VVVVVV>&&&&&%gt;gt;>>>>>>>>>>>>>>>>>"Ver e ouvir são sentidos nobres; aristocracia é nunca tocar."

&&&&&&>>>>>>>>>"A memória guardará o que valer a pena: ela nos conhece bem e não perde o que merece ser salvo."


%%%%%%%%%%%%%%"Escrevo tudo o que o meu inconsciente exala
e clama; penso depois para justificar o que foi escrito"


&&&&&&&&&&&&&&;>>gt;>>>>>>>
"
A fotografia não é o que você vê, é o que você carrega dentro si."


&
;>&&&&&>>>>>>>>>>>>>>>>&gt
"Resolvi não exigir dos outros senão o mínimo: é uma forma de paz..."

&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&"Aqui ergo um faustoso monumento ao meu tédio"


&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&"A inveja morde, mas não come."


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

As Espécies de Cattleyas Brasileiras Confusas ou Parecidas - Parte III


"Eu não tenho nada 
para oferecer a ninguém.
Exceto minha própria confusão. 
A confusão é, na maioria
 das vezes, oriunda de 
outras confusões."


"Só sei que
nada sei."

Sócrates


"Nem sei se
nada sei. "

Sanches


"Ne crede oculis, falli possunt." 
Não confia nos teus olhos:
 pode enganar-se.

 Citação  latina



 
  "Faz parte da regência geral da
 vida: há sempre um natural 
embate intrínseco entre
 a coexistência e a 
independência."

"A ignorância é uma das melhores

vertentes da felicidade, 
há coisas que nos
ampliam para
 menos."


Perguntaram a Santo Agostinho:

O que estava Deus a fazer 
antes de criar o mundo?

Ele logo respondeu:

Estava a preparar o Inferno
 para todos que fazem 
estas perguntas.





Esta postagem é claramente dirigida aos
neófitos e leigos, que tal como eu
no passado, não conseguem
 acesso fácil à informação 
técnica sobre 
orquídeas.





Assim é...se lhe parece !

Você decide !
 
"Se você elimina o impossível,  
o que resta, por mais 
improvável, deve ser
 a verdade."
 Spock  
 Leonard Nimoy
Click para ver Cattleyas
 Confusas ou Parecidas:




Caso Complexo D:

 granulosa X schofieldiana


"Dois leões em cada pardo,
 dois saltos em cada pulo,
eu que só via a metade,
 silêncio, está tudo duplo"

 Paulo Leminski





“O valor das coisas não 
está no tempo que elas duram,
 mas na intensidade com que acontecem. 
 Por isso, existem momentos inesquecíveis,
 coisas  inexplicáveis e flores incomparáveis.”


 Talvez seja a C. granulosa a mais elegante e impressiva
 de toda as Cattleyas bifoliadas. Suas grandes flores
 cerosas, coloridas e fragantes hipnotizam a
 atenção, apresentam um aspecto
selvagem e primitivo
bem acentuado.

C. schofieldiana  típica, apresenta um
impactante visual, muito singular,
 por vezes parece primitivo,
 outras vezes moderno,
 talvez até mesmo
bem bizarro.

Apresenta evidente diferenciação
estética dentro do grupo
 das bifoliadas.

Sendo bem poético: talvez sejam
 apenas plantas sofisticadas
e com  um design que
lembra a arquitetura
de Calatrava.


Sempre que as vejo, fico impressionado
com o arrojo e a radiante beleza
 de suas formas florais.

Magníficas !


Acredito que, entre as espécies brasileiras, somente a
também intrigante e exótica  Cattleya dormaniana
 seja comparável em estranhamento
tão  agradável e sedutor.
 
 C. dormaniana também é algo
 primitiva e muito estranha;
faço piada que lembra ...


 ... um fantástico híbrido de
C. bicolor com
Rinoceronte
de Java.

Não há nada parecido...
 esquisitíssima.


Cattleya granulosa deveria ter sempre cores claras uniformes,
quase sem pintas, pétalas não muito maiores que as
 sépalas, sem dilatações na extremidades, e
também o típico labelo espatulado;
contudo, como repetirei várias
vezes à frente: é espécie
bastante variável.



Destes casos complexos e recorrentes de  pares de espécies de
 Cattleyas brasileiras similares, este é sem dúvida o pior de
todos os que aqui estarão descritos e comentados,
a barafunda de exemplares intermediários
é muito grande, e confundem.

Confundem, parecem com
as Gomesas, não se
chega a uma boa
separação de
tipos.

É preciso se ater aos caracteres
menos variáveis para proceder
qualquer determinação, que
neste caso, quase sempre
 deixa dúvidas.

Observa-se uma  imensa variedade de fenótipos diferentes
 nas flores destas duas possíveis espécies, a distribuição
 geográfica é grande e tudo contribuí para a grande
confusão taxonômica que se criou no entorno.

Reparem também nas ilustrações botânicas
e entendam que minha base de dados
para uma determinação não poderia
 ser outra senão a que extraio da
orientação botânica existente.

Jamais poderia me levar pela geografia
de ocorrência descrita nas fotos,
seria ainda mais confuso
e  inconclusivo.


 

  A Cattleya granulosa foi assim batizada devido às massas de tecido
 mais densas, coloridas e protuberantes que apresenta no  lóbulo
mediano do labelo; a função desta característica morfológica
 é atrair e também sinalizar o pouso do inseto polinizador,
além de conduzi-lo à frente, em direção às polínias,
 que deverá transportar até outra flor.

Há a necessidade primeva de que
o inseto seja fortemente atraído
pelas características das flores
daquela espécie, levando
assim as polínias para
outra flor similar.

Se a atração não se repetir,
a polinização não ocorre,
os frutos não surgem e
 a espécie  se
extingue.



Dependendo do peso do polinizador funcional
 o labelo poderá se rebaixar, permitindo
que o inseto penetre com maior
facilidade, ao sair de ré
as polínias irão colar
em suas costas.

Não existe qualquer troca mais realista,
trata-se apenas de uma sedução
 colorida, reluzente de cera
 e fragante: o polinizador
sente-se encantado.



Minha alma antiga também se
 encanta com tanta
 perfeição.





Distribuição da
Catlleya granulosa
 Alliance:


Ao apresentar este grupo de espécies próximas e aparentadas,
nossa intenção é expor e nos apoiar nos fundamentos que
 já existem sobre suas características botânicas
 diferenciais, e assim configurar um volume
razoável de parâmetros estáveis que
se contraponha ao fundo abismo
botânico de dúvidas e confusões
 sobre estas duas espécies
que não são tão
 dóceis à clara
distinção.



Cattleya granulosa  teve grande área de dispersão
 nordestina,  a C. schofieldiana é estritamente
capixaba-sul baiana, hoje muito rara, é
mais observável apenas nas cercanias
 do ainda florestado Município
de S. Leopoldina.

Os exemplares do Sul da Bahia
são aparentemente os mais
vistosos e impressionantes.


Cattleya porphyroglossa é uma espécie ainda bastante 
obscura e rara em cultivo, descrita disposta numa
distribuição ampla, porém quase sempre em
 populações pontuais muito distantes entre si
nesta grande extensão geográfica, foi tida
como existente desde de S. Catarina
  à Bahia. Rareou rápido demais
na natureza, ou então nunca foi
 abundante em nenhum dos
 vários locais onde
foi registrada.
 
Sua hipotética distribuição catarinense
e paranaense é uma lenda que não
deixou provas vestigiais mais
confiáveis ou concretas.



Cattleya tenuis aparece na região das chapadas 
baianas como epífitas em bosques secos e 
mais abertos, vegetando na mesma
 área com a mais rupícola  
C. elongata.

Embora seja mais relacionada com as
C. bicolor e violacea, foi também aqui
inserida por me lembrar uma
C. granulosa menor.


Reuni as informações que encontrei,
e compus o mosaico possível,
 não localizei melhores
parâmetros.

A confusão entre estas duas principais espécies aqui comentadas
transformou-se num problema botânico, os orquidófilos
também não acham norte para distinguir as duas
espécies que talvez sejam apenas variedades,
dependendo do ponto de vista.

Seria um diferença até aceitável e cabível
caso a população capixaba não
 estivesse tão isolada
 ao Sul, num habitat
tão diverso.

Há uma certa similaridade com
o caso das Cattleyas guttata
e leopoldii, à medida que
 ocupam habitats mais
meridionais.




Há tanta suavidade em nada
 dizer e tudo se entender. "
Fernando Pessoa

As formas extremas são até fáceis de distinguir, pela procedência 
também tornaria-se óbvia a distinção, alguns exemplares 
intermediários confundem e confundem.
Na primeira foto animada, temos um exemplar bronze com
 labelo de granulosa e pétalas bem desenvolvidas;  a foto
alterna-se com um exemplar de flor verde com
 labelo de schofieldiana e pétalas longas,
  onduladas e sem qualquer
sombra de pintas.

As duas populações
são em fato
variáveis.





Guido Pabst considerou a população capixaba-sul baiana como variedade, no máximo seria subespécie, por tudo que apurei, cheguei na mesma confusão que muitos, as duas populações,  capixaba-sul baiana e a nordestina, apresentam tal diversidade de formas que diria formarem uma superespécie de extensa distribuição geográfica, estruturada justamente na grande variação genética que lhes é peculiar. A população capixaba-sul baiana é realmente mais diferenciada dentro desta grande variabilidade da espécie, foi esta clara percepção que fez surgir o conceito de uma "nova espécie", percepção esta sempre muito excitante e estimulante para colecionadores. Não é fácil fazer a perfeita distinção entre estas duas "espécies" aqui consideradas, os textos sobre elas repetem as mesmas concepções morfológicas, as quais só se percebem clara e conjuntamente em alguns exemplares. Existem intermediários que ligam as duas "espécies", as diferenças não são só geográficas ou de transição mais suave, são pura riqueza fenotípica, aparecem às vezes algumas características ditas como diferenciais em exemplares das duas populações. Sem quaisquer motivos mais aparentes, apresenta-se uma grande mistura de características, às vezes segregadas em pequenos grupos, no geral aparecem sem seguir tendências mais reconhecíveis . 

 Embora respeitando o já histórico e clássico taxon C. schofieldiana, tão celebrado como raro e exótico pelos orquidófilos, acreditamos que este seja apenas um fenótipo mais recorrente na população de C. granulosa em terras capixabas-sul baianas. Por ser muito atrativo, eu vejo a C. schofieldiana como uma flor extremamente exótica,  tomou assim ares de variedade rara e de evidente nobreza de porte,  um lindo troféu em qualquer coleção, eu mesmo adoraria ter uma touceira desta magnífica planta brasileira. Do ponto de vista orquidófilo , o que chamamos de C. schofieldiana deve continuar vigente, já o status de espécie botânica é questionável e deve ser bem ponderado.



 Cattleya granulosa - Cattleya schofieldiana
 e a prima menor e muito mais rara:
Cattleya porphyroglossa.


 



Acima a Cattleya granulosa forma típica,
o seu labelo é padrão e um bom e
interessante ponto inicial
para uma observação
mais distintiva.

Reparem no rico detalhe botânico
 do labelo esquematizado aberto,
embaixo e ao lado, na imagem
acima, este é um ponto
característico e basal
desta espécie.

Acima então apresentamos
o padrão típico da
espécie.

Fixe-o, posto que vamos
usá-lo em comparações
e comentários abaixo.


Esta ilustração acima parece mais o
 que conhecemos como
 C. schofieldiana.

Reparem na sucessão de ilustrações, 
a mesma sucessão de tipos ou
raças que aparecem desde 
as praias do RN até
as matas serranas
do ES.






Labelo de C. leopoldii 
com o lóbulo  frontal
projetado.

 Labelo de C. granulosa com lóbulo
frontal muito mais projetado
 por unguículo.

A Alliance de espécies próximas
 à C. granulosa apresenta
o labelo unguículado.

 Uma característica
 forte do grupo.

Nos longos anos em  que estudei as orquídeas, o labelo foi sempre apresentado como a parte mais importante da flor, esta crucial peça floral teria de ser atrativa e funcional, selecionada preponderantemente pela necessidade prática de servir como aeroporto do polinizador, teria de atrair o tipo de polinizador correto, o dito funcional. Disporia necessariamente de estruturas e formas florais capazes de chamar a atenção de longe e sustentar o peso da aterrizagem deste polinizador, se o labelo colapsar,  a polinização certamente não ocorrerá. Também precisa resistir às intempéries climáticas nos poucos dias em que a flor estivesse exposta à polinização. De certo apresenta funções resolutivas para todas estas necessidades limitadoras do sucesso na polinização a frutificação; estas partes tão especiais da reprodução, conduzem, ou não, o indivíduo, ou a  espécie, a se multiplicar posteriormente, espalhando então milhares de semente portadoras de gens vitoriosos na luta pela sobrevivência. A morfologia da flor nos expõe a geografia do sucesso reprodutivo, a seleção natural assim a configurou, logo os detalhes florais  são muito mais importantes e funcionais que outros, não tão significativos para a perpetuação da espécie.


Nas observações que aqui teço, estabeleço então a maior importância do labelo dentro do conjunto floral, em meio a tanta variação, esta peça é, a meu ver, a mais indicativa de "mesma espécie" e de "capazes de se intercruzarem". Cores e formas de pétalas e sépalas são detalhes claramente protetivos e atrativos à distância, sendo sem dúvidas mais secundários dentro da morfologia da sobrevivência. Uma flor que teve as maiores peça florais decepadas, tendo sobrado apenas o labelo, ainda tem boas chances de ser fecundada e tornar-se em fruto fértil, o labelo tem imensa importância funcional e ecológica, sendo então forte fator de distinção. É preciso frisar este detalhe; poderia parecer ao leigo que o resto das características, muitas vezes tão atraentes e vistosas, estão sendo esquecidas ou obliterada da análise de forma intempestiva ou negligente.

Aprenda a reconhecer o labelo padrão da C.granulosa,
este é  um dos caracteres mais distintivo e confiáveis;
 cores e proporções são variáveis, quando o labelo
 foge muito do padrão, é sinal de algo
com uma nova função.


Ainda um seedling e já mostrando
 uma robusta vontade de crescer,
o aspecto geral da planta
 é bem desajeitado, 
no vaso piora.

Sobre sua ocorrência no estado de Alagoas, quem fala é Luiz de Araújo Pereira, no livro "Album de Orquídeas de Alagoas": "As plantas de Cattleya granulosa estão presentes em diversas altitudes, ecossistemas os mais variados: sobre maciços rochosos (depressão com restos de vegetais e musgos), em árvores (preferentemente as ibiribas) e até nas areias quase à beira-mar, aí com desenvolvimento extraordinário de suas raízes, mais longas do que de costume, em busca de nutrientes e umidade".

Cores claras e aspecto geral com poucas pintas são características que
primeiramente  apontam para a C. granulosa típica, se também é 
observado o labelo padrão espatulado, e se as flores são
 múltiplas e de porte não tão avantajado, podemos
 então ter certeza em identificar  o padrão
 típico da espécie
 nordestina.


Et Caterva Cognatis:


O lóbulo terminal do labelo em Cattleya porphyroglossa é relativamente longo e estreitado, claramente unguiculado e portando terminalmente uma projeção reduzida em relação a este grupo de espécies, esta projeção já mostra-se praticamente concrescida ao unguículo. Forma assim uma estrutura unguículo-lóbulo mais coesa e de aspecto bem diferenciado do restante do grupo de espécies próximas, denotando, aparentemente, uma adaptação a um tipo de inseto polinizador menor e possivelmente mais pesado, ou talvez a um colibrí. Diferenciando-se das outras espécies do grupo, que mostram lóbulos frontais também unguiculados, todavia com projeções muito maiores e conspícuas. O porte de C. porphyroglossa é o menor dentre as outras do grupo, a flor é cerca de 50% do tamanho de C. granulosa

C. porphyroglossa foi, conjuntamente com a L. jongheana, uma notória raridade por volta dos anos 60-70 do século passado, mostravam-se completamente raras e desconhecidas, somente registros muito antigos nos asseguravam de suas existências em uns poucos locais de terras nacionais, nos quais já haviam sido completamente coletadas, as duas espécies foram até dadas como extintas. Nos dias atuais, ambas estão um pouco mais bem conhecidas, novos habitats foram localizados e com o desenvolvimento da reprodução artificial nos orquidários comerciais, estão agora menos próxima do abismo da total extinção, mas na natureza não demorarão muito a desaparecer. São de cultivo dificultoso devido a necessidade que apresentam de ambientes muito singulares , só sobreviverão com mais segurança se forem selecionadas cepas mais adaptáveis às "condições de Cattleyas" dos orquidários comerciais e dos ripados dos colecionadores. Poderão então, tal como ocorreu com a C. schilleriana, tornarem-se mais cultiváveis, populares e vistas à venda; deixando por fim as raríssimas populações remanescentes, nos locais de difícil acesso, finalmente em paz.

O peculiar nome desta espécie  vem do latim porphyro = tipo de molusco
 do qual se retirava um caríssimo pigmento púrpura na antiguidade,
 e de glossa = a língua exposta propriamente dita.


Este agradável e pertinente nome
de batismo,  é  um dos mais
interessantes epítetos
 nas Cattleyas.

Cattleya porphyroglossa
   é raríssima e mal
conhecida.

Veja mais informações sobre
esta espécie nesta outra



Cattleya tenuis também é muito variável, mais parece uma intermediária
híbrida entre o grupo da C. granulosa e a alliance de C. bicolor.
Todavia, o labelo levemente unguiculado e as pequenas
granulosidades no lóbulo projetado,  mostram
 alguma semelhança com a C. granulosa.

Veja mais informações sobre
esta espécie nesta outra




A Cattleya granulosa:


Aliás observe bem, repare que planta bem acondicionada: vaso de barro bem
aerado, substrato de pequenas pedras graníticas, a barba de velho dando
um toque decorativo e mantendo umidade residual no arranjo. E o mais
recomendado: a negra trouxinha de adubo organo-mineral, envolta
num revestimento permeável: quando há rega o adubo escorre.

Ambiente sombreado, todavia ainda
bem claro e arejado.

Diria que está perfeito !



O peculiar labelo de C. granulosa é uma característica primordial desta espécie, fundamental e extremamente importante. Existe então definido um padrão de lóbulo frontal para o labelo desta espécie, é visto nas ilustrações botânicas, sempre mostrado com um unguículo uniforme e não estreitado, regular portanto, e projetando um apêndice terminal em forma de espátula variável. Nas ilustrações botânicas de C. schofieldiana surge uma disposição diferente, o lóbulo projetado mostra-se mais como  um leque, algo como uma peça auricular concrescida num unguículo, que às vezes parece estreitado antes da projeção algo arredondada ganhar espaço. 

Resumindo:  a parte projetada o labelo da C .schofieldiana 
 parece mais com uma orelha ou leque do que com uma 
espátula, em C. granulosa mostra-se espatulado;
cabe sempre ressaltar que todos  estes
 detalhes são apenas tendências,
 portanto são variáveis.
 


Visto isto passamos para os detalhes taxonômicos ainda mais variáveis: as pétalas de C. granulosa tendem, apenas tendem, a não se projetar além da circunferência geral da flor, são mais largas e armadas, geralmente pontudas, podendo ser também arredondadas. Próximo passo é avaliamos a armação, sempre muito boa em C. granulosa, peças florais firme e esticadas, as flores apresentam-se em tamanho médio e surgem em bom número ( 3-4 ) por pseudobulbo, isto em plantas saudáveis e bem estabelecidas. Por fim observamos se as flores são bem pintalgadas ou não, em C. granulosa as pintas existem, são esparsadas e poucas, geralmente em fundo amarelado. Se ainda assim surgirem dúvidas, não devemos nos surpreender, posto que nestas espécies tudo é muito variável e estamos sempre andando em terreno desordenado e pouco conhecido. 

Creio ser este acima o típico labelo espatulado e com um unguículo contínuo em largura, portanto
 não estreitado, a meu ver é a mais importante característica da Cattleya granulosa, todo o
 resto da morfologia floral varia de uma forma desconcertante, fugindo à constância, 
 e não se configurando como detalhes botânico seguros ou referenciais
na  perfeita distinção entre estas duas espécies
tão confusas e parecidas.

 
 A sempre presente dificuldade de pronta
determinação em indivíduos
intermediários.

Os dois exemplares imediatamente acima
 estão  determinados na internet como
C. schofieldiana,  não duvido que
 de fato sejam, e no entanto
 ainda me  parecem  
C. granulosa.
 
A dúvida persiste !

Estas flores acima têm o lóbulo projetado do labelo em forma  auricular, 
além disso apresentam um evidente jeitão geral de C. schofieldiana;
 contudo, o restante das características não são assim tão esperáveis, 
entendo estarem os exemplares acima ainda enquadrando-se 
dentro forma geral de variação da espécie, dentro do
 padrão da Cattleya granulosa. Creio tratar-se de
 uma aparência dúbia, secos num herbário 
seriam de  difícil determinação.

Apresentam apenas uma projeção do lóbulo 
pouco mais arredondada, o restante das 
características não evidenciam o 
quadro esperado para a
 típica C. schofieldiana .


Este exemplar acima sim, parece-me
 ser a típica C. scholfieldiana, com 
todo o conjunto geral de 
suas características
manifestado.

Acima não há 
qualquer dúvida
pairando !

Talvez, apenas saber  a origem dos
exemplares  faça toda a diferença 
que os nossos olhos se recusam
a observar e entender.

É tão sutil que não
sei se me faço
compreender !

As Cattleyas "primas" do mesmo grupo:
 porphyroglossa e tenuis, são também
 muito variáveis, mas ainda assim
 são prontamente distintas entre si,
e também da C.granulosa e
 suas diferentes variações.

Este detalhe parece-me decisivo
 na questão de serem, as duas 
espécies aqui consideradas,
 apenas subespécies; se 
fossem boas espécies,
 não haveria nenhuma
dúvida na correta
 distinção.

Não há qualquer dúvida na
distinção entre tenuis,
porphyroglossa  e
granulosa.

O ponto da confusão taxonômica neste 
grupo de espécies tem nome, 
e com certeza chama- se:  
C. schofieldiana.



C. granulosas nos habitats nordestinos,
 das restingas aos bosques secos
e  nas serras do interior.

Quase sempre aparecem múltiplas flores por
cada pseudobulbo, as pintas são poucas,
as plantas habitam locais ensolarados.

A variação morfológica é evidente,
 o primeiro exemplar da série
de fotos é bastante
intermediário.



A Cattleya schofieldiana:  

O que se estabeleceu como sendo 
C. schofieldiana é ainda
 mais  variável que
a C. granulosa.

Esta acima  parece uma
 C. granulosa avantajada !


Lê-se de certo: "eskofiuldiana",
ch = k em latim e em
outras línguas
também.

Uma das primeiras características notáveis
na Cattleya schofieldiana é o maior porte,
 tamanho é caracter muito variável, por
 si só, não serve como parâmetro
diferencial específico.

Aliás tudo que é muito variável
não serve como diferencial
 específico, as orquídeas
formam um grupo novo
 na Natureza, e por isto
muito rico em
 variação.

Temos que nos ater
ao que é menos
variável.

A existência independente desta espécie 
 poderia mesmo ser ignorada por não
 ter consequências mais importantes
 observáveis, ficaria bem disposta
como variedade dentro da grande
 diversidade que C. granulosa
 já apresenta em toda a sua
 grande dispersão. 

Vamos propor um princípio simplista de  que
uma espécie não é mais do que um  modelo
 delimitador de exemplares observados.

 Existe apenas na nossa mente e não
 tem qualquer outra realidade,
 seja lá o que for que
signifique.
  
Nesta superespécie, caberia bem
 esta subespécie, com boa
vontade, tudo seria
apenas variação.

Ao se promovida à espécie,
tornou-se problema !

Na prática, o que acontece muitas vezes
 é surgir uma espécie que mais não é
 que uma extensão de outra.

Repito o que já expus antes para a Cattleya leopoldii e que bem serve para C. schofieldiana : uma nova espécie, apartada de outra por razões de segregação preponderantemente geográficas, caracteriza-se geralmente pelo fato de fazer predições que podem, em princípio, ser contestadas ou falseadas pela observação de populações naturais fenotipicamente intermediárias. Sempre que novas experiências concordam com as predições, a espécie definida pela observação humana sobrevive, e a nossa confiança nela aumenta; mas, se novas observações surgem para causar desacordo, temos de abandonar ou modificar o conceito proposto para aquela espécie. Pelo menos, é o que se supõe que deva acontecer, contudo podemos sempre pôr em dúvida a competência da pessoa que efetuou a observação. Geralmente a profundidade da dúvida, e os grandes esforços necessários para saná-la, tendem a desmotivar novos estudos e a confusão assim permanece embalsamada por gerações.


Nos dois atípicos exemplares acima, aparecem flores enquadráveis
em quase todas as características de C. schofieldiana; contudo,
o labelo é algo espatulado, talvez seja apenas o ângulo das
 fotos, e também a armação das flores , nos remetem
 à C. granulosa, os lóbulos medianos destes
 exemplares deveriam de certo serem
 mais arredondados, mostram-se
intermediários enquanto
imagens, ao vivo,
talvez  não...



A forma típica de C. schofieldiana , nos dois exemplares acima, 
é facilmente distinta de C. granulosa, o problema,  como
 sempre, são os intermediários de ambos os lados, 
que mostram-se de difícil determinação. 

Se fossem todas como as duas de cima
não haveria problemas de pronta
 determinação. A  origem dos
exemplares é fundamental
para o julgamento
mais acertado.


Devido ao maior tamanho, Cattleya schofieldiana  apresenta poucas flores por espata,
 três numa haste já seria uma florada notável, são geralmente flores bem vistosas
 e muito mais pintalgadas, as pétalas são proporcionalmente  muito
maiores, mostram-se onduladas e arredondadas nas pontas,
 também caídas por sobre o labelo; a sépala dorsal é muito
maior que as duas inferiores, mostra-se bem destacada
 e ereta, sendo esta mais uma boa característica
para ajudar a determiná-la de longe.


No meio orquidófilo, corre a regra distintiva de que em C. schofieldiana as pétalas se mostram diferenciadas pela seu maior porte diante das pétalas de C. granulosa, sendo os vértices das pétalas caracteristicamente dilatados-arredondados. As flores com 10 cm de diâmetro, são de um modo geral muito maiores que a média do grupo das Cattleyas bifoliadas, mostrando-se, ao meu ver, como as mais majestosas e impressivas deste grupo. Se comparadas com as da típica C. granulosa mais setentrional , notamos serem mais pintalgadas e com o labelo maior e também mais perceptivelmente ungüiculado. O lóbulo mediano do labelo mostra num característico apêndice de forma auricular, diferenciando-se assim, em tese, da C. granulosa com seu típico labelo espatulado. Esta última característica morfológica é também variável, falha em muitos casos como poderá ser verifica em algumas fotos aqui dispostas.
 
 

Geralmente a C. schofieldiana apresenta flores de envergadura,  a sépala dorsal quase sempre
bem notável e ereta, talvez devido ao porte maior da flor; sépalas inferiores mostram-se
 geralmente recurvadas; as pétalas são, ou deveriam ser, grandes e onduladas,
 ultrapassando de certo o diâmetro das  sépalas, tipicamente pintalgadas,
às vezes terminado dilatadas e arredondadas, o que facilita muito
a determinação desta espécie ou variedade tão variável.

Mas tudo é variável !

 

 Esta flor acima, de aspecto extremado, nos indica a forma
esquemática teórica, ou talvez a ideal, da C. schofieldiana,
foto extremamente interessante como modelo
de tendência de diferenciação .

A medida que o labelo estreitou,
os lóbulos laterais expuseram
a coluna por completo.

As pétalas longuíssimas sinalizam
a existência da flor ao
 polinizador.

 
 Reparem acima  o labelo muito mais prolongado por unguículo, maior
 em proporção e completamente típico da população capixaba ,
 que poderia ter sido batizada de "Cattleya unguiculata"
a sépala dorsal deste exemplar é impactante.

De acordo com Withner, a principal característica de Cattleya schofieldiana é a sua forma singularmente curvada para baixo, de modo frontal a ponta da coluna fica oculta pelo labelo.  As pétalas dessa grande flor das matas de serras capixabas, pesadas que são, mostram-se muito projetada para à frente em relação ao plano das sépalas, ou seja: as pétalas caem meio que desabadas por cima do labelo, gerando um aspecto desestruturado que  é muito peculiar em C. schofieldiana. Florida e vista de longe, já podemos desconfiar que se trata de um exemplar desta espécie, tanto  pelo tamanho como pelo porte floral com pouca armação. Já a C. granulosa costuma apresentar  flores muito bem armadas e a coluna mostra-se quase perpendicular ao plano geral da flor, resultando na cápsula de polínias ficarem bem exposta em vista frontal, e o labelo acompanha a mesma tendência, assim caracteriza-se diferencialmente. 


Pétalas pintalgadas e caídas por cima do labelo , 
numa armação típica da espécie.



As plantas silvestres são geralmente encontradas como epífitas nas árvores que crescem nas encostas rochosas, ou em falésias, e preferem estes locais devido à luz abundante e a circulação do ar. De acordo com J. Fowlie, prefere troncos inclinados cobertos de musgos ou liquens, aparecem  também no chão da mata, cheio de detritos em decomposição, chamam de manta da mata este riquíssimo acúmulo de material orgânico. As raízes podem se estender por 2 metros ou mais; as plantas não tem período de repouso ou dormência pronunciado e a floração ocorre no outono, exatamente como na C. granulosa nordestina.


Este exemplar é um ótimo exemplo do fenótipo reconhecido como C.schofieldiana ,
visto nesta forma extrema e típica, fica fácil reconhecê-la, imaginei a
princípio que seria um exemplar das matas capixabas, mas
me enganei, não é planta desta região.

Esta majestosa planta, tão bem fotografada, nos põe a
pensar: seria mesmo uma  clássica  
C. schofieldiana ?

As fotos são de Alex Popovikn, o exemplar é
da Bahia, apresenta claras características
de C. schofieldiana, sendo então este
 o único Estado no qual temos
 por lá as duas espécie.


Ou as duas variedades !
Vc decide !





Os intermediários 
difíceis de serem
determinados:

Os exemplares intermediários, em ambas as espécies/variedades aqui
 consideradas, ambas  muito variáveis, nos confundem
 demais. Abaixo enumero uma especial seleção 
de plantas dúbias e confusas: pétalas e 
cores de uma e labelo da outra na
mesma flor indeterminável.

Arrisco que seja, com computo geral , uma granulosa 
de flores grandes e pétalas longas.


Labelo espatulado, mas porte geral bem próximo de schofieldiana,
 prevalece então o labelo de granulosa, mas se for capixaba
será então schofieldiana atípica no labelo .

A primeira das duas plantas acima parece uma granulosa metida
 a schofieldiana, a segunda o exato oposto.
Nas fotos fica difícil a distinção.

Cattleya ????? e Cattleya ????

?????????? Determine vc ai ....



Até este ponto diria que é realmente complicado separar C. guttata de C.leopoldii,
separar C. granulosa de C. schofieldiana é ainda mais difícil, diria que nos dois
casos estamos mais tratando de duas superespécies que ocupam grandes 
áreas geográficas, diferentes habitats e climas, por isso
difíceis de serem entendidas sem maior estudo
de área de ocorrência.

Vou usar a mesma sentença dada
à C. leopoldii, serve bem para
 a C. schofielidiana.


"Muitos taxonomistas consideram a Cattleya schofielidiana, como sendo apenas sinônimo da Cattleya granulosa, da qual seria apenas uma variedade de maior interesse horticultural, cuja permanência como espécie autônoma é perpetuada mais por hábito dos colecionadores do que por diferenças de comprovação científica."




Encerro essa abordagem árida dos pares de espécies
 confusas citando a mente tão cartesiana
 de Fernando Pessoa:



"Há um cansaço da inteligência
 abstrata, e é o mais horroroso
 dos cansaços.

Não se pode comer um 
bolo sem o perder."



Vamos então para
situações mais
 leves.


Ufa !

Um comentário:

  1. Muito boa sua exposição sobre a separação entre C. granulosa e schofieldiana, li com atenção e prazer, aprendi bastante, fiquei surpreendido com alguns detalhes, continue a nos passar boas informações. Nestor Paiva do Rio de Janeiro.

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