Eis-me aqui de novo, imbuído da interminável
tarefa de apresentá-lo para quem nem
 possui ideia ou noção de quem 
ele tenha sido !
Na época mais profícua da Arqueologia Egípcia, quando o
rosto antigo e dourado do passado surgia do chão, por
lá esteve um monarca intelectual e culto, imperador
de vastas selvas tão distantes, um acontecimento
que uniu as histórias de duas nações de
perfis tão profundamente
diferentes e ricos.
Com esse interessante paradoxo
em mente, procuro apresentar
este episódio com toda
riqueza que dele
emana.

A durabilidade da pedra calcária e do granito conferiu às
pirâmides egípcias uma estabilidade semelhante a do
céu e a da terra, a crença na continuidade da vida
após a morte estava ali depositada, pedra
sobre pedra, em montanhas de fé
e persistência construtiva.

"Esse privilégio de sentir-se em
casa em qualquer lugar pertence
apenas aos reis, às
prostitutas e aos
ladrões."
Balzac
"O tipo aristocrático é predominantemente ativo, suas ações são 
espontâneas, quase inocentes, fruto de um excesso que transborda. Sua 
saúde necessita de um mínimo de estímulos para explodir em atos, para 
extravasar e criar, sua capacidade de agir no mundo com esta leveza o 
faz dizer Sim para seus próprios atos, ele legisla através de sua 
própria afirmação, se diferencia no processo e todo o resto é uma 
consequência de si.."
"A viagem é para mudar,
 não de lugar, e sim
 de ideias."S.M.I D. Pedro II do
Brasil, em 1875.
"Dom Pedro II fez algo de muito notável,
de alguma maneira ele organizou o
Estado brasileiro."
Fernando Henrique
Cardoso
 Desde de mero rapazinho foi estimulado a ser um monarca de ampla visão
cosmopolita. O notório historiador português Alexandre Herculano
tornou-se correspondente precoce do jovem imperador
de 19 anos, descreveu-o então de forma
bastante certeira:
" Príncipe a quem a opinião geral coloca
entre os primeiros de nossa época pelos
dotes de espírito e pela constante
aplicação desses dotes à
cosmopolita. O notório historiador português Alexandre Herculano
tornou-se correspondente precoce do jovem imperador
de 19 anos, descreveu-o então de forma
bastante certeira:
" Príncipe a quem a opinião geral coloca
entre os primeiros de nossa época pelos
dotes de espírito e pela constante
aplicação desses dotes à
das ciências e 
Nas viagens que fez pelo mundo, mostrou-se um dos governantes
mais viajados do seu tempo, frequentemente perguntavam
à Imperatriz onde estava o Imperador, a resposta era
objetiva: "está com os sábios". Jamais deixava
de conhecer e estar com os outros homens
eruditos e notoriamente sábios.
mais viajados do seu tempo, frequentemente perguntavam
à Imperatriz onde estava o Imperador, a resposta era
objetiva: "está com os sábios". Jamais deixava
de conhecer e estar com os outros homens
eruditos e notoriamente sábios.
Mais que estar com os muito poderosos,
apreciava interagir profundamente
com os cultos e ilustrados
das paragens que
"O dizer que eu pretendo ser sábio é tão infundado como me acusarem de aspirar ao poder pessoal. Até minha maioridade, poucos anos tive para aprender e, depois, o cumprimento dos deveres do meu cargo não me deixaram muita folga para estudar. Apenas leio quando posso e, por isso, hei de ter sabido quanto me falta aprender para ser sábio. As conversas com os que muito mais sabem do que eu, disso mesmo me tem convencido, obrigando-me a mais ler ainda."
D. Pedro II 
No Egito repetiu-se esta premissa
de estar culturalmente muito
bem inserido no contexto
científico local .
Um erudito coroado:
Desde sempre foi um
moço compulsivamente
estudioso e muito
teimoso.
 O Imperador das Selvas nunca
permitiu-se ser jovem.
Sempre aparentou
ser mais velho,
era este o
estilo.
"Mais perto do certo: andar com atenção.
Antropofagia pra fugir da tensão.
Sardinha no cardápio pra
fazer a digestão. "
Vitor Pirralho

"Já sei... já sei !"
D. Pedro II quando
contrariado...
Os vultosos recursos para todas as suas viagens ao
exterior eram oriundos de empréstimos, pagos
posteriormente com a dotação que recebia 
anualmente para custear as sua próprias
despesas e as da Casa Imperial;  ou
seja: pagou  do próprio bolso as
 suas  viagens  pelo mundo
 afora, nunca gastou de 
verbas de fora da
sua própria 
dotação.
" O génio é sempre modesto,
 porque a modéstia
 é o pudor da
 força."
Mantegazza 
Em 49 anos de governo, jamais permitiu
qualquer aumento em sua dotação de 
800 contos de réis, já congelada e 
desvalorizada ao fim de seu
governo; no exílio, nem 
um centavo aceitou de
indenização ou 
auxílio.
" O homem nasceu para realizar sua humanidade,
e isto precisa ocorrer fora do seu entorno,
bem longe da responsabilidade sobre
a sua sobrevivência material "
Delfim Netto
"A alma, prisão
Foucault
Como bom sagitariano, Pedro II
 do corpo."
Foucault
gostava imensamente de
viajar, conhecer e
D. Pedro II mostrou-se figura humana muito
interessante: situou-se entre a erudição
plena e uma simplicidade
arrebatadora.
Um importante jornal norte-americano
diagnosticou este regente como
sendo o rei que mais renegou
as características pompas
da monarquia.
  
"Contradigo a mim
Segundo José Murilo de Carvalho:
" O grau de talento necessário
para nos fascinar é uma
medida bastante exata
do grau de talento
que possuímos "
interessante: situou-se entre a erudição
plena e uma simplicidade
arrebatadora.
Um importante jornal norte-americano
diagnosticou este regente como
sendo o rei que mais renegou
as características pompas
da monarquia.
"Contradigo a mim
  mesmo  porque
    sou vasto."
Segundo José Murilo de Carvalho:
" Em quase meio século de reinado, D. Pedro II presidiu a solução dos grandes problemas que, quando ele subiu ao trono, ameaçavam a própria existência do país. À beira da fragmentação em 1840, o Brasil em 89 exibia poucos sinais de fratura. O tráfico fora extinto, e a escravidão fora abolida. […] A instabilidade política havia sido substituída pela consolidação do sistema representativo e pela hegemonia do governo civil, em nítido contraste como o que se passava nos países vizinhos. Na política externa, o Brasil definira com clareza e preservara seus interesses na região platina, e ganhara a respeitabilidade diante da Europa e dos países americanos. Com isso, D. Pedro II consolidava sua imagem como monarca e garantia o respeito internacional tanto pela dignidade quanto pela forma patriótica com que exercia o poder, além de seu patronato à ciência e às artes."
" O grau de talento necessário
para nos fascinar é uma
medida bastante exata
do grau de talento
que possuímos "
" Subi o Nilo até Mênfis, passando
por Tamó à margem esquerda,
onde dizem que Moisés
foi lançado no
Nilo...”
D. Pedro II entusiasmado com
seus primeiros dias no Egito,
 no Diário da primeira
 viagem em 1871.
Alegoria ao Rio Nilo
no Museu Vaticano.
 sua lembrança na mente dos vivos, o chamado Ka,
 até a tumba no deserto, de fronte à figueira. 
Foi no Egito que a espiritualidade alçou
asas e uma profunda crença na vida
após a morte surgiu, o Ka é
o duplo, a essência da
corporificação: sua
imagem quando
você sonha
com você
mesmo.


Foi no Egito que a espiritualidade alçou
asas e uma profunda crença na vida
após a morte surgiu, o Ka é
o duplo, a essência da
corporificação: sua
imagem quando
você sonha
com você
mesmo.



No Séc. XIX, o Antigo Egito voltou a ter o
 prestígio civilizatório que as religiões
 cristã e islâmica, havia 15 séculos,
 faziam por destruir, e também
tentar  obliterar e esquecer.

" O culto da morte é um traço eterno do caráter
do Egito. Ele serve ao menos para proteger 
e transmitir ao mundo a maravilhosa
 história de seu passado "
D. Pedro II
 no diário de 
1871.
1871.
Ao escrever estas palavras, D. Pedro II havia 
percebido que apenas os cemitérios e 
 templos antigos ainda estavam em
pé, porque foram feitos em pedra,
já as habitações dos vivos
foram de volta ao pó
dos tempos.
pé, porque foram feitos em pedra,
já as habitações dos vivos
foram de volta ao pó
dos tempos.
 "Com o aparecimento da escrita, quando a
 religião irrompe como a esfera principal da experiência humana, surgiu o
impressionante aparato
 místico do Egito
Antigo."
Antigo."
por toda parte, uma nação muito religiosa.
Lugar de passado muito antigo, transcorrido
 imerso num  misticismo impressionante. 
O hedonismo grego não guardava
qualquer paralelo com a noção
de Eternidade vista no Egito.
Havia por toda parte os
restos de uma antiga
idolatria e de uma
 evidente oração
à Criação
Um país singular, onde encontravam-se dois marcos geográficos tão 
titânicos e misteriosos : o deserto do Saara seria representativo
da eternidade estável da morte, já o rio Nilo cruzando
o corpo imenso deste deserto, era como um uma tênue
linha de vida, estreita e paradisíaca. O rio trazia
uma benéfica inundação de chuvas caídas em
linha de vida, estreita e paradisíaca. O rio trazia
uma benéfica inundação de chuvas caídas em
terras desconhecidas, uma verdadeira
 prova da providência divina.
 
Vida e Morte juntas, 
o tempo todo na
 paisagem.
sobreviverei
ao
 que restar de
 mim ? "
Snege

 A base da teologia cristã já estava na cena egípcia do julgamento
 da alma: após a morte haverá uma avaliação da vida.
Foi nessa mesma premissa mística que se
 apoiaram tantas outras religiões.Nasceu lá esta recorrente percepção:
diante do supremo tribunal divino, 
a alma assiste a pesagem
do seu coração .
Impressivo documentário sobre o Egito
em Full HD - veja e conheça um
pouco da Terra dos Faraós.
" A cultura é o melhor
conforto para a
velhice. "
Aristóteles
Para saber mais sobre as Viagens do Imperador Pedro II,
clique nos links abaixo e conheça  outros destinos
interessantes por onde a comitiva imperial
brasileira passou: 
clique mais abaixo
 para ver: 
As Viagens do 
Imperador :
EUA - Europa - Rússia
Turquia - Grécia -
Terra Santa - Portugal
Conheça mais sobre a Coleção de Antiguidades
Egípcias dos Imperadores do Brasil no 
Museu Nacional da UFRJ.
 
Pedro II gostava muito de viajar, talvez este tenha
sido seu único luxo numa existência modesta
e com um brilhantismo social fraco
para um dito "Imperador":
"Tudo neste mundo é desgraçado pela ânsia excessiva à felicidade, numa medida que, de fato, corresponde aos nossos sonhos. Aquele que pode livrar-se dela e só aspira ao que tem diante de si, esse poderá abrir passagem entre a ralé. É, pois, prudente reduzir a proporções muito modestas nossas pretensões aos prazeres, às riquezas, às posições, às honras etc., porque essa disputa e luta pela felicidade, pelo esplendor e pelos prazeres é o que nos traz os maiores infortúnios. Reduzir nossas pretensões é prudente e desejável porque é bastante fácil ser completamente desgraçado, enquanto não é apenas difícil ser muito feliz, mas completamente impossível."  De Merck, um amigo de Goethe. 
A acadêmica esfinge brasileira na
 terra das pirâmides, os olhos 
no Brasil e a mente 
no mundo.
"A ciência sou eu ! "   
D. Pedro II, primeiro egiptólogo do Brasil, 
deve ter apresentado-se assim para a
Grande Esfinge guardiã do platô 
das Pirâmides de Guizah;
fazia muito boa troça
com a frase de
Luís XIV.
"D. Pedro II considerava importante ter sua imagem associada às ciências.
 Para isso, claro, não bastava dedicar-se apenas a seu museu particular, no 
papel de guardião das diferentes culturas e dos artefatos 
representativos das principais áreas do conhecimento de sua época. 
Durante seu longo governo (1840 a 1889), consolidou a fama de 
incentivador das artes, das letras e da educação. Atuava como mecenas, 
bancando os estudos de muitos cidadãos, e contribuiu para o 
desenvolvimento das ciências no Brasil, especialmente das pesquisas do 
Museu Nacional, fundado em 1818 (como Museu Real) por seu avô, D. João 
VI. "    texto  da Revista  de História.
Procurei sinais de seu contido espírito em 
Petrópolis e no Paço de S. Cristóvão, 
descobri que ele, elegantemente,
não está mais perceptível 
entre nós,  tímido como
era, está  acessível só
em  sonhos e
talvez.
A campanha militar fracassada de Napoleão no Egito, no início do Séc. XIX,
fez com que os monumentos antigos desta tão importante civilização
fossem melhor conhecidos, e mesmo catalogados ou descritos. É a
partir deste evento que se inicia o interesse científico moderno
pelas antiguidades egípcias, tão fartas e brotando do chão,
guardadas pelo pó dos séculos. Ocorreu então
um significativo interesse geral nas nações 
ocidentais mais civilizadas por esse
patrimônio  ancestral ainda
tão vívido e relativamente
bem conservado. 
Monarcas e nobres europeus, curiosos com a riqueza
arqueológica do Vale do Nilo, visitaram o Egito
após 1860, entre os primeiros, está o turista
e viajante Imperador do Brasil.
Múmias, monumentos e estátuas muito antigas:
surgem a Egiptologia e a Egiptomania.
Os animais estavam sempre em
muita evidência na arte, na
religião e no cotidiano
dos antigos
egípcios.
Nunca houve uma
civilização tão
zoófila.
arqueológica do Vale do Nilo, visitaram o Egito
após 1860, entre os primeiros, está o turista
e viajante Imperador do Brasil.
Múmias, monumentos e estátuas muito antigas:
surgem a Egiptologia e a Egiptomania.
Os animais estavam sempre em
muita evidência na arte, na
religião e no cotidiano
dos antigos
egípcios.
Nunca houve uma
civilização tão
zoófila.

"A veneração dos egípcios pelos gatos não era nem
 tola nem infantil. Por meio do gato, o Egito
 definiu e refinou sua complexa
 estética." 
Camille Paglia
 uma obra de arte."
Leonardo da
respeitavam quase todos, embalsamavam
os tidos como divinos e os de
muita estimação, estes iam
com seus donos para
a vida além da
morte.
O passado impactante pela grandiosidade
estava por toda parte, a alma pequena
dos visitantes observava atônita
um cenário sem igual.

O Príncipe de Galles, filho da Rainha Vitória, visita o
Egito em 1862. Retirar as bandagens de múmias
egípcias, expondo o cadáver seco, tornou-se
uma prática curiosa e interessante nos
românticos tempos vitorianos.
Missão Ikeda de 1864 - o Império Japonês mandou
emissários ao fascinante cenário arqueológico,
que ainda muito conservado comunicava
a grandeza passada do Egito Antigo.
A fama das ruínas egípcias corria o mundo,
o sensacionalismo surgido foi significativo.
Coleção Egípcia do Museu Britânico
em 1857, a riqueza dos restos
do Egito Antigo enchia
museus na Europa.
Porta do Museu
do Cairo.
 O Museu Egípcio do Cairo acumulava enormecoleção de pequenos objetos vindo
das crescentes escavações
em todo o país.
A aparente riqueza de tantos restos grandiosos e
bem conservados , cativa e transporta nossa
alma, sem muita dificuldade, para a
dimensão mística deles.
S

Uma terra sobrecarregada pelos tempos imemoriais
 decorridos, rica de espiritualidade e de
significados esotéricos.
Após percorrer um roteiro europeu, a comitiva imperial chega ao Egito,  imperador passou
então o Natal de 1871 na Terra dos Faraós, conforme previsto não se embrenhou pelo interior do país. "De Alexandria ele seguiu para Suez e depois para o Cairo, onde visitou as pirâmides dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos, além da grande esfinge de Gizé. Desde 1856 ele estudava a escrita hieroglífica e se correspondia há um ano com o alemão Émile Charles Brugsch, um dos organizadores do Museu do Cairo". 
Ao retornar para Portugal o imperador mostrou grande tristeza, pois havia ficado maravilhado com o que conheceu do Egito.  Na segunda viagem, em 1877, melhor programada, assim que chegou não perdeu tempo, na sequência foi-se em viagem pelo Alto  
Nilo, acompanhado do  egiptólogo francês Mariette, deixando toda esta aventura  
ao passado registrada em um diário, o  famoso Voyageau Haute Nil que foi traduzido e  publicado em 1909  por Afonso d’Escragnolle Taunay. 
O casal de entusiasmado viajantes, casualmente imperantes brasileiros,
seguiram juntos para a Terra Santa e Egito, numa viagem de
muitos encontros com o passado da Humanidade,
da Arte e da Civilização.
As inconfundíveis silhuetas contrastantes da imperatriz baixa
e claudicante, e a do imperador de pernas finas e quase
 dois metros de altura, são  bem mostradas nesta 
 caricatura das majestades brasileirasnas ruínas do Egito Faraônico.
A imperatriz Teresa Cristina possuía algumas propriedades na cidade italiana
de Veio, e nelas haviam sítios arqueológicos greco-romanos e etruscos,
era uma entusiasmada pela Arqueologia. A excelente coleção
de objetos arqueológicos desta procedência, que está no
Museu Nacional , mostra peças que vieram em parte
no seu dote de casamento, foram enviadas por
seu irmão o Rei de Nápoles, ou ainda são
oriundas de suas escavações privadas.
Assim formou-se um interessante
acervo da Antiguidades
Clássicas no Brasil.
Creio que desde o nascimento de seus filhos e netos, 
nunca o casal estivera tão agradavelmente unido.
Ambos tinham uma vibrante espiritualidade
própria, além de grande fé em Deus,
embora não fossem exatamente
parecidos entre si.
Ambos tinham uma vibrante espiritualidade
própria, além de grande fé em Deus,
embora não fossem exatamente
parecidos entre si.
A feliz charge histórica acima,
 nos mostra muito bem 
esta característica 
 tão peculiar
deles.
deles.
Não deixe de conhecer a
Coleção de Antiguidades
da Imperatriz.
Veja aqui esta
coleção
 Uma Esfinge do Faraó
do Brasil em pleno
Rio de Janeiro ?
Alguns enxergam gigantescas inscrições fenícias nestas marcas na
cabeça da suposta esfinge, existem até traduções. Contudo,
os geólogos afirmam serem apenas marcas derivadas
de um processo natural de erosão.

A monumental Pedra da Gávea nos faz imaginar que
esta poderia vir a ser uma esfinge natural de Pedro II,
em meio à nua paisagem rochosa dos morros
gnáissicos da antiga capital imperial.
Um encontro com a Eternidade, 
mas também a percepção da miséria do 
povo e do multissecular atraso do
 país, que foi vanguarda
da Antiguidade.
"Desembarcamos na margem direita acima do lugar de embarque
 de manhã, por  que deixaram numa ponte passagem estreita
 demais e a corrente do rio era  forte. Assim, é quase
 tudo no Egito, que engatinha na estrada 
da  civilização! "
(Diário da primeira viagem de PII - 7/11/1871)
"Farei quando puder algumas considerações sobre o Egito tomando por tema  estas palavras de Ampére em 1846 na introdução de seu belo livro a  respeito dessa região. ‘L’Egypte intéressa encore dans le présent et  dans l’avenir; dans le présent par l’ágonie de son douloureux  enfantement; dans l’ávenir par les destinées que l’Europe lui prépare  quand ele l’áura prise, ce qui ne peut tarder."
(Diário da primeira viagem de PII- 13/11/1871). 
tradução livre:
( O  Egito se interessa pelo presente e pelo o que está por acontecer, no presente pela 
agonia de suas dores de parto; no futuro as destinações que a Europa lhe
 prepara terão acontecido, o que não pode atrasar. )
Além de tudo mais, 
também desejava ser
 egiptólogo !
O início da Egiptologia científica e de técnica arqueológica,
receberia in situ as curiosas e pioneiras visitas do
exótico egiptólogo amador Pedro de Alcântara
do Brasil, um imperador entediado que
tornou-se um entusiasmado
turista em férias.
Erudito, possuía até mesmo um museu arqueológico
particular em seu palácio, com variadas
peças: múmias indígenas e legítimos
artefatos egípcios e etruscos.
No Museu Imperial havia
acervo bem maior e de
mesma natureza.
Historiadores acreditam que o imperador,
devido às visitas e aos seus manuscritos,
pretendeu escrever um livro
sobre Egito Antigo.
Boa parte da imprensa brasileira interpretava
tudo isto como um descaso pelo governo,
derivado da alienação de um monarca
teatral e obcecado pela sua projeção
pessoal como um sábio
altamente ilustrado.
Ao ter protelado a abolição da escravatura,
poderia ter errado, mas quando sua filha
proclamou a liberdade dos negros,
um ano depois caiu a monarquia,
instalando-se uma ditadura
militar por 6 anos, que
geraria uma guerra
civil com milhares
de mortos.
A maior vergonha que passaria
foi derivada da opaca queda
de sua dinastia: sem um tiro
de revolta, nenhum morto
e se quer um adeus
popular.
Isto depois de um longo
e elogiável reinado.
"Me esqueceram antes
do que imaginei"
"Brindemos ao
Brasil."
Diria ele ainda
durante seu
exílio.

O Orientalismo, surgido nos tempos vitorianos, faria com que o interesse
sobre a Terra Santa e Egito crescesse muito; também o surgimento
dos transportes marítimos a vapor geraria, conjuntamente,
um considerável fluxo de turistas e curiosos
para estas bíblicas paragens.
receberia in situ as curiosas e pioneiras visitas do
exótico egiptólogo amador Pedro de Alcântara
do Brasil, um imperador entediado que
tornou-se um entusiasmado
turista em férias.
Erudito, possuía até mesmo um museu arqueológico
particular em seu palácio, com variadas
peças: múmias indígenas e legítimos
artefatos egípcios e etruscos.
No Museu Imperial havia
acervo bem maior e de
mesma natureza.
Historiadores acreditam que o imperador,
devido às visitas e aos seus manuscritos,
pretendeu escrever um livro
sobre Egito Antigo.
Boa parte da imprensa brasileira interpretava
tudo isto como um descaso pelo governo,
derivado da alienação de um monarca
teatral e obcecado pela sua projeção
pessoal como um sábio
altamente ilustrado.
Ao ter protelado a abolição da escravatura,
poderia ter errado, mas quando sua filha
proclamou a liberdade dos negros,
um ano depois caiu a monarquia,
instalando-se uma ditadura
militar por 6 anos, que
geraria uma guerra
civil com milhares
de mortos.
A maior vergonha que passaria
foi derivada da opaca queda
de sua dinastia: sem um tiro
de revolta, nenhum morto
e se quer um adeus
popular.
Isto depois de um longo
e elogiável reinado.
"Me esqueceram antes
do que imaginei"
"Brindemos ao
Brasil."
Diria ele ainda
durante seu
exílio.

O Orientalismo, surgido nos tempos vitorianos, faria com que o interesse
sobre a Terra Santa e Egito crescesse muito; também o surgimento
dos transportes marítimos a vapor geraria, conjuntamente,
um considerável fluxo de turistas e curiosos
para estas bíblicas paragens.
Acima com um elegante chapéu 
de viajante romântico
do Séc. XIX.
de viajante romântico
do Séc. XIX.
D. Pedro e a Imperatriz, o eminente egiptólogo
 Auguste Mariette,  de roupa clara, os
 Barões do Bom Retiro 
e de Itaúna.
Um suposto D. Pedro II ( ? ) em 
trajes árabes, durante a primeira
 viagem ao Egito, em 1871.
Esta foto parece-me ser de outra
 pessoa, nessa  época o faraó 
brasileiro  já tinha
notórias barbas
 brancas.
D. Pedro II ostentava 
cerca de 1,90 m de altura,
com  pernas longas,
a foto acima é de
 homem mais
baixo. 
A comparação com as fotos
da comitiva imperial
do mesmo ano é
eloquente.
Muito  mais plausível ser
 o seu amigo o Barão
do Bom Retiro.
"A
  primeira viagem, foi restrita apenas as cidades do Baixo Egito - Cairo
   e Alexandria -, sendo que, a partir do Cairo, Pedro de Alcântara 
subiu   até a cidade de Mênfis onde estão situados importantes sítios   
arqueológicos que na época de sua estada no país haviam sido   
recentemente descobertos. Acompanharam o intelectual nesta viagem: D.   
Teresa Cristina, o Camarista Nogueira da Gama, o Vereador Visconde de   
Bom Retiro, o médico Barão de Itaúna, a Dama Leonídia dos Anjos   
Esponsel, duas criadas e sete criados, in totum 15 pessoas."
  D. Pedro de Alcântara na primeira 
viagem de 1871-72,  evidentemente 
satisfeito  com suas férias
inesquecíveis.
Uma imagem fantástica: o Imperador das Selvas,
fora do marasmo de seu cotidiano, posa 
ditoso diante da eternidade da
História e da Civilização.
ditoso diante da eternidade da
História e da Civilização.
Na belíssima foto acima vemos a Comitiva Imperial  Brasileira junto aos dois mais importantes egiptólogos da época:
 Mariette (de braços cruzados na foto)  e Emile Brugsh (ao lado do imperador) 
designados como seus guias, que deferência fizeram para com sua 
majestade brasileira.  Posam todos sentados diante das ruínas  do platô de Guizah, próximo do Cairo,  em 1872. O imperador das selvas conheceu a face pétrea da eternidade histórica de perto, contente e bem acompanhado de amigos e guias, imerso neste cenário transcendental, ele mostra-se ditoso e satisfeito na pose. Sentado entre as mulheres, está seu querido amigo de infância o Barão do Bom Retiro. Esta foto
 histórica fantástica, será apreciada para sempre como um momento único e
 marcante onde o distante Império do Brasil se vê projetado diante de ícones 
clássicos da História Universal.
Que foto ! 
Muito antes da visita, na sua biblioteca no paço,
até o berço do mundo; sentado ao
lado do pioneiro Mariette, viu
nascer a Egiptologia
Moderna.
   
Em outra foto dessa mesma época, Mariette - de preto e sentado -
observa a descoberta de uma múmia em Sakhara.Mariette estava oficialmente designado como
guia de Pedro II, foi ele o histórico
fundador do Museu
do Cairo.
Mariette Bey recebeu e guiou
D. Pedro II pelas ruínas
do passado egípcio.
talvez haja a seleção dele na escolha da múmia
a ser presenteada pelo khediva ao
imperador do Brasil.
D. Pedro II em seu diário :   "A
  visita à casa de Brugsch foi  interessantíssima por causa de  
manuscritos Coptas, e pelo seu belo mapa  do Egito antigo que ele  
mostrou-me. À vista desse mapa procurou ele  convencer-me de que os  
Hebreus saíram de Thamis (Tânis) e fugiram do  exército ao atravessar a 
 estreita restinga. Um monumento perto de Thamis  diz que fora 
construído  pelos Habraiú. Apesar da opinião de Brugsch  ainda penso que
 os Hebreus  passaram para a Ásia junto ao Suez    “[...] às 7 [da noite] ancoramos perto da margem esquerda e um pouco a 
montante de Manfalout. Esteve admirável o crepúsculo com os seus matizes
 esverdeados e vermelho-claro. 7h40m: As estrelas brilham como diamantes
 no meio de carvão. Antes de dormir, estudo a gramática hieroglífica de 
Brugsch. Confesso que muito se tem progredido em matéria de 
interpretação de hieróglifos, mas é preciso dizer que muita coisa tem 
sido quase adivinhada”.
                                
(Diário  da primeira viagem - 10/11/1871). 
Suas  duas viagens às terras egípcias ocorreram em
 03 a 14 de novembro de  1871 e 11 de dezembro
 de 1876 a 06 de janeiro de 1877. 
 Delas  restaram-nos cartas, 
fotografias e dois 
diários de
 viagem.
Foi durante sua 3ª viagem à Europa,
quando quase faleceu em Milão,
recuperando-se como por um
milagre, que ao se recuperar
já planejava mais uma ida
à tórrida terra do Egito,
seu sábios médicos
logo o proibiram.
Foi durante sua 3ª viagem à Europa,
quando quase faleceu em Milão,
recuperando-se como por um
milagre, que ao se recuperar
já planejava mais uma ida
à tórrida terra do Egito,
seu sábios médicos
logo o proibiram.
Considerando
  que as narrativas de viagem de D. Pedro II são representativas de suas
  visões de mundo e que todo discurso é, como ressaltou a estudiosa  
Nathalia Monseff Junqueira, político e cultural, estas narrativas  
tornam-se importante testemunho de suas impressões e pensamento. São de 
 fato uma boa fonte, onde estão registradas verdadeiras pérolas de 
imperial  sinceridade dele.
Pedro II fascinou-se pelo cenário do Egito, seu tino cultural refinado sabia estar conhecendo um marco civilizatório antiquíssimo. Contudo, jamais imaginaria que teria um trineto de sangue egípcio: D. Joãozinho de Paraty é filho de uma princesa egípcia com um neto da Princesa Isabel.
Pedro II fascinou-se pelo cenário do Egito, seu tino cultural refinado sabia estar conhecendo um marco civilizatório antiquíssimo. Contudo, jamais imaginaria que teria um trineto de sangue egípcio: D. Joãozinho de Paraty é filho de uma princesa egípcia com um neto da Princesa Isabel.
 Proteção alada
nos templos.
  
nos templos.
"Evidenciamos,
  ao analisar os dois diários de viagem, que o primeiro deles, escrito  
com uma linguagem simples e de fácil compreensão, era destinado a uma  
pessoa em específico: uma grande amiga, que supomos ser a Condessa de  
Barral, devido à grande aproximação, idade e amizade existente entre os 
 dois; no segundo, observou-se uma grande transformação na maneira de se
  escrever: a linguagem tornara-se polida, erudita e de difícil  
compreensão, onde o imperador brasileiro dialoga com importantes nomes  
da Egiptologia do período, conhecidos em ocasião de sua primeira viagem,
  e com autores clássicos que se dedicaram, em parte, à sociedade  
egípcia, tais como Heródoto, Diodoro e Estrabão. Supomos que este  
segundo diário fosse destinado a um público conhecedor de Egiptologia,  
mais provavelmente seus amigos egiptólogos, devido à sua forma analítica
  da geografia, dos descobrimentos arqueológicos, dos baixos relevos e  
hieróglifos, assim como os templos que visitou ao longo de sua viagem  
pelo rio Nilo. No que tange ao primeiro diário, referente às passagens  
por algumas localidades do Baixo Egito - Gizé, Heliópolis, Menfis,  
Saqqara e Alexandria."
  "O  Egito, diz Heródoto, é um presente do Nilo, 
que vejo carregar turvas águas sedimentos
vivificadores da vegetação, adorno
das margens."
(Diário da segunda viagem - 12/12/1876)

que vejo carregar turvas águas sedimentos
vivificadores da vegetação, adorno
das margens."
(Diário da segunda viagem - 12/12/1876)

O Egito inesquecível e romântico  mostrava-se ao orientalista Imperador do  Brasil,
 ele  apreciou o mergulho na paisagem conservada, os 
monumentos   imponentes
 e misteriosos eram estimulantes à imaginação. 
Até do pó do   tempo ele 
provavelmente também gostou, já a pobreza extrema 
do povo não
era tão   previsível, e o deixou bastante chocado.
As ruas que ainda não se encontravam europeizadas mostravam-se para D. Pedro II como verdadeiros e imundos formigueiros com fétidos odores. Os edifícios, que geralmente tentavam imitar padrões arquitetônicos europeus, eram considerados feios; a difícil navegação pelo rio Nilo tinha um motivo: o Egito ainda engatinhava rumo à civilização. Depois de ser vanguarda na Antiguidade, encalhou na pasmaceira !
Mesmo
 dispondo de pouco tempo,   Pedro de Alcântara participou de sessões no 
Instituto Egípcio de   Alexandria, e no dia 1º de novembro de 1871 foi 
eleito Membro Honorário   do Institut National d’Egypte, realizando um discurso de  agradecimento e  expondo os conhecimentos sobre o Egito que já havia adquirido em seu  país: “(...)
  eu pedi a palavra e agradecendo a minha eleição de sócio,  disse  
algumas palavras para mostrar que conhecia já um pouco o Egito na  minha
  pátria.” "Leram-se memórias interessantes, depois percorri um  pouco a
  casa, sobretudo a biblioteca, pequena ainda, e conversei com  todos os
  meus colegas presentes, queram dezesseis. Pareceram-me quase  todos  
inteligentes e instruídos."             
   
        
(Diário da primeira viagem -  10/11/1871).   
A Alexandria de Cleópatra e dos grandes sábios
 da Antiguidade também viu passar Pedro II.
      
"A
  preservação do patrimônio histórico do antigo Egito se torna   
fundamental para a criação de uma memória que o ligue geneticamente à   
tradição ocidental. No dia 13 de janeiro de 1877, estando indignado   
diante do abandono dos monumentos do Egito, Pedro de Alcântara, em torno
   de vários membros reunidos no Instituto Egípcio de Alexandria,   
denunciou o crime de lesa-ciência e lesa-beleza do patrimônio do país. A
   sua comunicação foi registrada no livro de ouro da entidade, sob o   
título de vandalismo dos viajantes , e algumas de suas denúncias   
contribuíram para que fossem tomadas medidas por autoridades   
competentes. Esta construção de um valor histórico-cultural para o povo 
  do antigo Egito, nada teve haver com o valor atribuído pelos povos   
muçulmanos que habitavam o país, pois para estes, o Egito dos Faraós   
representou um período de adoração a vários deuses pagãos, muito   
anterior a revelação maometana. Tanto em Denderah como em Abydos são   
flagrantes os vestígios de incrível vandalismo. O Khediva bem poderia   
gastar uma parte da soma, que prodigaliza com os seus palácios, na   
conservação desses monumentos, tão interessantes para o estudo do Alto  
 Egito."       
      
(Diário da segunda viagem, 17/12/1876). 
"Acho Alexandria muito adiantada, e se o Khediva tivesse ‘gastado’ menos com as construções de palácios e outras superfluidades, maior número de melhoramentos teria eu observado depois de cinco para seis anos de ausência. O Khediva é inteligente e amigo do progresso; porém aproveita demais os gozos do Oriente..."
 ( PII em Cartas à Condessa de
  Barral, 16/01/1877).
    
promulgação da Lei do Ventre Livre.
As ruínas dos palácios ptolomaicos de Alexandria,
derrubados por terremotos e maremotos,
jazem submersas na baía.
As ruínas dos palácios ptolomaicos de Alexandria,
derrubados por terremotos e maremotos,
jazem submersas na baía.
Em sua segunda viagem ao Oriente, em 1876, D. Pedro II também fez escala em 
Alexandria, no Egito, onde proferiu a palestra “O Vandalismo dos 
Viajantes”. Nela, alertou sobre os constantes saques ocorridos no Egito,
 que poderiam comprometer a preservação de seu patrimônio cultural para 
as gerações futuras. Sem demonstrar entender o recado crítico, o Khediva Ismail Paxá declarou-se satisfeito com as 
observações e retribuiu o interesse arqueológico do imperador enviando 
para o Paço de São Cristóvão a múmia Sha-Amun-em-Su. Dessa forma selou sua amizade com o monarca brasileiro. 
O Khediva do Egito dispunha de um aparato luxuoso que não guardava similares
em território brasileiro, mais uma vez Pedro II ficou
boquiaberto com o contraste.

"Sendo
 assim, Pedro de  Alcântara assume a postura de uma autoridade  
intelectual nos moldes  europeus em relação à compreensão da história do
  Egito. Sua segunda  viagem, possuiu um caráter bem distinto da 
primeira,  pois, além de ter  sido previamente organizada, abrangeu toda
 a extensão  do Egito, e  revelou a figura de Pedro de Alcântara como um
 verdadeiro   egiptologista, o que prova que no espaço de tempo entre as
 duas viagens o   intelectual estudou a fundo o que vinha se produzindo 
sobre a história   do país, atualizou os seus conhecimentos através dos 
grandes  egiptólogos  que conheceu em sua primeira viagem, e até 
arriscou  palpites, com a  convicção de uma verdadeira autoridade, em 
relação a  produção de  conhecimentos sobre o Egito Antigo. Nessa última
 ida ao  Egito, Pedro de  Alcântara realizou meticulosamente seus 
apontamentos,  levando em conta o  que se é possível fazer em uma 
viagem. Anotou  detalhes dos sítios  arqueológicos que visitou, traduziu
 textos escritos  em monumentos  antigos, e como foi visto, discutiu com
 autoridade  questões referentes à  história do Antigo Egito. 
Segundo o arqueólogo Claudio Prado de Mello, era provável que Pedro de Alcântara desejasse publicar posteriormente seus registros em forma de um artigo, já que se referia ao seu diário como um jornal. Tais viagens foram, como aparecem em seus diários, um dos ápices da realização pessoal do nosso intelectual, pois, possuindo um vasto conhecimento sobre o mundo, ansiava por em prática e vislumbrar tudo aquilo que havia estudado e aprendido até então, já que a instabilidade política em que se encontrou o Brasil após a partida de seu pai para Portugal não o permitira ficar muito tempo longe do comando do país. "
   
Segundo o arqueólogo Claudio Prado de Mello, era provável que Pedro de Alcântara desejasse publicar posteriormente seus registros em forma de um artigo, já que se referia ao seu diário como um jornal. Tais viagens foram, como aparecem em seus diários, um dos ápices da realização pessoal do nosso intelectual, pois, possuindo um vasto conhecimento sobre o mundo, ansiava por em prática e vislumbrar tudo aquilo que havia estudado e aprendido até então, já que a instabilidade política em que se encontrou o Brasil após a partida de seu pai para Portugal não o permitira ficar muito tempo longe do comando do país. "
 O palácio da Ilha de Gezirah no Cairo, foi erguido em 1869 para hospedar 
a realeza europeia que compareceu a grande festa de inauguração do
Canal de Suez, hoje transformou-se num hotel, Pedro II passou 
por ele, hospedado ou em visita, certamente o conheceu.
O vitoriano Palácio de Abdeen no Cairo, era  a sede
oficial da monarquia egípcia nos tempos das
duas visitas de Pedro II ao país.
oficial da monarquia egípcia nos tempos das
duas visitas de Pedro II ao país.
lembra bem os palácio de Istambul, nos 
lustres e na escada com balaustrada
ostentando fino cristal europeu. 
   
Os
  egípcios  modernos, para D. Pedro II, tinham uma poesia canhestra e  
destituída de  metrificação, apenas contemplada por pensamentos banais. 
 Acusava-os de tocarem  instrumentos semelhantes aos dos negros boçais, 
 claramente expôs que os muçulmanos  provavelmente mais cochilavam e  
dormiam do que estudavam o Alcorão.
 
O Cairo ou Al Khaira,
"(...)
  e os árabes dançaram  lembrando-me pelos movimentos e toada do canto a
  dança dos botocudos do  Rio Doce. (Diário da primeira viagem -  
4/11/1871). Todos os árabes nadam  como peixes e Marriete contou-me que 
 havia ainda um velho no Alto Egito  que servira ao Murad-Bey contra  
Bonaparte, o qual é célebre como  nadador e vive a pescar." 
  
(Diário da primeira viagem - 7/11/1871).   
"(...)
   havia umas poucas mulheres, que trajando vestidos, que deixavam   
ver-lhes a camisa na cintura, tremiam como chocalhos, ora requebrando-se
   sem graça, ora pondo-se de cócoras para logo se levantarem, - e isto 
  ainda era bom - ao som de instrumentos iguais aos dos negros boçais."   
      
 
 
 
"Apesar
  de tudo esse Bey  (referindo-se a um intelectual egípcio) pareceu-me  
inteligente e Brugsch  diz que é honrado, cousa rara no Egito"  
"Na
   leitura escrita e observação do Carão (Corão), por maometanos de   
diferentes regiões, que deitados, assentados no chão ou de cócoras e   
separados, conforme nações ou tribos, desconfio que antes durmam ou   
cochilem do que estudem."   
  
"O
   poeta árabe mandou-me os versos com a tradução - poucas frases  
contendo  pensamento muitíssimo banais. Outro escritor árabe já me tinha
  lido  versos publicados no seu diário a respeito de minha ida ao Egito
 e   reconheci que não eram senão palavras rimando de enfiada, o que,  
segundo  ouvi a Brugsch é mesmo a poesia árabe que não tem metrificação.
   Valha-me o pensamento."   
"Este povo parece-me uma nova espécie cínica em todo o sentido."
"Este povo parece-me uma nova espécie cínica em todo o sentido."
  (Todas as notas acima são do diário
da primeira viagem - 10/11/1871.)
da primeira viagem - 10/11/1871.)
em árabe: a Fortaleza.
"Já
  a segunda viagem de Pedro de  Alcântara, pode ser caracterizada como  
uma verdadeira “expedição” de  reconhecimento. Nesta vez, a comitiva  
excursionou por 27 dias. A viagem pelo Alto Egito foi  iniciada no dia  
11 de  dezembro de 1876, e devido a sua longa estada, Pedro de Alcântara
  pode  com mais calma participar das reuniões do Instituit d’Egypte,  
fotografar  e ser fotografado, conferir informações publicadas sobre o  
Egito -  completando algumas superficiais ou mesmo corrigindo outras  
imprecisas e  errôneas -, e debater com os mais importantes egiptólogos 
 da história."    
     
 Aspectos populares pitorescos e exóticos.
As ruínas da Antiguidade tiveram diante de si uma exótica
comitiva de curiosos personagens tropicais.
 Em Sakhara, próximo ao Cairo, acompanhado de Mariette, PII visitou
o Serapeum, uma gigantesca catacumba onde se sepultavam os
touros Ápis, animais consagrado ao deus Pthá, uma
sensacional descoberta do arqueólogo
que guiava D. Pedro II.
Múmia de touro sagrado vista de cima.
Esfinges da entrada e um dos muitos e megalíticos esquifes
de touros sagrados que ainda repousam na catacumba.
Nas imagens o obelisco já se mostrava reerguido.
D. Pedro II em seu diário :
"Estive
  em Heliópolis ( A "Um" dos  egípcios e da bíblia) Matarieh dos árabes 
 que examinei o obelisco de  Ositarsen 1º anterior a Móises e um dos 
dois  que precediam ladeando-a a  porta do templo, cujos sacerdotes 
foram  mestres de Platão e do Eudoxus.  (....) O obelisco está a 15 pés 
 enterrado na areia, mas assim mesmo  honra os séculos de Moisés e de  
Platão"  
   
"Antes
   de aí ter ido [referindo-se as ruínas de um templo na cidade de   
Heliópolis] colhi  folhas de um belo sicômoro que chamavam a árvore da  
 Virgem, por ser de tradição que a sua sombra descansara N. Sra. na   
fugida para o Egito."     
     
(Diário da primeira viagem - 6/11/1871).
Tânis foi erguida com peças pétreas reaproveitadas, oriundas do desmonte da cidade egípcia bíblica de Pi-Ramsés, onde trabalharam os escravos hebreus, que de lá retornaram a Canaã guiados por Moisés. Na época em que Pedro II visitou o Egito, ainda se acreditava que esta localidade teria sido a cidade dos hebreus cativos, hoje sabemos que não foi, mas ficava bem próxima.
Na
   primeira viagem visitou as pirâmides dos faraós Quéops, Quéfren e   
Miquerinos, além da grande esfinge de Gizé. Escalou a maior das três   
pirâmides com a ajuda de árabes, e ainda aproveitou para descansar e   
fazer um lanche. Perambulou apenas nos monumentos e ruínas do Baixo   
Egito, além do Cairo, Gizeh e Sakhara. Desde 1856 ele estudava a escrita
   hieroglífica e se correspondia há um ano com o alemão Émile Charles  
 Brugsch, um dos organizadores do Museu do Cairo. Ao retornar para   
Portugal o imperador mostrou grande tristeza pelo término do périplo   
faraônico, por isto voltaria alguns anos depois para uma verdadeira   
expedição brasileira ao monumentos do Antigo Egito.
"Não posso, por ora, senão comunicar-vos, rapidamente, minhas impressões da viagem a estes dois países [Palestina e Egito], tão intimamente ligados na remota Antigüidade, acrescentando apenas que encontrei em monumentos de épocas realmente egípcia, colonas que poderia chamar de dóricas, algumas das quais bastante elegantes. Encontram-se também nos baixos relevos figuras deliciosas; creio que os artistas faraônicos teriam feito cousa muito melhor se não tivessem sido obrigados a submeter-se a certas regras de forma e proporções em todos os seus trabalhos."
Pedro  II  em uma de suas cartas 
ao Conde de Gobineau. 
Os três destinos que mais chamaram a  
atenção  do imperador: Estados Unidos, Egito e a Rússia. Essa paragens  
foram as mais culturalmente ricas, e ele se impressionou muito com as  
três, como as viagens  internacionais eram muito apreciadas, tanto pelos
  imperantes como pelos  Condes D'Eu, vale a pena dar maior dimensão  
sobre esta faceta da família imperial brasileira, o luxo deles era  
viajar. Muitos  governantes visitaram o Egito nesta época, era moda: a  
imperatriz Eugene  da França e a rainha Amélia de Portugal tiveram suas 
 visitas muito bem  registradas. Podemos afirmar que o maior  luxo  
exalado pela  monarquia  brasileira  foram as suas viagens,  
principalmente na Europa. O tamanho  das comitivas, a extensão das  
viagens, o longo tempo despendido nelas,  as críticas políticas sobre o 
 abandono do governo, o pesado  endividamento por parte do imperador 
para  viajar sem qualquer obrigação  protocolar e como um cidadão quase 
 comum.
Fotos dessa mesma década, mostram o antigo Museu de Ghizeh,
certamente Pedro II esteve nestas salas.
 em ouro, como os braceletes com patos
de Ramsés II, achados em Zagazig.


Magnífico sarcófago em granito de Nectanebo II,
com toda a Litânia do Rá Noturno esculpida;
por fim serviu como banheira numa
casa de banhos em Alexandria.
Múmias da Baixa Época e Ptolomaicas.
Sobeck - Deus Crocodilo.
Senhor dos Desastres
Naturais.

Múmias de crocodilos sagrados: animais de culto,
mantidos como alma viva do deus nos templos.
O imperador teve como guias Auguste Mariette
 e Emile Brugsch, dois grandes egiptólogos.

O Templo de Kalabasha , o Quiosque
de Trajano e o Templo de Philae.

Dendera e Philae.

O Templo de Kalabasha , o Quiosque
de Trajano e o Templo de Philae.

Dendera e Philae.
P II visitou, em 1876, o templo de Edfu, o mais
  
 perfeitamente conservado monumento
 de toda a Antiguidade.
Múmia de Amenhotep II em seu ataúde original,
descoberto por Loret em 1898, no Vale dos Reis. 
  Ao se despedir do país na
segunda viagem escreveu:
"A
  aurora - não aos dedos de rosa -  mas a coroa de todas as pedras  
preciosas, vem me dar seus adeuses nas  bordas do Nilo (....). O Nilo  
merece também uma saudação e eu  transcreverei algumas passagens do hino
  feito a época da XII Dinastia:  “O tu, que vens em paz para dar vida 
ao  Egito! Irrigador das hortas que  criou o sol... Estrada do céu que  
desce... Repouso dos dedos é seu  trabalho para os milhões de  
infelizes... Ele faz da coragem um escudo  (para os infelizes)... Tu  
tens alegrado as gerações de teus filhos, te  rendem homenagem no Sul,  
teus decretos são instáveis quando eles se  manifestam diante dos  
servidores do Norte. Ele bebe os prantos de todos  os olhos e é pródigo 
 na abundância de seus bens”.   (Diário da segunda  viagem  6/01/1877)  
 

"Cheguei aqui ontem à noite. As ruínas grandiosas de Karhah (Karnak), o bello templo de Abou-Simbel, com o seu colosso sentado, de vinte metros de altura e uma physionomia transparente de admirável doçura, e tudo mais que vi nas margens do Nilo Majestoso, não me fizeram mudar de opinião sobre a Grécia inigualável. Em vão tento afastar a lembrança da Acrópole para melhor julgar a beleza especial destes monumentos"
Diário de PII - 1876
   
 Templo de Abu-Simbel
Também em uma carta ao seu cunhado o Rei D. Fernando de Portugal, refere-se ao Templo de Abu-Simbel, que ele atribui a "Sesóstris" , onde diz ter achado lindo o rosto esculpido da rainha. D. Pedro se apaixonou pelas ruínas e pelo esplendor passado, mas o Egito do Séc. XIX lhe pareceu imundo, incivilizado e decadente; duvidou que a aquela gente atrasada de fato lesse o Alcorão com afinco.
O deus Amon-Khamutef
encarnado como Tuthmés III.
encarnado como Tuthmés III.
egiptológicos, e ainda ganhou de presente uma múmia de uma
cantora do templo Karnak, esta ainda mantinha-se intacta
 num vistoso ataúde de madeira pintada.
Veja a continuação desta postagem, onde
apresentamos a Coleção Egiptológica
formada pelos imperadores
do Brasil:
apresentamos a Coleção Egiptológica
formada pelos imperadores
do Brasil:








































































































































































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