tédio 
estará à espreita em
 cada canto."

Schopenhauer




 
"O viajante considera a pátria como
um amigo doente; parte mundo
a fora em busca de um 
remédio para seus
 males "

Leopold Brechtold



"Quando gastamos tempo demais a 
viajar, tornamo-nos estrangeiros 
no nosso próprio país."
   
René Descartes



 
"Preciso pegar minhas coisas e partir.
 Viajar, esquecer, talvez amar."

Caio F. Abreu




"Costumo responder, normalmente, a 
quem me pergunta a razão das 
minhas viagens: que sei 
muito bem daquilo que
 fujo, e não aquilo
 que procuro."

Michel de Montaigne





Sua Majestade Imperial  haverá de me permitir
dedicar-lhe tão cerimoniosamente estas
pertinentes e oportunas palavras :




"Invejo, mas não sei se invejo, aqueles 
de quem se pode escrever uma biografia, 
ou que podem escrever a própria."

Fernando Pessoa




"O valor da vida pode ser medido
 pelas vezes em que a alma
 foi  profundamente
 tocada."

Soichiro Honda







Desde sempre senti estranhas e fortíssimas  saudades
de coisas que jamais vivi; penso que sejam derivadas
de um simpático contato meu com a própria 
densidade da minha espiritualidade.

Foi no estudo da História que
encontrei foz para estes
estranhos sentimentos.

Talvez sejam  apenas reminiscências
 infantis, talvez nem sejam.

Aprecio muito vivenciar
estas sensações, que
só na morte se 
 elucidarão !

Perdoem-me algum
abuso desmedido !

Foram tantos os livros e os autores,
foram tantas as tardes de férias
vivenciando os lances e as
facetas biográficas, que
desenvolvi afeto 
farto e fundo.

O prazer de colar os pedaços
da imperial historiografia é
 intenso e recompensador. 

Aqui ainda irás vislumbrar alguma
lembrança miúda de Pedro II,
ou talvez apenas a sombra
elegante e silenciosa
do seu fantasma
desolado.  

A alma dele paira,
 e eu a querer 
dar-lhe
 corpo.

O melhor que
puder lhe
 ofertar.




Esta postagem é especialmente dirigida
e configurada para os leigos e também
para o curiosos bem despreocupados.


Procuro ser generoso
com os que não
têm meios de
informação.

Que momento bom: por fim
vou eu, indiretamente,
também viajar
 com ele.

Ele gostava de agregar
gente amiga e curiosa
em suas comitivas.

Entrei  de 
gaiato !




Com diversos mestres ilustres de seu tempo, o jovem imperador instruiu-se
em português, literatura, francês, inglês, alemão, geografia, ciências 
naturais, música, dança, pintura, esgrima e equitação. Discursava
em grego e latim e ainda entendia a língua dos nossos índios
(tupi-guarani) e o provençal. Também estudou hebraico e 
árabe. Seus muitos interesses eram bem incomuns, pois
gostava de matemática, biologia, química, fisiologia, 
medicina, economia, política, história, egiptologia,
arqueologia, arte, helenismo, cosmografia
e astronomia. Admirável, uma cultura
 singular  para o Séc. XIX .


  "Um ponto, um traço .___
 brilho pouco no céu que tu és !"

 Um voto do blogueiro,
um admirador de S.M.I.
D.Pedro II :


" Jamais será esquecido, caminha 
decidido pela trilha da História,
 rumo a viver na memória, de
 quem lhe der atenção, lá 
vai ele, sempre barbado
 e de livro na mão.




"Do pântano da política
brasileira , brotou no 
Séc. XIX, a fina flor
da compostura
de Pedro II ."
 do blogueiro





Esta charge é excepcionalmente
 feliz: é uma verdadeira obra de arte.
É ele... no melhor de seus
retratos ! 


"Trinta e cinco anos de pesquisas sobre a política e
a sociedade brasileira no século XIX levaram-me,
 de modo relutante, porém inexorável, de volta 
a D. Pedro II como a chave para compreender
o desenvolvimento do Brasil como 
Estado-nação"

 de R. Barman,  biógrafo de
 D. Pedro II .


" Seu reinado foi marcado por transformações de ordem social e econômica, decisivas para a história do país, tais como a guerra do Paraguai e a Abolição da escravidão. No governo de Pedro II, prevaleceu a tentativa frequente de manter o poder e a ordem frente à crise social, agravada a partir de meados do século XIX, quando passou a enfrentar o descontentamento de grupos sociais oposicionistas que pregavam a derrocada da monarquia. Desejava tornar o Brasil uma nação representativa, internacionalmente, no cenário político e cultural. Foi um dos colaboradores na fundação do Instituto Pasteur em Paris, em que Pasteur trabalhou para solucionar os problemas de surto como a raiva. Foi um dos colaboradores na construção do teatro de Wagner em Bayreuth. Parte do seu ordenado era destinado ao patrocínio dos estudos de muitos brasileiros, como Carlos Gomes - o grande compositor brasileiro, autor da célebre ópera "O Guarani" - em Milão. "

Ressurgindo da longa noite de contar os anos nas asas de novas biografias,
e assim mais disposto e forte, irás, cada vez mais, assumir a
 parcela que te cabe na formação do Brasil, uma
 nação continental, costurada firme no 
teu longo reinado.


A partir de 1887, quando sua diabetes se agravou acarretando outros problemas de saúde, D. Pedro II afastou-se aos poucos do poder. Nessa época, já percorrera quase todo o Brasil e fora algumas vezes à Europa. Visitara também a América do Norte, a Rússia, a Grécia e o Oriente Médio. Em junho, partiu para a França, Alemanha e Itália. Em Milão, foi acometido de uma pleurisia e levado para Aix-les-Bains, onde permaneceu em tratamento até meados de 1888, antes de poder voltar ao Brasil. Na sua ausência, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea.

Em determinado momento seu governo entrou em conflito com os elementos mais conservadores da sociedade. Naquela época, as forças sociais mais importantes e que davam sustentação ao Império eram a aristocracia rural, formada pelos senhores de escravos, o exército e a Igreja. As dificuldades da economia, agravadas com os gastos decorrentes da Guerra do Paraguai e, principalmente, a abolição da escravatura colocaram a aristocracia rural contra o imperador.

As forças liberais que o apoiavam passaram a achar que ele já estava velho e ultrapassado e que não era mais capaz de promover rapidamente as reformas que o país almejava. D. Pedro II foi deposto de forma pacífica e sem nenhuma espécie de participação popular no dia 15 de Novembro de 1889, através de um golpe militar do qual fez parte o Marechal Deodoro da Fonseca, que seria mais tarde o primeiro presidente republicano brasileiro. Pedro II aceitou com certa naturalidade o golpe, fazendo ardentes votos por grandeza e prosperidade ao novo regime. O ex-imperador e sua família foram exilados e mudaram-se inicialmente para Portugal e a seguir para França."

 texto  de Caio Zip.



Em 1850 reinava bem sossegado numa jovem, pacífica e
 coesa grande nação, que começava a se fortificar na
 economia; dessa época até a Guerra do Paraguay, 
cristalizou-se o auge do Império Brasileiro,
que mostrava-se uma séria promessa de
 nação próspera e constitucional.


Arnaldo Jabour

Foi um gosto memorável que vivenciei: ter podido acompanhar, pelos livros, o completo desenrolar da vida de D. Pedro II. Ele nos deixou tudo tão bem registrado, talvez para que assim pudéssemos, nós os mais interessados no seu tempo, nos comunicar  muito bem com ele; tão gentil e cuidadosa foi a V.M.I. para conosco os brasileiros do futuro. Quem sabe um dia desses, S.M.I. até me conceda uma grande dádiva e me surja num sonho fortuito, onde possa vê-lo passar, de longe que seja, talvez até com a mala na mão, seria uma fantástica alegria existencial, sem dúvidas seria. Em sendo assim, dedico então esta postagem àqueles que, tal como eu no passado, não podem comprar livros mais específicos e nunca ouviram falar dos Arquivos do Museu Imperial, do Grão-Pará , do IHGB e da Biblioteca Nacional. Falar do presente é tão árido, prefiro seguir os passos da V.M.I...



Depois de ser pai de quatro filhos, passou a ter casos amorosos
discretos fora do casamento, foi sua fase de galã romântico.


Só depois de muitos anos de dissabores e até mesmo revolta pela falta de informações históricas, e com a progressiva melhoria do meu poder aquisitivo e o vigoroso surgimento de novas fontes de informações impressas, pude de fato saber de tudo que desejava; sanei então quase todas as minhas dúvidas históricas. As personas profissionais que transitam nesta área da História do Brasil são muitas vezes ligadas a problemas acadêmicos, são difíceis de entender e até mesquinhas ao dispor de forma truncada, e fora de contexto, as informações pessoais e mesmo privadas dos vultos históricos nacionais. Talvez por isto alguns jornalistas estejam obtendo tanto sucesso de crítica e vendas ao se dedicar a esta seara da História mal contada. A matemática com que trabalho no meu cotidiano é infinitamente mais democrática e acessível aos interessados, já a História requer fontes informativas  muitas vezes difíceis de se obter. 

Aqui tento mostrar aos curiosos, e em especial aos curiosos sem muitos recursos, um pouco da  excitante  História do Império do Brasil. Não trabalho nesta área, não desejo qualquer projeção pessoal, quero apenas soprar vida eletrônica no rosto desses mortos tão admiráveis e interessantes, despertando, talvez, a continuidade do interesse acadêmico nos mais susceptíveis às imagens antigas. Como eu teria apreciado no passado as informações contidas nesta postagem, seriam como uma viagem no tempo, convido-os então a viajar com ele e comigo...



Quem viajava era o cidadão Pedro de Alcântara, ficando livre
de protocolos e cerimoniais de Estado. Assim  sendo, os
 destinos protelados não se ressentiriam, não havendo
 então qualquer mal estar diplomático derivado
de suas adoradas viagens de férias.

O desejo é algo irracional, pelo qual você sempre tem que pagar um alto preço

Leia mais sobre: http://br.innatia.com/c-citacoes-famosas/a-as-10-melhores-frases-de-pedro-almodovar-5281.html
"O desejo é algo irracional, pelo qual vc sempre
 tem que pagar um alto preço. A curiosidade
 é o que me leva adiante. Não sei se seria
 capaz de viver sem ela."

Pedro Almodóvar

O desejo é algo irracional, pelo qual você sempre tem que pagar um alto preço.

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O desejo é algo irracional, pelo qual você sempre tem que pagar um alto preço.

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A curiosidade é a única coisa que me leva adiante. Todo o resto me afunda. Ah! E a vocação. Não sei se seria capaz de viver sem ela."

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A curiosidade é a única coisa que me leva adiante. Todo o resto me afunda. Ah! E a vocação. Não sei se seria capaz de viver sem ela."

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Pedro II de Habsburg e Bragança nos deixou vasta historiografia,
nela ele ainda comunica-se, pelas ideias escritas de próprio
 punho, pelas emoções das correspondências e
 na luz realista das fotos.

Vivo nas letras que escreveu,
então podemos lê-lo.


Bragança é o nome da cidade de origem dessa maior dinastia
 de reis portugueses, Habsburg significa " casa do falcão
ou do açor ", e é o nome próprio dessa tradicional
 família de reis e imperadores austríacos.

Pedro II vinha destes sangues,
foi um alemão sedentário,
como quase todo bom
português.




"Sangue nobre de primeira, 
império de segunda
 e orçamento de 
terceira."


"Não me lembro da minha mãe. Ela morreu tinha eu um ano. 
Tudo o que há de disperso e duro na minha sensibilidade 
vem da ausência desse calor e da saudade inútil dos 
beijos de que não me lembro. 

Sou postiço. 

Acordei sempre contra  seios
 outros, acalentado
 por desvio." 

de Fernando Pessoa, mas
 serve para PII.




Uma famosa historiadora insiste
em  chamar D. Pedro II
 de "cinza". 

O contraste da figura histórica dele
com a dela é cáustico.

Alguns perdem boas chances
de se manterem calados.

Inclusive eu
próprio.



Sua Majestade Imperial o Sr."Pedro da Mala", foi diagnosticado
em profundidade por Eça de Queiróz, não deixem de ler os
 textos descritivos deste escritor na parte referente a
Portugal, já bem ao fim desta postagem.

As viagens de Pedro II ao exterior compõem um momento histórico singular muito
 interessante. Contudo, a repercussão nos jornais do país mostrou-se negativa
 no cômputo da época. Já a projeção externa do monarca ilustrado nas
 principais capitais do mundo ocidental foi marcante e
 merece  ser  conhecida de todos os brasileiros
 curiosos sobre nosso passado.


D. Pedro gostava muito de viajar e como bem disse Saramago:
 " dentro de nós há uma coisa que não tem nome,
 esta coisa é que somos "



Analisando seus afastamentos, do cargo e do país, não poderiam ser 
dissociados, e sob a ótica trabalhista atual, logo concluiremos
que ele não exagerou tanto no gozo das férias. Se foram
 quase 50 anos de reinado, seriam 50 meses de férias,
 ele viajou por pouco menos de 4 anos, teria
 direito a pouco mais de 4 anos de férias,
 portanto ficou levemente aquém
 do seu teórico e atualizado
direito ao lazer.

Cabe adicionar ao pensamento anterior: o luto no inesperado e precoce
falecimento da filha mais nova, o problema dos netos herdeiros
da sucessão imperial; além do seu  quadro de saúde,
 o diabetes avançou e ele quase faleceu em Milão,
 recebeu até a extrema unção, e talvez
 a libertação dos escravos tenha
 sido mesmo adiantada em
função desse quadro
quase terminal.

Também teria óbvio direito a se ausentar
 por razões familiares e de saúde.
Ou então ele seria apenas um
 servo de seu próprio trono.

 

Nunca fez viagens protocolares
de Estado ao exterior.

Pagou todos os custos das viagens
do próprio bolso, justamente
 para aplacar as possíveis
 críticas, estas surgiram
assim mesmo.

Afinal sempre foi  imperador
 de si mesmo também !
E dos bons !



"Tudo em mim é de um príncipe de cromo colado num álbum velho
 de uma criancinha que morreu há muito tempo. Amar-me é ter
 pena de mim. Um dia, lá para o fim do futuro, alguém
 escreverá sobre mim um poema, e talvez só 
então eu comece a reinar no meu Reino.
Deus é o existirmos, e isto 
pode não ser tudo."

" Em nada me pesa, ou em mim dura,
 o escrúpulo da hora  presente. 
 Tenho fome da 
extensão do
 tempo."


 Fernando Pessoa




Em bronze brutal, finamente acabado, sentado na praça ao léu.
Será que ele ainda pensa onde poderia ter ido e não foi ?
Quem sabe iria ao  Egito dos Faraós  mais uma vez ?
Talvez gostasse de voltar a Paris ?

Talvez ainda relembre 
tudo que se  passou !

Como uma esfinge enigmática
 a nos fitar altiva.

Ele adorava o mundo dos livros,
e neste mundo em especial
ele ainda está muito vivo,
 vivo no papel.





Tanto Pedro II como sua irmã Maria II, rainha de Portugal,
 herdaram a grande dignidade da mãe, filha dileta do
imperador Francisco II da Áustria-Hungria.










 Vamos então viajar
 com ele...

mas que homem
 era este ?

Em que tempo
vivia ?

Honesto, modesto, culto
 e turista incidental...

Faziam pilhéria do seu aprofundado interesse científico,
no Brasil, estudar com muito afinco  qualquer
 coisa, mostrava-se  uma característica
 muito contrastante... e ainda o é.

 Entediado de estudar o mundo em sua biblioteca particular,
ele então resolve que finalmente chegara o momento
 de conhecer outros países e seus encantos.

  De acordo com a charge de Bordalo, o "Imperadô" levava na mala
 muita "democracia", "civilidade" e "elixir de popularidade".
Dava a entender que eram esses os nomes das cachaças
que carregava nas babgagens !

Hilário ! 

Coitado !


 Lá vai ele, abandona a caboclada ignara
e vai Europa a fora ver os cientistas,
museus, academias, primos
 e irmãs.

Ele mesmo se divertia muito ao ver as 
charges sobre sua imperial pessoa.

Jamais voltou-se contra
a liberdade de
imprensa. 

Entendia que não era pessoal,
 mas sim inerente
 ao cargo.

Suas mazelas e doenças
já melhoravam muito
 no navio.

Foi recebido exitosamente
por onde passou.

Sempre cercado pelos problemas da escravidão, da economia e de sua sucessão por uma filha um tanto alienada da realidade nacional, ou por um neto demasiadamente jovem, D. Pedro resolveu por três vezes viajar e relaxar, sempre em situações quando a saúde dele, ou da imperatriz. estavam abaladas. Após a primeira viagem internacional em 1871, sua majestade brasileira realmente adquiriu especial gosto por sair do país, rodou o mundo com verdadeiro prazer, sempre de férias e por conta do próprio bolso. Endividava-se muito para viajar, uma vez que pagava também as despesas de sua comitiva, mas longe dos problemas e cercado de amigos, sua saúde mudava após o navio cruzar a barra do porto do Rio de Janeiro. Que não se negue que ele gostava muito de viajar ! 


Salve D.Pedro do jaquetão !
 Filho do outro D.Pedro,
neto do Imperador
Francisco e do
 Rei D. João !


“Eu sou o intervalo entre o meu querer 
e o que a vontade dos outros
 fez de mim.”
  
Fernando Pessoa



D. Pedro II nasceu sagitariano, e como tal, gostava de cultura, viagens e lugares exóticos, seus périplos mostram-se dignos de uma grande e interessante postagem. Por isto decidi apartar esta postagem de uma outra, juntas estavam confusas e de extensão desanimadora. Em nenhum outro momento de meu antigo interesse pela biografia dele, o senti tão vivo e tão perto da minha imaginação, as imagens foram se ajustando lindamente. Tentamos ao máximo recriar seus roteiros, inserindo imagens pertinentes às informações gerais sobre o tema, e ilustrando com os textos de próprio punho dele. Fazer pequeno ou muito curto, seria diminuir o tamanho da majestade do respeitável D. Pedro do Jaquetão. Desejo dar-lhe um corpo, um espaço, uma abundância de visões e percepções, não tenho vastidão de material historiográfico, mas tenho como soprar vida  virtual, posso fazê-lo e vou tentar. Tenho um significativo respeito por ele, e desejo fazer essa reverência cerimonial, mais um esforço, agora virtual,  na tarefa de não deixá-lo ser esquecido.


Assim os interessados terão alguma noção do vulto de suas andanças e a confirmação que era mundialmente famoso e respeitado. Tudo bem ilustrado e atrativo, direcionado para quem não conhece bem esta figura histórica interessantíssima... aqui ele continuará a viajar pelo mundo a fora, nas asas da internet, contemporâneo como sempre desejou ser.


Pedro II a chamava, às vezes , de "alguém", na foto acima ela
 mostra-se como ele a via:  um problema que deixava
 a viagem mais lenta e menos interessante.

Solução: deixar "alguém" numa estação
 de águas cuidando da saúde, e ele
ia em frente, cercado de
 amigos...mundo a fora.

A imperatriz Teresa Cristina tinha grande gosto por arqueologia e deve ter influenciado em alguns dos roteiros de viagens que seguiam nesta vertente, deve ter sido boa companhia na Terra Santa e no Egito. Contudo, a esposa era vista pelo imperador como uma "mala" pesada, sem a mesma disposição física e interesse geral por tudo, como ele demonstrava, ela apagava-se diante dele. Mais velha , muito baixa e atarracada, claudicante no andar, acima do peso e muito contrastante com a grande altura de de Pedro II, ela provocava espanto. D. Pedro era obrigado a carregá-la em suas viagens, o protocolo assim exigia, mas tão logo houvesse uma chance, internava-a numa estação de águas minerais e continuava a viagem sozinho e feliz, de olho em novas discretas emoções.

 A silhueta da imperatriz é bastante peculiar 
e de fácil reconhecimento.

Respeitavam-se, mas eram de fato muito diferentes de alma, ela mostrava-se regida principalmente por emoções napolitanas, ele era um alemão científico e filosófico (na católica Áustria se fala o mesmo alemão da Alemanha protestante), ela o limitava, e muito. O Conde D'Eu toca neste delicado assunto, relata que numa ocasião ao se dirigirem para um almoço no Paço de S. Cristóvão, a imperatriz claudicante tropeçou, caiu e quebrou o braço; ele que andava rápido , nem percebeu o acidente ou se preocupou com ela. Contudo, embora respeitoso e discreto,  ele era dado às relações extraconjugais ocasionais, esporádicas e principalmente românticas. Ele tinha libido, apresentava uma sensualidade expansiva, porém sua vertente de sedutor era notadamente discreta, erudita e refinada. Contudo, às vezes, esquecia de tudo isto e atacava mulatinhas silvestres, como transpirou no caso do roubo das jóias da imperatriz, discretamente, também agia como seu pai, o eternamente "munido" Pedro I. Era um comportamento muito comum em reis que já tinham cumprido sua obrigação de perpetuar a dinastia, como ocorreu recentemente com o Príncipe Charles e a bela Diana, ele gostava mesmo era de Camila Parker-Bowls, que é sua alma gêmea.

 Nas suas longas viagens o trono mostrava-se perigosamente vazio,
 a Regente  D. Isabel e o esposo, por mais que se esforçassem,
 não tinham carisma para substituí-lo à frente do país.

Em 1871, logo após ao falecimento de sua segunda filha, a princesa Leopoldina, o tifo ceifou inesperadamente sua juventude, o luto e a visita ao túmulo tornaram-se a razão primária para justificar o seu primeiro deslocamento internacional. Também buscaria a guarda de seus dois netos mais velhos, filhos da falecida princesa, naquela altura dos acontecimentos eles seriam seus herdeiros presuntivos. Tratando com a dinástica família do pai de seus netos, os Saxe-Coburgo Kohary, houve consenso, e por fim obteve a guarda e os trouxe para serem criados no Brasil. 


 
Sua sucessão era incerta,
 ele sabia disto.

O imperador então relaxou dos problemas e visitou Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Itália e Egito, retornando a Portugal.Não deixarei de mostrar as caldas de veneno que alguns jogaram nas referidas viagens, estas críticas são muito pertinentes, mas talvez também profundamente injustas. Eu adoro tirar férias, posto que trabalho e preciso descansar, ele também precisava espairecer; por fim, quando a saúde lhe faltou, foi destronado e exilado, mostrando que fez muito bem em ir conhecer o mundo.


Duquesa de Saxe e Princesa do Brasil.

A princesa Leopoldina falece em Viena , aos 23 anos,
 e alguns meses  após o nascimento do seu quarto filho.


Os dois netos mais velhos, Pedro Augusto (esq) e
Augusto Leopoldo (dir), viriam para o Brasil
 junto com os avós imperantes, na condição
de herdeiros do trono brasileiro.

"O itinerário da viagem é mais variado do que se esperaria de um avô preocupado com os netos que acabaram de perder a mãe...” (Danese, 1999). O que aparenta dessa viagem é que o imperador realmente queria entrar em contato com o mundo que havia estudado por tanto tempo e do qual era um tão profundo conhecedor."     do artigo  Viagens do Imperador - Góes Bezerra

Contudo,diante do exposto, cabe adicionarmos um detalhe bastante elucidador, em carta da princesa Isabel para sua irmã a princesa Leopoldina, em agosto de 1870, D. Isabel comunicou nessa missiva que teria pouco tempo para batizar seu sobrinho que nasceria em poucos meses, Luís seria o terceiro filho de D. Leopoldina. Ela explica que o imperador não lhe concederia muitos meses de viagem, e se por acaso ela não pudesse ir à Viena para o batizado do sobrinho, ela mandaria representantes em sua procuração para representá-la na cerimônia assumindo assim a função religiosa de madrinha. A princesa explicava na carta que o imperador não lhe concedeu mais tempo devido à viagem programada que ele próprio faria à Europa e Oriente, não ficando estratégico que ele saísse em viagem sem que a regente estivesse na capital do Império para assumir as responsabilidades de Estado. Logo concluímos que a viagem já esta arquitetada antes, e que a morte da Princesa D. Leopoldina, logo após o nascimento do seu quarto filho, apenas precipitou em deflagrar a desejada viagem. D. Pedro II envelheceu muito durante a Guerra do Paraguay, estava decidido então a conhecer o mundo, rever parentes e descansar um pouco do ofício de nortear o Brasil, tinha certamente o direito de fazê-lo, outros monarcas apresentavam o mesmo hábito de viajar naquele tempo.E o fez, assim que pode partir.




Interessante frisar um certo desdém do imperador para com os países sul-americanos, todos republicanos, muitos deles limítrofes, o foco de interesse dele estava na Europa e Estados Unidos, além do Oriente Médio. Faz sentido político a busca por reconhecimento e simpatias nas principais monarquias europeias, o Brasil sempre teve uma pretensão oligárquica bem maior que os outros países latino-americanos, afinal de contas D. João VI esteve por treze anos no Rio de Janeiro, fazendo dele a capital do Império Português. Depois de independente, perpetuou no novo governo a mesma antiga dinastia que também governava Portugal, era o mesmo, só que separado, faz total sentido a maior afinidade com os países europeus.

 

"O Brasil já participava do sistema de Estados europeu mesmo antes de haver um semelhante na América. O seu passado colonial o havia vinculado à realidade europeia e a sua independência política não propunha o fim desse laço, pelo contrário, de certa maneira, reforçava-o porque desvinculava o país de Portugal, por meio da independência, e permite a criação (e o aprofundamento) de vínculos com outros países europeus. O mesmo não ocorreu com as ex-colônias espanholas que se tornaram, tão logo conseguiram suas independências, Repúblicas. Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, um sistema de Estados não necessita que haja fronteira entre aqueles que o compõe, a necessidade básica do sistema Sistema é a existência de contato e influência, não interessa qual a distância física entre eles."


O sangue dos Braganças e dos Habsburgos circulavam nas veias de Pedro II, seu prestígio diante de outros quadros dinásticos reinantes era inegável, não seria estratégico ocupar-se das repúblicas limítrofes se poderia ser recebido, de igual para igual, ou quase, nos palácios das potências europeias, parceiras econômicas e diplomáticas muito mais significativas. Também por isto, suas viagens eram insistentemente ressaltadas no seu caráter privado, assim não se criava animosidades nos países preteridos pelo périplo dos imperantes, estavam de férias e pronto, iam onde seria mais interessante, sem se preocupar com animosidades diplomáticas que surgissem.


  Um trono americano causava estranheza em
 toda parte, tanto na Europa como na América.


"Perante a Europa passamos por ser uma democracia
 monárquica,que não inspira simpatia nem provoca adesões. 
Perante a América passamos por ser uma democracia
 monarquizada,onde o instinto e a força do povo
 no podem preponderar ante o arbítrio e a 
onipotência do soberano."

Manifesto do Partido 
 Republicano em 1870.


Foi considerado como diplomaticamente muito auspicioso o convite dos Estados Unidos, país símbolo do Republicanismo, para o monarca brasileiro participar especialmente da abertura da Exposição do Centenário da Independência. Outros governantes republicanos estrangeiros não foram convidados , o convite foi especialíssimo e mostrou-se muito significativo e peculiar no cenário diplomático da época. As posteriores recepções calorosas na Bélgica e na França, na parte europeia da mesma viagem, também merecem destaque, mostraram-se muito além do esperado; D. Pedro era muito respeitado, gostem ou não disto alguns historiadores que o qualificam de "cinza".

Mundialmente reconhecido e respeitado, modesto como as finanças brasileiras, 
impactava pela erudição consistente e pela simplicidade espartana, 
era um pobretão se comparado ao alto padrão das
luxuosas realezas europeias da época.



Um ilustrado e acadêmico monarca constitucional,
tropical e muito moderno para o seu tempo.

 Infelizmente onde ia o científico Imperador do Brasil, levava consigo
 a triste lembrança da escravidão, verdadeira chaga nacional.
Seu posicionamento político com relação à escravidão foi estrategicamente
 dúbio, em prol da conservação da estabilidade do regime e do país.

Em meio aos livros do gabinete de Pedro II, crianças oferecem camélias,
símbolos do abolicionismo,  em agradecimento ao imperador pela
lei que afinal libertou os escravos. Ele absorto e auto exilado
 em seu mundo científico, longe dos aborrecimentos
que a nação lhe dava, lê sem dar muita atenção.

Ao se expor em verdade, como de coração republicano e democrático, colocando o
barrete da República sobre sua própria coroa,  erodindo em lascas o Império,
aos poucos, mostrou ser com o tempo, despojado de egoísmo e vaidade.

Grande rei!
Magnânimo !




" Então esse é que é o Imperador? 
Ele não se parece nada com reis. "

O verdureiro português que o viu prosaico a comprar maçãs numa feira-livre
 de Lisboa, condensou seu diagnóstico pessoal numa assertiva fulminante.



Saloios numa feira de Lisboa viram
 passar o Imperador do Brasil.
 Ora vejam, ora bom !





Este livro antigo (1933) e ultra-detalhista, é ainda
a melhor fonte publicada de informações sobre a
vida privada, emocional e viagens de Pedro II.



Como PII retornou em alguns dos destinos mais preferidos nas viagens,
optei por estruturar a narrativa pelo lugar e não pela cronologia,
o que me poupa espaço e repetição. Dei ênfase nos
EUA, Rússia e Egito; estes destinos
 são mais interessantes.

Ao aqui exibir a grande opulência estrangeira que abriu suas
 portas para o velho barbudo, o mal vestido Imperador
 do Brasil, adentrar e conhecer, portanto avaliar,
também é preciso mostrar o que o cercava,
os ares que ele respirava.

Criou fama, foi o último e mais profundo
 monarca iluminista, seu estilo e sua
 incontestável majestade tropical
marcaram época pelo
mundo a fora.

Talvez tenha sido o primeiro
brasileiro com repercurssão
internacional.


O ilustrado Imperador  das Selvas está
entre os três maiores passeadores
monárquicos do Séc. XIX, ou
seja: passeou bem...e
passe muito bem !


 


Paço de S. Cristóvão no Rio de Janeiro mostrava-se imponente,
 porém era mal construído e sem a pompa que
 um palácio real deveria expor.

Pedro II e suas irmãs herdaram uma corte que, segundo
 testemunhode um de seus primos europeus que
 o visitaram, era “a mais miserável
 do universo” .


Estive recentemente revisitando esta edificação grandiosa,
o edifício  ainda hoje mostra-se imenso , no Séc XIX
deveria impressionar ainda mais. A metade frontal
foi, de certo, mais bem construída, uma reforma
nos tempos de PII, tentou toscamente dar-lhe
melhor decoração e luxo em algumas salas,
ficou melhor  a fachada harmonizada, e
os dois torreões igualados em
  porte e arquitetura .

Atualmente encontra-se pintado
num tom conhecido como
" amarelo  habsburgo".

A segunda e maior parte do prédio, erguida na parte posterior subsequente e agregada
ao corpo frontal além de harmonizada com a mesma fachada, foi erguida no reinado
 de PII, seguindo as diretivas estéticas da parte frontal, e assim agregou-se  com
 sucesso  à aparência geral da construção. Contudo, em nada  melhorou o
padrão estético e construtivo, muito pelo contrário, mostra-se ainda mais
mal acabada que a histórica parte frontal. Atualmente, ao contrário de
 antes, e para minha surpresa, somente o pavilhão mais antigo abriga
 a exposição ao público. A parte traseira do paço está interditada,
 provavelmente devido aos problemas de conservação, sempre
 precária e relapsa. Reformaram a fachada, mas o resto
continua lá do mesmo jeito, esperando o incêndio que
 um curto circuito nas instalações UFRRJ pode
provocar, consumindo finalmente o mais
importante prédio histórico do país,
levando junto seu inestimável
acervo científico.

 




 
No Rio de Janeiro imperial o que havia de mais luxuoso
 e impressivo era a vegetação e a natureza.

A capital era ainda uma cidade acanhada, sem
 grandes avenidas e construções luxuosas.
Do casario colonial, pobre e repetitivo
só sobressaiam as faustosas
igrejas barrocas e sua
talha dourada.


O calor africano do Rio incentivava a Família Imperial a preferir
os ares amenos da Serra dos Órgão, nos arredores da capital,
 foi lá que o imperador fundou sua querida Petrópolis.



A verdadeira identificação com seus ideais de
 vida se fazia no retiro privado em Petrópolis.

Era tudo muito simples, mas
também bem elegante .


Acima a fachada principal e os fundos da muito agradável, porém despojada,
 residência de verão de Pedro II em Petrópolis; faltavam material de
construção categorizado e mão-de-obra especializada no país.

   A residência petropolitana foi erguida com os recursos oriundos da dotação privada
 do imperador, portanto era de posse particular dele, mostrava o seu gosto pessoal,
  nunca foi um palácio de Estado, como o foi o Paço de S. Cristóvão.

No início era como se fosse uma garbosa casa de fazenda,
cercada de matas tropicais exuberantes, depois
 a cidade cresceu e tomou espaço.


Heitor Lyra nos informa sobre como o Palácio de Verão foi percebido pelos seus contemporâneos : " Sendo uma casa de proporções relativamente grandes, tinha um corpo central assobradado e duas alas laterais térreas. Ao fundo do saguão de mármore branco e preto ( de Carrara ), viam-se duas grandes colunas, ao centro , das quais uma vasta porta de madeira gradeada. Os soalhos, portas , janelas e esquadrias eram de madeiras nacionais preciosas: cedro, jacarandá, canela, peroba, pau-setim e piquiá-rosa. Referindo-se a este Palácio, dizia Vilhena Barbosa em 1864: " Não é a residência suntuosa de um Monarca faustoso.mas sim a habitação esbelta , simples e aprazível, de um Soberano verdadeiramente constitucional, filósofo, amigo do povo, de costumes singelos, de um Soberano enfim que reputa a sua coroa imperial um encargo prenhe de pesados deveres, e não um adorno de vaidades.É um Palácio  de proporções regulares , nem vasto e nem acanhado, e no qual a nobreza da arquitetura soube se aliar-se com a elegância e a simplicidade." "


Conheça o Museu Imperial com
a melhor guia possível: a
competente museóloga
Ana Luísa Camargo.

 O que não faltava no modesto Brasil daqueles tempos
 era a onipresente magnificência da natureza:



 Desde jovem, foi sempre muito associado à natural exuberância do país.
Aqui tentamos transmitir o espírito dessa época, também mostrando
 a sutil correlação entre a natureza e a nobreza de direito dinástico.

Já de barbas brancas ainda posava de imperador
das selvas no estúdio, cercado de orquídeas
e bromélias trazidas das matas,  tentava
mostrar-se associado com a
rica natureza do país.

Também a imperatriz foi associada
à exuberância verde dos trópicos.

 O Barão do Santo Ângelo
 apontou a Pedro II :

" Senhor, moço como sois, podeis abarcar este império
 de um extremo ao outro e levantá-lo ao nível
 das nações mais nobres "



Como isto mostrou-se muito dificultoso, PII
elevou-se a si mesmo a um dos
 melhores governantes do
 seu tempo , isto ele
 pôde fazer
sozinho.

Só dependia dos esforços
dele próprio !

E do sangue científico da imperatriz
sua mãe, que também trazia
 muito forte nas veias.




 
 De elegância e luxo exuberantes, só a mata tropical fluminense,
a natureza do entorno da Serra dos Órgãos mostrava-se bela.
A nobreza de mais fácil visão em terras brasileiras
estava na natureza sem igual do país.
O capricho da mão do Criador
primeiro encanta, para
depois emocionar e
comover, lá
dentro de
 nós.



A magnificência existentes nas terras do  Brasil
era de outra ordem, não derivava de mãos
humanas, levava sim a assinatura
do Criador do Mundo.

Se a monarquia era simplória,
o país mostrava-se
opulento de
beleza.









Solenemente coroado e ornado com uma gola de
 penas de papos de tucanos, era como um
grande cacique do Império.

 Na Catedral da amada Petrópolis  está a cripta onde repousam
 os restos mortais de Pedro II e sua família, para sempre
 cercados pelo fausto da natureza do império
 das selvas o sem fim.

Adoravam viver e ficarem por lá, foi com a ajuda da família
que se ergueu a catedral neogótica, o local perfeito
  para sempre serem lembrados !

In omnipotentis pace 
 et requiescat

Ao voltar da primeira viagem, em 1872, deu ordens sucessivas para a remodelação completa tanto no Paço de S. Cristóvão , como da Quinta da  Boa Vista, além de novo paisagismo para o Palácio de Petrópolis. Estava impressionado com os parques e jardins da realeza europeia, desejando assim algo similar nas cercanias dos paços. Todavia eram obras mais cosméticas e superficiais do que intervenções realmente enobrecedoras, o paço continuou parecendo um convento, a exceção foi a reforma paisagística romântica da Quinta pelo engenheiro francês Auguste Glaziou. Esta intervenção mostrou-se muito cara e mesmo grandiosa, modificou completamente o entorno, fazendo a sede da monarquia perder o seu tradicional estilo rural de casa de fazenda em prol de um interessante parque em estilo inglês, adaptado ao calor infernal do Rio de Janeiro. O discreto palácio da serra, como bem atentou um príncipe de Wurttemberg em visita, mais parecia a modesta mansão de um comerciante.

Veja mais sobre o assunto em duas outras postagens,

A documentação sobre as viagens do imperador no Museu Imperial, cerca de 27 compêndios e mais de 5.500 páginas, estão sendo propostos à UNESCO como Patrimônio da Humanidade. Tenho convicção que foram escritos e resguardados até hoje, na certeza do imenso valor cultural e histórico intrínsecos que estes documentos sempre ostentaram.Tomará que tenham sua importância reconhecida.





O respeitado Sr. Pedro de Alcântara, por acaso imperador brasileiro, é atestado no documento acima como membro estrangeiro da Académie des  Sciences de France. As roupas, o comportamento pouco protocolar e a aparência displicente, talvez mesmo esculhambada, como diria a Barral, não eram as esperadas para um imperador formal. Todavia a mentalidade liberal e científica dele eram expoentes máximos dentro do quadro monárquico mundial daquela época, seu neto Pedro Augusto, foi o primeiro príncipe conhecido com diploma superior de engenheiro e geólogo, era orgulho do avô. Não tratava-se de uma mera estratégia de relações públicas, o imperador de fato tinha hábitos e aparato de entorno compatíveis com quem se interessa pelas ciências. Gostava mesmo era de viajar e relaxar longe do "maçante", como ele diria, Império do Brasil, este hábito ou prática, me parece bem pertinente ao seu espírito e formação. A primeira viagem durou cerca de dez meses, foi a mais curta das três. Quando desembarcou em Alexandria no Egito, em 28 de outubro, recebeu um telegrama que o informava sobre a aprovação da Lei do Ventre Livre no Brasil, no mês anterior.  Suas viagens eram coordenadas com simultâneos avanços na legislação e na sociedade, promovidos pela princesa imperial na condição de regente.



"...nos três momentos nos quais se ausenta do Império (de 25 de maio de 1871 a 5 de janeiro de 1873; de 26 de março de 1876 a 26 de setembro de 1877, e de 30 de junho de 1887 a 22 de agosto de 1888), Dom Pedro II o faz por questões pessoais, como se quisesse mesmo tirar férias.
 (Bezerra , Viagens do Imperador )

Nada aconteceu por total acaso: duas importantes leis  no processo de  extinção da escravatura no Brasil foram sancionadas pela princesa Isabel no exercício da Regência Imperial, enquanto D. Pedro viajava. Ela jamais faria algo que seu "papaizinho" desaprovasse, estava tudo muito bem combinado.


 Pedro da mala se escafedeu, foi viajar, mas com vocês a
Regente Isabel e seu consorte muito mais esperto, o
conde D'Eu; a orquestra política nacional
não pode parar.


Candidata ao cargo de Imperatriz do Brasil,
D. Isabel se esforçou para substituir
seu pai durante as viagens
internacionais.


Talvez PII pensasse nas vantagens
advindas de suas antológicas
 férias no exterior:

"...queria ir expondo a princesa imperial ao exercício do poder e o país 
à idéia de ter de aceitá-la e ao Conde d’Eu, no trono, quando o 
Imperador viesse a falecer." (Danese, 1999) .



 Suas viagens foram longas e sem o protocolo de visita de Estado, viajava como
 um turista  qualquer em férias. Mesmo sendo tão austero e despretensioso,
estas lhe causaram-lhe pesadas críticas dos  políticos  hostis 
a sua  pessoa; alegavam desinteresse dele pelo país.



"Nesse mesmo ano Rafael Bordalo Pinheiro publicava uma pequena brochura intitulada: Apontamentos Sobre a Picaresca Viagem do Imperador do Rasilb pela Europa. Trata-se de uma paródia ao imperador, que com suas pernas finas, pouco dinheiro, jaquetão e mala na mão passeia pelos diferentes locais e instituições científicas, e despeja sua erudição “de papagaio” em todos os curiosos que o acompanham. Mas deixemos Bordalo contar e desenhar a viagem do imperador."


Trechos retirados de Apontamentos sobre a Picaresca
Viagem do Imperador do Rasilb, Rafael Bordalo Pinheiro, 1872.




“Rasilb é uma nação florescente que se governa a si própria, mas que tem a condescendência de pagar a um imperador, para que este, a bem da administração pública, das finanças e do público desenvolvimento do paiz, estude hebraico e outras línguas mortas. Um dia S. M. o imperador do Rasilb pressente que o seu povo começa a secar-se com ele e ele com seu povo. Resolve então viajar [...] Resolve pois procurar pelo mundo: 1° Povos que o achem bem. 2° Sábios que lhe digam coisas. E parte mascarado de imperador democrata...



Espinafravam mesmo, sem dó !


Deixa assim regente a princesa Zuzu-Bibi-Toto Fredegundes-Curegundes 
(vide almanach de Gotta) e numa prudente lei sobre a escravidão institue que:

Art. 1°: Ficam livres todos os que ainda não nasceram no Império do Rasilb. 
O que alegra medianamente os futuros pais...”

“...o Rasilb é um pais quente.”

“...jura nunca deixar a mala, onde leva as pingas e as quinzenas democráticas.”

“Então faminto percorre de xale-manta as sociedades científicas. 
Na geologia discutiu o papagaio pré-histórico.”

“Na de belas-artes descobriu cheio de amabilidade o papagaio de Melo.”

“Depois etc. e etc, ele etc. sentando-se sempre democraticamente
 no meio, bem no meio, o mais no meio possível dos sábios.”

“Apontamentos e recordações da viagem do imperador do Rasilb: 
fac-símile de uma folha de sua carteira.”

“Vós sois os maiores homens da história [...] Mas olha cá.
 — Qual de vocês é o maiorzinho?”


Viagens rápidas, demonstração de “democracia entre os sábios”,
 é assim que Bordalo ri da excessiva falta de ritual do
 monarca brasileiro em viagem.

Ele era um constitucional, se fosse na Rússia mandavam prender !
Talvez achassem que deveria haver mais opressão e luxo ?

Bordalo e Pedro II depois se tornaram amigos !

 
Lá vai o imperadô, sempre com a mala na mão !
Passou à História barbado, com um livro
 numa mão e uma mala na outra.
Suas pernas finas serviam
para andar bastante...


PII deixava suas sapatilhas cerimoniais bem esquecidas
 no armário e calçava suas onipresentes botas
de couro para ir  pelo mundo a fora.

Tudo muito bem registrado, os dois  imperantes
 tinham plena noção que estavam fazendo História.

 
  Diário de viagem ao Alto Vale do Nilo, encontrado trancado
 numa gaveta de móvel antigo, ainda com folhas colhidas,
 esteve no Egito duas vezes : em 1871 e 1876.
 
O historiador Alberto Rangel, ao comprar no Leilão do Paço uma escrivaninha que pertenceu ao mobiliário da Família Imperial, encontrou em uma das gavetas a caderneta da viagem ao Alto Nilo, escrita pelo imperador em sua segunda viagem ao Egito. A reintegração da caderneta ao fundo documental representou valiosa contribuição aos novos estudos históricos que se sucederam à doação do Arquivo da Casa Imperial do Brasil - dito "do Grão-Pará" - ao Museu Imperial.

 

Caderneta de viagem com desenhos feitos pelo imperador  e outros
 documentos de suas viagens; ele nos legou, por escrito, descrições
de tudo que visitou e hoje podemos viajar um pouco com ele.



"As viagens de D. Pedro II ao território além-trópico ocorreram apenas na década de 1870. Após quase três décadas de governo, havia chegado a hora de o imperador extrapolar os limites territoriais de seu império e apreciar o mundo que até então conhecia por meio de sua paixão pelos estudos e pela leitura.. Persona pública e com um espírito de verdadeira cultura, D. Pedro II manifestou interesse pelas letras e ciências desde muito anos apresenta o imperador brasileiro como um intelectual ilustrado, ou seja, portador de uma personalidade que reflete a postura de um verdadeiro cientista, preocupado e engajado na elaboração de conhecimentos que cooperassem de maneira significativa para o “progresso da humanidade”."

Em 1876, visitando New York e outras partes dos EUA, impactou os americanos
 com sua erudição, simplicidade e espírito "republicano", procurando sempre
ser um verdadeir monarca-cidadão progressista. Aberto a todas as
 realidades e muito pouco preconceituoso, despojado e 
definitivamente erudito, representava bem
a única e gigantesca monarquia 
do continente americano.


Foi então convidado para as comemorações do  primeiro
 centenário da República Norte-Americana.

"Em 1876, um imperador visivelmente enfastiado e que não escondia mais sua irritação com a tacanha realidade nacional planejava sua segunda viagem ao exterior. Mais e mais distante dos rituais, da política e da cultura brasileira, d. Pedro II não só se lamentava de sua função, como abria cada vez mais mão de “seus afazeres de rei”. Partiria em maio e, após a visita oficial à Exposição Universal da Filadélfia, levaria a imperatriz às águas de Gastein para um tratamento. Depois iria até Jerusalém. Planejada com o mesmo cuidado que a anterior, a viagem incluiria, em doses equilibradas, Estados Unidos, Canadá, um pouco de Ásia, parte da África, Europa (Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega, Rússia, Turquia, Grécia, Áustria, Bélgica, Holanda, Suíça e Portugal) e especialmente seis semanas em Paris. D. Pedro II, outra vez, faria de sua travessia uma grande maratona; uma espécie de volta ao mundo. O imperador demorara a se aventurar e agora parecia ter pressa. O motivo oficial da viagem era o mau estado de saúde de Teresa Cristina e a oportunidade de visitar a Exposição da Filadélfia e “verificar o progresso dessa grande nação americana”.
 
 Nesta, como em outras viagens, d. Pedro teria a chance de exercer sua vocação de “monarca-cidadão”. No exterior, o imperador fazia questão de tirar o “dom” e assinar apenas Pedro de Alcântara, portava seu sobretudo preto e gostava de afirmar: “O imperador está no Brasil. Eu sou apenas um cidadão brasileiro”. Apesar das habituais oposições, que alegavam novamente a inexperiência de Isabel como regente, não havia como impedir a partida do imperador, que tomara gosto pelas viagens. Mas não se tratava de uma viagem qualquer. A chegada a Nova York, em abril de 1876, foi cercada de atenção. Porque, afinal, era a primeira vez que um monarca pisava território norte-americano (independente) e se tratava sobretudo de “the only American Monarch” [o único monarca americano]. Além disso, na ocasião se comemorava o ano do primeiro centenário de independência da República norte-americana. Era natural, portanto, que o casal imperial despertasse interesse. As imagens publicadas nos jornais da época se dividem entre exaltar o lado cosmopolita do monarca brasileiro e destacar a singularidade do nosso reino tropical."


Programa de um concerto em New York em
homenagem ao imperador em abril de 1876.



A segunda viagem de D. Pedro II ao exterior não gerou tantas críticas como a primeira, já não era uma novidade. Em 15 de março de 1876 ele embarcou para os Estados Unidos por conta da inauguração da Exposição Mundial da Filadélfia, permaneceu três meses no país e depois foi para a Europa. Em 16 de novembro ele chegou em Atenas e em 5 de dezembro, logo após seu aniversário,  foi para o excitante Egito novamente. Usando como pretexto a saúde da imperatriz para mais uma vez obter do senado a aprovação para a realização de uma viagem internacional, Pedro de Alcântara e sua comitiva partem, sendo que, dessa vez, não apenas para a Europa, mas dividindo os quase treze meses de viagem a rodar pelos Estados Unidos, por vários países europeus, incluindo a Rússia, pela Palestina, pela Síria, e pelo Egito.

 O presidente Ulisses Grant, ao convidar especialmente Pedro II
 para a abertura da exposição, deu-lhe um bom álibi para
que iniciasse sua mais longa viagem, que começou  com
 este diplomaticamente prestigioso evento, depois
 das honras fúnebres prestadas pela França
ao seu cadáver, esta foi a maior
homenagem internacional
 que ele recebeu.

 Um grande evento de porte internacional.


 Especialmente convidado, o imperador inaugura com o Presidente Ulisses
 Grant, a Exposição do Centenário Americano de 1876; o imperador
é o primeiro à direita, bem no meio das duas
partes do gigantesco elevador
mecânico a vapor.



Fachada do Setor do Brasil, no prédio principal da exposição,
vê-se escrito na fachada: Brazil, cercado de Pará
e Amazonas. D. Pedro II escreveu que
"fizemos boas vistas",  num
comparativo com outros
expositores.





O movimento do público na Exposição
Universal da Philadelphia, em 1876.

Pedro II foi chamado pelo poeta norte-americano Longfellow
de Harun-al-Rachid, herói das Mil e uma Noites, aquele
que viajava disfarçado a fim de iludir sua
 elevada condição de príncipe.

"O pavilhão brasileiro tinha de tudo para aliar a civilização aos trópicos: alguns instrumentos de moer café, vários objetos indígenas e produtos de nossas florestas. Para completar, d. Pedro II encomendou ao então famoso general Couto Magalhães uma obra científica bem nos moldes da literatura romântica brasileira da época. Em O selvagem — livro que, segundo o autor, saiu pela primeira vez de maneira “um pouco descurada devido à pressa com que a obra foi revista, para figurar a tempo na biblioteca americana da exposição universal” —,o general fazia um levantamento das línguas e lendas dos Tupi, assim como descrevia origens, costumes e as regiões dos selvagens como “método para amansá-los”. Não contente em conhecer para bem dominar, o general assina uma obra de caráter oficial, em que “o mito do Tupi, como raça brasileira, superior em suas qualidades, perfectível em seu devir e base positiva para a mestiçagem”, aparece representado em sua plenitude."











A Exposição do Centenário na
 Philadelphia -Pennsylvania



Na exposição, Pedro II conheceu e ficou amigo de Graham Bell,
o inventor do telefone, o Brasil seria um dos primeiros países
a incorporar uma linha telefônica ao seu aparato de
comunicações, a linha comunicava o Palácio
 de Petrópolis ao Rio de Janeiro.



Os imperadores do Brasil
 em New York.




Na segunda viagem: a comitiva
em Niagara Falls.  

Frequentemente o imperador deixava a imperatriz numa estação de
 águas minerais famosa e continuava a viagem sozinho e feliz.


 Acima Teresa do Brasil, em 1877,
em Viena e Carlsbad, para mais
 uma estação de águas.


"Para questões pessoais essa viagem ( de 1876 )  foi muito marcante para o imperador por ter lhe permitido passar mais tempo com a amante que provavelmente mais lhe marcou, a condessa de Barral. Dama de companhia da imperatriz Teresa Cristina, quando o casal imperial separa-se a condessa segue viagem com Dom Pedro e desfalca a comitiva da imperatriz que segue para os seus tratamentos medicinais em Gastein."  
  
Viagens do Imperador - Góes Bezerra



 Os portões imperiais britânicos acharam o
imperador brasileiro muito mixuruca.


A mais importante monarquia do mundo
tinha entronizada uma soberana
bastante matriarcal.

A Rainha Vitória reparava em tudo, era fofoqueira demais,
 não lhe mostravam espelhos, teve descendentes em quase
todas as casas reinantes da Europa, era a grande
 e clássica matriarca das monarquias
 daquele tempo, depois conhecido
como Era Vitoriana.


Austera, poderosa e conservadora matriarca, foi uma imperatriz
discreta, um vigoroso contraponto aos luxos e desvarios
de monarcas de nações menos significantes.


Conceitos modernos indicam que muito provavelmente tenha sido
uma bastarda. O rei  Guilherme IV , tio de Vitória, não teve
descendência, seu irmão imediatamente mais novo
também não teve. O terceiro irmão, suposto
pai de Vitória, só teve está filha. Como
esta a rainha ficou famosa por passar
a hemofilia para sua descendência,
a suspeita de que seja bastarda
surgiu fortemente, as famílias
de seu suposto genitor e
a de sua mãe nunca
tiveram tal mal
hereditário.

As chances de que tenha sido bastarda ,
 são de 50 mil para uma, é esta a chance
 desta doença surgir ao acaso por
mutação genética natural.


Detalhe interessante nessa relação entre o Brasil
e a Grã-Bretanha, maior potência mundial, era a
a imensa amizade entra a Rainha Vitória e
a irmã mais velha de Pedro II: a Rainha
Maria II de Portugal. Embora esta
já tivesse falecido muito antes
da primeira visita de Pedro II,
faleceu em 1853, devido 
a um parto difícil, sua
lembrança era ponto
a favor de Pedro II.


 
Quando D. Pedro I abdicou ao trono do Brasil e seguiu para Portugal na
tentativa de destronar seu irmão absolutista D. Miguel I, e tentar assim
restaurar o trono constitucional português para sua filha Maria II, 
ainda adolescente, foram antes abrigarem-se em Londres, em
busca do apoio britânico para a necessária e sangrenta
 guerra de deposição do absolutismo miguelista.

Nesta ocasião, as duas moças, Vitória e Maria, tornaram-se amigas e confidentes,
e esta amizade profunda iria durar muitos anos e muita correspondência entre
elas, por isso Pedro II já tinha algum beneplácito prévio da Rainha Vitória,
seria então não tão completamente um monarca tropical, exótico ou
 excêntrico diante da grandeza do trono de um império
 onde o sol nunca se punha.

 Tal como sua amiga, a soberana britânica, D. Maria II de Portugal
 desposou um príncipe-consorte Saxe-Coburg: D. Fernando II.


O amado esposo-consorte da Rainha Vitória, Príncipe Albert de
Saxe-Coburgo Gotha, era parente do segundo  genro de
 Pedro II: Luís Augusto Coburgo. Casado com a Princesa
 Leopoldina, pai do neto preferido de Pedro II, o Príncipe
Pedro Augusto, e por isto também, o preferido da
 rainha Vitória para a sucessão imperial no Brasil.


 O Príncipe Albert, esposo da Rainha Vitória, faleceu precocemente
em 1861, e não chegou a conhecer Pedro II. Todavia a torcida
da Monarquia Britânica para ter um imperador Saxe-Coburg
no trono brasileiro ficou registrada na última visita de
Pedro II , acompanhado do neto, a Londres.

O neto Pedro Augusto de Saxe-Coburgo
encantou a Rainha Vitória, uma tia
distante, porém da família.

O trono do império onde
 o sol nunca se punha.

De certa feita o porteiro do palácio de Kensington, em Londres, 
 barrou a entrada de Pedro II por ele estar muito mal 
vestido, jamais imaginaria ser ele um imperador, 
D. Pedro foi realmente um monarca
 muito especial: era pobre.

O Palácio dos Duques de Buckingham
antes da reforma para paço imperial.


 
Interiores do Palácio de Buckingham.
 
   Kensington Palace: foi aqui que o porteiro achou que Pedro II
estava muito mal vestido para ser um imperador.

Depois de conhecer os Estados Unidos, a comitiva imperial brasileira cruzou o Atlântico em direção à Europa. D. Pedro II já tinha deixado a imperatriz numa estação de águas americana, na Europa despachou-a de novo, junto com a Condessa de Barral  para uma outra estação de águas na Alemanha. Somente muito depois as duas iriam se incorporar ao resto da comitiva  em Constantinopla, enquanto isto ele seguia livre e feliz.


Também em Bruxelas, mas já na viagem de 1887-88, seu neto, o Príncipe Pedro
 Augusto, foi recebido como o "herdeiro do trono", lá reinava uma
 importante banda da prestigiosa família do príncipe.

O Rei Leopoldo II da Bélgica esnobou a Princesa Isabel, e
recebeu o neto Saxe-Coburgo de Pedro II, em Bruxellas,
como o futuro e desejado Pedro III do Brasil.
Estava no cargo de grande chefe
da "Tribo dos Coburgos"
Torcia pelo
 rapaz !

Pedro II e a Imperatriz na viagem de 1887: o primeiro neto
Pedro Augusto de Saxe-Coburgo e Bragança fez muito
sucesso na Europa, pela inteligência, pela
beleza e pela possibilidade de vir
a ser o Pedro III do Brasil.

 Na viagem de1876, Pedro II visitou Bruxelas, Copenhague e Estocolmo, e na Dinamarca reencontrou seu dileto amigo e ex-embaixador francês no Brasil, e naquele tempo servindo na Suécia: o Conde de Gobienau. Eram muito  amigos e D. Pedro não poderia ter melhor cicerone na Europa , foi um dos pontos altos de sua primeira viagem a companhia de pessoa tão afim, a imperatriz fica em alguma estação de águas minerais, à distância.

Uma visita ao Reino da Dinarmaca.

A comitiva brasileira seria notícia
na Dinamarca e na Rússia.

Copenhagem.






 
Foi recebido pelo Trono da Dinamarca
nos Palácios de  Rosemborg e Frederikborg .


Na Dinamarca despertou curiosidade e admiração na sociedade local.






Também esteve na Alemanha.
Estocolmo.

 Oscar II da Suécia,quase
um primo de Pedro II.

A Rainha D. Josefine Leuchtemberg,
praticamente uma tia de Pedro II.

 Uma irmã mais velha da querida madrasta de Pedro II, a segunda imperatriz D. Amélia , Josefine de Leuchtemberg, havia sido Rainha da Suécia e avó do soberano reinante Oscar II, já era falecida por ocasião da visita da comitiva brasileira .Também ali Pedro II seria muito bem recebido,tanto pela sociedade como pela realeza sueca, ele como de costume recusou a hospedagem oficial oferecida e instalou-se num hotel. A viagem a Suécia foi marcada pelo reencontro com um grande amigo e confidente, tão amigo que escreveu um livro inspirado no que viu de Pedro II enquanto foi embaixador francês no Rio de Janeiro. Les Pléiades é um romance onde o fictício  imperador Theodore é im óbvio alter ego de Pedro II do Brasil.

 A atual Rainha Sílvia da Suécia, usa uma impressiva tiara de
 diamantes, e colar e broches de topázios rosados;
uma herança original da Imperatriz Amélia do
Brasil, tida por Pedro II como sua
mãe afetiva.

A preciosa tiara de esmeraldas e diamantes  pertenceu à imperatriz Josefina da França,
 esposa de Napoleão e avó de D. Amélia, foi herdada pela rainha da Suécia após
o falecimento da imperatriz brasileira. Numa outra divisão de jóias, depois
 da separação dos dois países escandinavos, remanesceu
 com a família real da Noruega.



  Os valiosos topázios cor-de-rosa e a tiara Brasil,
jóias dos Braganças e da madrasta de Pedro II.



O Trono da Suécia viu o austero imperador 
brasileiro passar por Estocolmo.

 O Conde Gobienau: na época ainda um grande
 amigo e ex-embaixador da França no Brasil.

De Gobineau sobre D. Pedro:

 “Se ele pudesse caminhar duas léguas a pé em terras
cultivadas e dormir numa granja, ficaria entusiasmado... 
Tenho pena que ele seja imperador... 
Tem demasiados talentos 
e méritos para isso”
(Delgado, 1992). 


De Pedro II para Gobineau:


" Estou viajando incógnito. 
Que me deixem em paz (...)
Se pudesse...viajaria em
  terceira classe "
(Besouchet, 1933)



Seguiu então depois para a cidade S. Petersburgo na Rússia, no verão.




Sendo o Conde Gobineau embaixador da França junto ao governo sueco, o fiel e querido amigo de Pedro II solicitou aos seus superiores em Paris uma permissão especial para acompanhar o imperador brasileiro no seu périplo pela Rússia, Turquia e Grécia. Assim Gobineau se juntou à comitiva, a imperatriz e a condessa de Barral deveriam se encontrar com Pedro II em Constantinopla para então irem juntos para a Terra Santa.


 Czar Alexandre II.


A Rússia deu-lhe verdadeira
dimensão do acanhamento
 da Monarquia do  Brasil.



Deslocando-se de trem por toda a sua continental jornada russa, em Moscou, ficou maravilhado com a cidade. Não encontrou-se logo com o Czar Alexandre II, este estava de férias na Criméia com a família. Seguindo viagem para o sul chegou a Odessa , e dali para a Criméia e suas lindas praias no Mar Negro, onde finalmente encontrou-se com o Czar no Palácio de Verão em Yalta.

 Livadia: o local do encontro
 entre os imperadores.
 O Czar em 19 de fevereiro de 1861 havia decretado o fim da servidão na Rússia, foram libertados, ao todo, 22,5 milhões de camponeses servos, e assim tinha posto fim neste sistema ancestral de produção rural, que ainda perdurava no Brasil. Talvez por este motivo houvesse tanto interesse de Pedro II em encontrá-lo !

  Alexandre II foi o redentor da servidão
dos camponeses russos.

 


 O Palácio de Verão de Livadia, em Yalta na Criméia,
 tinha sido adquirido pela casa imperial russa havia
 poucos anos e era uma residência mais modesta,
comparável ao padrão de Petrópolis.

Junto, visitando concomitantemente, encontrava-se o Rei George I da Grécia, ambos os monarcas se sentiram muito desconfortáveis diante do luxo e da opulência da corte czarista. O rei grego, nascido dinamarquês, foi agradecer o apoio russo para a sua condução ao recém restabelecido Reino da Grécia.

  O Rei da Grécia e sua esposa, a Grã-Duquesa
 russa Olga Constantinova.

 





 
Pedro II e Gobineau concordaram em classificar a Rússia como indecisa
 entre a predominância das influências civilizantes europeias e o seu 
significativo patrimônio cultural oriental.  


 Rara foto do imperador em S. Petersburg - Rússia, visto como eternamente desleixado,
sempre com livros, e às vezes de unhas sujas. Anotava severa  a condessa de Barral
 em seu diário de 1871 : "acho que sua figura simplória, sempre com 
o mesmo jaquetão preto, representava mal o Brasil."

Ficou registrado em diário, um comentário de sua amiga, amante e também assessora de etiqueta e cultura francesas, a Condessa de Barral. A condessa reparou severamente que as imperiais unhas dele estavam sujas durante u banquete de recepção numa prestigiosa corte europeia, ao ver dela algo indesculpável. D. Pedro II era neto de D. João VI e filho de Pedro I, outros dois reis desleixados e de quase nenhum apego aos protocolos e as etiquetas tão comuns em outras casas reinantes do Velho Mundo. Os Braganças no Brasil se tornaram um tanto macunaímicos, sendo Pedro I o próprio. Como descrevia o Correio Paulistano de 13 de outubro de 1870: "Com seu “jaquetão”, D. Pedro se afastava da imagem do grande imperador e introduzia o modelo do famoso monarca francês Luís Filipe de Órleans, que ficou no poder de 1830 a 1848 e que abandonara as vestes majestáticas para se “aproximar dos cidadãos e de um governo voltado para a burguesia local." Em suas três viagens ao exterior – maio de 1871 a março de 1872; abril de 1876 a setembro de 1877; e junho de 1887 a agosto de 1888 –, D. Pedro II contribuiu para a disseminação de uma imagem “civilizada” de seu império, pautada principalmente em sua figura de imperador intelectual: trajado com seu jaquetão preto e despejando conhecimento e erudição por todos os lados, esteve em várias escolas, museus e instituições científicas e acadêmicas; visitou e manteve um assíduo contato com ilustres personalidades, homens de letras, estudiosos e intelectuais da época; conheceu igrejas, conventos e bibliotecas.


Todavia atualmente existem outros pontos de vista:

Dom Pedro II e A Moda 
Masculina na Era Vitoriana.
de Marcelo de Araujo, doutor em Filosofia pela
 Universidade de Konstanz, na Alemanha.



"A adoção de casacas, sobrecasacas, cartolas e outros acessórios do guarda-roupa do cidadão comum era a principal forma pela qual Dom Pedro buscava promover, tanto no Brasil quanto no exterior, a imagem de um "imperador-cidadão".¹¹" -  Dom Pedro II e a Moda Masculina na Época Vitoriana.

A livro acima conta a história do Imperador através de seu peculiar estilo de vestir, considerado por muitos deselegantes e pouco pomposo para um monarca. Mas, como o autor nos mostra, ele foi muito moderno para sua época e percursor do traje masculino adotado nos anos seguintes, marcado pela sobriedade.
  
   
The astonishing Emperor of Banania ,
 traveling all lands around the world.

De toda forma, creio que vale a pena mostrar o contraste entre o Império da Rússia e o Império das Selvas, convido o leitor a colocar-se no ponto de vista do imperador brasileiro sendo recebido nas principais cidades russas, ele sentiu-se bem diminuído diante do aparato russo.


Palácio de Tsarskoye Selo, outra arquitetura suntuosa
muito próxima a Saint Petersburg.



Visite virtualmente Tsarskoye Selo e veja no vídeo o luxo que assombrou D.Pedro II.  Afinal St. Petersburg e Petrópolis têm nomes parecidos, e só isto ...mas o imperador gostou mesmo foi da capital   " achando que Moscou era a cidade mais bonita que já tinha visto"  (Besouchet, 1975).

 
Luxo sem igual !



  O Ermitage às margens
 do rio Neva.



As inestimáveis colunas verdes de
malaquita e o baldaquino dourado.

 A malaquita - um mineral rico em cobre - é rara e de impressionante
  beleza verde, seu uso em grandes volumes é luxo extremo.



   
O Trono de todas as Rússias.

A mesa dos tzares.

 Luxo e arquitetura fulgurantes.
 
Peterhoff faz parte de um complexo de palácios muito suntuosos próximos à 
Saint Petersburg, foram todos visitados por Pedro II e Gobineau.



 Palácio Peterhoff - "versaille russa"


D. Pedro II fez várias palestras científicas e sobre traduções bíblicas numa universidade russa, 
impressionou com sua cultura ímpar, mas ficou registrado ter ele percebido
o imenso contraste entre a imensidão das riquezas deles e da nossa.

Pedro II: stranger in Moscow. 


 
O esplendor da riqueza de Moscow e do Kremlin
 fascinaram profundamente o imperador.



Um luxo monumental.


 
A Rússia mostrava-se inigualável.


Em Odessa adorou a Ópera local e hospedou-se
num hotel singular,com uma escadaria
 de 200 degraus na entrada.

Dali iriam para Constantinopla cumprimentar o sultão otomano, e
de lá,  iriam em peregrinação à Terra Santa e Egito.