VVVVVV>&&&&&%gt;gt;>>>>>>>>>>>>>>>>>"Ver e ouvir são sentidos nobres; aristocracia é nunca tocar."

&&&&&&>>>>>>>>>"A memória guardará o que valer a pena: ela nos conhece bem e não perde o que merece ser salvo."


%%%%%%%%%%%%%%"Escrevo tudo o que o meu inconsciente exala
e clama; penso depois para justificar o que foi escrito"


&&&&&&&&&&&&&&;>>gt;>>>>>>>
"
A fotografia não é o que você vê, é o que você carrega dentro si."


&
;>&&&&&>>>>>>>>>>>>>>>>&gt
"Resolvi não exigir dos outros senão o mínimo: é uma forma de paz..."

&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&"Aqui ergo um faustoso monumento ao meu tédio"


&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&"A inveja morde, mas não come."


quinta-feira, 30 de junho de 2011

Paisagismo: Evolução no Paraná


V


Av. XV de Novembro em Maringá- PR.



Ishidoro em granito no lago da Praça do Japão toma
conta da manhã enevoada em Curitiba.




"Há um ponto elevado em que a arte,
a natureza e a moral se confundem e são
simplesmente uma só coisa."
  

F. Bacon


" Quando se gosta da vida, gosta-se do passado,
porque ele é o presente,
tal como sobreviveu

 na memória humana."

Marguerite Yourcenar


"Condenado a ser exato,
quem dera poder ser vago,
ludibriando igualmente
quem voa, quem nada, quem mente,
mosquito, sapo, serpente "

Leminski




Capivaras observam a geada no Pq. Barigui - Curitiba é a mais fria capital brasileira.




Maringá está na linha do Trópico de Capricórnio, foi erguida sobre um solo fértil.


Projeto de reforma paisagística para a Praça da Catedral -2012



click  para ver a primeira parte deste artigo:
Paisagismo - Evolução no Brasil.



As Dificuldades Iniciais




A ocupação do atual território paranaense começou no século XVII com a fundação das Reduções Jesuíticas, no então, território espanhol do Guairá. Este território abrangia os cursos inferiores e médios dos rios Ivaí e Piquirí e era, originalmente, habitado por índios Guaranis.



A primeira atividade registrada de manejo de árvores remonta a essa época.




O transplante de mudas de erva-mate (Ilex paraguariensis), então chamada de congonha ou taruneira, do interior das matas fechadas para o replante em várzeas mais abertas, próximas às Reduções, parece ter sido uma prática comum no período. O trânsito dessas entre as treze Reduções em território paranaenese também ficou registrado. As mudas recém germinadas deviam ser transplantadas das proximidades da planta-mãe e, provavelmente, replantadas em potes de cerâmica para possibilitar o transporte a longa distância. Provavelmente algumas delas tenham sido plantadas nos espaços comunitários dentro desses povoamentos, dando início à arborização urbana no Paraná.

Redução Jesuítica - Paraguay




Os espanhóis penetraram no território paranaense da forma mais fácil, navegando principalmente pelo mais longamente navegável rio Ivaí. Chegando ao ponto máximo navegável, a confluência com rio Corumbataí,fundaram ali uma redução - Villa Rica do Espírito Santo, e próximo à foz do Ivaí , porém no rio Paraná, fundaram também a Redução de Salto del Guairá.


Índios do litoral paranaense.





Com exceção da região dos Campos Gerais, o restante da Província cobria-se com uma exuberante vegetação arbórea espelhando a regularidade das chuvas ao longo do ano, a riqueza química do solo e a variedade de climas. As árvores nativas serviam para o corte atrás de madeiras de qualidade técnica e ornamental. O mobiliário oriundo dessa época é testemunho do tamanho e da qualidade das toras de madeiras nobres retiradas das matas paranaenses.






Os cronistas dessa época descrevem um quadro incipiente na urbanização, na saúde e nos transportes. As viagens pelo interior eram aventuras. Os maiores entraves eram as doenças, a fome e a dificuldade de locomoção na mata e a transposição dos rios. As mortes eram comuns e demonstravam ser as matas subtropicais paranaenses, também, adversas à presença humana.



A pesca de um modo geral  e a caça da anta, provinham o principal da alimentação para os que se embrenhavam mato a dentro, de abundante havia apenas o pinhão no inverno, acima a caça da anta no Rio Ivaí em 1865, cães obrigavam o animal a se refugiar na água , onde era abatido.. O viajante inglês Thomas P. Bigg-Wither descreve com minúcias a viagem feita entre 1872 e 1875 pela Província do Paraná. A leitura de suas impressões é obrigatória para a percepção da qualidade de vida da época.





Perigos da travessia Séc. XIX



A paisagem urbana paranaense não era diferente daquela encontrada no restante do Brasil. As cidades de pequeno porte e vilas espalhavam-se, principalmente, pelas áreas próximas ao litoral e, em locais mais abertos e de clima mais ameno, nos planaltos. Os núcleos urbanos mais significativos desse período foram: Paranaguá, Morretes, Antonina, Vila do Príncipe (Lapa), Curitiba, Santo Antônio do Iapó (Castro), Assungüi , Jaguariaíva e Guarapuava.

Rua do centro histórico da Lapa.



O urbanismo barroco-colonial dessas cidades não permite supor que houvesse uma arborização nos espaços públicos: as ruas e calçadas estreitas e a proximidade das casas impossibilitariam qualquer tentativa nesse sentido.




Morretes - Palmeiras Imperiais e Paineiras.



Entretanto, fotos das cidades do litoral, do final do século XIX, revelam a existência de palmeiras imperiais (Roystonea oleracea) já com mais de cinqüenta anos, levando-se em conta a altura dos exemplares, e os perfis arbóreos mostram-nos jambolões (Eugenia jambolana) e eucaliptos (Eucalyptus sp.), todos em praças ou em quintais.






É perceptível, até hoje, a influência do estilo francês nas praças de Paranaguá, dado o interessante uso de ciprestes italianos misturados ou esteticamente contrapostos ao entorno fortemente tropical. O comércio com a capital do Império era intenso e trazia-se, inclusive, material de construção pesado por via marítima, as árvores da moda talvez tenham chegado pela mesma via.Da metade do século XIX, o Paraná transforma-se em uma província autônoma do Império do Brasil, desmembrando-se da Província de São Paulo.




Foi provavelmente na cidade de Paranaguá em que os primeiros trechos urbanos especiais: praças , calçadas defronte a prédios importantes e igrejas foram pontualmente arborizados.

As mesmas palmeiras também adornaram a cidade de Antonina.

Com relação à arborização de Curitiba, percebe-se pelos registros fotográficos e pela documentação existente que, até as primeiras décadas do século XX, o clima frio e úmido predominante não inspiraram qualquer arborização sistemática do atual centro histórico da cidade.



A demolição da antiga catedral em estilo colonial, a partir de 1875, e soerguimento da nova catedral neo-gótica, terminada em 1893, no final do Séc. XIX, marca o início de uma expansão urbana mais acelerada em Curitiba.




Nesta época, tratava-se, ainda, de uma cidade muito acanhada, do tamanho aproximado dos atuais centros históricos de Antonina e Morretes.





A fundação do Passeio Público de Curitiba, em 1886, com área de quase 7 hectares, já mostrava a crescente necessidade cultural de espaços de contato seguro com a natureza, vindo a constituir-se no marco paisagístico mais importante desse período no Paraná.



O Passeio Público em instalação, cerca de 1886.



Esse parque curitibano, ainda hoje, guarda claras semelhanças com outros parques que lhe foram praticamente contemporâneos: o Passeio Público e o Campo de Santana no Rio Janeiro , pontos aprazíveis de destaque na capital imperial. O passeio público de Curitiba seguia o estilo romântico de Glaziou em voga, infelizmente com o tempo descaracterizou-se um pouco, mas ainda é um belo patrimônio cultural, de sua época e no seu estilo, não há outro nos estados do sul.






Nessa época as cidades começavam a se desenvolver com maior rapidez, a presença de áreas pantanosas no perímetro urbano aumentava a incidência de doenças infecto-contagiosas. Mosquitos e outros vetores destas doenças proliferavam nesses ambientes de águas paradas. A melhor forma de eliminar o problema era aterrar a área. A necessidade de paisagismo era conseqüente, para evitar a degradação do local.





O portal é de 1910, tombado como patrimônio em 1974 - acima em foto de 1930.



O Portal do Passeio, em si uma jóia do estilo belle-époque, é uma cópia resumida da entrada Cimetière des Chiens de Paris, um dos primeiros locais para o enterro condigno de animais de estimação especiais.




O portal francês foi erguido em 1899.






O texto de época nos conta o necessário a saber:

O Passeio Público foi fundado no mês de fevereiro (não se sabe precisamente o dia) do ano de 1886, pelo prefeito Dr. Alfredo d’ Escragnolle Taunay. No dia 2 de maio de 1886, foi inaugurado publicamente, com as obras verificadas até aquela data. Localizado na região norte da cidade de Curitiba sobre as beiras do pantanoso rio Belém. Aliás um dos motivos da construção do parque, que ocuparia a região do “ pântano” do rio Belém, causador , segundo a população da época, de terríveis enfermidades.

Na verdade, mesmo na época, não havia uma planta do parque e o projeto feito pelo Engenheiro João Lazzarini teve de ser abandonado, devido a inúmeras modificações que foi necessário introduzir, em virtude da natureza do terreno. À princípio surgiu a idéia de unir a diversão e passatempo da população à também um meio de renda do parque. Também tinha-se o objetivo de instalar gôndolas para que nas tardes de primavera e verão a população pudesse desfrutar de um agradável passeio pelos rios e lagos do parque."




Visto de cima - o rio Belém está atualmente canalizado e desapareceu da paisagem.



A antiga ponte, depois substituída pela pênsil atual.



Outros importantes jardins públicos dessa geração, como o Parque da Luz em São Paulo e o Campo de Santana no Rio de Janeiro sofreram a mesma influência. Todos esses parques se originaram em áreas de banhados e charcos, demonstrando, nesse período, uma crescente preocupação com o sanitarismo.




Passeio Público em 1940 - antes da reforma do Pref. Ivo Arzua nos anos 60,
que o transformou em zoológico.



Em 1963, uma reforma daria ao Passeio Público a sua atual face e o parque se configuraria como o zoológico da cidade. Em visita ao local, vê-se logo que as árvores do princípio do século contrastam, no porte, com as espécies nativas que foram plantadas durante a reforma. A contemporânea abertura da Avenida Paraná, cruzando os bairros do Cabral e da Boa Vista, também recebeu as mesmas quaresmeiras (Tibouchina granulosa) e manacás da serra (Tibouchina mutabilis) que se percebe plantados nas fotos da reforma do Passeio Público.






A tradição cultural paranaense de grandes parques começou a partir dessa época.




A Ascensão Econômica





O vertiginoso desenvolvimento do Paraná aconteceria no Século XX.




Esse avanço econômico e social seria acompanhado pela destruição das matas em todo o Estado. A melhoria das condições tecnológicas transformaram a vegetação em um inimigo fácil de ser vencido. As serras elétricas e os tratores, aliados aos tradicionais incêndios provocados, reduziram a impenetrabilidade da mata tropical. A destruição começou lenta e foi se intensificando à medida em que a lavoura do café ganhava importância na economia.



O Paraná, possuidor das melhores terras agrícolas de todo o território nacional, transformou-se em pólo de imigração, aumentando rapidamente a população e a área ocupada do Estado.



No decorrer desse processo econômico, promoveu-se uma competente erradicação das matas nativas, com uma velocidade que nem mesmo permitiu o seu estudo aprofundado ou a avaliação do aproveitamento do patrimônio de madeiras.


A visão contemporânea do Parque Nacional do Iguaçu e das reservas de araucária nos municípios de Turvo e Palmas dão a dimensão do que foi a melhor reserva brasileira de madeiras nobres.



Muito do patrimônio genético natural foi perdido; as melhores áreas e as mais produtivas foram as primeiras a serem, selecionadamente, exploradas e destruídas.



Quando a política de conservação começou a ser implantada, a perda já estava irremediavelmente configurada. As poucas áreas protegidas que sobraram no interior do Estado, com poucas exceções, não representam significativamente o cenário natural original.



Na breve história da arborização urbana do Estado, as cidades de Curitiba e Maringá vêm influenciando fortemente outros núcleos urbanos paranaenses. Sendo esses os mais representativos e melhor documentados, servirão de base para traçar correlações com o que foi realizado na maioria das outras cidades paranaenses.





No Frio de Curitiba




Nas primeiras décadas do século XX, uma nova concepção urbanística começava a ser implantada na capital paranaense, tal como no Rio de Janeiro e em São Paulo. Novas praças e avenidas surgiram no entorno do centro histórico colonial. A arborização seria implantada nas áreas novas, começando uma tendência cultural que alçaria Curitiba à condição de uma das cidades mais bem arborizadas do Brasil.




Arborização Urbana próx. da Câmara Municipal


O material fotográfico histórico revela, foi somente a partir da primeira década desse século que a prefeitura municipal começou, de forma pioneira no Estado, o processo de uma arborização esporádica dos espaços públicos, iniciando-se no seu centro clássico.





Não havia uma ação sequêncial na implantação das árvores de rua, como já existia noutras cidades do país; tratava-se de uma benfeitoria especial em locais privilegiados.






Praça Carlos Gomes com o paisagismo implantado - 1914.




A benfeitoria não era uma demanda social, urbanística ou climática. Foi um processo de aculturação onde se introduziu na paisagem mais um detalhe tido como modernizante e civilizatório, de baixo custo e de grande efeito paisagístico, quando estabelecido.





Início da Arborização Urbana em Curitiba.



A moda foi rapidamente aceita e disseminada pelos segmentos da classe média alta da época em detrimento da secular cultura anterior de repulsa às árvores. No interior do Estado, as cidades e as fazendas, lentamente, começariam a arborizar seus principais caminhos.




A Praça Osório recém arborizada.



As espécies botânicas escolhidas já denotavam os critérios até hoje utilizados para a arborização da cidade: árvores resistentes a temperaturas negativas por curto período de tempo, como primeiro critério; passíveis de podas radicais e/ou de pequeno porte, como segundo critério; e, por último, serem floríferas.




Av. João Gualberto apresentava árvores pequenas e bem podadas já em 1914.



A poda radical ou o porte pequeno das espécies escolhidas visava minimizar o resfriamento da cidade durante o inverno, favorecendo a insolação e as floradas, acentuando a idealização de uma paisagem européia profundamente agradável à população desta ascendência.




Praça Eufrásio Corrêa com o paisagismo implantado - 1915.

A mesma praça de cima vista depois de alguns anos

.

A arborização de Curitiba de 1938 pode ser avaliada pelos registros de algumas espécies:

Plátanos (occidentalis)7 nas Ruas André de Barros e Desembargador Westhphalen;
Pitangueiras na Praça Carlos Gomes;
Cinamomos (zeylanicum) na Rua Emiliano Perneta;
Tipuanas na Rua Ébano Pereira;
Acácias (?) na Avenida Iguaçu;
Palmeiras Jerivás na Avenida João Gualberto;
Magnólias (grandiflora ) na Rua Marechal Floriano;
Acer (negundo ?) na Avenida Silva Jardim;
Casuarinas na Praça Sotto Maior;
Grevíleas no contorno da Praça Osório;
Ipês (amarelos/T. alba) no contorno da Praça Tiradentes;
Canforeiras na Praça Generoso Marques; e
Pinheiros do Paraná na Praça Santos Dumont.




Praça Tiradentes com o novo paiasgismo.



O Acer negundo, uma das árvores mais característica da moderna arborização curitibana parece que já era utilizado à época. Utilizava-se, ainda, o eucalipto, o cipreste italiano, o cedro europeu, o carvalho, o manacá verdadeiro (Brunfelsia uniflora), a cortiça (Erythrina ?), a pimenteira (?) e a aroeira (Schinus ?).




Regimento de Artilharia em 1915 - Jerivás.

Fotografias antigas mostram um detalhe inesperado do estilo paisagístico eclético em voga nesses tempos: as muitas palmeiras-jerivás (Syagrus romanzoffianum), já adultas e, portanto, plantadas na década anterior, nas principais praças de Curitiba e nas vizinhanças do Passeio Público, cujos altíssimos e robustos remanescentes ainda resistem ao tráfego atual.



O Paço da Liberdade - antiga prefeitura de Curitiba - já ostentando
arborização e carros estacionados.


A área arborizada de Curitiba era pequena em relação ao tamanho da cidade nessa época e estava delimitada pela Rua XV de Novembro, no segmento da Praça Osório até a Praça Santos Andrade, por um extremo, e os primeiros quatro quarteirões da Av. Iguaçu, mais próximos à Rua Tibagi, por outro, contendo em seu interior a área referenciada pela antiga Estação de Trem (atual Estação Plaza Show), pela Praça Eufrásio Correia (Câmara dos Vereadores) e pelas Praças Carlos Gomes, e Zacarias, e se estendendo também, por entre as Praças Tiradentes e Santos Andrade e o Passeio Público.


Praça Osório em 1934 - Jerivás já adultos.


Nos bairros, não existia qualquer arborização regular comparável com a da área central. Plantavam-se as árvores na rua não pavimentada, fora do passeio portanto, próximo de onde seriam as atuais sarjetas, essa era uma das característica desses primeiros projetos de arborização urbana.


Esse era o cenário paisagístico de Curitiba por volta do início da Segunda Grande Guerra.


Somente quando Burle Marx começou a modernizar o paisagismo no pós-guerra, aplicando os conceitos da arte moderna nos jardins das maiores cidades brasileiras é que a arborização regular, como benfeitoria urbana, tornou-se praxe em Curitiba, com um atraso de, pelo menos, meio século em relação aos outros centros urbanos do país. O clima frio, aliado ao fato da cidade ter ainda um pequeno porte, foi a causa determinante.



A agricultura paranaense das décadas de 40 e 50 já dava sinais da pujança futura e a riqueza econômica começava a se cristalizar nas ruas de uma Curitiba bem mais rica a partir dessa época. As árvores iriam ocupar as principais vias dos bairros da capital, o clima úmido ajudava no desenvolvimento das mudas, a amenidade do clima permitia o uso de espécies de regiões mais frias. Uma arborização singular para os padrões brasileiros estava em formação, primeiro por ser abrangente e uniformemente distribuída em termos de área urbana e com muitas espécies de uso restrito ao clima frio e depois por ter uma excelente manutenção.





O tempo perdido viria a ser recuperado com rapidez, eficiência e estilo próprio.


Por volta do início da década de 50, a arborização de Curitiba dá um grande salto qualitativo com o plantio de árvores em todos os bairros em volta do anel central da cidade. As árvores antigas dos bairros das Mercês, do Batel, Água Verde, Prado Velho e do próprio Centro (Praça Osório) foram plantadas nessa época.




Praça Santos Andrade é exemplo do estilo art-déco do
anos 30 - A UFPR ainda apresentavam a fachada eclética.



Eram, segundo os exemplares sobreviventes e as fotos, as seguintes espécies: ipê-amarelo (Tabebuia alba), a magnólia (Magnolia grandiflora), o cinamomo (Melia azeradach), a corticeira (Erythrina falcata), o pinheiro do Paraná e a tipuana (Tipuana tipu). Esta última era, também, muito utilizada nessa época, tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo, demonstrando que Curitiba já estava, também, em consonância com as tendências do restante da região centro-sul do país. A tipuana foi uma das espécies mais resistentes às podas radicais que a prefeitura periodicamente realizava, como atestam os exemplares da Praça Santos Dumont, esses foram podados drasticamente, conforme registros fotográficos e hoje, já empatam em altura com o vizinho prédio da Secretaria de Estado da Cultura. Outras grandes tipuanas como as da Praça Eufrásio Correa, aparentam ser contemporâneas daquelas.





O surpreendente paisagísmo pré- modernista na Pç. Rui Barbosa nos anos 40,
porém sem as características plantas tropicais.







Previsão de uma arborização intensa no Plano Agache
 para o Rio no final dos anos 20.

Projeto de Agache para a Praia do Flamengo.



O Plano Agache para a capital federal teve excelente aceitação, pela primeira vez a arborização intensa e parques são apresentados como tendências permanentes e não como detalhes.





Em 1943, o interventor e governador Manoel Ribas depara-se, bem de perto, com o plano do urbanista Alfred Agache - o que tira o óculos do bolso - para o desenvolvimento urbano de Curitiba. Foto histórica muito eloqüente, diz tudo calada, de todas, é a minha preferida.




Plano Agache para a capital do Paraná: expansão urbana radial, muito verde e grandes avenidas.





Perspectiva da proposta déco para o Centro Cívico curitibano - não executada - apresentada pelo urbanista francês . Intensa arborização em destaque, tal como nos planos urbanísticos do Rio de Janeiro, São Paulo e Goiânia.





O projeto de arborizar com pinheiros-do-paraná e ipês-roxos a Av. Candido de Abreu foi executado, porém a araucária não se adapta às condições de rua, poucos exemplares sobreviveram e tampouco desenvolveram-se conforme o projetado.




Registra-se, no início dos anos 60 , o aumento do uso do alfeneiro ou legustre (Ligustrum lucidum), do ipê-amarelo (Tabebuia alba) e do jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosaefolia) na arborização de ruas do centro da cidade, e a tentativa do Prefeito Ivo Arzua de identificar as árvores com a inscrição de seus nomes comuns e científicos em placas metálicas colocadas na copa das árvores.



Nesses primeiros anos da década, podemos identificar por todo o Brasil uma maior atenção dada aos zoológicos, jardins botânicos, universidades, fundações e parques e outras instituições correlacionadas à área das ciências naturais; muitas dessas foram criadas ou reformadas nesses anos, evidenciando uma melhoria no status destes assuntos no meio social e político brasileiro.








A uvarana ou varaneira - Cordyline spectabilis - nativa dos pinhais curitibanos, foi selecionadamente poupada do corte e ainda sobrevive em muitos jardins antigos, comprovando sua antiga aceitação como ornamento .






O recorrente Butiá na frente das casas de madeira em Curitiba.



Nos anos seguintes, a arborização difundiu-se largamente cobrindo todos os bairros novos e antigos da cidade que, à época, experimentava um surto de crescimento. São características dessa época as palmeiras butiás (Butia eriospatha) plantadas em frente às casas de madeira. Seguindo a mesma tendência repetitiva, porém nas casas mais abastadas da classe média, observamos o plantio das árvores de natal "européias", na verdade a árvore chinesa- Cunninghamia lanceolata. Hoje tornadas em exemplares de porte impressionante, se distribuem, principalmente, pelas proximidades do bairro Alto da Glória e Batel.




O tradicional pinheiro-alemão de natal é chinês - Cunninghamia lanceolata.









A Praça do Japão localiza-se no bairro Água Verde em Curitiba - PR. Seu projeto
 foi iniciado em 1958 e a praça foi concluída em 1962.


A lanterna japonesa de jardim - ishidoro - é um símbolo tradicional e conhecido internacionalmente, provoca grande impacto visual, a sua harmoniazação com a natureza é muito sutil. O exemplar em granito da praça do Japão, foi doado pela Assembléia Legislativa de Hyogo, estado japonês co-irmão do Paraná, em 1979.



O Buda no centro do lago marca a irmandade entre Curitiba
 e cidade nipônica de Himeji.


Transmite toda a paciência, paz e arte da cultura japonesa.



A praça é uma homenagem aos primeiros imigrantes japoneses chegados à Curitiba em 1910. A capital paranaense possui a segunda maior comunidade japonesa do Brasil, atrás somente de São Paulo, e hoje abriga mais de 32 mil descendentes de japoneses.



Cerejeira- do - Japão - Prunus serrulata




Em uma área arborizada de 14 mil metros quadrados, estão distribuídas trinta cerejeiras especialmente enviadas pelo império nipônico e seis lagos artificiais em tradicional estilo japonês. Trata-se de uma praça magnífica, o contraste da urbanidade moderna e a delicadeza da paisagem japonesa é eloquente, o espírito do observador percebe logo a diferença e a descontinuidade cultural.




Uma reforma, em 1993, incluiu o Torii - Portal Japonês, o Memorial da
 Imigração Japonesa e a Biblioteca Municipal da Praça do Japão.



Em 1970, o Parque Barigui inicia a série de parques públicos, viria a se tornar a marca paisagística da cidade de Curitiba neste final de século. O gigantismo da área e o grande lago do maior parque da capital influenciariam os novos parques tanto desta cidade como das do interior do Estado, a partir dessa época passaram a ser projetados, preferencialmente, com lago artificial e com grandes dimensões.



Parque Barigüi - Curitiba



A valorização imobiliária obtida nas áreas próximas ao Parque Barigui nas décadas seguintes, também foi significativa para reafirmar, na percepção social, a nova importância que as áreas verdes tinham no conceito de qualidade de vida.





Em 1975, a arborização de Curitiba, assim como de muitas cidades do interior, receberia um duro golpe. Uma precipitação de neve seguida de temperaturas muito baixas mataria 40.000 árvores nas ruas do município. Os registros indicam que, em 1928 e 1965, a neve ou o frio intenso marcaram a paisagem, mas a nevasca de 17 de julho de 1975 provocou um dano ambiental muito maior que as anteriores.






Neve na Praça Garibaldi - a neve foi sempre esporádica no Séc. XX,
mas 1975 provocou um forte desastre ambiental.



Os cristais de gelo pendurados nas árvores chegavam a 15 centímetros; a população, a princípio encantada com o cenário inusitado, veria a paisagem mudar, do verde coroado com o branco da neve e a transparência do gelo, para o marrom das plantas mortas.




No interior do estado não nevou, mas a temepratura do ar chegou a 0°C, provocando o congelamento da seiva das plantas, fenômeno metereológico conhecido como " geada negra", devido aos aspecto escurecido das plantas "queimadas" pelo gelo. Nos dias seguintes, o desastre ambiental mostraria as sibipirunas e as quaresmeiras, praticamente, erradicadas das ruas curitibanas e, nas cidades do interior de altitude superior a 500 metros, os flamboyants (Delonix regia), as palmeiras reais (Roystonea ssp.) e outras espécies tropicais foram seriamente afetadas pelo frio, morrendo e exalando forte mau cheiro.


Houve uma perda enorme de árvores de rua em todo o planalto paranaense. As matas nativas também perderam o verde demostrando a grande destrutibilidade deste fenômeno metereológico com pouca margem de recorrência.


Resistiram bem ao frio todas as espécies de clima temperado e algumas outras subtropicais como as exóticas tipuana, legustre e grevílea (Grevillea robusta) e as nativas ipê-amarelo (Tabebuia alba), jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosaefolia), angico-branco (Anadenanthera columbrina) e jerivá (Syagrus romanzoffiana).


As outras espécies de caráter mais tropical tiveram seu plantel urbano seriamente reduzido. Seriam substituídas, em Curitiba, pelo uso quase exclusivo do legustre e, em outras cidades mais quentes, preferencialmente, pelo legustre e pela sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) que desde então passaram a marcar, caracteristicamente, a paisagem desses locais.






"18 de julho de 1975, o dia em que o Paraná foi forçado a se reinventar. A forte geada, que congelou o orvalho e a seiva das plantas, destruiu toda a plantação de café do estado. O fenômeno, conhecido como geada negra, derrubou a participação do Paraná de 48% da produção nacional para apenas 0,1%."











Em amostragem realizada em 1985, constatou-se que as espécies mais freqüentes nas ruas e avenidas de Curitiba são: a extremosa ou resedá (nome mais usado nos estados de São Paulo e Minas Gerais) (Lagestroemia indica) com 24% de freqüência, o legustre ou alfeneiro (Ligustrum lucidum) com 14,7% e o acer (Acer negundo) com 9,2%.




A extremosa é também conhecida como primavera ou árvore-de-natal, devido à longa floração de primavera-verão, atingindo o seu ápice por volta do solstício de verão, daí seu nome natalino. Originária da Índia e da China, é de utilização comum em todo o interior da região centro-sul do país e resiste muito bem ao calor de verão e às ondas de frio características.



A resistência à poda radical, o florescimento conspícuo, a reprodução por estaquia (muda de galho) e o porte pequeno completam as razões para esta espécie ser a preferida. São conhecidas três variedades: rosa, branca e escarlate.





O alfeneiro, mais conhecido pelos paranaenses como legustre, é extremamente rústico, de crescimento rápido e muito resistente às geadas e às podas. Também é usado na agricultura como porta-enxerto de oliveiras. Oriundo do Extremo Oriente Asiático, o nome científico desta espécie provoca controvérsias. A diferença básica entre os três nomes mais citados, L. lucidum, L. japonicum e L. sinensis, é determinada pelo porte arbóreo do primeiro e pelo porte arbustivo do segundo. O terceiro nome refere-se a uma outra espécie , distinguida pelo porte arbustivo e pelas folhas com bordas matizadas de branco, não guardando muita semelhança com as demais. A literatura cita os três nomes indistintamente para as árvores no Paraná.


Como porte é característica subjetiva de difícil avaliação fora do habitat original, optou-se pelo primeiro nome por ser o mais usado na literatura consultada. Entretanto, ainda existem dúvidas quanto ao status taxonômico desse grupo de indivíduos vegetando no Brasil. A espécie é reconhecida pela sujeira que faz no seu entorno e, em especial, pelos frutos pretos redondos e abundantes. Entre as características desta espécie está a mais difícil reprodução natural sem a intervenção humana, pois caso se reproduzisse naturalmente como a Leucena e a Santa Bárbara tornar-se-ia uma praga ambiental.




O acer (ou bordo ou, ainda, "boxelder") é a árvore mais peculiar e característica da arborização de Curitiba. Originária da Califórnia e do México, é uma espécie utilizada em larga escala, exclusivamente, na capital do Estado. É facilmente identificada pelo porte mediano, pelo verde claro inconfundível das folhas e pelo peculiar cacho de frutos pendentes. Resiste às podas radicais que lhe são impostas, apresentando por vezes formas com um desequilíbrio inusitado, e é decídua no outono-inverno sendo de efeito paisagístico muito interessante em qualquer época do ano.


A espécie compete pelo terceiro lugar com a tipuana e os ipês amarelo ou roxo, estando a freqüência das três espécies, estatisticamente, muito próximas. Porém, o acer é o mais marcante pela sua predominância na maioria dos bairros da parte norte-leste da cidade.




Nos últimos anos, intensificou-se a arborização curitibana, todavia, continua a utilizar as mesmas espécies. O inventário das principais árvores, identificadas em 50 praças no ano de 1990, mostra a situação neste final de século desta que é considerada uma das mais interessantes arborizações do país:

196 palmeiras (a maioria jerivás);
172 legustres;
146 angicos brancos;
125 jacarandás mimosos;
117 tipuanas;
72 paineiras;
63 cupressus;
52 pinheiros do Paraná;
39 dedaleiros (Lafoensia pacari);
38 santa bárbara; e
24 ipês-amarelos (T. alba).




Alguns dos mais belos parques de Curitiba, inaugurados nos anos 90, seguem a tendência européia de ajardinamento e dão à cidade um romantismo típico das paisagens de clima temperado, enfatizando a força do saudosismo e da cultura estrangeira na cidade. A estética francesa de paisagismo, predominantemente adotada pelos países europeus, é uma das lembranças mais impressionantes dos turistas brasileiros que voltam do velho mundo. A concepção pura e a manutenção desses jardins encantam os visualmente acostumados somente à estética natural e exuberante dos trópicos.







Em 1999, Curitiba registrava 50 m2 de área verde pública para cada habitante.





Simplesmente incomparável em área, em qualidade de projetos e em conservação.




Os dois conceitos foram revisados para incorporar ao urbanismo curitibano um paisagismo exemplar no rigor estético, na técnica de conservação e na integração à paisagem natural, que é, também, preservada, quando ainda existe. Estes novos parques, carregam esta concepção madura e culturalmente pertinente, transformaram Curitiba em uma atração turística. Poucas cidades brasileiras oferecem paisagens modernas associadas a jardins tão bem cuidados. Alguns desses parques estão entre os mais belos e admirados do país, o estilo diferenciado do adotado em outras regiões brasileiras cria o contraste.



Jardim Botânico de Curitiba


No Calor de Maringá







De arborização e paisagem incomparáveis, essa jovem cidade merece todo o respeito e admiração pelo seu exuberante cenário urbano.


Fundada em 1947, num dos locais de solo mais fértil do norte paranaense, com seu paisagismo projetado para ser grandioso, a cidade de Maringá tornou-se um modelo.






A natureza erradicada como decisão.

Não houve evolução conceitual na implantação da arborização maringaense; tudo permaneceu como foi projetado pela Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná e o estilo primordial, ainda não foi superado, não cabendo, portanto, a descrição de cronologias evolutivas importantes. Depois de muito ponderar, percebi que o estilo da urbanização e do paisagismo maringaense ainda traz muitas influências do arte déco , as referências modernistas também estão presentes mas não preponderam. Parece com Goiânia, lembra bastante !




Uma arborização espetacular em terra fértil.





A cidade foi arborizada com técnica. O porte adequado das árvores e a distribuição das florações das diferentes espécies ao longo do ano é dificilmente observado em outras cidades .







No centro nas Avenidas Getúlio Vargas, Brasil, Tiradentes ou ainda na Cerro Azul, a arborização é das melhores que se possa imaginar. Exemplo paranaense de desenvolvimento urbano.



Acima a planta do projeto urbanístico de Maringá elaborado por Jorge de Macedo Vieira. O projeto foi encomendado em 1943 e, sem vir para a região, Jorge finalizou o traçado da cidade em 1945. A Companhia de Terras Norte do Paraná levou aproximadamente dois anos para ajustar as vias da área plana, passando a ser conhecidas como "Maringá Novo".



Bairros novos não apresentam o mesmo ótimo padrão da arborização característica da área projetada original, exibindo somente um paisagismo simples, não merecedor de comentários.




ESPÉCIES UTILIZADAS NA ARBORIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS VIAS DA CIDADE DE MARINGÁ

VIA
CANTEIRO CENTRAL
CALÇADA
Av. Euclides da Cunha
flamboyant
sibipiruna
Av. Perimetral
ipê-roxo, flamboyant e tipuana
jacarandá mimoso e tipuana
Av. 19 de Dezembro
flamboyant
sibipiruna
Av. Colombo
ipê-roxo, tipuana e extremosa
sibipiruna
Av. Cidade de Leiria
quaresmeira
sibipiruna
Av. Brasil
ipê-roxo
sibipiruna, jacarandá mimoso e alecrim de Campinas(Holocalix balansae)
Av. São Paulo
flamboyant
sibipiruna
Av. Santos Dumont
tipuana
-
Av. Papa João Paulo II
grevílea
-
Av. Prudente de Moraes
flamboyant
sibipiruna
Av. Morangueira
grevílea
-
R. Fernão Dias
-

espatódea
Av. Teixeira Mendes
figueira (aff. de Ficus enormis) e bougainvilea(B. glabra)
sibipiruna
Av. XV de Novembro

Av. Paraná

Av. Getúlio Vargas

palmeira real porto rico

sibipiruna,
tipuana
alecrim de Campinas
Av. Duque de Caxias

Av. Herval
tamareira espanhola (Phoenix canariensis)
jacarandá mimoso
sibipiruna
Av. Tiradentes

Av. Cêrro Azul
flamboyant
-
-
Av. Parigot de Souza
espatódea (Spahtodea campanulata)
sibipiruna
Av. Gastão Vidigal
grevílea
sibipiruna
Av. Curitiba
ipê-branco(Tabebuia roseo-alba) e extremosa
sibipiruna e alecrim de Campinas
Av. Rio Branco
pau-ferro (Caesalpinia ferrea var. leyostachia)
sibipiruna











A cidade já possui um inventário da arborização implantada pelo qual se estima um universo de 63.000 indivíduos de 75 espécies diferentes, equivalentes a 3,8 milhões de metros quadrados de área verde, com um impacto paisagístico urbano sem comparação nos demais centros urbanos do interior do Estado. O clima quente da região favorece o crescimento das árvores, e os cuidados que a população dispensa aos indivíduos recém plantados também são fatores importantes na formação desse patrimônio público. Maringá é excepcionalmente verde !





A verdejante e altaneira Av. Brasil, recém arborizada.



O estilo de arborização adotado nas grandes avenidas foi baseado na utilização de espécies floríferas ou esculturais de médio a grande porte e de crescimento relativamente lento.






Ipês roxo e branco e o azulado jacarandá-mimoso.



A existência de canteiro central largo na maioria das grandes avenidas da cidade, aliada à vegetação de porte, formou um ambiente onde o sombreamento tem uma grande ação climática prontamente perceptível. Os três eixos seqüenciais de árvores engrandecem o espetáculo proporcionados pelas grandes avenidas por ocasião da floração.



Os parques da cidade de Maringá também inauguraram, no Paraná, uma tendência muito em voga atualmente: a conservação de áreas naturais como parques urbanos. O urbanista Jorge Macedo Vieira estabeleceu este conceito paisagístico nos Bosques 1 (Parque do Ingá) e 2 e no Horto Florestal , são essas as reservas naturais urbanas representativas deste enfoque.




Uma verdejante jóia urbanística.


Dado o planejamento da cidade, as áreas destinadas aos futuros parques permaneceram cobertas pela vegetação original como reservas naturais. Com o loteamento do entorno e a rápida destruição da mata, essas ilhas de verde destacaram-se na paisagem reafirmando a necessidade de conservá-las com a menor intervenção possível.





A floresta original da região era, também, muito exuberante e dominada por gigantescas perobas-rosas (Aspidospema polyneuron). Abrigadas, nas primeiras décadas de existência, no seio de uma mata escura e úmida, séculos depois, já com 30 metros de altura, apresentavam-se como indivíduos vitoriosos de uma competição pela vida entre centenas de espécies vegetais. As perobas poupadas do corte, infelizmente não estão sobrevivendo por estarem fora do ambiente florestal; com elas, feneceram outros gigantes da mata como os paus-d'alho (Galesia integrifolia), as grápias (Apuleia leiocarpa) e os ipês-roxos (Tabebuia avellanedae).


Embora não se possa chamar o paisagismo de Maringá de modernista, há alguns aspectos desta tendência de estilo espalhados pelas calçadas da cidade. A Praça Pedro Alvares Cabral - foto acima - exibe um desenho modernista dos mais apreciáveis como se pode ver.


Parque do Ingá

Aspectos interiores do P. do Ingá.



O sentimento de perda devido à transformação da floresta nativa em campo agrícola deve ter contribuído muito para a manutenção das ilhas de mata original, mais ou menos intactas, cujo exemplo repetiu-se em áreas das cidades de Cianorte, Umuarama e Foz do Iguaçu. Criou-se, portanto, um espaço público intermediário entre a área de conservação da natureza e o parque público recreativo tradicional, algo inconcebível na primeira metade do século; hoje, uma inovação conceitual que é tendência.





A competente utlização da tamareira-das-canárias - Phoenix canariensis.


Verde e fértil.


Conjunto escultural de árvores-do-viajante - Ravenalla madagascariensis.

Na arborização das ruas das cidades paranaenses, a utilização de espécies nativas não convencionais, como a figueira branca (aff. de Ficus guaranitica ou F. enormis) ou a bougainvilea (Bougainvillea glabra), também teve seus primeiros ensaios em Maringá.





Seaphortia - chamada erroneamente de Palmeira-Real .



A palmeira seafórcia (Archantophoenix cunninghamii ou Seaphortia elegans), de origem australiana, está sendo plantada, atualmente, com um efeito paisagístico agradável, nos canteiros centrais de algumas vias da cidade de Maringá. Como também acontece na cidade de São Paulo, onde a freqüência de sua utilização tem aumentado muito nos últimos anos, esta espécie vem se firmando como uma opção estética para as cidades sujeitas às ondas de frio esporádicas. Como são poucas as palmeiras resistentes ao frio, este elemento paisagístico, tão abundantemente utilizado no restante do território brasileiro, tem o seu uso sensivelmente diminuído no Paraná e nos outros estados mais meridionais.




Palmeiras Reais de Porto Rico - R. borinquena - recém
 implantadas em avenida de Maringá.



Tentando identificar as chamadas palmeiras imperiais das avenidas de Maringá, a dúvida entre a palmeira imperial (Roystonea oleracea) e uma outra espécie muito parecida, mas bem menor, a palmeira real (Roystonea borinquena), ressurge em todos os seus condicionantes e variações de nome.



Palmeiras-Reais de Porto Rico ( R. borinquena ) já completamente adultas ebem estabelecidas em Maringá, os troncos de diâmetro irregulares com o característico perfil de garrafa de coca-cola não nos deixam dúvidas sobre a correta identificação. A verdadeira palmeira imperial não resitiria ao clima seco e por vezes muito frio do interior do Paraná. A confusão estabelecida na diferenciação entre as duas espécies aumenta quando as palmeiras seafórtia (Archantophoenix cunninghami), de porte muito menor, também são chamadas e vendidas, na região, como palmeiras-reais.





As principais espécies utilizadas na arborização de Maringá são: a sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) com freqüência de 38,4%, a tipuana (Tipuana tipu) com 7,5% e o ipê-roxo (Tabebuia avellanedae) com 6,9%; seguem-se o jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosaefolia) com 5,3% e a grevílea (Grevillea robusta) com 2,5%.






A sibipiruna, a espécie mais utilizada na cidade de Maringá, assim como em todo o Estado, é nativa das matas da fachada atlântica da Serra do Mar com ocorrência natural descontínua em pequenas áreas, entre o sul da Bahia e o Rio de Janeiro. Parecendo ser rara no ambiente natural, não é uma árvore de grande beleza, mas está longe de ser desagradável aos olhos. Resistente à seca e às ondas de frio não congelantes, é de crescimento relativamente rápido, porte altivo, proporciona sombra abundante e produz discretas flores amarelas.


No Paraná, a espécie tornou-se um instrumento poderoso para arborizar, rapidamente, as ruas de municípios com os mais variados climas e solos. A freqüência da espécie em Maringá, especialmente em ruas secundárias, é maior do que 1/3, e é pequena em relação à maioria dos outros municípios do norte-oeste paranaense, onde atinge, normalmente, a dimensão de mais de 2/3 do universo de indivíduos.



Nesses locais, o legustre, que em Maringá tem pequena presença (cerca de 2,2%), responde, normalmente, pela quase totalidade do 1/3 restante.





A tipuana, originária do Chaco paraguaio e boliviano, adaptou-se bem em todas as cidades paranaenses. A árvore é de grande porte, caracterizada pela textura da casca, pelas folhas compostas inconfundíveis, pelas flores amarelas discretas e frágeis e pelas sementes aladas.

Prefere os locais mais quentes, como Maringá, onde atinge maior porte, mas normalmente adapta-se a todos os climas do Paraná. Esta espécie é uma das mais utilizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, resistindo bem ao habitat urbano.






Das três espécies de ipê-roxo nativas do Brasil, a de folhas menores foi a mais plantada em Maringá e é, também, nativa da própria região, onde atinge um porte considerável. Chamada, indistintamente, de ipê-roxo ou ipê-rosa, essa espécie é facilmente diferenciada pelo número e tamanho dos folíolos das folhas compostas de bordas serradas. Esta espécie é a maior em porte de árvore, com folhas de menor tamanho e de bordas serradas, todavia é a mais demorada para florescer e também a de floração mais espetacular.







Para que não digam que de ti não me ocupei - Paraná de meu Deus!







Nenhum comentário:

Postar um comentário