A História preza ordinariamente os mortos
e desdenha os vivos, com a mumificação
alguns egípcios antigos ainda
mostram-se imersos na
solenidade de si
mesmos.
O passado não está morto e enterrado.
Na verdade, ele nem mesmo
é passado.
Continua acontecendo
nas percepções mais
curiosas.
A eternidade é apenas uma
longa noite de contar
os anos.
No início do triste setembro de 2018, a Coleção Egípcia
dos Imperadores do Brasil foi incinerada durante
um assombroso incêndio que aqui já
estava previsto como inevitável
desde 2014, quando esta
resenha foi feita.
Todo o acervo arqueológico
e etnográfico do Museu
Nacional virou cinzas
em poucas horas.
O fogo consumiu algo muito
alguns egípcios antigos ainda
mostram-se imersos na
solenidade de si
mesmos.
O passado não está morto e enterrado.
Na verdade, ele nem mesmo
é passado.
Continua acontecendo
nas percepções mais
curiosas.
A eternidade é apenas uma
longa noite de contar
os anos.
dos Imperadores do Brasil foi incinerada durante
um assombroso incêndio que aqui já
estava previsto como inevitável
desde 2014, quando esta
resenha foi feita.
Todo o acervo arqueológico
e etnográfico do Museu
Nacional virou cinzas
em poucas horas.
O fogo consumiu algo muito
caro a minha alma
antiga.
Ao redor do buraco
tudo é beira.
Triste trópico !
Somente aquilo que o fogo não pode levar
embora é real. Tudo mais é irreal, é feito
da mesma substância de que são
feitos os sonhos.
Deixem o prédio nobre como está, pois agora
este descalabro é parte da História também.
Plantem muitas palmeiras imperiais
dentro, para dar graça à memória
do Império e do Museu, e
que o horror fique
para sempre
em volta.
Ao aproximar-me de relíquias egípcias, acontece
uma alteração na minha percepção de tempo.
Há uma experiência de consciência
alterada e isto muito me
fascina.
Estes tantalizantes resquícios fúnebres,
antiga.
Ao redor do buraco
tudo é beira.
Sacerdotes antigos tiveram funesto azar e
veio a ser aqui que o inferno findou
suas sutis esperanças de
eternidade corpórea.
Somente aquilo que o fogo não pode levar
embora é real. Tudo mais é irreal, é feito
da mesma substância de que são
feitos os sonhos.
Deixem o prédio nobre como está, pois agora
este descalabro é parte da História também.
Plantem muitas palmeiras imperiais
dentro, para dar graça à memória
do Império e do Museu, e
que o horror fique
para sempre
em volta.
"Para mim, foi o pior dia na história da arqueologia egípcia. Em todos os
museus do mundo o item mais importante deve ser a segurança,
especialmente contra fogo. O que aconteceu no Museu do Rio foi um crime.
Como pode um grande museu,
em uma cidade tão importante, ficar tão desguarnecido e desprotegido
contra incêndios dessa maneira? Acredito que ao menos possamos aprender
com essa lição dolorosa e nunca mais deixar que isso aconteça."
Dr. Zahi Hawass - eminente Ministro das Antiguidades do Egito,
sobre o inacreditável descalabro que causou a perda
da preciosa coleção egípcia do
Museu Nacional .
Ao aproximar-me de relíquias egípcias, acontece
uma alteração na minha percepção de tempo.
Há uma experiência de consciência
alterada e isto muito me
fascina.
Estes tantalizantes resquícios fúnebres,
oriundos de um passado tão remoto,
nos transportam com muita
facilidade para a magia
inspiradora de planos
enigmáticos, sutis
e invisíveis.
facilidade para a magia
inspiradora de planos
enigmáticos, sutis
e invisíveis.
Se hoje já são impressionantes,
em tempos antigos deviam
causar muito maior
impacto visual.
Elaborados funerais ritualísticos eram
uma tradição cultural desta
civilização antiga.
"Há poucas coisas mais encorajadoras
e estimulantes do que ver
alguém morrer."
Stanley Kubrick
"O passado, é infinitamente mais
estável do que o presente.
Os seus efeitos são
muito maiores."
Marguerite Yourcenar
"A intuição não é uma
opinião, é a própria
coisa. "
Schopenhauer
Os ritos executados por sacerdotes e carpideiras, para que defunto
persistisse pela eternidade, mostraram-se uma arte, seus vestígios
podem ser vistos em exposição em vários importantes
museus de mundo ocidental.
"A sensação de mistério é a única
Stanley Kubrick
opinião, é a própria
coisa. "
Schopenhauer
Os ritos executados por sacerdotes e carpideiras, para que defunto
persistisse pela eternidade, mostraram-se uma arte, seus vestígios
podem ser vistos em exposição em vários importantes
museus de mundo ocidental.
"A sensação de mistério é a única
emoção que se experimenta
com muito mais força
na arte do que
na vida.
na arte do que
na vida.
Stanley Kubrick
Apresentamos nesta postagem um breve olhar sobre a atrativa coleção
egiptológica formada pelos imperadores do Brasil, comentando
os mais curiosos desdobramentos históricos, culturais
e científicos a ela correlacionados, já sob à luz
da atualidade. Esse acervo é um verdadeiro
patrimônio nacional, que veio dar
egiptológica formada pelos imperadores do Brasil, comentando
os mais curiosos desdobramentos históricos, culturais
e científicos a ela correlacionados, já sob à luz
da atualidade. Esse acervo é um verdadeiro
patrimônio nacional, que veio dar
aqui por mero acaso ou
talvez por capricho
do destino.
Pode ser !
Imagino então que esta narrativa
seja um dos melhores salões
da minha alma
talvez por capricho
do destino.
Alguns entendem que uma coisa que não pode
ser explicada com palavras não existe.
Julgam que a capacidade de ser
expressa e a existência
ser explicada com palavras não existe.
Julgam que a capacidade de ser
expressa e a existência
venham a ser
o mesmo.
Os egípcios escreviam em tudo,
guiados por esta mesma
certeza de que se
está escrito
existe.
o mesmo.
Os egípcios escreviam em tudo,
guiados por esta mesma
certeza de que se
está escrito
existe.
Pode ser !
Imagino então que esta narrativa
seja um dos melhores salões
da minha alma
antiga.
A percepção feita em palavras,
materializada, passa então
a existir, e fica toda
à disposição do
visitante.
Esta postagem está
direcionada aos
curiosos e
leigos.
Não gastaria toda esta
energia para tentar
agradar uns
poucos.
A percepção feita em palavras,
materializada, passa então
a existir, e fica toda
à disposição do
visitante.
Esta postagem está
direcionada aos
curiosos e
leigos.
Não gastaria toda esta
energia para tentar
agradar uns
poucos.
"Conheça todas as teorias, domine todas
as técnicas, mas ao tocar uma alma
humana, seja apenas outra
alma humana."
Jung
Raro acervo arqueológico clássico,
que bem mereceria o título de
patrimônio nacional.
Ao que tudo indica, fora umas poucas peças,
quase toda coleção deve ser oriunda das
escavações de Belzoni, o que faz dela
um dos primórdios da Egiptologia.
Ao que tudo indica, fora umas poucas peças,
quase toda coleção deve ser oriunda das
escavações de Belzoni, o que faz dela
um dos primórdios da Egiptologia.
Nossa proposta é mostrá-lo
de forma rápida, séria,
pedagógica e muito
bem ilustrada.
A descrição histórica e técnica,
somada a comparações com
peças em outros museus,
pode se mostrar como
contextualizada.
A cultura brasileira aprecia tanto
a procissão: a religiosa, a
militar e a carnavalesca.
Vamos então ver este
cortejo fúnebre de
sacerdotes tão
antigos.
"O interior mais fundo do tempo não
é habitado senão por mortos
ilustres, já que, durante
suas vidas, ali nunca
estiveram..."
Schopenhauer
"Mistérios sempre me despertaram fortes
paixões, são o próprio magnetismo da
vida, é fantástico perceber que não
conhecemos quase nada sobre
a verdadeira natureza
das coisas."
David Lynch
Nietzsche
Ismail Paxá - Khediva do Egito.
Proporcionou a Pedro II um presente
elegante, de rei para rei, uma
dádiva perfeita para um
sábio coroado
Proporcionou a Pedro II um presente
elegante, de rei para rei, uma
dádiva perfeita para um
sábio coroado
Durante a segunda estadia do último imperador do Brasil no Egito, em 1876-77, o Khediva Ismail Paxá recebeu o monarca viajante como mandava o protocolo diplomático de Estado, impressionou o monarca brasileiro com o luxo e os prazeres em que vivia, ganhou então de presente de Pedro II um
livro sobre o Brasil, e em contrapartida presenteou-o generosamente
com um belo ataúde lacrado e contendo múmia. Ainda, ao que parece, percebendo a paixão do imperador pelas antiguidades, e certamente sabedor que já havia uma significativa coleção egiptológica no Museu Real do Brasil, também ofereceu-lhe
outros objetos da baixa época, entre eles, talvez, a
preciosa representação da Dama Takushit .
"A Ciência sou eu."
mim dura, o escrúpulo
da hora presente.
Tenho fome da
extensão do
tempo.
Ler é sonhar
pela mão de
outrem "
pela mão de
outrem "
Fernando Pessoa
" Se você já teve sentimentos de solidão, de ser
um estrangeiro ou estranho, isso quase
nunca te deixa.Você pode ser feliz
ou bem sucedido, mas aquilo
ainda permanece com
você sempre. "
nunca te deixa.Você pode ser feliz
ou bem sucedido, mas aquilo
ainda permanece com
você sempre. "
Tim Burton
A célebre múmia do gabinete
do imperador.
Comentaremos alguns aspectos de uma
improvável coleção arqueológica
egípcia que veio dar por aqui.
Esta coleção está na origem do
interesse de D. Pedro II
pelo Egito Antigo.
Falar dele, sem mostrar a
coleção que ele cresceu
admirando , seria
incompleto.
Esta postagem foi desmembrada
da anterior, que trata das viagens
de PII ao Egito, o tema das
antiguidades cresceu e
tomou bom vulto, e
assim, foi elevado
à postagem
própria.
Sobre o prédio sede do Museu Nacional da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
na Quinta da Boa Vista no Bairro
de S. Cristóvão:
do imperador.
Comentaremos alguns aspectos de uma
improvável coleção arqueológica
egípcia que veio dar por aqui.
Esta coleção está na origem do
interesse de D. Pedro II
pelo Egito Antigo.
Falar dele, sem mostrar a
coleção que ele cresceu
admirando , seria
incompleto.
Esta postagem foi desmembrada
da anterior, que trata das viagens
de PII ao Egito, o tema das
antiguidades cresceu e
tomou bom vulto, e
assim, foi elevado
à postagem
própria.
Universidade Federal do Rio de Janeiro
na Quinta da Boa Vista no Bairro
de S. Cristóvão:
“Mergulha no Nilo o homem
afortunado, logo voltará
com o peixe na boca.”
Ditado egípcio
" E que tudo passe...
e passe muito
bem ! "
Paulo Leminski
O Imperador egiptólogo viajou por duas vezes ao
Egito, interagiu com os principais egiptologistas
em atividade nas ruínas antigas, seus diários
estão formatados de tal maneira que
dão a impressão de que o monarca
desejaria escrever um livro
sobre o Antigo Egito
dos Faraós.
Não retornou pela terceira vez ao
país das múmias engalanadas
por proibição expressa
de seus médicos
em 1888.
Tornou-se famoso pela
sua inquietação e
curiosidade.
Na frente do palácio onde nasceu
e reinou, a estátua foi erguida
por seus admiradores e
amigos do IHGB.
Um marco comemorativo ao
centenário de nascimento
do mais ilustre dos
brasileiros.
Aqui está o acesso à postagem
sobre as viagens de Pedro II
ao Egito e ao início da
Egiptologia:
É neste imponente prédio imperial que hoje abriga-se o antigo acervo do
Museu Real, fundado por D. João VI, em 1818, no Rio de Janeiro,
na época a capital do Império Português. Após a deposição da
Monarquia por um golpe militar em 1889, o imenso edifício,
esvaziado de sua mobília e decorações em vários leilões,
foi destinado a ser a nova sede do antigo museu,
renomeado para "Museu Nacional".
D. Pedro II teria aprovado o destino de sua antiga residência,
antes mesmo, ele já abrigava ali um acervo particular de
objetos antropológicos e arqueológicos, também
minerais e um herbário que herdou de sua mãe.
Na condição de significativa coleção, uma
sala térrea do paço acomodava
o " Museu do Imperador".
A antiga primeira sede do Museu Real
no atual Campo de Santana no
centro do Rio de Janeiro.
D. Pedro II mostrava então aos visitantes de maior importância o seu museu
privado de antiguidades e outras curiosidades científicas, localizado
no andar térreo do Paço de São Cristóvão, neste encontravam-se
também múmias indígenas e mantos plumários havaianos,
entre outras peças de interesse deste erudito
monarca brasileiro.
O Paço de S. Cristóvão deixou então de abrigar a Família Imperial
para ser a nova sede de uma instituição de renome científico e
com grande acervo de peças biológicas e antropológicas;
entre as quais está a clássica coleção egiptológica
aqui comentada, foi durante décadas
uma das mais importante sedes
da ciência brasileira.
Os maiores despojos do Antigo Egito em terras brasileiras
estão abrigados neste prédio histórico, atualmente uma
estão abrigados neste prédio histórico, atualmente uma
Seção de História Natural e Antropologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Por isto o epíteto de Museu
Nacional da UFRJ.
"Com a proclamação da República em 1889, a família imperial foi banida do
país para não dificultar a implantação da nova forma de governo. O
governo provisório apressou-se a organizar um grande leilão das
mobílias, louças e objetos pessoais da família imperial. A intenção era
apagar rapidamente a memória da monarquia. O problema é que esse gesto
poderia significar também apagar parte da memória histórica do Brasil.
Esta era uma preocupação estampada nos jornais da época. Temia-se,
sobretudo, pelo destino das coleções do Museu do Imperador, que acabaram
poupadas de ir à venda pública. Nesse momento, D. Pedro II, exilado em
Paris, foi chamado a dar seu consentimento sobre a doação do acervo. A
resposta veio em 8 de junho de 1891, sete meses após o término do leilão
e seis meses antes de sua morte: “O meu Museu dou-o também ao Instituto
Histórico [e Geográfico Brasileiro], no que tenha relação com a
Etnografia e a História do Brasil. A parte relativa às ciências naturais
e à mineralogia sob o nome de Imperatriz Leopoldina, como os herbários,
que possam ficar no Museu do Rio.”
Aspecto original do Paço de S. Cristóvão, em cerca de 1870, com edifícios satélites
erguidos na parte posterior, estes blocos construtivos seriam incorporados
Deus permita-me
da Revista de História.
A Pedra do Bendegó.
Acima, os grandes esforços da Comissão Imperial (1888) designada para trazer
ao Museu Real o pesadíssimo meteorito Bendegó, de 5 ton , desde o sertão de
Monte Santo-BA até a portaria do museu no Rio de Janeiro. É perceptível
a determinação do imperador no sentido de conferir sempre maior
importância científica a esta nobre instituição brasileira. Na
época , este era o 2º maior meteorito metálico conhecido,
repousava então numa camada de 4 m de óxidos,
mostrando os milhares de anos em que
dormiu em solo nacional. Conforme
o texto da comissão: era feito
de ferro, níquel e encanto.
de ferro, níquel e encanto.
O paço residencial por ocasião do
casamento de Pedro II.
Aspecto original do Paço de S. Cristóvão, em cerca de 1870, com edifícios satélites
erguidos na parte posterior, estes blocos construtivos seriam incorporados
à parte frontal mais antiga ao longo do tempo, e hoje
constituem a parte mais descaracterizada e
sem restauro deste prédio histórico
sem igual, um patrimônio
nacional deteriorado.
A sala do trono, mesmo despida de seus móveis e
decorações, ainda é um ícone dos tempos imperiais.
Restaram uns poucos detalhes da estratégica e cabível simplicidade imperial
de D. Pedro II, embora exibindo uma dimensão grandiosa e austera,
a edificação mostrava-se pouco pretensiosa e sempre discreta,
não apresentando ao visitante nada além
do necessário para se configurar na
sede monárquica brasileira.
Pedro II e suas irmãs herdaram uma corte que, segundo testemunho
de um de seus primos europeus que a visitaram, era
“a mais miserável do universo” .
A sala do trono, mesmo despida de seus móveis e
decorações, ainda é um ícone dos tempos imperiais.
Restaram uns poucos detalhes da estratégica e cabível simplicidade imperial
de D. Pedro II, embora exibindo uma dimensão grandiosa e austera,
a edificação mostrava-se pouco pretensiosa e sempre discreta,
não apresentando ao visitante nada além
do necessário para se configurar na
sede monárquica brasileira.
Pedro II e suas irmãs herdaram uma corte que, segundo testemunho
de um de seus primos europeus que a visitaram, era
“a mais miserável do universo” .
Apenas o bloco frontal, o mais antigo, vistoso e bem construído, foi reformado e pintado de amarelo, os outros segmentos dispostos nas laterais e nos fundos, que foram sendo agregados ao paço ao longo do reinado de PII, em sucessivas reformas, continuam interditados ao visitante. Antes faziam parte da área de exposição do museu, apresentando uma variada e rica coleção de animais taxidermizados. Soube que esta coleção zoológica, já bastante deteriorada e sem viço devido às décadas em exposição, teria sido doada ao Museu da Fauna do IBAMA. Estas muitas salas que acredito estejam vazias ou sendo usadas como depósitos, não apresentam qualquer restauro exterior significativo como se pode ver acima na foto que mostra a imponente e degradada fachada dos fundos. Negam o acesso aos visitantes mais interessados como eu, fiz de tudo, mas não pude entrar e fotografar. Li, já faz algum tempo, que custaria muito mais de R$ 30 milhões restaurar minimamente toda está imensa construção. Imagino que poucos prédios seriam tão historicamente relevantes como a residência de D. João VI, Pedro I e Pedro II. Por que não há verbas para restauro de tão significativo patrimônio?
Transformado o clássico prédio em instituição nacional, foi acrescido de átrio
e jardim eclético frontal no início dos tempos republicanos. Mostra-se
e jardim eclético frontal no início dos tempos republicanos. Mostra-se
atualmente com muitos aparelhos de ar condicionado, com fiação
por toda parte. Visivelmente abandonado à própria sorte, quem
sabe aguarde pacientemente um incêndio "butantânico"
por toda parte. Visivelmente abandonado à própria sorte, quem
sabe aguarde pacientemente um incêndio "butantânico"
que catapulte-o em definitivo para o mesmo
plano de esquecimento que já abriga a
D. Pedro II e seu Século
Romântico.
Romântico.
O fogo levaria junto para as cinzas àqueles
antigos sacerdotes e suas milenares peças
de entorno, numa imensa fogueira
antigos sacerdotes e suas milenares peças
de entorno, numa imensa fogueira
de descaso e abandono.
Deus permita-me
morrer sem ter
este desgosto.
Conservação só a de fachada, obras assim mais especiais
nunca estão nos planos do governo, miram onde
as grandes empreiteiras possam atuar,
como em museus modernos.
Vamos voltar às informações
mais técnicas e motivantes.
Desculpem exacerbar-me,
mas a paixão por este
lugar é muito intensa
e talvez mesmo
infantil.
Deus salve o Paço
de S. Cristóvão !
A modesta residência oficial, chamado pelas filhas do imperador de "convento",
foi sempre um reflexo da mentalidade de Pedro II sobre o dinheiro público.
O imperador reformou várias vezes esta construção, mas jamais ousou
contrastá-la com a simplicidade brasileira. A maior parte dos recursos
destinados à manutenção da Casa Imperial do Brasil era por
ele redirecionada às bolsas de estudos no exterior e para
as pensões aos desvalidos que encontrava.
Jamais admitiu, em 49 anos de
reinado, qualquer aumento
de suas dotações
particulares.
O Paço é muito representativo do país:
imponente, vasto, envolto em belo
verde e em verdade sobressai
mais por ser simpático
e simplório.
O Império Brasileiro era democrático,
conforme os cânones da época,
algo semelhante ao britânico,
havia eleições e uma muito
boa Constituição.
O monarca não era dado a luxos, tolerava
mal as regalias protocolares, mostrava
erudição como intelectual, era
assim que se sentia bem.
Qualquer baronete inglês,
russo ou francês, teria
residência melhor e
mais requintada.
Depois de Pedro II
tudo mudou !
Durante o governo de Nilo Peçanha, uma reforma eclética "revitalizou" o átrio em frente ao neoclássico paço com balaustradas, escadas e vasos de baixa qualidade construtiva.Também um templo grego numa ilha do lago foi adicionado à paisagem romântica que Glaziou desenhou tão discreta e natural, entre outras decorações espalhadas por toda a parte, completamente características deste estilo arquitetônico hiper decorativo em voga nas primeiras décadas do Séc. XX.
Esta postagem derivou-se da anterior: D. Pedro II no Egito.
Cresceu natural, encorpou, animou-me e por fim
criou configuração própria. Foi com muita
satisfação que vi as belas imagens
se concatenarem tão
decididamente.
Nem parecia que eu
mesmo comandava o
desenrolar das
palavras.
Cresceram como
o mato na
roça.
Por forças
próprias.
Deste de seus primeiros estudos, PII deparou-se com a coleção
de antiguidades egípcias adquirida por intermediação de
seu pai, e posteriormente doada ao Museu
Real. Portanto, o seu interesse em tão
exótico e distante assunto, deve ter
correlação original com
esta preciosa coleção
de antiguidades.
Acima o Faraó do Império
das Selvas do Sem Fim.
Talvez na sua maisbela ilustração,
está soberbo.
Uma pilhéria muito
bem desenhada !
Elegante
mesmo.
Escadaria de acesso interno ao segundo andar do
paço, esta era ala social e de recepção oficial
dos embaixadores e visitantes; o terceiro
piso era a parte íntima da família, além
de abrigar uma vasta biblioteca e o
observatório astronômico.
Plantadas no jardim interno privado lateral, área para recreio das
duas princesas filhas e da imperatriz, as palmeiras imperiais de
mais de 130 anos são testemunhas vivas das espiadas que o
imperador barbudo dava na família , em
pé na sacada de seus aposentos.
Vivas e magníficas, nos
contam sobre o efeito
do tempo transcorrido.
Frente e fundos dos aposentos dos imperantes,
no terceiro andar do torreão esquerdo.
Logo após o Golpe Militar que derrubou
a Monarquia, uma decidida sucessão
de leilões dizimou os interiores
do antigo paço, como era
de propriedade estatal,
foi desrespeitado
pelos golpistas.
A residência particular de recreio do
imperador em Petrópolis manteve-se
de posse da Família Imperial
destronada no exílio.
Uma reforma eclética republicana descaracterizou
o purismo do paisagismo romântico implantado
por Glaziou no entorno deste paço imperial
logo após a primeira viagem do casal
de imperantes ao exterior,
em 1871, inspirado
no que viu, PII
designou a
reforma.
Dos antigos ocupantes, apenas a múmia do gabinete do
imperador continua abrigada na construção; tudo passou,
o tempo levou. Contudo, a dama cantora do templo mais
importante do Egito remanesceu e hoje é ela
que impera airosa na antiga mansão.
Na foto acima, que tanto
me tocou, o menino olha
tão interessado para a
egípcia ilustre.
O menino é sempre o
o pai do homem !
Preparada e composta para
encantar eternamente,
a falecida cumpre
sua destinação.
Eu quando criança olhava os
objetos dessa coleção com arguto
interesse: o aspecto muito
antigo das peças, a forte
singularidade da arte
egípcia e o clima do
museu faziam
devanear.
Esta apresentação não deixa
de ser um presente tardio
antigo das peças, a forte
singularidade da arte
egípcia e o clima do
museu faziam
devanear.
Esta apresentação não deixa
de ser um presente tardio
ao menino curioso
que fui.
Sou ainda hoje movido
pelas sensações
do passado.
Demandou uma vida
que fui.
Sou ainda hoje movido
pelas sensações
do passado.
Demandou uma vida
ter estas informações
todas aqui dispostas.
todas aqui dispostas.
Eu menino teria adorado
ler todos esses comentários
aqui concatenados.
Escrever é uma arma
poderosa contra as
ofensas da
vida.
Esquife de Hori.
Antes de apresentarmos as antiguidades
desta coleção, cabe primeiro explicar
o que é uma múmia egípcia.
Sobre a Prática da Mumificação
no Antigo Egito:
A palavra egípcia para múmia , sah ,
significa " nobreza " ou " dignidade " e denota uma estável manifestação física
divinizada, uma apresentação ritualizada dos restos mortais do falecido. Segundo a crença antiga o corpo
mumificado mostra-se transformado em uma residência perpétua para a alma,
enquanto a múmia existir seu espírito poderia visitá-la e permanecer
ligado às lembranças da existência passada e ao plano terreno em geral. Assim dava-se continuidade ao plano terreno, não havia qualquer conceito relativo a uma possível ressurreição, como sugerem erradamente alguns filmes americanos e europeus. No Egito Antigo a morte era a imensa noite de contar os anos, ninguém retornaria dela, nem mesmo por reencarnação, contudo o espírito permaneceria sempre ativo e vigilante. Havia claramente a crença num plano espiritual compensatório às boas ações.
De
acordo as crenças funerárias no Egito antigo, após a morte, a múmia
teria a propriedade de ser capaz de se reunir com diferentes
facetas do seu próprio espírito desencarnado. A alma poderia assim abrigar-se no sepulcro, bem como vagar fora dele,
apresentando uma propriedade ativa de se manifestar invisível e plenamente pela vida após a morte. A
múmia mostra-se então como uma representação física e teatralizada do morto, um corpo embalsamado visando receber eternamente a visita de sua alma. Se destruída a múmia, uma estátua, ou uma pintura nos muros, igualmente
ritualizada, poderia substituí-la nesta função de permitir ao espírito um contínuo vínculo com o mundo terreno.
Os
primeiros egípcios perceberam que corpos enterrados na areia quente do
deserto ressecavam-se rapidamente, e assim conservavam-se de forma
surpreendente. Depois perceberam que apenas enfaixando os cadáveres e encerrando-os em ataúdes, essa
mesma conservação não se repetia ao sepultarem seus mortos em tumbas
escuras e abafadas. Igualmente observando os animais desidratados nos
minerais depositados nas margens dos lagos salinos dos deserto, passaram
então a desenvolver uma prática artificial de ressecamento prévio dos
cadáveres, algo semelhante à fabricação contemporânea da carne-seca ou charque. A conservação do cadáver era basicamente salina, e a partir dessa base bioquímica, técnicas de evisceração mais sofisticadas e práticas cosméticas foram surgindo e deram evolução à embalsamação dos mortos mais ilustres da sociedade egípcia antiga
Acima uma ave desidratada por um sal sódico esbranquiçado no seu entorno, os egípcios observavam a mumificação ocorrendo na natureza, percebiam que os sais minerais tinham evidentes poderes para barrar a ação dos micro-organismos que decompunham os cadáveres. Contudo, havia diferenças deste processo fúnebre com a prosaica salga de carnes para alimentação. Os sais mumificantes mostrava-se compostos basicamente pelo carbonato de cálcio, além do tradicional cloreto de sódio ou sal grosso de cozinha; esta mistura natural de sais, muito mais potente e quimicamente ativa, ficou conhecida como natrão.
Após o falecimento, esperavam dois dias até entregarem o corpo para
mumificação, o processo começava com uma lavagem externa purificadora e
com a consequente remoção dos órgãos internos, retirados através de uma
incisão feita à faca no abdômen. Na sequência quebravam o osso do fundo do nariz e
por ali retiravam o cérebro ao girar um arame de bom calibre e tortuoso, apropriado
para a função. As cavidades criadas no cadáver eram preenchidas com serragem, liquens,
linho ou resina derretida. Os órgão internos entram rapidamente em
putrefação, provocam gases e líquidos, e deformam o cadáver, por isso precisavam ser rapidamente retirados. Passo seguinte: o corpo recebia
várias bolsas de linho e natrão e de palha, para que o ressecamento
também ocorresse homogeneamente no interior do cadáver.
Eram necessários mais de
200Kg deste material salino para produzir o ressecamento completo de um único
cadáver. Em oficinas de mumificação, geralmente estabelecidas em tendas
no deserto, lugar árido e ventoso, cobria-se completamente o corpo com este
material químico, era um procedimento ritualístico conduzido por sacerdotes de
Anúbis, deus das necrópoles. O deserto era portanto o local mais estratégico
para embalsamar, assim a curiosidade , as moscas e o odor desagradável
desapareciam da percepção dos vivos. Já eviscerado, o corpo iria se
transformar durante o período de salgamento e consequente desidratação,
depois de finalmente estabilizado, seria estética e ritualmente
recomposto para que então pudessem realizar o funeral. As vísceras retiradas do cadáver eram desidratadas em separado, e por vezes reconduzidas ao interior da múmia na fase final de acabamento deste processo esotérico.
A
gordura e os músculos desapareciam logo, dissolvidos e liquefeitos pelo
ataque químico, as gorduras saponificadas efluentes do
processo eram drenadas, posto que escorriam abundantemente, e com o
passar dos dias o corpo perdia massa e água. Por fim restava quase que
apenas um esqueleto recoberto de pele seca, mas ainda com boas feições
do falecido. O cadáver muito leve, frágil e malcheiroso, demandava então um
processo de fino acabamento com óleos, serragens e perfumes, para ficar
menos rude e fétido. Em seguida seria enfaixado em linho, mostraria-se assim mais
apresentável diante dos participantes do funeral. Todas as múmias que
estão no Brasil são de períodos mais tardios, portanto devem ter recebido, depois de findo o processo de desidratação, as suas vísceras
mumificadas e embaladas em linho à parte, dentro da cavidade abdominal.
Após o acabamento final de enfaixamento, com a investidura esotérica de
amuletos e joias, o corpo era então acondicionado num esquife, logo após a "abertura da boca ", um procedimento ritualístico para que o defunto pudesse falar e comer no outro mundo. Elaborados para quem não fazia parte das mais altas castas sacerdotais ou nobreza, os ataúdes mais populares eram
geralmente pré-fabricados em oficinas funerárias, e aguardavam apenas as
inscrições relativas aos títulos e nomes do falecido para que a venda fosse concretizada. Somente a elite
teria condições de bancar processos funerários personalizados e mais dispendiosos , estas
práticas de mumificação mais exclusivas eram plausíveis apenas para os mais importantes componentes da elite
sacerdotal, funcionários graduados e para a realeza.
Em
tempos mais ancestrais, as vísceras salgadas, desidaratadas e
embalsamadas, eram colocadas fora da múmia, em quatro recipientes
chamados de vasos canópicos. As múmias também passaram a receber, nos
tempos saítas, uma camada do betume petrolífero que brotava em alguns
pontos dos desertos. Enegrecidos e impermeabilizados, séculos depois, os
cadáveres, por associação, receberiam o mesmo nome árabe do betume: "mummya". Basicamente
era este o processo de mumificação no Egito Antigo, um processo caro,
especializado, e por isto somente acessível aos mais abastados. Em
tempos de domínio greco-romano, houve muito maior popularização deste
procedimento, todavia a qualidade técnica decaiu muito, houve uma
melhora na aparência externa em detrimento dos processos de conservação
dos cadáveres. O processo de conservação dos cadáveres tornou-se
precário, enquanto o enfaixamento e as máscaras funerárias refinaram-se
como nunca antes, equipamentos adicionais desapareceram, e os ataúdes
perderam qualidade artística.
Devidamente vestidos, embelezados e protegidos em esquifes - sarcófagos são de pedra - os cadáveres mumificados estariam então prontos para comporem com a eternidade desse estado religioso de pós-morte. Assim conservados, alguns exemplares chegaram ao nosso tempo, completando o desejo místico dos antigos: "ao falarem de ti, te farão de novo viver numa eternidade de milhões de anos". Muito interessante ressaltar que ataúdes com inscrições ditas em inglês como "mumbo-jumbo", totalmente desprovidas de sentido e apenas consistindo de letras e símbolos dispostos ao acaso e sem qualquer conteúdo inteligível, eram direcionados aos funerais de pessoas de menor importância. Para os analfabetos, somente as aparências já seriam suficientes. Algumas dessas peças, que até bem pouco tempo atrás eram consideradas como falsificações contenporâneas grosseiras, feitas por velhacos em tempos recentes para enganar incautos europeus compradores de antiguidades, mostraram-se após melhor estudo como sendo absolutamente verdadeiras e antigas. Analfabetos enganavam outros analfabetos já nesse passado ancestral, o importante era impressionar pessoas desejosas de propiciar um funeral digno aos seus familiares queridos, o golpe das inscrições "mumbo-jumbo" mostrou-se muito mais antigo do que se pensou primeiramente.
Sha-Amen-en-Shu significaria "os campos verdejantes de Amon”, pode
A retirada dos pouco consistentes orgãos internos
era a primeira parte do processo de mumificação.
Acima uma ave desidratada por um sal sódico esbranquiçado no seu entorno, os egípcios observavam a mumificação ocorrendo na natureza, percebiam que os sais minerais tinham evidentes poderes para barrar a ação dos micro-organismos que decompunham os cadáveres. Contudo, havia diferenças deste processo fúnebre com a prosaica salga de carnes para alimentação. Os sais mumificantes mostrava-se compostos basicamente pelo carbonato de cálcio, além do tradicional cloreto de sódio ou sal grosso de cozinha; esta mistura natural de sais, muito mais potente e quimicamente ativa, ficou conhecida como natrão.
é resultante do processo de total secagem de antigos
lagos salobros, restando então apenas os
sais minerais sódicos desidratantes.
Devidamente vestidos, embelezados e protegidos em esquifes - sarcófagos são de pedra - os cadáveres mumificados estariam então prontos para comporem com a eternidade desse estado religioso de pós-morte. Assim conservados, alguns exemplares chegaram ao nosso tempo, completando o desejo místico dos antigos: "ao falarem de ti, te farão de novo viver numa eternidade de milhões de anos". Muito interessante ressaltar que ataúdes com inscrições ditas em inglês como "mumbo-jumbo", totalmente desprovidas de sentido e apenas consistindo de letras e símbolos dispostos ao acaso e sem qualquer conteúdo inteligível, eram direcionados aos funerais de pessoas de menor importância. Para os analfabetos, somente as aparências já seriam suficientes. Algumas dessas peças, que até bem pouco tempo atrás eram consideradas como falsificações contenporâneas grosseiras, feitas por velhacos em tempos recentes para enganar incautos europeus compradores de antiguidades, mostraram-se após melhor estudo como sendo absolutamente verdadeiras e antigas. Analfabetos enganavam outros analfabetos já nesse passado ancestral, o importante era impressionar pessoas desejosas de propiciar um funeral digno aos seus familiares queridos, o golpe das inscrições "mumbo-jumbo" mostrou-se muito mais antigo do que se pensou primeiramente.
Sobre as Antiguidades
Egípcias no Brasil:
Exposições Públicas de Antiguidades
Exposições Públicas de Antiguidades
Egípcias legítimas no Brasil:
ser vista acima bem de perto, na segunda foto são vistas marcações
em branco que devem estar relacionadas à ressonância magnética.
É uma honra tê-la por aqui: respeitabilíssima senhora.
Adequadamente composta para resistir à eternidade.
Já esteve falecida e esquecida por séculos,
agora podemos considerá-la como
ressurgida dos mortos e viva
na atenção de outro país
tão distante do Egito.
Indo à frente, caminhará pela História
junto com D. Pedro II, seu novo e
bom companheiro nessa
escura noite sem fim
de contar os
anos.
O
artístico e sóbrio esquife presenteado, com cerca de 29 séculos de idade, contendo o corpo da cantora do
coro do deus, foi alocado primeiramente no gabinete de trabalho particular do
imperador. Muito importante frisar que apenas a família do faraó e os altos funcionários e sacerdotes apresentavam condições materiais de possuir esquifes personalizados, feitos com suas feições e portanto servindo de retrato. A maioria dos ataúdes antropomórficos destinados à classe média antiga, mostrava apenas uma idealização artística de um defunto bem composto, desfrutando do gozo da eternidade. Os caixões foram tradicionalmente pré-fabricados em série, elaborados por oficinas especializadas, mostravam tradicionalmente feições faciais de aspecto jovial até outras um tanto apáticas. Diferiam apenas em gênero, manufatura e custo, já traziam inscritas as evocações e preces litúrgicas usuais, recebendo após a aquisição as inscrições com o nome e títulos do falecido. Entenda-se que esta "cantora" egípcia ancestral era em verdade uma sacerdotisa que entoava cânticos religiosos ou litúrgicos, sendo consequentemente ativa no serviço de culto cerimonial da divindade de Amon-Rá, rei dos deuses e senhor da maior cidade do Egito Antigo.
O esquife ofertado ao imperador Pedro II era notável pela excelente qualidade, sóbrio e elegante, sem dúvida configurou-se num belo presente. Embora ele dispusesse de um museu privado no próprio paço imperial onde residia,
preferiu manter o elegante ataúde da cantora mais perto de si, onde tivessem contato diário. A peça de certo
provocaria curiosidade e espanto aos que visitavam o gabinete imperial. A obra de arte egípcia antiga
mostrava-se como uma corporificada conexão entre mundos tão
completamente atemporais, deveria impressionar os visitantes, até mesmo os estrangeiros. Pertenciam ambos, imperador e a múmia da
sacerdotisa, à elite das castas mais esclarecidas, tinham esta nobreza
em comum; assim vejo esta dupla tão atípica, mas não totalmente desconectada, talvez fossem namorados místicos.
PII sempre com o livro na mão e a mente
no seu tempo, um homem típico de
um século tão romântico.
Esquife contemporâneo, porém em museu norueguês, muito afim
e provavelmente da mesma oficina que manufaturou
o da Dama Sha-Amen-en-Shu, são peças
e provavelmente da mesma oficina que manufaturou
o da Dama Sha-Amen-en-Shu, são peças
inequivocamente similares. A diferença
de acabamento e o refinamento
do esquife da cantora são
evidentes e mostram
o maior valor da
da múmia do
imperador.
de acabamento e o refinamento
do esquife da cantora são
evidentes e mostram
o maior valor da
da múmia do
imperador.
Este ataúde muito similar em estilo, acima disposto, também apresenta a característica decoração pintada de
guirlandas envolvendo o peito, como se pode observar em outros exemplares aqui expostos, esta tendência decorativa mostra-se bem típica dos
ataúdes desta época. O caixão de Sha-Amen-en Shu apresenta este
mesmo detalhe e em mesma proporção de concepção, o que pode demonstrar que tenha sido uma peça pré-fabricada à qual foram acrescentadas inscrições identificadoras como acabamento final. O esquife da múmia do imperador é muito superior em acabamento artístico, sendo perceptível a grande diferença de qualidade de manufatura entre as duas peças arqueológicas tão similares em estilo decorativo e cores fundamentais.
Gabinete do Imperador - Paço de S. Cristóvão.
Surgiu então uma respeitosa
amizade já atemporal e
transcendental.
Dizem que pela proximidade imediata, Pedro II
lhe fazia algumas confidências e ganhava
conselhos. Contudo, o imperador
nunca foi pessoa dada
a misticismos.
Sobre a chegada da Coleção Egípicia
ao Rio de Janeiro:
"Ao primeiro imperador coube o pioneirismo, já em 1827, na formação de uma coleção egípcia na América Latina; ao segundo, amante do conhecimento, das ciências e das letras, competiu o fortalecimento do vínculo iniciado por seu pai, por meio de sua notoriedade e dedicação à Egiptologia, estabelecida através de seus estudos sobre a antiga civilização, do aumento do número de antiguidades egípcias da coleção iniciada por seu pai e, principalmente, de suas duas idas ao Egito e suas reminiscências relacionadas à terra dos Faraós , realizadas em um momento onde as idas ao Oriente faziam parte do itinerário de qualquer pessoa interessada a conhecer novas culturas” - da tese de Jaqueline Monteiro dos Santos.
D. Pedro I adquire a exótica coleção de antiguidades egípcias que
estava destinada a uma recém fundada universidade
argentina; o imponderável trouxe o valioso
acervo para o Rio de Janeiro.
O vendedor informou que as antiguidades teriam sido coletadas na cidade de Tebas, antiga capital do Egito, por um empreiteiro de escavações chamado "Belgozi". Neste tempo, na década de 20 do Séc. XIX, a egiptologia engatinhava, sendo historicamente iniciada pelo sistemático arrombador de tumbas italiano Giovani Belzoni, acreditamos e temos fortes indícios que o "Belgozi" de Fuengo seja o histórico Belzoni. Este esteve trabalhando para museus, colecionadores e comerciantes no Egito de 1816 até 1818. Portanto na época não havia pudores arqueológicos ou interesse histórico, havia a procura, o saque e os colecionadores de artefatos artísticos antigos e exóticos, se possível valiosos e dourados. Belzoni usava métodos literalmente explosivos e altamente destrutivos para abrir caminho por entre as pedras e o entulho dos séculos, procurava riqueza em meio ao esquecimento, os muçulmanos desprezavam os antigo pagãos e hereges, só mais tarde foram se dar conta da importância dos restos dos antigos.
A Tumba de Sethi I foi descoberta
cerca de 9 anos antes da
coleção egípcia de
Fiengo chegar
ao Rio.
Com a crescente experiência adquirida, Belzoni localizou em 1817 a célebre tumba de Seti I no Vale dos Reis, considerada a de mais impressionante e vasta decoração das tumbas reais do Egito, é um verdadeiro palácio subterrâneo. Havia poucos objetos dentro dela, já havia sido saqueada desde a Antiguidade, mas foram encontrados centenas de pequenas e tradicionais estatuetas funerárias, escravos para trabalharem no além morte, também a cuba de um precioso esquife de alabastro foi encontrada vazia, esta pertenceu ao conjunto de ataúdes do equipamento funerário do rei.
Cuba de um Sarcófago de alabastro encontrado por
Belzoni na Tumba de Seti I, atualmente exposto
em Londres, foi esta a peça mais valiosa
remanescente no sepulcro real já
violado por ladrões na
Antiguidade.
Fragmento de shabti de Seti I in situ
nos entulhos da famosa tumba.
Havia grande quantidade
destas estatuetas neste
recinto funerário.
Havia grande quantidade
destas estatuetas neste
recinto funerário.
Não por acaso, de 3 a 7 dessas estatuetas (veja mais abaixo) , oriundas da tumba de Seti I e conhecidas como shabtis, encontravam-se inseridas na coleção de "Belgozi" vendida por Fiengo. As estatuetas de madeira, muito mais preciosas do que as mais abundantes e comuns de faiança azul, estão atualmente em exposição no Museu Nacional no Rio. Estas três pequenas peças, que certamente pertencem à tumba do rei, podem nos indicar claramente qual é a origem desta coleção egípcia adquirida no Brasil. A correlação direta com os pioneiros dias da Egiptologia e com o nome de Giovane Belzoni, faz a coleção egípcia em terra brasileira tornar-se ainda mais cativante, preciosa e relevante. No país não há nada arqueologicamente mais importante, qualquer museu do mundo gostaria de expô-las.
Múmia de Sha-Amen-en-Shu - XXII-XXIIIª Dinastias - sacerdotisa e cantora do templo de Amon em Karnak durante o período em que faraós de ascendência líbia dominaram o país. Um interessante presente do Khediva do Egito, que a despachou cuidadosamente por navio. Mumificada e encapsulada em seu ataúde de madeira e gesso, lindamente pintado, bem composta e estabilizada para enfrentar a longa noite de contar os anos, veio dar, guiada pelo acaso e pelo interesse do segundo imperador, no Rio de Janeiro. Provavelmente seja a peça arqueológica mais valiosa em terras nacionais, reparem mais abaixo o grande destaque de exposição que o Britsh Museum dá à outra peça similar e contemporânea.
D. Pedro II mantinha o esquife em pé contra a parede em seu gabinete
particular,uma forte ventania abriu uma janela e o derrubou,
danificando-o levemente, o imperador mandou
restaurar a valiosa e rara peça.
Uma tomografia deste ataúde selado nos mostra o seu conteúdo:
o corpo de uma senhora madura ainda com alguns amuletos
protetivos. Sha-Amen não faleceu tão jovem como
sugerem as feições padronizadas do seu belo
esquife, devia ter cerca de 50 anos.
Como trata-se de uma cantora, a tomografia da múmia revelou
um detalhe muito interessante da mumificação: a região
do pescoço, garganta e início do peito está muito
especialmente protegida com bandagens
resinadas para que a voz da falecida
se mantivesse preservada no
além, no reino de Osíris.
Existe uma outra múmia de cantora algo similar em um museu
de Chicago, com as mesmas características de mumificação
protetiva na garganta e também ainda intacta em seu
esquife, chamava-se Meresamum e morreu aos
30 anos. A boca e o pescoço da cantora estão
revestidos com chumaços do que parece
ser terra fixada com algum
tipo de atadura.
Meresamaum, outra cantora mumificada.
Os esquifes da XXIIª Dinastia tendem
ao fundo branco, os da XXIª ao
verniz amarelado, cor do
papiro funerário.
Essa época da XXIIª Dinastia é conhecida
como a anarquia líbia, o país não tinha
um governo central, líbios regiam
o Norte e clérigos o Sul.
No Museu da USP há uma interessante cobertura interna
de ataúde de mesma época e semelhante ao
esquife da múmia do gabinete de PII.
Não chega a ser um esquife,
a peça é melhor definida
como uma prancha
de proteção da
múmia.
Ataúde e múmia do sacerdote Khonsu-maa-teru,
em museu de Hamburgo, bem típicos e bons
exemplo de peças da XXIIª dinastia.
Magnífico esquife da XXIIª Dinastia
exposto no Fitzwilliam Museum.
Embora haja significativa variação,
o estilo de ataúde no período líbio
tornou-se consolidado e
logo identificável.
Pilar Djet ou Djed, um
signo da estabilidade
no post mortem.
Simboliza a coluna vertebral
rígida do deus dos mortos
Osíris , ou Ausar em
egípicio antigo.
As cubas de esquifes acima apresentam o clássico símbolo
"Djed" no seu dorso , significando a estabilidade
de Osíris, o deus mortos no Egito Antigo. O
ataúde de Sha-Amen-en-Shu apresenta
a mesma disposição ritualística
clássica na época.
Também é possível observar os compartimentos frontais de
fundo branco, onde deuses e símbolos estão dispostos.
Anúbis, Ísis e o Olho de Hórus, além de outras
decorações protetivas, estão elencados no
intúito de dar à múmia proteção
e estabilidade eternas.
O
esquife intacto de Sha-Amen-en-Shu, presenteado a D. Pedro II pelo khediva, é todo original e está
em muito bom estado de conservação de cores e aspecto geral, sendo na
minha desimportante opinião, a mais preciosa e histórica peça de toda coleção egípcia do
Museu Nacional.
A única parte faltante no ataúde da múmia do imperador
é a sua base de madeira, no orifício surgido se
vê atualmente os pés da múmia.
O detalhe do carneiro alado no esquife da
cantora é muito interessante e típico
da época em que viveu
Sha-Amen-en-Shu.
Pode comumente ser reconhecido
em esquifes de outros museus,
como se vê abaixo:
Múmias Indígenas Brasileiras
no Museu do Imperador e a
Arqueologia Imperial:
Provável localização do "Museu do Imperador",
visto da fachada traseira do paço imperial.
particular,uma forte ventania abriu uma janela e o derrubou,
danificando-o levemente, o imperador mandou
restaurar a valiosa e rara peça.
Uma tomografia deste ataúde selado nos mostra o seu conteúdo:
o corpo de uma senhora madura ainda com alguns amuletos
protetivos. Sha-Amen não faleceu tão jovem como
sugerem as feições padronizadas do seu belo
esquife, devia ter cerca de 50 anos.
Como trata-se de uma cantora, a tomografia da múmia revelou
um detalhe muito interessante da mumificação: a região
do pescoço, garganta e início do peito está muito
especialmente protegida com bandagens
resinadas para que a voz da falecida
se mantivesse preservada no
além, no reino de Osíris.
Existe uma outra múmia de cantora algo similar em um museu
de Chicago, com as mesmas características de mumificação
protetiva na garganta e também ainda intacta em seu
esquife, chamava-se Meresamum e morreu aos
30 anos. A boca e o pescoço da cantora estão
revestidos com chumaços do que parece
ser terra fixada com algum
tipo de atadura.
Meresamaum, outra cantora mumificada.
Os esquifes da XXIIª Dinastia tendem
ao fundo branco, os da XXIª ao
verniz amarelado, cor do
papiro funerário.
Essa época da XXIIª Dinastia é conhecida
como a anarquia líbia, o país não tinha
um governo central, líbios regiam
o Norte e clérigos o Sul.
O vistoso carneiro alado protegendo o peito é bem característico do
estilo da XXIIª Dinastia, assim como o fundo branco e os
desenhos compartimentados, além das guirlandas
de flores na altura do peito do esquife.
em Londres, também de uma cantora, mas do Templo de Luxor, de nome
Tamut, mostra-nos como é característico e reconhecível
o estilo
funerário da XXIIª-Dinastia .
No Museu da USP há uma interessante cobertura interna
de ataúde de mesma época e semelhante ao
esquife da múmia do gabinete de PII.
Não chega a ser um esquife,
a peça é melhor definida
como uma prancha
de proteção da
múmia.
Ataúde e múmia do sacerdote Khonsu-maa-teru,
em museu de Hamburgo, bem típicos e bons
exemplo de peças da XXIIª dinastia.
exposto no Fitzwilliam Museum.
Outro esquife ainda mais espetacular, dessa mesma época,
no Museu do Brooklin - NY. Parece intacto para uma
manufatura de 28 séculos de idade, simplesmente
soberbo. O sacerdote está digno e composto
para cruzar sua eternidade de muitos
e muitos anos, exala uma beleza
capaz de corar a própria
morte. Vitorioso da
vida terrena.
vida terrena.
o estilo de ataúde no período líbio
tornou-se consolidado e
logo identificável.
Pilar Djet ou Djed, um
signo da estabilidade
no post mortem.
Simboliza a coluna vertebral
rígida do deus dos mortos
Osíris , ou Ausar em
egípicio antigo.
As cubas de esquifes acima apresentam o clássico símbolo
"Djed" no seu dorso , significando a estabilidade
de Osíris, o deus mortos no Egito Antigo. O
ataúde de Sha-Amen-en-Shu apresenta
a mesma disposição ritualística
clássica na época.
Podemos observar nas fotos o estrago feito no esquife ,
fragmentando sua
lateral e deixando grandes fissuras, a peça que ficava
em pé de contra a
parede foi ao chão durante um vento de tempestade
quando ainda
estava no gabinete de Pedro II.Também é possível observar os compartimentos frontais de
fundo branco, onde deuses e símbolos estão dispostos.
Anúbis, Ísis e o Olho de Hórus, além de outras
decorações protetivas, estão elencados no
intúito de dar à múmia proteção
e estabilidade eternas.
Na foto acima é possível ver a pintura lateral
do
esquife manchada, provavelmente com
óleos de libações cerimoniais
funerárias.
Observa-se refletido no espelho da
base da vitrine o mesmo símbolo
osiríaco Djed, já citado acima,
e que também orna a parte
dorsal do esquife
de Pestjef.
funerárias.
Observa-se refletido no espelho da
base da vitrine o mesmo símbolo
osiríaco Djed, já citado acima,
e que também orna a parte
dorsal do esquife
de Pestjef.
Outro exemplo de esquife contemporâneo, do Museu Britânico,
onde se vê marcas de libações funerárias, provavelmente
oleosas, bem semelhante às do ataúde da
cantora Sha-Amen-en-Shu.
A única parte faltante no ataúde da múmia do imperador
é a sua base de madeira, no orifício surgido se
vê atualmente os pés da múmia.
O detalhe do carneiro alado no esquife da
cantora é muito interessante e típico
da época em que viveu
Sha-Amen-en-Shu.
Pode comumente ser reconhecido
em esquifes de outros museus,
como se vê abaixo:
Iconografia comum nos esquifes desta época, o carneiro alado é uma
forma solar protetiva do deus Amon-Rá, reparem que
está presente nos belos ataúdes acima mostrados;
sempre um elegante e bonito design.
Originou-se da crença do barco do sol noturno: o sol surge no leste e
se põe a oeste, os egípcios imaginavam então que um sol noturno cruzava
se põe a oeste, os egípcios imaginavam então que um sol noturno cruzava
pelos subterrâneos infernais nas profundezas da terra, ressuscitando
completamente revitalizado no leste, a cada novo dia. É do
antigo mito do sol noturno, que iluminava o reino inferior,
antigo mito do sol noturno, que iluminava o reino inferior,
que surge o carneiro alado com o disco do sol
na cabeça, tão comum nos ataúdes dessa
época, simbolizando um guia para o
espírito do morto no
outro mundo.
As castas de sacerdotes e cantores do deus eram mantidas a partir da renda gerada pelas grandes extensões de terras do templo de Amon, propriedades doadas pelos faraós e fiéis em todo o Egito. Alguns sacerdotes serviam nos templos apenas alguns meses do ano, sendo para eles uma função mais honorífica do que permanente,
assim se explica a multitude de títulos aparentemente religiosos
encontrados em quase todos os ataúdes de pessoas de melhores posses
daquele tempo. Ser sacerdote não implicava exatamente em estar ligado ao
culto religioso, ou ser pessoa de melhor visão espiritual ou pia,
muitos administradores de vida mundana eram igualmente chamados de " pai
do deus", ou sacerdotes burocráticos ou administrativos.
O título de "cantora do templo" era restrito às mulheres das classes superiores, o estudo desta função sacerdotal mostra-nos que várias gerações de mulheres detiveram este título, muito provavelmente com as mães ensinando a função religiosa para as filhas.
Imagino que cantassem nas cerimônias religiosas e festas, talvez à
capela, ou num coro, quem sabe acompanhada de sistros ou harpa, como vemos nas
representações antigas imortalizadas nas paredes dos templos. Era uma atividade litúrgica muito honrosa, essas mulheres bem nascidas em castas sacerdotais, foram muito respeitadas na sociedade egípcia antiga.
Acima a sala de exposição do esquife de Sha-Amen-en-Shu.
Atualmente esta sala mostra-se muito escura, a forte
iluminação anterior, e as décadas de muito
descaso, afetaram as cores de muitas
peças, agora reina uma profunda
penumbra na exposição.
As fotos que consegui obter, lutando
contra o reflexo nas vitrines,
mostram-se escuras e sem
foco em função desta
dificuldade.
Outras múmias presenteadas
ao Imperador D. Pedro II:
Atualmente esta sala mostra-se muito escura, a forte
iluminação anterior, e as décadas de muito
descaso, afetaram as cores de muitas
peças, agora reina uma profunda
penumbra na exposição.
As fotos que consegui obter, lutando
contra o reflexo nas vitrines,
mostram-se escuras e sem
foco em função desta
dificuldade.
Outras múmias presenteadas
ao Imperador D. Pedro II:
no Museu do Imperador e a
Arqueologia Imperial:
Provável localização do "Museu do Imperador",
visto da fachada traseira do paço imperial.
Localização original do "Museu do Imperador", no pavimento térreo do Paço
de São Cristóvão, ali estava alocada a coleção privada de peças
arqueológicas de Pedro II, pertencentes à atual coleção
do Museu Nacional da UFRJ.
Havia múmias brasileiras neste acervo
privado de Pedro II , e cabe
comentá-las para bem
mostrar o interesse
do monarca.
Em 1871, os imperantes visitaram
pela primeira vez a Terra dos
Faraós, e lá tiveram maior
contato com as famosas
múmias egípicias.
Vamos então conhecer as três
múmias arqueológicas
brasileiras.
Comendador Mariano Procópio, um
empresário e grande amigo de
D. Pedro II, abriu a estrada
que ligava o Rio a
Juiz de Fora.
arqueológicas de Pedro II, pertencentes à atual coleção
do Museu Nacional da UFRJ.
Havia múmias brasileiras neste acervo
privado de Pedro II , e cabe
comentá-las para bem
mostrar o interesse
do monarca.
Em 1871, os imperantes visitaram
pela primeira vez a Terra dos
Faraós, e lá tiveram maior
contato com as famosas
múmias egípicias.
Vamos então conhecer as três
múmias arqueológicas
brasileiras.
Comendador Mariano Procópio, um
empresário e grande amigo de
D. Pedro II, abriu a estrada
que ligava o Rio a
Juiz de Fora.
Os privilegiados visitantes do Paço de S. Cristóvão que ganhavam acesso ao museu particular de Pedro II, desfrutavam não só a
riqueza dos mais de 600 objetos catalogados, mas também as
surpreendentes histórias que havia por trás de cada aquisição. Peças
intrigantes, por exemplo, eram as múmias indígenas encontradas numa caverna, na fazenda de D. Maria José de Santana, então na região de Goianá, e doadas por
ela ao imperador durante uma de suas viagens a Minas Gerais.
" Alguns caçadores encontraram na Serra da Babilônia, localizada na Fazenda da Fortaleza de Sant'Anna, então pertencente à progenitora do Comendador Mariano Procópio Ferreira Laje, duas cavernas (Caverna do Índio I e II) com 03 corpos mumificados naturalmente e 03 restos esqueletais. Segundo relato do Professor Sebastião Delvaux Tostes, publicado no "Anuário da Gazeta" (12/1951) o conjunto foi analisado pelo naturalista Dr. Basílio Furtado e remetido ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, onde se encontra em exposição permanente."
A melhor fonte de informações sobre o achado está no relatório escrito por Frederick Hartt, em 1875, logo após novas escavações serem solicitadas pelo Museu Real à segunda equipe técnica, em 1874, foi na primeira empreitada de pesquisa e escavações em 1871 que foram encontradas as múmias, juntamente com urnas e ossos, principalmente de crianças, dispostos mais superficialmente. O conjunto de restos humanos atualmente em exposição, encontrado na gruta de menor porte, próxima à Pedra dos Índios, no já citado chapadão , mostrava-se composto por uma mulher adulta, de aproximadamente 25 anos de idade, e duas crianças, uma na altura de seus pés, envolvida em um entrelaçado de folhas, e outra atrás de sua cabeça. Há indicações de que havia um quarto corpo, provavelmente semi-mumificado, também de posse do museu, mas este teria se deteriorado ao ser abrigado no acervo. Dizem que para retribuir o privilégio de explorar local tão singular e especial, o científico monarca, certamente computando o grande valor arqueológico de múmias ancestrais num país sem história antiga, agraciou a cafeicultora D. Maria com o título de Baronesa de Sant'ana. Contudo, talvez não seja verdade, posto que o título é de 1861, época da primeira visita do imperador, e somente em cerca de 1871 o Museu Real enviou a primeira equipe técnica e científica para investigar o cemitério indígena, encontrando as múmias. Nesta época a matriarca dos Ferreira Lage já havia falecido, em 1870. Pedro II se hospedou na residência da família em sua viagem de 1861 a Juiz de Fora, ele costumava conceder títulos a quem bem o recebia, o título foi concedido neste mesmo ano.
Talvez o achado arqueológico já fosse do conhecimento de alguns, sendo portanto mais antigo, quando fizeram os primeiros registros do local, a caverna já mostrava-se amplamente vasculhada por curiosos locais. Prefiro entender que o título nobiliárquico fosse em função do grande prestígio da família, e pelo fato da agraciada ser mãe de Mariano Procópio, grande amigo pessoal de Pedro II e da Família Imperial. Ele, por conhecer bem o perfil de Pedro II, logo percebeu que o monarca adoraria a excitação do presente arqueológico genuinamente brasileiro, acredito nesta versão, parece muito mais lógica. A primeira expedição científica ao sítio, datada de 1871, ano em que o imperador fez sua primeira viagem internacional, teve a sua frente Manoel Basílio Furtado, este proto-arqueólogo brasileiro já tinha experiência de trabalho em outro sítio arqueológico indígena em Castelo-ES, numa caverna nas nascentes do Rio Itapemirim. Ele localizou vários enterramentos superficiais, as múmias foram conservadas naturalmente por estarem pouco mais enterradas no solo de dentro da gruta, provavelmente bastante mineralizado e a salvo de umidade excessiva.
Contudo Mariano Procópio faleceu logo em seguida, em 1872, e provavelmente a doação das peças arqueológicas devem ter sido feitas posteriormente em menção honrosa à família. A comissão técnica fez a remoção das múmias para o Rio se Janeiro, sendo então abrigada no Museu do Imperador, e publicaram significativo artigo sobre o assunto em 1875. Na década de 1980, as cavernas foram motivo de contemporâneos e sistemáticos estudos arqueológicos, mais aprofundados e técnicos, contudo, o sítio mostrou-se infelizmente já completamente esgotado, encontraram apenas restos ósseos de animais de hábito cavernais.
Na primeira incursão exploratória feita por técnicos vindos da capital imperial, em 1871, as grutas já não se encontravam intactas, pelo contrário, mostravam signos de pesquisas de interessados amadores. As escavações encontraram no estrato mais superficial 5 urnas de cerâmica , todas com restos mortais de crianças; 4 cestos de fibra vegetal, 2 redes, dois bornais de caça, e corpos protegidos por folhas de palmeiras amarradas em leque. Cavando um pouco mais profundamente localizaram, enterrados, os 3 ou 4 corpos mumificados, inclusos as múmias aqui em questão. Totalizaram descobertos na caverna cemitério, 14 indivíduos, sendo 10 crianças. No segundo ciclo de escavações do Museu Real, em 1875, resolveram retirar toda a terra que havia dentro da gruta, com 20 escravos e em dois dias. Realizaram uma operação de remoção total dos sedimentos, expondo o leito pétreo assim se destruiu para sempre outras possíveis evidências arqueológicas. Encontraram apenas mais um esqueleto de criança dentro de uma urna de cerâmica, mostrando que o sítio já estava praticamente esgotado. Acredita-se que os restos dos artefatos indígenas anteriormente encontrados, possam ter sido enviados para coleções arqueológicas no exterior, posto que desde então desapareceram.
" Alguns caçadores encontraram na Serra da Babilônia, localizada na Fazenda da Fortaleza de Sant'Anna, então pertencente à progenitora do Comendador Mariano Procópio Ferreira Laje, duas cavernas (Caverna do Índio I e II) com 03 corpos mumificados naturalmente e 03 restos esqueletais. Segundo relato do Professor Sebastião Delvaux Tostes, publicado no "Anuário da Gazeta" (12/1951) o conjunto foi analisado pelo naturalista Dr. Basílio Furtado e remetido ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro, onde se encontra em exposição permanente."
A melhor fonte de informações sobre o achado está no relatório escrito por Frederick Hartt, em 1875, logo após novas escavações serem solicitadas pelo Museu Real à segunda equipe técnica, em 1874, foi na primeira empreitada de pesquisa e escavações em 1871 que foram encontradas as múmias, juntamente com urnas e ossos, principalmente de crianças, dispostos mais superficialmente. O conjunto de restos humanos atualmente em exposição, encontrado na gruta de menor porte, próxima à Pedra dos Índios, no já citado chapadão , mostrava-se composto por uma mulher adulta, de aproximadamente 25 anos de idade, e duas crianças, uma na altura de seus pés, envolvida em um entrelaçado de folhas, e outra atrás de sua cabeça. Há indicações de que havia um quarto corpo, provavelmente semi-mumificado, também de posse do museu, mas este teria se deteriorado ao ser abrigado no acervo. Dizem que para retribuir o privilégio de explorar local tão singular e especial, o científico monarca, certamente computando o grande valor arqueológico de múmias ancestrais num país sem história antiga, agraciou a cafeicultora D. Maria com o título de Baronesa de Sant'ana. Contudo, talvez não seja verdade, posto que o título é de 1861, época da primeira visita do imperador, e somente em cerca de 1871 o Museu Real enviou a primeira equipe técnica e científica para investigar o cemitério indígena, encontrando as múmias. Nesta época a matriarca dos Ferreira Lage já havia falecido, em 1870. Pedro II se hospedou na residência da família em sua viagem de 1861 a Juiz de Fora, ele costumava conceder títulos a quem bem o recebia, o título foi concedido neste mesmo ano.
Imperador, filhas e a imperatriz visitando uma
propriedade de Mariano Procópio
em 1861, tinham muito boas
relações pessoais.
relações pessoais.
Segunda visita de PII a Mariano Procópio, em 1869, já com
as filhas casadas. O imperador, acompanhado dos genros,
faz, na foto, um passeio no Rio Paraíbuna.
Croquis de localização dos enterramentos
indígenas encontrados na escavações de
Manoel Basílio Furtado, em 1871.
Manoel Basílio Furtado, em 1871.
Na primeira incursão exploratória feita por técnicos vindos da capital imperial, em 1871, as grutas já não se encontravam intactas, pelo contrário, mostravam signos de pesquisas de interessados amadores. As escavações encontraram no estrato mais superficial 5 urnas de cerâmica , todas com restos mortais de crianças; 4 cestos de fibra vegetal, 2 redes, dois bornais de caça, e corpos protegidos por folhas de palmeiras amarradas em leque. Cavando um pouco mais profundamente localizaram, enterrados, os 3 ou 4 corpos mumificados, inclusos as múmias aqui em questão. Totalizaram descobertos na caverna cemitério, 14 indivíduos, sendo 10 crianças. No segundo ciclo de escavações do Museu Real, em 1875, resolveram retirar toda a terra que havia dentro da gruta, com 20 escravos e em dois dias. Realizaram uma operação de remoção total dos sedimentos, expondo o leito pétreo assim se destruiu para sempre outras possíveis evidências arqueológicas. Encontraram apenas mais um esqueleto de criança dentro de uma urna de cerâmica, mostrando que o sítio já estava praticamente esgotado. Acredita-se que os restos dos artefatos indígenas anteriormente encontrados, possam ter sido enviados para coleções arqueológicas no exterior, posto que desde então desapareceram.
A múmia indígena feminina acima é a que aqui está em foco,
é natural, uma singularidade. O clima úmido e o solo
ácido do Brasil não colaboram, este processo
é natural, uma singularidade. O clima úmido e o solo
ácido do Brasil não colaboram, este processo
mumificante então raramente ocorre.
O conjunto encontrado enterrado na caverna, formado pelo índia
naturalmente mumificada e seu provável rebento, foi acrescido
dos restos de mais uma criança, para compor uma peça de
exposição museológica mais interessante.
Quando este conjunto mumificado foi doado ao
acervo do imperador, ficaram sob a guarda do
Museu Real os outros 11 restos esqueletais
recolhidos da mesma caverna em questão.
Os restos naturalmente mumificados,
estavam enterrados no solo dentro
da gruta, os outros esqueletos
estavam à flor da terra.
Este detalhe explica a
mumificação
natural.
O conjunto encontrado enterrado na caverna, formado pelo índia
naturalmente mumificada e seu provável rebento, foi acrescido
dos restos de mais uma criança, para compor uma peça de
exposição museológica mais interessante.
Quando este conjunto mumificado foi doado ao
acervo do imperador, ficaram sob a guarda do
Museu Real os outros 11 restos esqueletais
recolhidos da mesma caverna em questão.
Os restos naturalmente mumificados,
estavam enterrados no solo dentro
da gruta, os outros esqueletos
estavam à flor da terra.
Este detalhe explica a
mumificação
natural.
Detalhes sobre os corpos mumificados da mulher indígena e do recém-nascido expostos no Museu Nacional: ambos os corpos estavam embrulhados na mesma rede; o recém-nascido foi encontrado ao lado esquerdo do corpo da mulher embrulhado em uma trouxa de tecido vegetal que estava amarrado com uma corda que passava pelos dedos da mão direita da mulher. No braço esquerdo da criança havia um tipo de faixa e numa das pernas há um cordão feito com seções bastante largas de um osso oco.Sob o pacote formado pelos dois corpos, foram depositadas lado a lado algumas lascas largas de casca de árvore e um cesto emborcado, cheio de pequenos feixes de palha de palmeira, cada um com um nó. Sobre este foram depositadas lado a lado lascas de casca de árvore, como aquelas embaixo dos corpos, estando o conjunto coberto por terra. No mesmo sepulcro foi encontrado um bornal ( mochila com alça) semelhante àquele já descrito, mas em mau estado de conservação. Sobre os restos da outra criança pequena: enterrados a pouca profundidade embrulhado em faixas de tecido vegetal, recoberto por fora com palha de palmeira frouxa amarrada em alguns pequenos feixes como aqueles encontrados nos cestos e no bornal. O corpo estava depositado sobre uma pedra plana e sobre ele estavam lado a lado quatro pedaços de casca de árvore
O Chapadão da Serra da Babilônia mineira, atualmente situada no vizinho município Goianá, antes fazia parte de Rio Novo, na trilha da passagem para a famosa região da Serra da Canastra, está ainda bem próxima à cidade de Juiz de Fora. O clima seco e serrano do lugar, explica este achado raro no Brasil de corpos mumificados pertencentes a indígenas certamente pré-cabralinos. A mulher, de 1,48 metro de altura, deve ter morrido há cerca de 600 anos, de acordo com datação de Carbono14, portanto um pouco antes da chegada dos europeus. Os bebês tinham de um mês a um ano de vida. Embora seus corpos tenham sido encontrados juntos, na mesma caverna com restos de outros indivíduos, não é possível afirmar peremptoriamente que sejam mãe e filhos. Seus corpos foram amarrados junto a ossos, bolsas trançadas em fibras, rede de dormir, uma conta grossa e uma cruz de fios. Estes objetos, e especialmente o padrão das cordoagem e tecidos, além do histórico de povoamento do local dos achados, indicam que a origem do cemitério estaria no grupo indígena Botocudo, provavelmente em etnias Maxakali, Kanacam ou Makuni. A caverna certamente foi usada apenas e de modo contumaz como cemitério, não havia restos arqueológicos, vestígios de fogueiras antigas ou grafitos que indicassem outro uso.
"Está tudo tão distante
que às vezes penso
que nem
existo."
Leminski
A Exposição de Antiguidades
Egípcias no Museu Nacional:
O escaravelho alado com rosto de carneiro
é um dos ícones decorativos dos ataúdes
da XXI ª Dinastia, os mais belos e
elaborados ataódes funerários
da arte egípcia.
Um importante sacerdote tebano do deus Amom,
de família tradicional neste ofício e com toda
certeza muito influente em seu tempo.
Praticamente todos os esquifes ditos "amarelos", típicos da XXIª Dinastia, na verdade são apenas amarelados pelo verniz que os cobrem, são originários de Tebas, mais especificamente e quase tão somente de Deir-el-Bahari, de tumbas próximas ao Templo de Hatshepsut. O
magnífico esquife externo de madeira do sacerdote Hori, o interno perdeu-se e não chegou ao Brasil, apresenta os braços delineados e as mãos fechadas Além deste detalhe, também ostenta outros aspectos típicos do fim da primeira da XXIª Dinastia: lindamente estucado e pintado (acima), tanto a tampa
como a cuba impressionam pela riqueza de detalhes, é uma peça de primeira linha dentro do estilo desta época. Se completo em seu conjunto, seria uma peça arqueológica muito mais
interessante e preciosa que o esquife que contém a múmia presenteada a Pedro II pelo Khediva, tem cerca de 30 séculos de idade e é de manufatura muito mais refinada, todavia perde no conjunto geral, posto que apresenta danos consideráveis na cuba, também devido à falta do ataúde interno e a múmia original, estão aparentemente perdidos. As características morfológica deste esquife, caracterizado principalmente pela discrepância entre a decoração da cuba e da tampa, as duas peças nem parecem pertencer uma à outra, também a decoração interna com guardiões da múmia, e as cenas do Livros dos Mortos amplamente dispostas na decoração externa, inclusive a tradicional cena de Hator adorada na árvore de sincomoro, bem o datam como contemporâneo ao reinado do sumo-sacerdote Menkheprere, bem no meio da 21ª Dinastia. Há chances da estatueta de bronze deste Sumo Sacerdote de Amom e auto proclamado faraó, que também está na coleção do Museu Nacional, esteja obviamente relacionada com a descoberta deste esquife. A estatueta poderia ser uma lembrança de Menkhepere na tumba de Hori.
Diante da deusa Ísis, manifestada na árvore sicômoro, o
falecido Hori , finamente vestido e acompanhado
de sua alma Bá, qual um pássaro místico,
dispõe oferendas aos pés da figueira,
em busca de renovação
ou renascimento .
Detalhe importante para
a datação do esquife
de Hori.
Alguns estudiosos entendem que originalmente, no momento da aquisição da coleção por D.
Pedro I, no interior deste refinado esquife repousava uma
múmia intrusa, provavelmente pertencente a um outro período histórico bem
mais posterior, contudo falta certeza absoluta sobre este fato. Não há concordância plena sobre a pertinência entre a múmia e o esquife em questão, podem ser peças rearranjadas pelo vendedor, como também é caso da múmia romana dita "Kherima" no caixão do sacerdote Pestjef. Os rearranjos foram configurados visando a formação de peças arqueológica mais completas e comercialmente muito mais impressionantes e valiosas.
Apresentando um embalsamento muito aquém do esperado
para o ocupante de
um esquife tão bem elaborado, a mumificação do cadáver acondicionado neste esquife de pronto mostrava-se
claramente pouco cabível para um sacerdote de alto rank,
um supervisor do harém do deus Amon, como foi o prestigiado Hori. Também o
ataúde interno não acompanhava o conjunto, provavelmente tenha sido
saqueado em tempos muito antigos, destruído talvez, levando consigo a
múmia original de Hori.
A
também magnífica cuba do esquife de Hori não foi encontrada em tão bom
estado de
conservação, a tampa está praticamente intacta. Peça pintada com muito requinte,
teve que receber grandes extensões de massiva parafina restauradora branca
para encobrir as diversa partes faltantes e assim tentar cessar a
deterioração dos séculos. Pelo estado da cuba é
provável que a umidade deva ter destruído
o restante do conjunto original de dois
esquifes, estando o menor contido
no externo de maior dimensão.
conservação, a tampa está praticamente intacta. Peça pintada com muito requinte,
teve que receber grandes extensões de massiva parafina restauradora branca
para encobrir as diversa partes faltantes e assim tentar cessar a
deterioração dos séculos. Pelo estado da cuba é
provável que a umidade deva ter destruído
o restante do conjunto original de dois
esquifes, estando o menor contido
no externo de maior dimensão.
"Nesse aspecto, a visão da imortalidade que perpassa nos enterramentos da XXIª Dinastia é verdadeiramente congruente com o exercício profissional destes homens e destas mulheres que partiam para o Além investidos essencialmente de uma dignidade sacerdotal e eram essencialmente munidos de conhecimento (expresso na abundante iconografia que os rodeava) que aspiravam à imortalidade." Do egiptólogo Rogério de Sousa
Reparem que a cuba de Hori não foi concebida como antropomórfica,
posto que apenas a tampa
do esquife apresenta-se assim.
Trata-se de típico aspecto do estilo fúnebre desta
época, como observa-se no exemplo acima.
época, como observa-se no exemplo acima.
acima é de um ataúde dos fins
da XXIª Dinastia, os do
início, têm mãos
fechadas.
Outros atestam mãos abertas para
mulheres e as fechadas para
homens !
A tampa de Hori, com seus escaravelhos alados com cabeça de carneiro,
suas mãos fechadas, seu negro e texturizado nemes núbio, com uma
faixa de fixação e seus tons amarelados de verniz, são típicos
dos primórdios da XXIª-Dinastia, época do Pontificado
dos Sarcedotes de Amon em Tebas.
Quem sabe a singular estatueta de Menkheperre,
comentada já no fim dessa postagem,
seja proveniente desta tumba ?
Quem sabe a singular estatueta de Menkheperre,
comentada já no fim dessa postagem,
seja proveniente desta tumba ?
Na ilustração acima vemos Hori diante de Osiris, fazendo oferendas; a pesagem do
coração é bem sucedida e Toth,, com cabeça de íbís, apresenta a Osíris,
sentado em seu trono de deus do outro mundo, o resultado
do julgamento da alma de Hori. Assim ele também
mostra-se como um "Hori Osíris" já
justificado de voz.
Aspectos da pintura interna
da cuba de Hori.
O estilo e a super decoração dos esquifes dessa
época sintetizam as mudanças nos ritos
mortuários, os esquifes passaram a
trazer em si toda a necessária
iconografia funerária que
antes ficava nas paredes
da tumba, eram
mini tumbas
móveis.
Onde fosse o ataúde, iriam também
as preces e imagens clássicas
da decoração e assim
ficava muito mais
fácil a vida
no além.
Surgem então tumbas coletivas, não definitivas,
que passaram a abrigar vários enterros
de caixões muito decorados e
múmias sem qualquer
outra riqueza ou
preciosidade.
Queriam assim livrar os
mortos do eterno
saque dos
vivos.
O tocado texturizado negro - nemes - muito bem esculpido,
é pouco visto nos ataúdes dessa época, o restante da
é pouco visto nos ataúdes dessa época, o restante da
decoração do esquife, inclusive o seu verniz
amarelado, é bem típico e muito comum
em outros exemplares semelhantes
amarelado, é bem típico e muito comum
em outros exemplares semelhantes
em museus europeus.
Se o ataúde é bem típico, a múmia
que estaria nele originalmente
abrigada também deveria
sê-lo, mas deve ter
sido perdida.
Esquife interno, muito similar ao externo de
Hori, no Fitzwillian Museum. Reparem
que a barba divina que estava
encaixada no queixo mas
foi perdida.
que estaria nele originalmente
abrigada também deveria
sê-lo, mas deve ter
sido perdida.
Esquife interno, muito similar ao externo de
Hori, no Fitzwillian Museum. Reparem
que a barba divina que estava
encaixada no queixo mas
foi perdida.
Acima, outros exemplos em museus estrangeiros, estes esquifes
da XXIª- Dinastia, apresentam um estilo bem mais
peculiar ao meio e ao final dessa dinastia.
O esquife da Alta Sacerdotisa Maat-Ka-Re é
considerado como o melhor exemplar
desta tendência estilística dos
primódios da 21ª Dinastia,
do Museu do Cairo
Apesentando detalhes em ouro e muito melhor manufatura,
trata-se de um esquife da realeza sacerdotal que
dominava o Egito merdional na época, mas
é significativo para uma comparação
com o ataúde Hori, posto que
são quase contemporâneos.
da XXIª- Dinastia, apresentam um estilo bem mais
peculiar ao meio e ao final dessa dinastia.
O esquife da Alta Sacerdotisa Maat-Ka-Re é
considerado como o melhor exemplar
desta tendência estilística dos
primódios da 21ª Dinastia,
do Museu do Cairo
Apesentando detalhes em ouro e muito melhor manufatura,
trata-se de um esquife da realeza sacerdotal que
dominava o Egito merdional na época, mas
é significativo para uma comparação
com o ataúde Hori, posto que
são quase contemporâneos.
Nos esquifes da XXIª Dinastia, além do tradicional
escaravelho alado com face de carneiro, aparece
mais abaixo, na altura do abdômen, a deusa
Ísis alada, protegendo a múmia , o esquife
de Hori também ostenta esta mesma
simbologia funerária antiga.
Ataúde em museu norte-americano, de decoração muito
semelhante e provavelmente contemporâneo
ao de Hori, os detalhes cênicos da
cuba são recorrentes e repetem
os mesmos cânones
funerários.
cuba são recorrentes e repetem
os mesmos cânones
funerários.
O fundo da cuba de Hori traz a típica
representação da deusa Ísis, como
também aparece no exemplo
comparativo mostrado
acima, que é bem
semelhante.
Na XXIª Dinastia os ornamentados esquifes apresentavam apenas
a tampa mumiforme, a cuba não era mais que uma caixão
padrão adaptado para receber a sinuosa tampa , só
mais tarde apareceriam os ataúdes
antropomórficos.
O esquife de Hori é o que chamamos de externo, conforme o modelo acima exposto,
continha originalmente um outro menor, e dentro deste estaria abrigada a múmia
do sacerdote, que neste caso desapareceu. Reparem como a cuba interna deste
do sacerdote, que neste caso desapareceu. Reparem como a cuba interna deste
exemplo acima se parece com a cuba do esquife de Pestjef, quase igual.
Apenas a múmia acima é da XXIª Dinastias, os esquifes são bem
posteriores, sendo tão somente uma montagem didática
em museu estrangeiro, às vezes fazem isto, juntando
peças diferentes soltas e criando assim um
conjunto mais vistoso e interessante.
A múmia dita "Kherima" ostentou
por décadas uma máscara que
não lhe pertencia de fato,
veja mais abaixo.
Apenas a múmia acima é da XXIª Dinastias, os esquifes são bem
posteriores, sendo tão somente uma montagem didática
em museu estrangeiro, às vezes fazem isto, juntando
peças diferentes soltas e criando assim um
conjunto mais vistoso e interessante.
A múmia dita "Kherima" ostentou
por décadas uma máscara que
não lhe pertencia de fato,
veja mais abaixo.
O ataúde externo de Hori - XXIª Dinastia - é uma
das peças importantes e mais significativas da
coleção de antiguidades egípcias adquirida
das peças importantes e mais significativas da
coleção de antiguidades egípcias adquirida
por Pedro I em 1827.
Soberbo de acabamento,
decoração e porte.
Para quem desejar aprofundar-se nos ritos funerários
desta interessante época, recomendamos o estudo
desta grandiosa tumba, lotada com esquifes
de 153 sacerdotes, os trabalhos abaixo
são de especialistas neste tema:
são de especialistas neste tema:
The Bab El-Gusus Tomb
and the Royal Cache
in Deir El-Baḥri.
and the Royal Cache
in Deir El-Baḥri.
Andrzej Niwińsk
O Portal dos Sacertodes
Bab El-Gusus
A múmia dita "de Hori", posto que chegou ao Brasil acondicionada nesse esquife,
apresenta enfaixamento e conformação característicos de período posterior;
atualmente está exposta, depois de muitas décadas na reserva técnica.
Pronuncia-se "Rhóri" e não "Óri", o "H" é aspirado
como em tantos outros idiomas
Contudo, no conjunto ainda havia algumas múmias do tempo do pontificado de Menkheperre, certamente contemporâneas ao esquife abrigado no Museu Nacional. Portanto, o estudo deste grande acervo clerical da XXIª Dinastia nos conscientiza definitivamente de como se caracterizavam as múmias dos sacerdotes tebanos deste período aqui considerado: "Quando desprovidas das suas faixas, cerca de 46 múmias revelaram um rolo de papiro (uma versão do «Livro dos Mortos», ou do Livro de Amduat), normalmente colocado entre as pernas. No entanto, em alguns casos o papiro foi dobrado e colocado sobre as ancas, o ventre, o abdómen (em contacto com a incisão da evisceração) ou sobre o tórax. O equipamento mágico das múmias é bastante variável. Na sua versão mais simplificada, a múmia estava equipada apenas com uma plaquinha de cera gravada com o olho udjat que protegia a incisão do eviscerador situada no flanco esquerdo do abdómen. Para além deste amuleto, que é o mais comum entre as múmias de Bab el-Gassus, é também muito frequente o uso do escaravelho do coração e do falcão (normalmente representado sobre uma placa metálica), com as asas abertas sobre a múmia.
Dentro do cadáver é também frequente a deposição de quatro estatuetas de cera, normalmente alusivas aos quatro filhos de Hórus. Naturalmente, a conjungação destes objectos na mesma múmia é também muito frequente, pelo que podem os ter como um equipamento padrão seguinte conjunto de amuletos: plaquinha de cera (incisa com olho udjat), o escaravelho do coração, um falcão alado e, no interior do corpo, quatro estatuetas funerárias. Mais raramente, provavelmente conotados com um estatuto social superior, podem também ser encontrados sobre o cadáver objectos «luxuosos» como amuletos cordiformes, serpentes sagradas depositadas sobre a fronte da múmia e peças de joalharia diversa como colares, pulseiras (normalmente colocadas sobre o pulso esquerdo), anéis e brincos. Pequenas colecções de amuletos podem por vezes figurar em torno do pescoço." A múmia dita "de Hori " não se enquadra facilmente nestes principais caracteres técnicos de identificação , então, muito provavelmente, deve ser uma peça intrusiva.
Há pouco mais de duas décadas atrás, uma goteira de água
da chuva quase corrompeu esta múmia , naquele tempo
ainda abrigada na reserva técnica. Foi preciso
secá-la rapidamente com potentes secadores
de ar quente; salvou-se, e agora está
exposta junto às outras.
Provavelmente pertença ao tardio período romano,
talvez ao ptolomaico, pouco mais antigo, esta
é a opinião mais difundida entre alguns
que conhecem bem a coleção.
No máximo seria da XXVIª Dinastia,
talvez, neste caso,
seja a múmia de
Pestjef.
É uma múmia rude de
se ver, a qualidade
do acabamento
é inferior.
Acima exemplos em outros museus: múmias de criança e adultos,
todas do Período Greco-Romano, o enfaixamento circular
é bem marcado, e muito mais próximo daquele visto
na múmia dita "de Hori".
Múmias romanas são bem características e
chamam logo a atenção devido
ao peculiar enfaixamento
circular e muito
abundante.
Bem como pelo linho
grosso e rude.
A expressiva máscara ptolomaica exposta no Rio,
parece ser quase do mesmo período desta múmia,
reparem na similaridade com a foto da
múmia da criança e outras mais acima.
Contudo, as múmias afins mostradas
não portam máscaras e apresentam
o linho do rosto pintado como
uma máscara .
Túmulo com muitas múmias
do Período Romano.
Ainda hoje encontram-se de quando em vez,
grandes cemitérios cheios de múmias
deste período , são muito mais
comuns que as XXIª
Dinastia.
Os exemplares abaixo demonstram
o estilo muito mais elaborado do
acabamento dos sacerdotes
da XXIª Dinastia.
Este exemplar da XXIª Dinastia é uma sacerdotisa,
mostrando a repetição do padrão descrito.
A XXIª Dinastia é considerada como sendo o auge
do refinamento funerário em esquifes e também
no embalsamamento, não há na História
Egípcia outro período comparável e
com tantos bons exemplares de
múmias em acervo, por
isto, bem estudados.
A múmia de Hori deveria ser semelhante
às das ilustrações acima, com linho
fino e enfaixamento firme
e bem mais denso.
Provavelmente uma múmia qualquer tenha
sido introduzida neste ataúde já no
Séc.XIX, para compor e
assim atingir melhor
preço de venda
apresenta enfaixamento e conformação característicos de período posterior;
atualmente está exposta, depois de muitas décadas na reserva técnica.
Pronuncia-se "Rhóri" e não "Óri", o "H" é aspirado
como em tantos outros idiomas
Acima uma foto do Séc. XIX mostrando uma múmia da XXIª Dinastia
curiosamente envolvida por esteiras; de tudo que pude pesquisar é
o exemplar que guarda mais semelhança com a múmia dita
"de Hóri", sem as atípicas esteiras obviamente.
Rogério de Sousa, eminente egiptólogo português, nos instrui bastante em seu trabalho sobre a imensa e intacta tumba dos sacerdotes da XXIª Dinastia, conhecida como Bab el-Gusus, lotada com 153 enterramentos quase contemporâneos ao de Hori. Com a descoberta foram revelados à Egiptolgia: 101 conjuntos de ataúdes antropomórficos duplos e 52 ataúdes antropomórficos simples, além de inúmeras múmias. A grande maioria destas peças era provavelmente muito mais recentes que os restos do esquife de Hori, aqui considerado.
Múmia de Sacerdote do Bab el-Gusus.
Padrão de mumificação sacerdotal
da XXIª Dinastia.
da XXIª Dinastia.
da chuva quase corrompeu esta múmia , naquele tempo
ainda abrigada na reserva técnica. Foi preciso
secá-la rapidamente com potentes secadores
de ar quente; salvou-se, e agora está
exposta junto às outras.
Provavelmente pertença ao tardio período romano,
talvez ao ptolomaico, pouco mais antigo, esta
é a opinião mais difundida entre alguns
que conhecem bem a coleção.
No máximo seria da XXVIª Dinastia,
talvez, neste caso,
seja a múmia de
Pestjef.
É uma múmia rude de
se ver, a qualidade
do acabamento
é inferior.
Acima exemplos em outros museus: múmias de criança e adultos,
todas do Período Greco-Romano, o enfaixamento circular
é bem marcado, e muito mais próximo daquele visto
na múmia dita "de Hori".
Múmias romanas são bem características e
chamam logo a atenção devido
ao peculiar enfaixamento
circular e muito
abundante.
Bem como pelo linho
grosso e rude.
A expressiva máscara ptolomaica exposta no Rio,
parece ser quase do mesmo período desta múmia,
reparem na similaridade com a foto da
múmia da criança e outras mais acima.
Contudo, as múmias afins mostradas
não portam máscaras e apresentam
o linho do rosto pintado como
uma máscara .
Túmulo com muitas múmias
do Período Romano.
Ainda hoje encontram-se de quando em vez,
grandes cemitérios cheios de múmias
deste período , são muito mais
comuns que as XXIª
Dinastia.
Os exemplares abaixo demonstram
o estilo muito mais elaborado do
acabamento dos sacerdotes
da XXIª Dinastia.
Acima exemplos de múmias de sacerdotes contemporâneas à XXIª Dinastia,
indicando-nos o provável aspecto original da múmia de Hori. Tem-se
assim uma boa ideia do acabamento e do estilo funerário antigos
originalmente esperados para uma múmia de status
sarcedotal semelhante, neste mesmo período.
sarcedotal semelhante, neste mesmo período.
Este exemplar da XXIª Dinastia é uma sacerdotisa,
mostrando a repetição do padrão descrito.
A XXIª Dinastia é considerada como sendo o auge
do refinamento funerário em esquifes e também
no embalsamamento, não há na História
Egípcia outro período comparável e
com tantos bons exemplares de
múmias em acervo, por
isto, bem estudados.
A múmia de Hori deveria ser semelhante
às das ilustrações acima, com linho
fino e enfaixamento firme
e bem mais denso.
Provavelmente uma múmia qualquer tenha
sido introduzida neste ataúde já no
Séc.XIX, para compor e
assim atingir melhor
preço de venda
Não é o esperável para o corpo embalsamado
de um sacerdote de alto rank, seu aspecto
é muito rude para ser aceito como o
original proprietário do faustoso
esquife da XXIª Dinastia.
Vejam abaixo a múmia de Horsiese.
como foi muito melhor
elaborada.
Fica a dúvida !
Múmia de criança em exposição,
provavelmente da Baixa Época.
Friso de cobras ( Ureaus ) em madeira pintada.
Certamente proveniente de uma tumba da
realeza tebana. Seria mais uma
peça encontrada por Belzoni
na tumba de Seti I ?
Talvez de Mankheperre ?
Uma peça subestimada
e muito significativa.
O único faraó relacionado mais
diretamente com esta coleção
é Seti I. O friso de cobras
é estritamente ligado
ao mobiliário dos
enterros da
realeza.
Máscara com acabamento em ouro, um fino pente,
bela peça, e um cordão com um escaravelho
alado em cerâmica vitrificada azul.
Esquife de gato.
Esquife pequeno.
Pé leonino de uma
trabalhada cadeira.
Tumba de
Seti I ??
Múmias de filhotes de crocodilos no Rio.
Múmias desenfaixadas de grandes crocodilos
sagrados no Museu de Kom Ombo no Egito.
Modelos ptolomaicos com padrões
de silhueta de deuses.
Fragmento de esquife - Deus Toth
Coleção de Shabtis do Museu do Cairo, todos da 21ª Dinastia,
vitrificados em faiança azul, eram acondicionados em
caixas feitas especialmente para bem guardá-los
Coleção de Shabtis do Museu Nacional
e um esquife pequeno.
O museu carioca apresenta grande e variada
coleção de Shabits.
Exemplar de madeira proveniente
da Tumba de Seti I no Vale
dos Reis em Luxor.
Acima os outros três shabtis inscritos para
este mesmo grande faraó na coleção
do Museu Nacional
UFRJ.
Existem ainda mais três outras estatuetas shabtis,
sem inscrições, mas que provavelmente, pelos
traços estilísticos apresentados, devam
também pertencer ao espólio da
tumba deste famoso faraó.
XIXª Dinastia Bakenmut e
outro não identificado.
Shabtis da XXIª Dinastia: Haremakhbit
Sacerdote Divino do templo de Amon
Vasos de pedra e ornamentos em faiança azul.
Bronzes da Baixa Época: Osíris, Ísis, Hórus
e também o esquisito anão Bes. Vemos à
direita, na prateleira de baixo, uma
interessante estatueta de
uma refinada dama.
A coleção do Museu Nacional também
possui relevantes múmias de gatos.
Cabeças mumificadas e "travesseiro" para pescoço;
a primeira à esq. , é a mesma apresentada
na foto detalhe abaixo.
Cabeça mumificada, mostra um embalsamento mais
Múmias de filhotes de crocodilos no Rio.
Múmias desenfaixadas de grandes crocodilos
sagrados no Museu de Kom Ombo no Egito.
Modelos ptolomaicos com padrões
de silhueta de deuses.
Fragmento de esquife - Deus Toth
Coleção de Shabtis do Museu do Cairo, todos da 21ª Dinastia,
vitrificados em faiança azul, eram acondicionados em
caixas feitas especialmente para bem guardá-los
Coleção de Shabtis do Museu Nacional
e um esquife pequeno.
O museu carioca apresenta grande e variada
coleção de Shabits.
Exemplar de madeira proveniente
da Tumba de Seti I no Vale
dos Reis em Luxor.
Acima os outros três shabtis inscritos para
este mesmo grande faraó na coleção
do Museu Nacional
UFRJ.
Existem ainda mais três outras estatuetas shabtis,
sem inscrições, mas que provavelmente, pelos
traços estilísticos apresentados, devam
também pertencer ao espólio da
tumba deste famoso faraó.
As estatuetas de Seti I (Nº 1, 2, 3, 4 do Catálogo do Museu) apresentam uma especial variação da palavra shabti,
do Novo Império, singularmente encontrada nos servidores funerários de
madeira produzidos para este faraó , a inscrição encontrada é composta
de uma inversão de fonemas e um determinativo mumiforme no final, sem
a presença do plural. Tradução do tradicional texto nas estatuetas: Iluminado
Osíris, rei do Alto Egito e (Baixo Egito), Men-maat-Rê, justo de voz,
ele diz: Ó este shabti; se for chamado, se for contado, Osíris, (filho
de) Rê, Seti, amado de Ptah, justo de voz, para fazer todos os
trabalhos;) fazer no Domínio do deus (necrópole), enquanto obrigação
como um homem em sua tarefa; quando vós fordes chamados, a qualquer
momento, lá; para irrigar as terras ribeirinhas, para cultivar os
campos, para transportar areia; de leste para oeste e vice-versa, “aqui
estou”; vós direis.
outro não identificado.
Shabtis da XXIª Dinastia: Haremakhbit
Sacerdote Divino do templo de Amon
Vasos de pedra e ornamentos em faiança azul.
Bronzes da Baixa Época: Osíris, Ísis, Hórus
e também o esquisito anão Bes. Vemos à
direita, na prateleira de baixo, uma
interessante estatueta de
uma refinada dama.
A rara estatueta fragmentária da coleção carioca mostra
detalhe estético comumente representado apenas em
pinturas: um exótico e perfumado cone de gordura
animal ou cera de abelhas, o qual as damas da
elite equilibravam no topo da cabeça.
Perfumava, aos poucos, as imensas
perucas artificiais tecidas,
usadas pelas cortesãs
elite equilibravam no topo da cabeça.
Perfumava, aos poucos, as imensas
perucas artificiais tecidas,
usadas pelas cortesãs
egípcias antigas.
Uma estranha moda antiga, caracteristicamente
egípcia, que esteve muito em voga nos
refinados tempos raméssidas das
XIXª e XXª Dinastias.
XIXª e XXª Dinastias.
A coleção do Museu Nacional também
possui relevantes múmias de gatos.
Cabeças mumificadas e "travesseiro" para pescoço;
a primeira à esq. , é a mesma apresentada
na foto detalhe abaixo.
Cabeça mumificada, mostra um embalsamento mais
elaborado, lembra a cabeça da múmia de Seti I,
provavelmente seja um fragmento de uma
múmia saíta, época em que o
betume foi mais utilizado
na mumificação.
provavelmente seja um fragmento de uma
múmia saíta, época em que o
betume foi mais utilizado
na mumificação.
Contudo, poderia ser, ou não, o que tenha
sobrado da múmia original do sacerdote
Hori da XXIª Dinastia.
sobrado da múmia original do sacerdote
Hori da XXIª Dinastia.
e também pelo embalsamamento
cuidadoso e superior.
cuidadoso e superior.
Das Necrópoles Egípcias para a Quinta da Boa Vista:
Um Estudo das Partes de Múmias
do Museu Nacional.
A grande raridade !
figura feminina do Antigo Egito
abrigada no Rio de Janeiro.
Trata-se de uma jovem egípcia que faleceu com
idade próxima aos 20 anos, conforme
foi revelado pela tomografia
realizada há poucos anos.
Pelo cuidadoso e caro processo
de embalsamamento realizado,
deve pertencer à elite
da época.
Foi necessário tempo e recursos
para a elaboração de uma
múmia assim única e
muito singular.
Houve toda uma intenção para
preservar a feminilidade
do corpo desta
jovem.
Acima a já citada rara múmia do período de dominação romana no Egito,
notória por ter braços e pernas enfaixadas em separado do corpo.
A peça também tem um passado de manifestações paranormais,
eu mesmo presenciei um desses incidentes espirituais
quando tinha 14 anos numa visita ao museu.
Uma obra de arte muito especial !
Composta para parecer que a
falecida ainda é vivente
e bem sensual .
Juntamente com as estatuetas de Menkheperre e da dama
Takushi , mais a tampa de Hori e os shabits de Sei I,
formam o conjunto mais significativo
das antiguidades egípcias no
Museu Nacional da
UFRRJ.
como "Kherima", devido a um histórico paranormal correlato.
Deve ter cerca de 21 séculos de idade.
Num
dos dois esquife saítas da XXVI-Dinastia pertencentes à coleção, o de
Pestjef, repousava uma múmia singular, também introduzida em tempos
modernos, provavelmente durante a
circunstância da montagem da coleção para venda por Fiengo. Mostrava
ser um raro tipo de múmia
egípcia, pertencente ao período romano muito tardio, provavelmente do
Séc. I ou II, e apresentando o
singular aspecto dos membros enfaixados em separado do corpo. Este tipo
de
enfaixamento apresentado é absolutamente contracultural, uma vez que de
modo tradicional, as múmias eram configuradas formando um massivo
corpo
cilíndrico, do qual não se distinguia bem a silhueta humana, às vezes
nem o pescoço da cabeça. A tomografia da múmia revelou traços e
conformações físicas diferentes das características corriqueiras do povo
egípcio antigo, pensou-se até que talvez fosse estrangeira. Este estilo de mumificação é altamente diferenciado do que é observado em todos os séculos e séculos da cultura funerária egípcia antiga.
A múmia de Kherima está suave e perfeitamente enfaixada, com relativamente pouco linho, sendo este de alta qualidade, exibindo assim uma silhueta deliberadamente definida. Contrasta fortemente com outras múmias do período romano, mal acabadas num enfaixamento por vezes trançado, esta múmia do Museu Nacional foi decorada de uma forma especial. Mostra inclusive atípicos detalhes pintados acrescidos ao tórax e à região pubiana, uma evidentemente uma sinalização esotérica, portadora de um significado peculiar e desconhecido. De acordo com especialistas do Museu Britânico, este estilo singular de enfaixamento, com membros em separado, bem poderia ser um revival bem tardio do estilo das pioneiras múmias embalsamadas com cerimonial funerário mais elaborado, no Antigo Império, mais precisamente na remota Era das Pirâmides.
Naquela época o embalsamamento dos cadáveres era ainda muito primitivo, menos de dez exemplares de múmias do Antigo Império
sobreviveram até nós, todas mal conservadas. Fica então a dúvida sobre o
estilo e a origem exata dessa interessante múmia, muito provavelmente seja
tebana, todavia não há engano em considerá-la como peça arqueológica extremamente relevante.
A múmia de Kherima está suave e perfeitamente enfaixada, com relativamente pouco linho, sendo este de alta qualidade, exibindo assim uma silhueta deliberadamente definida. Contrasta fortemente com outras múmias do período romano, mal acabadas num enfaixamento por vezes trançado, esta múmia do Museu Nacional foi decorada de uma forma especial. Mostra inclusive atípicos detalhes pintados acrescidos ao tórax e à região pubiana, uma evidentemente uma sinalização esotérica, portadora de um significado peculiar e desconhecido. De acordo com especialistas do Museu Britânico, este estilo singular de enfaixamento, com membros em separado, bem poderia ser um revival bem tardio do estilo das pioneiras múmias embalsamadas com cerimonial funerário mais elaborado, no Antigo Império, mais precisamente na remota Era das Pirâmides.
e quando ainda jazia "montada para exibição"
na cuba de Pestjef e usando uma máscara
que nunca lhe pertenceu. Chegou ao
Brasil num esquife que não era o
original do seu funeral e
a máscara foi lhe
posta no rosto
no museu.
Durante décadas a múmia de "Kherima" ficou
na cuba de Pestjef e usando uma máscara
que nunca lhe pertenceu. Chegou ao
Brasil num esquife que não era o
original do seu funeral e
a máscara foi lhe
posta no rosto
no museu.
Após ser feita uma tomografia constatou-se que a múmia de Kherima está associada a duas múmias completamente similares que repousam num museu de Leiden na Holanda, tanto na espevial e cuidadosa decoração externa como no especialíssimo e elaborado processo de embalsamamento. O cérebro retirado pelo nariz e posteriormente preenchido com pouca resina, a total retirada dos órgãos e uma improvável devolução ao corpo empacotados em linho é comum nos três exemplares, inclusive do coração que tradicionalmente era deixado intacto no corpo e neste caso foi retirado como se fazia com as outras vísceras. O que se observa no interior do corpo são apenas pequenos pacotes de linho e resina, a cavidade está amplamente vazia. Kherima apresenta inusitados seios e mamilos falsos, moldados em linho e resina, também apresenta um inesperado anel de linho resinado em volta do umbigo, seus dedos dos pés perderam os envólucros, mas deveriam ser idênticos às múmias de Leiden. Muito provavelmente estas três peças são da mesma família ou grupo social, somadas às duas múmias britânicas em Londres e Liverpoll, com toda certeza foram todas embalsamadas pelos mesmos artífices de uma peculiar oficina de mumificação que adotava este estilo único de formatação e apresentação estética, todas surgiram à venda em torno de 1820, vieram do mesmo túmulo provavelmente. São peças única, raras e valiosas na história da mumificação do Antigo Egito, realmente significativas e preciosas, testes futuros de DNA poderão dar mais detalhes sobre este grupo de múmias. Causa espanto constatar este elaborado, artístico e atípico processo de embalsamento justamente numa época em que a mumificação estava em plena decadência quanto a qualidade técnica, o padrão da época da dominação romana pode ser observado e comparado com a múmia dita "de Hori", já comentada acima, que apresenta o descuidado e mesmo rude aspecto característico deste período. Não é exagero apresentar está peça arqueológica abrigada no Museu Nacional como uma das mais singulares múmias já descobertas no Egito. O que está plenamente estabelecido é que foram elaboradas pela mesma equipe de competentíssimos embalsamadores.
Durante décadas a múmia de "Kherima" ficou
exposta ostentando uma máscara ptolomaica
bem mais antiga e que estranhamente cabia
muito bem por sobre sua face, além do
ataúde, também a máscara dava-lhe
um aspecto bem descaracterizado,
embora para o visitante leigo
formasse bom arranjo.
embora para o visitante leigo
formasse bom arranjo.
"Kherima chegou ao Brasil em 1824, dentro de um caixote de madeira. Era o
item mais valioso da coleção de antiguidades que Nicolau Fiengo trazia
da Europa. Não se sabe a nacionalidade de Fiengo — seria italiano ou
francês —, tampouco o destino de suas peças. Acredita-se que os artigos
iriam para Buenos Aires. O criador da universidade local era um
entusiasta de museus e relíquias. Fiengo, no entanto, teria desistido da
viagem, devido a confrontos políticos ou a uma epidemia de febre
amarela na capital portenha."
Os delicados pés expostos da múmia
Kherima são muito impressivos.
Esta múmia acima disposta, no Museu Britânico deste 1820, talvez tenha sido embalsamada pela mesma equipe que elaborou a múmia de "Kherima", são extremamente semelhantes,de Tebas, e talvez sejam do mesmo túmulo e da mesma família. Aprofundando-se nesta convergência, talvez sejam ambas das escavações de Belzoni, que abasteceu nesta mesma época a Coleção Henry Salt, depois adquirida pelo Museu Britânico. Ao que tudo indica, tem origem
Kherima são muito impressivos.
Que bom poder mostrá-la assim tão
fartamente, à vista estão expostos
todos os detalhes mais
significativos .
O acabamento dos pés mumificados de uma outra
múmia muito semelhante e provavelmente
do mesmo sepulcro de Kherima nos
dá boa ideia de como seriam
os pés desta rara múmia
no museu do Rio.
O acabamento dos pés mumificados de uma outra
múmia muito semelhante e provavelmente
do mesmo sepulcro de Kherima nos
dá boa ideia de como seriam
os pés desta rara múmia
no museu do Rio.
"Vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da
Escola Nacional de Saúde Pública, Sheila acompanhou a tomografia de
Kherima. Segundo a pesquisa, a suposta princesa egípcia teria entre 18 e
20 anos e cabelos curtos e escuros, diferentes dos egípcios. Seu crânio
é semelhante aos dos mediterrâneos, e não aos dos africanos. O cérebro e
as vísceras foram retirados durante a mumificação. Os dentes, no
entanto, foram preservados. Não havia sinal de doenças. Vimos materiais que envolviam o corpo, dando volume às
mamas, quadril e abdômen, reforçando o contorno feminino da múmia —
destaca Sheila. — As unhas estavam pintadas e é fácil identificar seus
mamilos. Ela, assim como outros membros de sua tumba, tem fraturas nos
braços, um processo que deve ter ocorrido durante a preparação do corpo.
Os pés foram danificados décadas atrás, quando a peça já estava no
museu."
Esta múmia acima disposta, no Museu Britânico deste 1820, talvez tenha sido embalsamada pela mesma equipe que elaborou a múmia de "Kherima", são extremamente semelhantes,de Tebas, e talvez sejam do mesmo túmulo e da mesma família. Aprofundando-se nesta convergência, talvez sejam ambas das escavações de Belzoni, que abasteceu nesta mesma época a Coleção Henry Salt, depois adquirida pelo Museu Britânico. Ao que tudo indica, tem origem
semelhante a da coleção brasileira, veja mais
acima o comentário sobre o "Belgozi " de
que falava Fiengo. Também os shabtis
de Seti I são outra evidência de que
estas duas múmias podem ser
próximas e oriundas das
escavações de Belzoni.
Entre 1820 e 1830 todo este grupo de múmias romanas com
um estilo peculiar de preparação, que lembra a tradição dos
tempos das pirâmides, foi adquirido por vários
museus europeus. São todas de Tebas, todas
finamente embalsamadas com um
padrão peculiar à realeza.
A formatação muito semelhante
nos sugerem uma origem
comum numa tumba
familiar.
O rosto tem a cobertura de linho pintada
para imitar a pele, também há uma
simbolização de barba estilizada
algo bem peculiar .
Par de múmias muito similares a de "Kherima" em museu de
Liverpool, uma delas ostenta interessantes adereços
Trata-se inequivocamente de uma mumificação
de ótimo padrão técnico, dispendiosa e de
elite, o que agrega um singular valor
histórico a estes raros
exemplares.
Múmia no Museu Calvet em Aviñón,
o estilo é inconfundivelmente
o mesmo.
Outra duas múmia similares a de Kherima no museu de Leiden: enfaixada
em mesmo estilo, é provavelmente mais um dos familiares da
múmia do Rio. Devem ser todos esses provenientes
da mesma tumba tebana, são muito afins.
A segunda múmia similar deste estilo, em Leiden, ainda conserva
seu ataúde típico do período romano, demonstrando
como seria ocaixão original da
múmia Kherima.
Outra múmia algo parecida, do mesmo período ptolomaico-romano,
igualmente enfaixada com membros livres, no Museu Egípcio de
Turim.Composto enquanto cadáver artístico, está imerso
em solenidade plena. Encanta ao primeiro olhar.
Múmia ptolomaica no Louvre, apresenta membros superiores livres, talvez também os inferiores
estejam enfaixados em separado embaixo do acabamento exterior protetivo, a máscara deste
exemplar francês lembra a usada sobre a múmia de "Kherima" por tantas décadas.
O impressivo acabamento deste refinado estilo de mumificação, nos remete
de imediato à lembrança da múmia no Museu Nacional-RJ. Embora
tenha outra concepção estética e seja superior em acabamento.
em mesmo estilo, é provavelmente mais um dos familiares da
múmia do Rio. Devem ser todos esses provenientes
da mesma tumba tebana, são muito afins.
A segunda múmia similar deste estilo, em Leiden, ainda conserva
seu ataúde típico do período romano, demonstrando
como seria ocaixão original da
múmia Kherima.
Outra múmia algo parecida, do mesmo período ptolomaico-romano,
igualmente enfaixada com membros livres, no Museu Egípcio de
Turim.Composto enquanto cadáver artístico, está imerso
em solenidade plena. Encanta ao primeiro olhar.
Múmia ptolomaica no Louvre, apresenta membros superiores livres, talvez também os inferiores
estejam enfaixados em separado embaixo do acabamento exterior protetivo, a máscara deste
exemplar francês lembra a usada sobre a múmia de "Kherima" por tantas décadas.
O impressivo acabamento deste refinado estilo de mumificação, nos remete
de imediato à lembrança da múmia no Museu Nacional-RJ. Embora
tenha outra concepção estética e seja superior em acabamento.
Este
estilo
de mumificação especial deve ser um tipo de tratamento funerário próprio
de uma família ou de um
serviço profissional funerário mais antigo e técnico. Verificamos então que só existem múmias exatamente similares em
museus da Grã-Bretanha ( Liverpool e British Museum ), Leiden na Holanda, Avignon na França e em Munich, desconhecemos a existência de
outros exemplos do estilo. Parecem então que as conhecidas são todas da
mesma
tumba familiar, teriam sido vendidas em separado, todas as conhecidas foram adquiridas entre 1820-30, e um exemplar feminino
remanesceu no Rio, as múmias deste tipo, ou deste grupo de um túmulo familiar, não apresentam ataúde, é uma característica comum a todas elas acima.
Nos anos 70, algumas pessoas entraram em transe mediúnico ao se aproximar
de "Kherima", falavam em línguas estranhas, na gravação do discurso
então surgia um inesperado som de música ao fundo, música que
não se ouvira na gravação. Ao assistir um transe, eu mesmo
senti uma forte radiância vindo da vitrine com a médium
próxima, foi como se houvesse um forte tambor que
vibrasse sem som, talvez fosse meu coração de
amante do Egito Antigo batendo
muito emocionado.
de "Kherima", falavam em línguas estranhas, na gravação do discurso
então surgia um inesperado som de música ao fundo, música que
não se ouvira na gravação. Ao assistir um transe, eu mesmo
senti uma forte radiância vindo da vitrine com a médium
próxima, foi como se houvesse um forte tambor que
vibrasse sem som, talvez fosse meu coração de
amante do Egito Antigo batendo
muito emocionado.
Talvez nem isto fosse !
Diziam que simplesmente
tratava-se de hipnotismo
induzido.
"O professor Victor Staviarski, membro da Sociedade de Amigos
do Museu Nacional, começou a ministrar cursos de egiptologia e escrita
hieroglífica na instituição.Staviarski
recorria à hipnose e levava médiuns para as
aulas. A ópera “Aida”, de Giuseppe Verdi, também contribuía para a
criação de um ambiente místico. O professor também reforçou o corpo
docente de um curso noturno de Ciências Herméticas — que, entre outras
disciplinas, contava com Magia, Forças da Natureza e Astrologia
Esotérica. No curso de História, Staviarski dava aulas no auditório,
com mais de 100 pessoas, e promovia sessões especiais ao lado da múmia.
Participei de uma delas em que o professor pôs uma máscara dourada na
cabeça dela conta a arqueóloga Ângela Rabello, do Museu Nacional.Alguns
alunos sentiram o odor de rosas, mas não foi o meu caso. Um
senhor teve um transe durante a aula e se viu navegando em um barco
egípcio junto à múmia. Em reportagens publicadas na década de 1960,
Staviarski
assegurou que mais de 100 pessoas entraram em transe em frente à
"Kherima." Um grupo de alunos queixou-se com a coordenação do Museu
Nacional devido à promoção de “experiências parapsicológicas
relacionadas com a exposição de egiptologia "
Do Jornal O Globo
Esquife de Horsiese: XXV-XXVI Dinastias,
típico do Período Saíta, também
conhecido como Baixa Época.
Cerca de 27 séculos de
idade estimada.
Múmia de Horsiese sendo acondicionada em uma bolha plástica
com atmosfera inerte, basicamente cheia de gás nitrogênio,
para que assim cessem os processos de decomposição
biológicos e oxidativos.Os recursos, equipamentos
e técnicos originaram-se de convênio
com o Getty Conservation
Institute - California.
Período Tardio, foi exposta ao público por décadas,
exibindo ao peito uma considerável rede de contas
azuis de faiança. A rede azul é típica das múmias
deste período, contudo, continuou em uso
funerário posteriormente e talvez não
azuis de faiança. A rede azul é típica das múmias
deste período, contudo, continuou em uso
funerário posteriormente e talvez não
pertença à múmia de Horsiese, apenas
compunha mais um conjunto
compunha mais um conjunto
montado, como no caso
da máscara dourada
de "Kherima".
da máscara dourada
de "Kherima".
A rede foi retirada de exposição e talvez como os
outros ornamentos de faiança azulada que estão
dispostos nas vitrines, a tal rede seja
do bem mais posterior período
ptolomaico.
outros ornamentos de faiança azulada que estão
dispostos nas vitrines, a tal rede seja
do bem mais posterior período
ptolomaico.
Acima, uma múmia, em museu estrangeiro, muito afim e provavelmente
contemporânea da múmia no museu do Rio; este exemplar apresenta
uma rede de contas azuis inteira cobrindo o corpo, parece muito
similar ao aspecto estilístico original da múmia de Horsiese,
fiquei muito impressionado com a similaridade.
Acima ataúdes femininos, sem a barba postiça e com a característica tiara de asas
de abutre no toucado, símbolo da maternidade e da deusa Mut, pertencem a
acervos estrangeiros; são similares em estilo ao clássico ataúde de Horsiese.
est época tardia, último lampejo do Egito Antigo soberano.
Acima e abaixo, múmias muito semelhante a de
Horsiese, infelizmente não consegui uma
boa foto antiga e sem a atual bolha
de atmosfera inerte desta
múmia exposta no Rio.
As características da mumificação de Horsiese,
são as típicas da sua época, e nos atesta que
esta múmia estava em seu ataúde
original, sendo este então
um conjunto não
intrusivo.
Fora da Coleção Egiptológica do Museu Nacional,
só há outra múmia egípcia em exibição pública
no país, está no Museu Rosacruz de Curitiba.
Vamos então apresentá-la neste ponto
para assim fechar o assunto
das múmias no Brasil.
Pelas características de mumificação, se estabeleceu, mais ou menos, seu período histórico de vida como sendo o da dominação romana no Egito, talvez seja contemporânea dos mesmos séculos que viram nascer o Cristianismo. Como chegou desprotegida, apenas com a "roupa do corpo" e já meio chamuscada, foi lhe dado, respeitosamente, um novo aparato funerário, com capela-tumba decorada e esquife, consoante à tradição antiga. Bem cabível o que foi feito, restaurando a dignidade perdida, agora repousa a longa noite de contar os anos na sua fé original.
Contabilizando então, são seis as múmias humanas egípcias completas expostas no Brasil: "Hori", Horsiese, "Kherima", Sha-Amen-en-Shu, "Criança Pequena" e "Thotmea", todas aqui mostradas. Existe ainda uma outra múmia de criança no Museu Nacional, depois de décadas exposta, agora encontra-se na reserva técnica, é a chamada "Criança Grande", total de sete múmias humanas inteiras. Também há outras tantas múmias de animais, além de restos, ou partes, de múmias humanas no Museu Nacional no Rio de Janeiro.
Voltamos então à Coleção Egípcia do Museu Nacional
para descrever outra importante e
artística peça desse acervo:
Horsiese, infelizmente não consegui uma
boa foto antiga e sem a atual bolha
de atmosfera inerte desta
múmia exposta no Rio.
As características da mumificação de Horsiese,
são as típicas da sua época, e nos atesta que
esta múmia estava em seu ataúde
original, sendo este então
um conjunto não
intrusivo.
Neste
mesmo esquife saíta da coleção, o de Horsiese,
repousava a múmia original deste sacerdote, caso único nas múmias de
adultos da coleção. Foi por décadas uma múmia muito peculiar pelo
pequeno
fragmento de rede de contas azuis protegia-lhe o peito, o
fragmento guarda proporção com um guardanapo grande, foi o que restou da
grande peça protetiva original que cobria uma múmia, não sei se esta
especificamente , ou se lhe adicionado para melhor compor conjunto. O
ataúde do
sacerdote é muito bem acabado , mas não tão raro, sendo muito
típico de um período do qual se tem farto material em vários museus
do mundo.
Creio que os dois dos esquifes aqui citados, o de Hori e o outro saíta pertencente a um certo Pestjef, devem ter sido encontrados vazios, e então múmias desprotegidas foram neles acondicionadas como intrusas. A função era vender as antiguidades, criando-se conjuntos esquife-múmia atrativos, porém canhestros, cuja a fraude só foi percebida mais recentemente e não na ocasião da aquisição por parte de D. Pedro I. Naquela época ninguém poderia perceber o arranjo artificial feito pelos comerciantes.
Acima dois exemplares de múmias semelhantes a de
Horsiese, nos confirmando a semelhança
com o aspecto clássico e original
desta época.
Horsiese, nos confirmando a semelhança
com o aspecto clássico e original
desta época.
Creio que os dois dos esquifes aqui citados, o de Hori e o outro saíta pertencente a um certo Pestjef, devem ter sido encontrados vazios, e então múmias desprotegidas foram neles acondicionadas como intrusas. A função era vender as antiguidades, criando-se conjuntos esquife-múmia atrativos, porém canhestros, cuja a fraude só foi percebida mais recentemente e não na ocasião da aquisição por parte de D. Pedro I. Naquela época ninguém poderia perceber o arranjo artificial feito pelos comerciantes.
Tampa do ataúde do sacerdote Pestjef - XXVI Dinastia/Período Saíta.
Este esquife chegou ao Brasil, talvez, abrigando intrusivamente
a múmia romana "Kherima", esta apresenta os
membros mumificados em enfaixamento
separado do corpo.
Típico esquife saíta de bom padrão,
atualmente é exposto vazio:
uma bela peça egípcia
antiga.
Embora pertencente a um sacerdote,
não apresenta a típica barba
divina que se atava
ao queixo por
um cordão.
O símbolo Djed, uma coluna
colorida que representa
a estabilidade obtida
na munificação
do deus
Osíris
Deve ter 26 ou 27
séculos de
idade.
Acima um conservado conjunto de esquife e múmia pertencente ao
Museu Britânico, peça da mesma época do enterramento
de Pestjef, assim podemos ter uma noção do
aspecto original da múmia perdida
deste sacerdote tebano.
O esquife de Pe-De-Amenemope, no Museu de Viena,
guarda grandes semelhanças estilísticas com
o de Pestief, preservado no Rio.
A foto acima, de uma múmia contemporânea e em outro museu,
o esquife acima também exibe uma decoração similar
ao que está exposto no museu carioca.
Reparem, que como de costume nos antigos esquifes egípcios deste período,
a tampa e a cuba em nada combinam, parecendo mesmo peças
de ataúdes completamente diferentes , acima vemos bem
esta peculiaridade no esquife de Pestjef.
Só na cabeça há continuidade na
decoração do ataúde.
Este esquife chegou ao Brasil, talvez, abrigando intrusivamente
a múmia romana "Kherima", esta apresenta os
membros mumificados em enfaixamento
separado do corpo.
Típico esquife saíta de bom padrão,
atualmente é exposto vazio:
uma bela peça egípcia
antiga.
Embora pertencente a um sacerdote,
não apresenta a típica barba
divina que se atava
ao queixo por
um cordão.
O símbolo Djed, uma coluna
colorida que representa
a estabilidade obtida
na munificação
do deus
Osíris
Deve ter 26 ou 27
séculos de
idade.
Acima um conservado conjunto de esquife e múmia pertencente ao
Museu Britânico, peça da mesma época do enterramento
de Pestjef, assim podemos ter uma noção do
aspecto original da múmia perdida
deste sacerdote tebano.
O esquife de Pe-De-Amenemope, no Museu de Viena,
guarda grandes semelhanças estilísticas com
o de Pestief, preservado no Rio.
A foto acima, de uma múmia contemporânea e em outro museu,
o esquife acima também exibe uma decoração similar
ao que está exposto no museu carioca.
Reparem, que como de costume nos antigos esquifes egípcios deste período,
a tampa e a cuba em nada combinam, parecendo mesmo peças
de ataúdes completamente diferentes , acima vemos bem
esta peculiaridade no esquife de Pestjef.
Só na cabeça há continuidade na
decoração do ataúde.
Fora da Coleção Egiptológica do Museu Nacional,
só há outra múmia egípcia em exibição pública
no país, está no Museu Rosacruz de Curitiba.
Vamos então apresentá-la neste ponto
para assim fechar o assunto
das múmias no Brasil.
Cabe
então fazer aqui um adendo para apresentar e dispor comentários e
algumas informações sobre a múmia de "Thotmea", foi assim que a
apelidaram. Esta peça arqueológica chegou ao Brasil em 1995 como uma doação do Rosicrucian Egyptian Museum da
Califórnia à Ordem Rosacruz no Brasil. O museu americano tem excelente
acervo de antiquidades egípcias legítimas, já o museu brasileiro só
expõe ótimas réplicas de antiguidades pertencentes a vários museus do
mundo. Mesmo a cripta e o ataúde que abrigam "Thotmea" foram feitos, em
grande parte, pelos artistas paranaenses Eduardo Vilela e Maurício
Branco. A múmia em questão, única peça legítima em exposição, parece ser
do período greco-romano, já escapou chamuscada de um incêndio nos EUA, e
não apresenta qualquer inscrição ou amuletos, sendo portanto
completamente anônima, logo sua história pregressa é desconhecida.
Chegou ao Paraná com os ossos da face esmagados por algum impacto
passado, porém ainda jazendo no interior do crânio.
Pelas características de mumificação, se estabeleceu, mais ou menos, seu período histórico de vida como sendo o da dominação romana no Egito, talvez seja contemporânea dos mesmos séculos que viram nascer o Cristianismo. Como chegou desprotegida, apenas com a "roupa do corpo" e já meio chamuscada, foi lhe dado, respeitosamente, um novo aparato funerário, com capela-tumba decorada e esquife, consoante à tradição antiga. Bem cabível o que foi feito, restaurando a dignidade perdida, agora repousa a longa noite de contar os anos na sua fé original.
Contabilizando então, são seis as múmias humanas egípcias completas expostas no Brasil: "Hori", Horsiese, "Kherima", Sha-Amen-en-Shu, "Criança Pequena" e "Thotmea", todas aqui mostradas. Existe ainda uma outra múmia de criança no Museu Nacional, depois de décadas exposta, agora encontra-se na reserva técnica, é a chamada "Criança Grande", total de sete múmias humanas inteiras. Também há outras tantas múmias de animais, além de restos, ou partes, de múmias humanas no Museu Nacional no Rio de Janeiro.
A
forte umidade curitibana é uma ameaça à conservação do corpo seco e
salgado de "Tothmea", os copos plásticos cheios de sílica-gel, absorvem a
umidade do ar e evitam o mofo e a decomposição do cadáver. Moacir Elias
Santos, excepcional egiptólogo paranaense, especialista nos restos
humanos mumificados do Museu Nacional - UFRJ, acompanha e estuda a múmia
abrigada em Curitiba. Cabe ressaltar que ele montou e administra, na
cidade de Ponta Grossa, um outro, e excelente museu didático de réplicas
de antiguidades egípcias, o Museu Arqueológico Ciro Flamarion Cardoso - click para acessar .
Voltamos então à Coleção Egípcia do Museu Nacional
para descrever outra importante e
artística peça desse acervo:
Takushit = "Sudanesa", uma intrigante estatueta
da época líbia do Terceiro Período
Intermediário que merece um
comentário destacado.
Acima a famosa e rara estatueta em madeira estucada e dourada da suposta
Dama Takushit -XXII Dinastia- exposta no Museu Nacional no Rio de Janeiro.
Seu nome significa "mulher da terra do Kush", algo como kushita,
essa é uma região do Sudão, fronteiriça ao sul do Egito,
provavelmente seria uma princesa negra ou
mulata, talvez apenas casada com
um kushita e assim herdou-lhe
o epíteto usual na época.
A estatueta do Rio não ostenta qualquer inscrição,
é anônima, como se parece muito com
outra existente num museu de
Atenas, foi então associada
e talvez identificada.
Designamos aqui então a peça
anônima como sendo a
mesma personagem
em exposição no
museu grego.
da época líbia do Terceiro Período
Intermediário que merece um
comentário destacado.
Acima a famosa e rara estatueta em madeira estucada e dourada da suposta
Dama Takushit -XXII Dinastia- exposta no Museu Nacional no Rio de Janeiro.
Seu nome significa "mulher da terra do Kush", algo como kushita,
essa é uma região do Sudão, fronteiriça ao sul do Egito,
provavelmente seria uma princesa negra ou
mulata, talvez apenas casada com
um kushita e assim herdou-lhe
o epíteto usual na época.
A estatueta do Rio não ostenta qualquer inscrição,
é anônima, como se parece muito com
outra existente num museu de
Atenas, foi então associada
e talvez identificada.
Designamos aqui então a peça
anônima como sendo a
mesma personagem
em exposição no
museu grego.
Takushit teria sido filha de Akanosh II, grande comandante
da tribo Ma da Líbia, que conquistou e governou o
Egito logo após o fim do período Raméssida.
Contudo, há quem entenda que esta estatueta
seja do fim da XXV Dinastia, época em
que os faraós negros da Núbia
ou Kush dominaram o Egito,
a peça é de cerca de
750 a.C.
Pelo refinamento da peça na Grécia e a postura
igualmente imponente e destacada da
estatueta no Rio, deve ter sido
ao menos uma importante
sacerdotisa de templo
significativo.
da tribo Ma da Líbia, que conquistou e governou o
Egito logo após o fim do período Raméssida.
Contudo, há quem entenda que esta estatueta
seja do fim da XXV Dinastia, época em
que os faraós negros da Núbia
ou Kush dominaram o Egito,
a peça é de cerca de
750 a.C.
Pelo refinamento da peça na Grécia e a postura
igualmente imponente e destacada da
estatueta no Rio, deve ter sido
ao menos uma importante
sacerdotisa de templo
significativo.
Uma característica das peças da Baixa Época
é a presença de simpáticas bundinhas
em shabtis e estatuetas, mostrando
um estilo que nos remete ao
tempo das Pirâmides.
Estatueta em brnze algo similar, da XXIIª Dinastia,
em museu de Leiden.
Estátua do período bubástida, de magnífica concepção e manufatura, exposta
no Museu de Atenas, aparentemente mostra a mesma silhueta e postura
da dama da estatueta do Rio de Janeiro. Dizem qua a peça carioca
foi em verdade o modelo original que foi reproduzido na
forma e silhueta da Dama Takushit ateniense.
A pose e feições são quase a mesmas, porém
em bronze finamente incrustado
em ouro e prata.
A também bela representação da Rainha Karomana, exposta no Louvre,
em bronze cinzelado e dourado, é igualmente magnífica. Mostra-se
contemporânea e correlacionada com os faraós líbios que
governavam o Egito naquele tempo da XXII Dinastia.
Talvez seja afim à Dama Takushit, cuja a estatueta
é muito similar em estilo, reparem que todas
parecem avançar à frente com vigor.
No Rio, em Paris e Atenas, vemos
obras de arte típicas da
XXII Dinastia.
Muito interessante !
Estela de Senusret-Iunefer
é a presença de simpáticas bundinhas
em shabtis e estatuetas, mostrando
um estilo que nos remete ao
tempo das Pirâmides.
Estatueta em brnze algo similar, da XXIIª Dinastia,
em museu de Leiden.
Estátua do período bubástida, de magnífica concepção e manufatura, exposta
no Museu de Atenas, aparentemente mostra a mesma silhueta e postura
da dama da estatueta do Rio de Janeiro. Dizem qua a peça carioca
foi em verdade o modelo original que foi reproduzido na
forma e silhueta da Dama Takushit ateniense.
A pose e feições são quase a mesmas, porém
em bronze finamente incrustado
em ouro e prata.
A também bela representação da Rainha Karomana, exposta no Louvre,
em bronze cinzelado e dourado, é igualmente magnífica. Mostra-se
contemporânea e correlacionada com os faraós líbios que
governavam o Egito naquele tempo da XXII Dinastia.
Talvez seja afim à Dama Takushit, cuja a estatueta
é muito similar em estilo, reparem que todas
parecem avançar à frente com vigor.
No Rio, em Paris e Atenas, vemos
obras de arte típicas da
XXII Dinastia.
Muito interessante !
Estela de Senusret-Iunefer
XII dinastia, c. 1897 a 1878 a.C.
As muitas estelas funerárias da época do
Médio Império constituem-se nas peças
mais antigas desta coleção.
Algumas podem ter 4 mil anos
de antiguidade.
Formais e óbvias não
são tão atrativas aos
olhos do visitante.
Algumas peças são do Novo Reino,
do III Período Intermediário e
também da Baixa Época.
Estela de Amenemopet
As muitas estelas funerárias da época do
Médio Império constituem-se nas peças
mais antigas desta coleção.
Algumas podem ter 4 mil anos
de antiguidade.
Formais e óbvias não
são tão atrativas aos
olhos do visitante.
Algumas peças são do Novo Reino,
do III Período Intermediário e
também da Baixa Época.
Estela de Amenemopet
XIX Dinastia, cerca de 1300-1200 a.C.
XXVI Dinastia, cerca de 650-550 a.C.
Estela de Nakhtamun
XX Dinastia, cerca de 1200-1070 a.C.
Baixo-relêvo de Sehetepibre
XIII Dinastia, cerca de 1730 a.C.
Estela de Horkefaref (?) e família
Estela de Raia
XIX Dinastia, cerca de 1300-1200 a.C.
Estela de Pentjek
Baixa Época, cerca de 650-400 a.C.XXVI Dinastia, cerca de 650-550 a.C.
Estela de Nakhtamun
XX Dinastia, cerca de 1200-1070 a.C.
Baixo-relêvo de Sehetepibre
XIII Dinastia, cerca de 1730 a.C.
Estela de Horkefaref (?) e família
XII-XIII Dinastia, cerca de 1991-1668 a.C.
Primeira estela de Sahi
XII-XIII Dinastias, cerca de 1991-1668 a.C.
Segunda estela de Sahi
XII-XIII Dinastias, cerca de 1991-1668 a.C.
Primeira estela de Sahi
XII-XIII Dinastias, cerca de 1991-1668 a.C.
Segunda estela de Sahi
XII-XIII Dinastias, cerca de 1991-1668 a.C.
XIX Dinastia, cerca de 1300-1200 a.C.
A
coleção completa de antiguidades egípcias do Museu Nacional, inclusive
as peças guardadas na reserva técnica, é composta de: 55 estelas e
baixos-relevos, 15 ataúdes ou fragmento deles, 81 objetos votivos ou
estátuas funerárias, 216 shabtis, 29 múmias ou fragmentos delas, 54
amuletos, símbolos ou escaravelhos, 5 papiros e 169 outros objetos e
equipamentos funerários.
Acima,
ilustrando a capa do catálogo das antiguidades egípcias do Museu
Nacional, a interessante imagem da estatueta de bronze do Grande Pontífice de Amon, por cerca de 50
anos:
Príncipe Men-kheper-re, um irmão do faraó tânita Psusennes I. Psusennes é muito famoso posto que foi encontrado intacto em sua tumba, em
magnífico ataúde de prata e com bela máscara de ouro e muito outros
objetos e joias valiosas e de impressionante beleza . A estatueta aqui
em questão trata-se de
peça arqueológica importante e muito mal conhecida dos brasileiros, esta
peça é uma das mais valiosas e emblemáticas da coleção do Museu
Nacional. Bem pequena, a estatueta de bronze tem
18,5 centímetros de altura, encontra-se parcialmente danificada, mas no
traz prova de que o poder dos sacerdotes de Amon em Tebas se descolava
progressivamente da autoridade dos faraós de Tânis no norte do país. O
Estado Pontifício de Amon ao sul do Vale do Nilo era regido apenas por
sacerdotes e mostrava-se independente e próspero, seus governantes
assumiam progressivamente a autoridade e o título de faraó, como nos
prova a estatueta. Este clero que ascendia ao poder temporal e militar,
suplantando por fim os faraós dinásticos, chamou este novo tempo e esta
sua nova configuração política de " Renascença", a estatueta de
Menkheperre no Rio é prova cabal dos primórdios da Renascença de um
país, agora conduzida sob um regime clerical , ou se preferirem: divino.
Um momento importantíssimo na história desse país , dessa cultura e
dessa civilização, a mais pia que jamais existiu.
No
saiote da estatueta existe um cartucho cercado com toda a tradicional
titularia faraônica, inclusos neste os três hieróglifos de seu nome,
esta inscrição se constitui em mais uma menção conhecida do
fato de o sacerdote Men-kheper-re ter exercido o poder temporal como
faraó, e não só como sumo sacerdote, pontífice e comandante militar do
grande templo de Amon em Karnak. Interessante fonte de conhecimento
sobre o reino de Menkheperre está nas inscrições das múmias dos antigos
faraós, de novo enfaixados e dispostos em esquifes de madeira sem
qualquer luxo ou material precioso. Isto ocorreu logo depois do período
de grandes saques às tumbas do Vale do Reis, acontecimentos ocorridos
durante a XXIª Dinastia, que durou cerca de 128 anos. Nestas múmias
restauradas foram encontrados "dockets" nas novas mortalhas,
algumas apresentavam o nome de Menkheperre encartuchado, como um faraó
entronado e reinante, como o restaurador do funeral e da dignidade das
múmias de seus antecessores, espoliadas durante os tumultuado últimos
dias do Período Raméssida .
Menkheperre, filho do Faraó Sacerdote Pinedjem I, com sua esposa Henuttawy (provável filha de Ramsés XI), foi Sumo Sarcerdote de Amon em Tebas de 1045 a.C. a 992 d.C e o governante de facto do sul do Egito. Com seu irmão mais velho no comando do norte do país em Tânis, como o Faraó Psusennes I , o poder de Menkheperre, como também o de seu predecessor, como Sumo Sacerdote, seu irmão Masaharta, deve ter sido restrito à esta região mais ao do país.
Devido ao processo de
restauração das múmias dos grandes faraós e também da reciclagem. talvez uma pilhagem oficial em busca dos
materiais funerários preciosos que por ventura tenho sobrado dos saques criminosos sequenciais anteriores, imagina-se que o funeral de Menkheperre e de seu pai
possam ter sido os mais ricos e suntuosos de toda a História do Egito.
As tumbas destes pontífices-faraós nunca foram encontradas, talvez suas
múmias ainda repousem numa remoto sepulcro coletivo ou familiar muito bem escondido,
cercadas de imensa riqueza composta de peças preciosas apropriadas e
possivelmente recicladas, formando um conjunto capaz de fazer obscurecer
a tumba de Tutankhamon.
As Múmias da XXIª Dinastia
Menkheperre intitulou-se na maior parte da duração do seu domínio tebano como "Primeiro Profeta de Amon", assim como seu avô Herihor o fez, num clara relação com esse status de menor projeção. A estatueta aqui comentada é prova inconteste que num determinado momento de acúmulo de poder temporal, este governante passou a ser apresentado como soberano pleno do Egito Meridional. Como já frisamos anteriormente, a localização das tumbas de alguns dos parentes de Menkheperre, e a dele inclusive, não é conhecida. Recentemente surgiram significativas pistas, num local próximo ao Vale dos Reis, chamado de Wadi el-Gharbi "Vale dos Macacos", notório por abrigar tumbas com múmias desses animais. Talvez seja neste sítio que ainda repousem as múmias e apetrechos funenários dos outros pontífices de Amon: Herihor, Piankh e Menkheperre; descansando a longa noite de contar os anos, ainda em paz, esperando no mundo subterrâneo do sol noturno por mais um período de "renascença". O monumental paredão rochosos natural, por trás do Templo de Hatshepsut, é outro lugar suspeito de esconder a tumba destes personagens, há indícios que podem indicar esta localização como também provável.
Menkheperre, filho do Faraó Sacerdote Pinedjem I, com sua esposa Henuttawy (provável filha de Ramsés XI), foi Sumo Sarcerdote de Amon em Tebas de 1045 a.C. a 992 d.C e o governante de facto do sul do Egito. Com seu irmão mais velho no comando do norte do país em Tânis, como o Faraó Psusennes I , o poder de Menkheperre, como também o de seu predecessor, como Sumo Sacerdote, seu irmão Masaharta, deve ter sido restrito à esta região mais ao do país.
Menkheperre - Sumo Sacerdote de Amom
em Tebas - Templo de Karnak.
Múmia recentemente restaurada de Henuttawy,
a mãe do "faraó" Menkheperre , Rei de
Tebas e Pontífice de Amon-Rá.
Múmia do Pontífice Masaharta,
irmão e predecessor de
Menkhperere.
Djedptahiufankh, talvez também
um irmão de Menkhperere.
As Múmias da XXIª Dinastia
são as mais perfeitas que
conhecemos.
Lamentável a perda da
múmia original
de Hori.
múmia original
de Hori.
Menkheperre intitulou-se na maior parte da duração do seu domínio tebano como "Primeiro Profeta de Amon", assim como seu avô Herihor o fez, num clara relação com esse status de menor projeção. A estatueta aqui comentada é prova inconteste que num determinado momento de acúmulo de poder temporal, este governante passou a ser apresentado como soberano pleno do Egito Meridional. Como já frisamos anteriormente, a localização das tumbas de alguns dos parentes de Menkheperre, e a dele inclusive, não é conhecida. Recentemente surgiram significativas pistas, num local próximo ao Vale dos Reis, chamado de Wadi el-Gharbi "Vale dos Macacos", notório por abrigar tumbas com múmias desses animais. Talvez seja neste sítio que ainda repousem as múmias e apetrechos funenários dos outros pontífices de Amon: Herihor, Piankh e Menkheperre; descansando a longa noite de contar os anos, ainda em paz, esperando no mundo subterrâneo do sol noturno por mais um período de "renascença". O monumental paredão rochosos natural, por trás do Templo de Hatshepsut, é outro lugar suspeito de esconder a tumba destes personagens, há indícios que podem indicar esta localização como também provável.
"Devemos não somente nos defender, mas também nos afirmar, e nos afirmar não somente enquanto identidade, mas
enquanto força
criativa.
A questão não é atingir a
perfeição, mas sim
a totalidade."
A questão não é atingir a
perfeição, mas sim
a totalidade."
Foucault
Irado com a falta de informações, com o desinteresse
do corpo técnico da instituição, eu mesmo
colhi o material visual necessário para
então rapidamente expor parte
do acervo aqui
no blog.
colhi o material visual necessário para
então rapidamente expor parte
do acervo aqui
no blog.
Nós, os interessados, merecemos
conhecer este interessante
patrimônio público.
É patrimônio
nosso !
A
Coleção Egiptológica do Museu Nacional- UFRJ foi desde sempre muito mal conhecida do
público em geral, não podemos todos nos dirigir aos arquivos cariocas
para então consultar o que já foi catalogado e publicado sobre tão nobre
coleção, somos apenas interessado em aspectos gerais,
nosso foco sobre o assunto é obviamente momentâneo ou circunstancial. Foi o renomado egiptólogo
britânico Kenneth Kitchen que elaborou este volumoso inventário da coleção,
todavia é obra rara de se encontrar. São dois substanciais volumes,
onde descreve-se extensivamente a coleção egípcia, tive em mãos aqui
no Paraná fotocópias do original. Toda a minha excitação acerca deste
estudo único se desfez logo à primeira vista do conteúdo. Como foram elaborados por um egiptólogo tão famoso, especialista no
Terceiro Período Intermediário do Egito Antigo, fiz inevitável expectativa. O catálogo da coleção é
obra longa e enfadonha, se perde em inacabáveis e técnicas
traduções de textos formais e conhecidos das estelas do Médio Império e também sobre os
muitos shabits da coleção. As tais estelas funerárias, quase
todas bem típicas e padronizadas, versam sobre personagens subalternos do
passado, repetem textos e formulas funerárias clássicas, devem interessar a menos de 100 pessoas no planeta. Entre
as quais está o autor, que tem com enfoque do seu trabalho a correlação
da Egiptologia com os textos bíblicos, por isso tanto interesse nas
estelas do tempo de José do Egito. Já sobre a conspícua coleção de múmias, ataúdes, estatuetas e outros
itens de muito maior apelo histórico e popular, não se lê nada mais aprofundado quiçá comparativo ou interessantemente pedagógico. Temos por
fim, as mesmas e pouquíssimas informações de sempre, contextualizadas
rapidamente e sem maiores detalhes sobre as peças mais importantes
desta coleção; nada além do que já se sabia, ou seja, mais do mesmo. Também na internet não há
maior informação sistemática e estendida sobre este importante acervo.
O site do Museu Nacional bem poderia disponibilizar para o
resto do mundo alguns artigos e fotos mais detalhadas, mostrando um quadro mais
consistente sobre este seu expressivo e singular acervo. Nunca pude entrar na reserva técnica, adoraria ver umas fotos deste depósito das peças não expostas. Trata-se de patrimônio
público de interesse universal, até hoje enigmático, até
mesmo para mim que morei no Rio e sempre manifestei grande interesse
pelos objetos e pelo tema. Gostaria realmente de saber mais, via internet, fica o estímulo aqui manifestado.
Aqui fiz o que pude, com todas as minhas forças,
me desculpem algum excesso, mas a minha
admiração por este acervo sempre foi
muito aguda e apaixonada.
Qualquer museu estrangeiro teria
interesse nesta coleção, é
de fato preciosa, e uma
das mais valiosas em
solo nacional.
Para conhecimento e
comparação.
Coleções Egiptológicas no
Hemisfério Sul:
África do Sul - Albany e Durban
Múmias de falcões e íbis, ataúde da XVIIIª Dinastia com múmia ptolomaica
intrusiva e por fim excelente conjunto de esquife e múmia de sacerdote
do mesmo período grego de refinado acabamento, todos expostos
em museus sul-africanos.
Pecas pré-dinásticas oriundas de escavações de
Flinders Petrie expostas na cidade
sul-africana de Albany.
O conjunto não se compara
com a coleção carioca.
Museu Nicholson - Universidade de Sydney.
Busto de Ramsés II - Bubaste
Ataúde de um sacertode, típico
da XXIIª Dinastia.
Tal como na coleção do Rio, também
há um ataúde da XXIª dinastia.
Busto de Horemheb, anterior a sua
ascensão ao trono do Egito.
Múmias egípcias do período greco-romano.
Capitel hatórico originário de Bubaste.
Hathor em granito.
Bela coleção !
Museu Sul Australiano - Adelaide
Esquifes e múmias ptolomaicas na Austrália.
legítimas antiguidades egípcias, considerem
apenas o que está acondicionado
nas vitrines mais antigas.
Restos humanos mumificados da baixa época, a coleção
brasileira é algo menor que o acervo de antiguidades egípcias australiano
que é o melhor do hemisfério meridional.
Uauuuu !!!!! Muito bom.
ResponderExcluirÓtimo material parabéns pelo esforço.
ResponderExcluirDepois de tantos anos admirando esta coleção única em solo nacional não poderia deixar de fazer uma homenagem à coleção e a quem nos proporcionou a proximidade dela. Não seria justo deixar de fazer uma tentativa de mostrá-la em maiores detalhes e explicações a quem ainda não a conhece. Obrigado por suas palavras !!!
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