VVVVVV>&&&&&%gt;gt;>>>>>>>>>>>>>>>>>"Ver e ouvir são sentidos nobres; aristocracia é nunca tocar."

&&&&&&>>>>>>>>>"A memória guardará o que valer a pena: ela nos conhece bem e não perde o que merece ser salvo."


%%%%%%%%%%%%%%"Escrevo tudo o que o meu inconsciente exala
e clama; penso depois para justificar o que foi escrito"


&&&&&&&&&&&&&&;>>gt;>>>>>>>
"
A fotografia não é o que você vê, é o que você carrega dentro si."


&
;>&&&&&>>>>>>>>>>>>>>>>&gt
"Resolvi não exigir dos outros senão o mínimo: é uma forma de paz..."

&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&"Aqui ergo um faustoso monumento ao meu tédio"


&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&"A inveja morde, mas não come."


sexta-feira, 1 de julho de 2011

Tomentosa



.




Kalanchoe tomentosa - Crassulaceae de Madagáscar -
sem nome popular no Brasil.


"Tudo o que eu faço
alguém em mim que eu desprezo
sempre acha o máximo."

Paulo Leminski

Vamos inevitavelmente começar esta postagem pelo clássico nome científico desta planta tão comum em cultivo e sem nome popular no Brasil . Os compêndios botânicos atestam o nome Kalanchoe como sendo oriundo ou adaptado do nome chinês para as plantas deste gênero de mais de 125 espécies, bem distribuídas pela Ásia e África. Na língua inglêsa a espécie é comumente conhecida como "Pussy's ears" - orelha-de-gata - ou ainda como Planta-Panda.


O nome específico "tomentosa" - significa densamente lanoso ou aveludado, é lido como se escreve. Já a leitura em latim de Kalanchoe é uma confusão sem fim, a maior parte das pessoas não sabem latim e erram a pronúncia desta palavra. A designação, por ser um nome científico, ou é latim puro ou é latinizada - portanto lê-se como latim , mesmo tendo origem em outra língua, como é o caso. Em latim "ch" lê-se "K" e "oe" lê-se "Ê", logo a pronúncia correta seria kalanquê tomentosa. Segue a regra geral da pronúncia de nomes científicos: Coelogyne lê-se "cêlógine", Coelia lê-se "cêlia", Chisis é "quisis" e Cochlioda é "koklioda".




Uma das mais belas e nobres
plantas em cultivo.


Este gênero botânico cujos membros possuem maioritariamente folhas grossas e carnudas, sendo por isso caracterizada como sendo uma suculentas. O nome da família vem doe"crassus", em latim significa espessura, em referência às folhas. O gênero Kalanchoe é majoritariamente africano e a "tomentosa" - vou chamá-la assim daqui para frente - é encontrada em estado selvagem apenas na ilha de Madagáscar, uma das províncias botânicas de maior diversidade e excentricidade no mundo.



Quase todo o lado oeste de Madagáscar é semi-árido, nessa região ocorrem muitas suculentas, é este o local de origem desta espécie de Kalanchoe e também de muitas outras do mesmo gênero que rivalizam em beleza com a tomentosa.


Abaixo exemplos  de espécies de Kalanchoe
 de Madagáscar - são muitas e quase todas 
interessantes e vistosas:




K. hildebrantii - elegante e sóbria.




K. laetivirens - um bordado vivo.




K. prolifera - conhecida tristemente como planta "Hebe Camargo".




K. thyrsiflora - a famosa "couve do deserto".





K. orgyalis - coloração ferruginosa rara de se ver.


Devido as intensas e esporádicas estiagens, a natureza obrigou a flora local a armazenar água em seus tecidos, até mesmo os gigantescos baobás parecem suculentas que viraram árvores. Na natureza, K. tomentosa cresce a alguns metros de altura, apresentando um tronco também lanoso ou aveludado com a idade. Trata-se de um arbusto de certo tamanho e não de uma erva como o porte apresentado em vaso no Brasil nos levar a imaginar à primeira vista.



Por ser, já a muito tempo, uma espécie muito apreciada e cultivada, e por isso altamente selecionada pelo gosto humano, apresenta atualmente em cultivo clones relativamente compactos, resistentes e adaptados nas condições desfavoráveis ​​de crescimento em residências. Sendo portanto uma espécie de facílimo cultivo em regiões sub-tropicais. Os clones mais belos e comuns raramente florescem no Brasil , isso é altamente desejável e benéfico, pois as flores são sem maiores atrativos e despendem uma grande dose de energia das plantas, além de estragar o belo conjunto normalmente formado com o seu crescimento e brotação.



A floração  terminal é anti-estética e rompe
 a harmonia do conjunto: melhor não tê-la. 
A planta gasta muita energia florescendo e 
exaure-se após a floração, permanecendo
então em longo repouso, com a estética
de seu conjunto vegetativo perdida.






Os nomes comuns usados no exterior, referem-se claramente às suas características de folhagem. As folhas e demais partes aéreas são inteiramente cobertas com uma densa camada branco-prateada de pêlos vegetais - chamados tecnicamente de tricomas. O ápice da folha e suas bordas apresentam vários pontos coloridos por uma vistosa cor marrom-ferruginosa. A densa cobertura de pêlos desempenha uma função vital para a planta, propicia uma eficaz conservação da água contida nos tecidos.


Harmonia e resistência.


No ambiente seco onde naturalmente medra o tapete denso de pêlos da planta diminui o movimento do ar diretamente na superfície dos tecidos, especialmente nas folhas, reduzindo assim a perda de água por transpiração. Cria-se uma fina zona de "ar-morto" ou "ar-parado" , bem no meio do emaranhado de pêlos prateados, assim o vento ressecativo não chega impactante até a pele viva da folha, reduzindo muito a perda de água. Com o tempo, encrustar-se muita poeira no meio destes pêlos, aumentando ainda mais a proteção das folhas. Quando retornam as chuvas as folhas são lavadas, até estarem limpas e renovadas pela umidade, passam então a funcionar plenamente, promovendo o desenvolvimento da planta.
Os pêlos prateados protegem a planta contra o vento dissecante, sendo também uma característica comum em outras espécies de crassuláceas suculentas.


Planta nobre.


Também a aparência branco-prateada das folhas ajuda na reflecção da luz, reduzindo as chances de super aquecimento da folhagem.
Sob o microscópio, os tricomas de Kalanchoe tomentosa são bastante originais. Em vez de ser simples e únicos, os pelos surgem como trigêmeos na superfície da folha. O espaçamento curtíssimo desses tricomas triplo resultam na aparência aveludada, a mais característica feição dessa espécie.


Forma vistosos conjuntos e é
de fácil cultivo.


Aprecia a disponibilidade do cálcio, devido a sua estrutura fortemente celulósica, há grande necessidade deste elemento. Cascas de ovos moídas podem cobrir o substrato, esta é uma das dicas de cultivo. Outra boa dica é cultivá-la em janelas externas, adoram vento e luz. Aceitam qualquer substrato bem drenado, a adubação deve ser feita na primavera-verão , ou com materia orgânica ( estercos curtidos - torta de mamona etc ) ou com adubação química em grânulos que se dissolvam com lentidão. Para quem tem pequenos cultivos recomendamos terra vegetal bem preta com 5-10% de casca de ovos bem moídas, além de cacos ou pedras no fundo vaso para favorecer a drenagem. Os adubos químicos para a aplicação ocasional recomendados para este tipo de planta, devem ser mais ricos em Fósforo e Potássio e ter menores dosagens de Nitrogênio.
O excesso deste último elemento provoca um maior crescimento verticalizado, flácido e desarmonico, destruindo rapidamente a beleza natural dessa planta; a sombra excessiva faz o mesmo efeito, porém mais lentamente. Recomendamos como a melhor adubação: uma mistura de matéria orgânica ( torta de mamoma ou algodão - esterco ou húmus de minhoca ) -70%, casca de ovo moída -20%, adubo químico granulado -10%; tudo bem misturado e aplicado nas bordas do vaso bem longe das raízes principais. Como a espécie requer calor para crescer, a adubação só faz efeito quando a temperatura se mantiver acima de 25° C. Como no verão o substrato seca mais rápido e o crescimento é maior, nessa época deveremos fornecer mais água por rega e adubação conjunta. Ou adubar e simplesmente deixar as plantas mais exposta ao tempo , caso o verão local seja chuvoso.

Exposta ao sol pleno, com pouca umidade e adubação,
torna-se de aspecto mais rude.



Em minhas plantas uso como adubação algumas pelotas de ração para cachorro e cascas de ovos moídas juntas, dão ótimo resultado por se decomporem aos poucos, liberando assim os nutrientes por mais tempo - uma colher de sobremesa cheia bem espalhada. A adubação química só uso no verão, mas esta é a minha recomendação para o clima super-úmido e frio de Curitiba, em lugares quentes pode-se adubar mais frequentemente. Como substrato uso 50% terra vegetal , 25% de brita miúda e 25% pedacinhos de madeira de pinus ( veja nas fotos finais onde se vê minha coleção ), não uso a casca do pinus, uso a madeira picada, as vezes coloco um pouco de espuma de estofamento picada bem miudinha para aerar e reter um pouco de umidade. A drenagem deve ser perfeita, devendo a água disposta em cima do vaso demorar menos de 10 segundos para ser recolhida no dreno principal embaixo do vaso. Quando a adubação é demasiada e a insolação insuficiente, a planta fica menos papeluda e temos então com consequência a queda acentuada das folhas, qualquer peteleco ou movimento derruba várias. Este último sintoma é resolvido com o aumento gradativo da exposição ao sol, diminuição da rega e com a imediata aplicação de cálcio na forma de calcário, a casca de ovo moída demora mais a se decompor.

As pedrinhas brancas ou são calcário ou mármore, são excelentes fontes de cálcio. As folhas se soltam com facilidade quando este nutriente mineral está em falta.


Podem suportar temperaturas abaixo de 5° C por curtos períodos, mas somente se o substrato estiver completamente seco, as geadas fortes queimam qualquer planta exposta que acumule água em suas folhas suculentas. Água deve ser fornecida mais raramente, uma vez a cada 2-3 semanas em climas frios e úmidos. Em locais ensolados e ventosos forneça água, mas mantenha o substrato seco por alguns dias antes de molhar novamente. Está espécie só fica doente de fungos ou atacadas por bacterioses quando há adubação ou água estão em demasia. Todavia é planta forte e resiste às temporadas chuvosas, mas o substrato mal drenado e consequentemente encharcado, torna-se intolerável. É de cultivo facílimo e prefere ser um tanto abandonada a ser muito bem cuidada, excelente para espaços externos como as janelas de apartamentos de onde não possam cair, em 3 anos forma lindas plantas de até 40 cm em vasos comuns. Abaixo fotos de plantas de minha coleção de tomentosas tipo e variedades.



Os exemplares desta espécie em cultivo popular no Brasil são muito mais belos do que as novas variedades recentemente importadas pelo comércio, talvez sejam todos derivados de um único clone muito bem selecionado. Reproduzido por mudas infinitas vezes, talvez já tenham produzidos algumas mutações ou quimeras, porém são todos praticamente idênticos e caracteristicamente jamais florescem.


A variedade mais comum, na verdade deve ser apenas um único indivíduo
 multiplicado por estacas, as populares mudas, é também a mais
bela, hirsuta e prateada; apresentando uma ótima adaptação ao
 cultivo e nunca floresce, o que por fim é
 uma característica bem desejável.


A variedade Ginger - recentemente introduzida.

A var. Ginger tem um peculiar tom de lima-limão nas folhas novas, estas fazem lembrar a cor do gengibre. Cresce muito bem, mas floresce com muita rapidez , estragando logo a harmonia do conjunto. Todavia seu vigor de crescimento a faz muito propícia para a produção de indivíduos comerciais.




Acima uma outra variedade de K. tomentosa: a "Soldado Chocolate".
Esta variedade também prefere ser meio que abandonada, em vez de muito bem cuidada, é a mais frágil e delicada das aqui apresentadas. Regada demais pode arruinar-se rapidamente, melhor alocá-la numa janela bem ventilada e ensolarada. Reconhecida logo devido às folhas mais finas, o porte geral da planta é também algo mais esguio. Atrativa pela elegância e leveza !





A bela "Soldado Chocolate" tem folhas mais finas.

As folhas novas apresentam a borda inteira e intensamente colorida pelos pontos marrons-ferruginosos
. Também floresce, porém bem menos do que a variedade Ginger.


Quando molhadas, as folhas tornam-se
momentaneamente verdes.


Soldado Chocolate é uma das variantes de cor coletada pelo Prof.Werner Rauh (1914-2000), da Universidade de Heidelberg, muito conhecido pela sua obra sobre suculentas e epífitas da África e América do Sul.
As folhas não são venenosas e nem comestíveis,
apresentam leve ação antibiótica tópica.



A espécie é artificialmente propagada por divisão de touceiras ou de rebentos, enraíza com total facilidade. Folhas removidas ou caídas naturalmente, depois de algumas semanas, produzirão, a partir da cicatriz, uma pequena plântula, portanto mesmo não produzindo sementes, esta espécie propaga-se sozinha e abundantemente. Coloque as folhas cortadas por sobre um substrato seco e não as enterre deixando-as na superfície para evitar apodreçimento, quando a plântula estiver com mais de 5 cm, será possível relocá-la em um novo vaso.



Propagação por brotação de folha - muito característica
e funcional neste gênero botânico.


Plantada no chão ou em grandes vasos pode tornar-se arbustiva e assim aoresentando a aparência de uma pequena árvore, formando um volume maior de ramos e folhas acima de uma haste mais lenhosa central. A
escolha do substrato é fundamental, nunca opte por solos ou substratos arenosos pobres em nutrientes, entre estes e a terra preta vegetal comum, é melhor usar a última. Este tipo de planta prefere substratos levemente pedregosos com matéria orgânica, o substrato mais fácil de se obter para plantá-la é a mistura de terra preta com 30 % de cacos de tijolos ou telhas quebrados em pequenos fragmentos. Seu principal inimigo é a podridão-de-raíz devido ao excesso de umidade ou ao solo mal drenado. É, assim, uma planta perfeita para aqueles com tranquilidade para esquecer um pouco dela.



Outras espécies de crassuláceas
similares ou aparentadas:








K. beharensis é uma espécie próxima a tomentosa. Difícil de cultivar ,
se o local é úmido ela cresce muito e fica feia!




K. eriophylla - também de Madagáscar - tem uma pelugem ainda mais densa e prateada , também difícil de ser cultivada pois necessita de muito pouca água e de ar seco, apodrecendo com muita facilidade apenas com a alta umidade no ar.





Echeveria pulvinata - Sul do México - tem similaridades morfológicas
devidas à uma evolução convergente. Fácil de cultivar!



Cotyledon tomentosa - da África Oriental e do Sul - também evoluiu para uma aparência tomentosa e suculenta bastante similar. Dentre todas as aqui retratadas é a mais comparável em charme e impacto visual. Mantenha-a quase sempre seca em terra preta fértil, a umidade constante, a sombra permanente e a floração destroem a beleza dos exemplares.







A mexicana Echeveria setosa e seus híbridos possuem pêlos e coloração
parecidos com tomentosa. São fáceis de cultivar e formam lindas plantas !

Echeveria setosa






As "primas pobres" de tomentosa são muito
comuns nos quintais brasileiros:




O saião ou folha-da-fortuna - Kalanchoe pinnata. Por ter a fama de trazer sorte e dinheiro ao cultivador tornou-se muito comum no Brasil. Todavia é planta sem maiores atrativos ornamentais, embora consiga ser muito funcional ao vegetar e ocupar locais ventosos e secos.




Kalanchoe tubiflora - também nativa de Madagáscar - esta espécie campeã de resistência já tornou-se expontânea em terras brasileiras e nasce até em telhados de casas antigas. Nas forquilhas de árvores, como epífita, sai-se bem, tolerando também a salinidade marítima.



Os híbridos de K. tubiflora, especialmente os com K. beharensis ou marmorata, são extremamente vigorosos e tornam-se até invasores descontrolados. Produzem grande quantidade de mudas de folhas e invadem as floreiras de cemitérios, barrancos rochosos e outros ambientes rudes similares. Prospera em locais onde nem o capim nasce ! Tecnicamente é uma praga difícil de ser erradicada depois de artificialmente introduzida.




Minha coleção de cactus e suculentas:

Click nas fotos abaixo e amplie !

Para quem não consegue sucesso com as difíceis orquídeas, as suculentas são uma segunda boa opção - toleram de tudo, menos umidade excessiva e falta de luz.








2 comentários:

  1. Belissimo site!!!!!!


    PARABENS

    Vera

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  2. Que maravilha este site. Aborda dois de meus grandes prazeres e amores: as orquídeas e as suculentas. Admirável pelo conteúdo e criatividade na formatação. Parabésn.

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